O CORPO FRAGMENTADO NA OBRA DE JOEL-PETER WITKIN (original) (raw)

Profanando os corpos: o abjeto nas imagens de Joel-Peter Witkin

Sessões do imaginário, 2017

Este trabalho apresenta uma série de apontamentos sobre o conceito de abjeto a partir da análise de algumas fotografias produzidas pelo artista visual nova-iorquino Joel-Peter Witkin. Recorrendo ao abjeto como um fenômeno que causa estranhamento, medo e nojo, o artista produz obras que evidenciam uma crítica a determinados valores morais associados ao corpo na cultura contemporânea. Neste artigo, propomos que o corpo abjeto que emerge das imagens de Witkin age como profanador de certos enunciados e representações forjadas nos discursos do corpo belo e saudável.

A presença do corpo abjeto na história e sua representação na obra de Joel-­Peter Witkin

Resumo A pesquisa tem a proposta exibir aspectos do corpo anormal, desforme encontrados na história da sociedade e observar a representação destes corpos na obra do fotográfo novaiorquino Joel­Peter Witkin. O corpo abjeto será tratado como uma das alegorias utilizadas pelo fotógrafo e segue como objeto presente no artigo, a revisão histórica deste assunto especificamente, a partir do século XIX. Palavras­chave: ​ corpo; abjeto; imagem; história; fotografia.

CORPOS LACERADOS: O SACRIFÍCIO DA PALAVRA NA OBRA POÉTICA DE GEORGES BATAILLE

RESUMO: Os poemas do pensador francês Georges Bataille afirmam um lugar de indistinção, onde as palavras se dispersam, ao obliterarem o sentido, ao se tornarem paródias de si mesmas. Pensar a poesia, nesses termos, é articulá-la não como interlocução do homem com o mundo, mas como obra a serviço do desespero, no sentido de que a palavra só pode ser utilizada em função de sua própria perda. Dessa forma, o sujeito que escreve o poema não apenas destrói o sentido funcional das palavras, mas também se assassina, no instante em que sua ação leva-o à exclusão, a um não lugar na coletividade. A escrita de Bataille forma, assim, uma espécie de texto canceroso, cujas palavras se multiplicam, ao se dispersarem nas suas próprias feridas, nos cortes que abrem sobre a página. Este artigo objetiva analisar de que forma os poemas de Georges Bataille criam uma desordem que aponta para um lugar inominável, onde os sentidos se perdem, já que o poema é levado à condição de objeto sagrado, no instante em que aquele que o sacrifica nos conduz ao desconhecido, à angústia de uma nudez a partir da qual a morte se abre soberana, imune a qualquer projeto ou plano moral.

O inominável do corpo nas obras de Melville 75

Para os seus contemporâneos, Herman Melville é, sobretudo, o autor de dois livros de viagens que tiveram algum sucesso, nos quais ele refere a própria experiência de marinheiro navegando sobre o Pacífico (ele alistou-se num navio baleeiro por vários meses): Typee e Omoo. Typee é publicado em 1846, e Omoo um ano mais tarde. Além de oferecer uma representação de um choque entre civilizações e uma magnífica descrição das ilhas concebida como uma forma de nostalgia da idade de ouro, Melville narra a vida penosa dos marinheiros no navio baleeiro onde a equipagem embarca por vários meses, por vezes até vários anos, dando assim uma visão de clausura a bordo deste universo de homens, muitas vezes cruéis entre si, que se encontram sob o jugo de um comandante irascível, caprichoso ou doente, que entrega por vezes o mando ao imediato ou a subalternos tirânicos e quase loucos. Refugiado depois de um primeiro embarque no Acushnet (de Janeiro de 1841 a Julho de 1842), depois de ter desertado com ...

