Protagonismo como substantivo na História indígena (original) (raw)

Protagonismo indígena, xamanismo e criação poética

Todas as Letras, 2019

Resumo: O recente avanço nas publicações de autoria indígena é um fato a ser comemorado, tanto pelo engajamento das comunidades originárias das Améri-cas em construírem sua história, quanto a escrita tornar-se uma entrada polí-tica no mundo Ocidental. Se historicamente seus valores foram vilipendiados, com a escrita o sujeito autóctone assume a própria voz. Compreendendo que na Amazônia existe um protagonismo não-ocidental de criação poética, este traba-lho objetiva apresentar algumas características dos saiti marubo e relacioná-las ao xamanismo, conforme as traduções apresentadas por Cesarino no livro Quando a Terra deixou de falar. Os saiti são longos cantos-mitos, textos criati-vos de viés poético, que se estruturam segundo uma fórmula de composição, segundo Cesarino, o surgimento-deslocamento-estabelecimento. Palavras-chave: Xamanismo. Protagonismo indígena. Criação poética. Introdução Posso ser o que você é sem deixar o que eu sou (TERENA, 1981, p. 5) 1. ■ A recente participação indígena em ações de cunho político-cultural é um fato a ser comemorado, tanto pelo interesse das comunidades da floresta em se engajarem na construção de sua história 2 , quanto pelo

Protagonismo Indígena No Tempo Presente

Revista Amazônida, 2018

é, sobretudo, abordar as agências indígenas nos processos históricos nos quais estiveram inseridos, reconhecendo sua agência, seu protagonismo e sua atuação. Desde meados do século XX, os povos indígenas têm sistematizado atuações políticas por meio de instrumentos recorrentes entre os não índios, sem abandonar suas práticas milenares. Os movimentos indígenas atuam de modo amplo, pautando demandas e alcançando conquistas. Dentre elas, a Educação é uma baliza importante. Nesse sentido, o objetivo deste texto é apresentar elementos que nos permitam refletir sobre as articulações indígenas por uma educação específica e diferenciada sopesando o lugar que ela ocupa nos processos políticos nos quais os indígenas estão inseridos e seus desdobramentos. Os apontamentos apresentados informam indícios e rascunham interpretações, desde uma perspectiva que privilegia o protagonismo indígena. Assim, encaminhamos um ensaio acerca da evolução do panorama educacional vinculado à questão indígena, indicando alguns apontamentos acerca dos dados reunidos no início de uma pesquisa sobre Educação Escolar Indígena na Amazônia Brasileira. Por meio dela, pretendemos indicar um nexo que, segundo nos parece, deve ser ressaltado: a importância do protagonismo indígena na conformação de uma política de Estado para a Educação Escolar Indígena. Desse modo, o texto dá os primeiros passos na reflexão não somente dos nexos que ligam aquela educação às lutas dos movimentos indígenas, mas, também, na ponderação acerca de uma inflexão nas políticas indigenistas, as quais, nos últimos anos, passaram a contar com a participação direta dos coletivos indígenas.

Protagonismo Indígena Na Pós-Graduação

2020

This paper seeks to reflect the presence of indigenous people in graduate school and their contributions to the decolonization of the curriculum and university space, having as reference the experiences lived with indigenous people in postgraduate courses (master and doctorate) in Mato Grosso do Sul and some years of research with the theme. The text shows that face-to-face living with difference has been enriching, because it is based on studies that are marked by the thinking of intellectuals who are guided by the worldview of traditional populations and who transit through different school / academic spaces, and all of this generates the opportunity for the curricula of the Programs to be transversalized by knowledge other than hegemonic and homogeneous, which has given the indigenous peoples and their resistances another visibility, other than colonial (of inferiority, subordination, denial and satanization), all this has also provided the deconstruction of historical preconcept...

‘Protagonismo’ como Vulnerabilização em Demarcação de Terras Indígenas: o caso do acordo judicial para demarcar a terra Tapeba. Rev. Bras. Hist. [online]. 2017, vol.37, n.75 [cited 2017-12-10], pp.217-240.