CORPO E ESPAÇO NA OBRA DE PETER BROOK: MARAT/SADE E OS LIMITES DA REPRESENTAÇÃO

Este artigo propõe investigar as relações entre corpo cênico e o uso do espaço em Marat/Sade, nas versões de Peter Brook para o teatro e para o cinema. Na peça, o diretor desconstrói o espaço cênico ao incorporar o espectador como parte inerente do espetáculo e ao explorar novas formas de representação da loucura, a partir do excesso e da investigação de ações coletivas. O objetivo é o de privilegiar a singularidade da criação de cada ator e, ao mesmo tempo, promover um diálogo com a História, ao se comprometer com a criação de uma linguagem comum que deflagra um ato político, coletivo, histórico. No cinema, adotando o espaço teatral como referência e em continuidade com a proposta anterior, Brook, ao utilizar três câmeras, amplia a sensação de ruptura com o espaço convencional, lançando os atores em uma experiência limite até a catarse final e a destruição do cenário. Palavras-chave | espaço | teatro | cinema | Peter Brook | Marat/Sade Abstract This article aims to explore the relationship between the body and the scenic use of space in "Marat/Sade", by comparing Peter Brook´s theater and cinema versions of the piece. In the stage play, the director deconstructs the scenic area by incorporating the viewer as an inherent part of the performance and by exploring new ways of representing madness: e.g. through the use of excess and collective actions. The main aim is to emphasize the singularity of what each actor creates, and, at the same time, to promote a dialog with history by creating a common language for a political act, which in itself is both collective and historical. In the film, embracing the theatrical space as a reference to his previous stage version, Brook, using three ! ! Volume 02-Número 02 -julho-dezembro/2010 ! cameras, extends even further the idea of breaking with the conventional space, pushing the actors to the limit, into a final catharsis and the destruction of the set. Volume 02-Número 02 -julho-dezembro/2010 ! deve representar e da ação principal da peça: o assassinato de Marat. O deputado girondino Duperret é interpretado por um jovem eretômano, magérrimo, alto e de topetes no cabelo. Simone Éverard, enfermeira e amante do revolucionário, tem dificuldades em se movimentar e parece, também, possuir um problema de visão. Há ainda o coro de bufões que fazem um contraponto à história, pontuando os diversos momentos de transição, cantando e tocando músicas, cujas letras refletem o ritmo das cenas. Além de outros internos -duas freiras sádicas, um homem amarrado a uma camisa de força, etc. -cada qual com uma espécie de "doença" particular. Os Coulmier -diretor do hospício, sua esposa e filha -representam a burguesia parisiense, deleitando-se em fazer parte de uma espécie de experiência exótica. À medida que o filme avança, porém, a família submerge à desorientação do grupo, passando de um leve incômodo ao excitamento, ao horror e à catarse final. ! Imagem 3: Marat e Sade juntos refletindo sobre o destino da humanidade Brook reproduz na tela o espaço teatral, incluindo a platéia. Há um plano geral da cena que representa o olhar do espectador da última fileira do teatro. Esta tomada de câmera é repetida diversas vezes ao longo do filme, a fim de sublinhar a existência do público como uma

A POTENCIALIDADE DO CORPO NA OBRA DE HUDINILSON JR

Resumo: Este estudo analisa a potência e o erotismo do corpo na obra de Hudinilson Jr. O corpo é uma constante na obra do artista. Ao trabalhar com o corpo masculino nu o artista propõe a desconstrução do imaginário historicamente imposto, visto que na arte a presença do corpo nu é constante, mas sobretudo do corpo feminino. Assim, Hudinilson desconstrói e descaracteriza esse imaginário ancorado em pensamentos datados utilizando seu próprio corpo para constituir a obra. Ao utilizá-lo em fotografias que não mostram a integridade do corpo, mas apenas detalhes, cria-se um imaginário do corpo sem identidade, de um corpo apenas em seu estado físico, desconsiderando o seu gênero/sexo, produzindo assim uma ambiguidade visual. A não identificação acarreta na reflexão acerca de um corpo sem gênero, não se encaixando nas ideias binárias de homem/mulher, assim coloca em questão as polaridades da sociedade heteronormativa, possibilitando múltiplas leituras e interpretações acerca desse corpo. Na série Exercício de me ver (1982), Hudinilson faz referencia a Narciso, personagem da mitologia grega, que influenciou a produção do artista tanto de forma conceitual, quanto estética. Visto que o artista se posiciona frente à maquina xerográfica como Narciso em um rio. A medida que Narciso encontra seu reflexo na água, Hudinilson obtém seu reflexo através da máquina xerográfica. Assim o presente trabalho procura investigar a potência e o erotismo do corpo na obra de Hudinilson Jr. Palavras-chave: Hudinilson Jr. Corpo. Identidade. Gênero.

O CORPO NA KOLA DE SAN JON: EXPRESSÃO, LIBERDADE E IDENTIDADE DE CABO VERDE

2022

Com o objetivo de lançar o olhar às manifestações de rito e identidade encontradas na festividade popular religiosa Kola San Jon, este trabalho irá analisar as singularidades do fenómeno religioso no contexto cabo-verdiano, abordando as diversas fontes de conhecimento que contribuíram para formular sua performance ritual. Ademais, será utilizado o trabalho do pintor português Albano Neves e Sousa como referência de suporte artística para se estruturar levantamentos de ordem social e expressão do corpo, na intenção de munir de ferramentas para maior compreensão sobre o movimento-ação da umbigada, dança característica das festas de San Jon, enquanto símbolo vivo de conexão e memória.

Para além da morte: uma leitura da fotografia de Joel-Peter Witkin

XIX Colóquio de Outono. No princípio era a palavra: o lugar das Humanidades. Famalicão, Húmus, 2019

Considerando a morte e a religião presenças constantes na obra fotográfica de Joel-Peter Witkin, pretende-se traçar uma linha de leitura que nos permita compreender um universo que frequentemente convoca a tradição visual Ocidental. A abordagem ao seu trabalho centra-se num processo de 'revitalização' de corpos que se situam à margem dessa mesma tradição (sejam disformes ou cadáveres) e que converge nas considerações freudianas acerca do tabu e do sagrado e em algumas das estruturas do imaginário. Assim, pretendemos apresentar uma abordagem à obra witkiniana a partir de pontos teóricos distintos, mas simultaneamente consonantes, como é o caso das teorias sobre o imaginário religioso, o sagrado e o inconsciente.