Baseado em fontes documentais, mormente documentação jurídica, o artigo analisa desdobramentos recentes do procedimento de demarcação da Terra Indígena Tapeba, no município de Caucaia, zona metropolitana de Fortaleza-CE, em especial o acordo judicial celebrado entre os índios Tapeba, representantes da família Arruda, Governo do Estado, Prefeitura Municipal, Fundação Nacional do Índio e Ministério da Justiça, visando superar um impasse judicial ao procedimento. Os Tapeba se apresentam como protagonistas desse acordo, embora se possa entender que foram forçados a aceitar um caminho para demarcar sua terra que, até agora, não surtiu efeito. Apelando à noção de vulnerabilização e à literatura crítica sobre resolução negociada de conflitos, o artigo mostra como agências do poder público investem-se da atribuição de representar o interesse geral e o ideal de democracia, ao tempo em que aspiram controlar a situação, no que podem ser definidas como formas de harmonia coercitiva e autodeterminação dirigida.

Protagonismo

Neste artigo, propomos uma releitura da história de Débora, narrada em Juízes 4, inserindo-a como protagonista e líder de uma tribo do Antigo testamento, em um contexto em que o protagonismo feminino, a participação de mulheres em cargos de liderança, era tão escasso quanto a existência de textos bíblicos que elucidem, com clareza, mulheres com o perfil como o de Débora. Daí a importância desse texto e de sua releitura. Numa época em que o Patriarcalismo imperava, somente homens ocupavam cargos importantes como juiz em Israel, Débora torna-se o quarto juiz e a primeira mulher a exercer esse cargo. A proposta é perceber como Débora vai se empoderando e construindo sua postura de líder, nas escolhas, em suas atitudes, dando vez e voz a um protagonismo feminino, desconstruindo assim, a ideia de que homens são capazes de liderar e as mulheres são apenas para atividades domésticas. Considerando o contexto social, os costumes das comunidades israelitas na época dos princípios básicos do judaísmo, como também a análise textual e intertextual das passagens bíblicas referentes a Débora, observaremos como a relação protagonismo feminino/ desconstrução do patriarcalismo se dá dentro do texto em indícios e entrelinhas acesos em nossa proposta de releitura.

Protagonismo indigena tempo e argumento

Tempo e Argumento, 2018

O artigo problematiza a forma como o indígena é apresentado na narrativa de dez obras da literatura didática de história, aprovadas no PNLD/2011. Analisamos os temas nos quais os povos indígenas são presença recorrente: a América antes da chegada dos europeus e os primeiros anos da colonização. Argumentamos que a presença indígena nas narrativas não significa a adoção de uma perspectiva que considere sua participação efetiva nos processos históricos abordados pela literatura escolar. O protagonismo indígena está ausente dessas narrativas. Essa ausência tem desdobramentos tanto para a conformação do saber histórico na Escola quanto para a formação dos alunos. De um lado, contribui para a permanência de um saber histórico escolar reiterativo dos princípios estabelecidos para a disciplina ainda no século XIX. De outro, reafirma uma concepção recorrente no senso comum acerca do Índio e de seu lugar social.

“Protagonismo” como Vulnerabilização em Demarcação de Terras Indígenas: o caso do acordo judicial para demarcar a terra Tapeba

Revista Brasileira de História, 2017

RESUMO Baseado em fontes documentais, mormente documentação jurídica, o artigo analisa desdobramentos recentes do procedimento de demarcação da Terra Indígena Tapeba, no município de Caucaia, zona metropolitana de Fortaleza (CE), em especial o acordo judicial celebrado entre os índios Tapeba, representantes da família Arruda, governo do estado, prefeitura municipal, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Ministério da Justiça, visando superar um impasse judicial ao procedimento. Os Tapeba se apresentam como protagonistas desse acordo, embora se possa entender que foram forçados a aceitar um caminho para demarcar sua terra que, até agora, não surtiu efeito. Apelando à noção de vulnerabilização e à literatura crítica sobre resolução negociada de conflitos, o artigo mostra como agências do poder público investem-se da atribuição de representar o interesse geral e o ideal de democracia, ao tempo em que aspiram controlar a situação, no que podem ser definidas como formas de harmonia coerci...