O CORPO NA KOLA DE SAN JON: EXPRESSÃO, LIBERDADE E IDENTIDADE DE CABO VERDE (original) (raw)

CORPOREIDADE E IDENTIDADE, O CORPO NEGRO COMO ESPAÇO DE SIGNIFICAÇÃO

Anais Eletrônicos do III Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades, 2014

A análise proposta pressupõe que a relação entre a cultura e os corpos negros constituem uma corporeidade que traz consigo, em suas movimentações e expressões, visões estereotipadas sobre a população negra. A maneira como estas visões estereotipadas repercutem na corporeidade do indivíduo e influenciam na sua identificação são pontos a serem abordados. A corporeidade se constitui na relação do sujeito com o seu mundo. Considerando que a sociedade brasileira investe na marginalização dos corpos negros, através da difusão de estereótipos e do racismo, temos no corpo do indivíduo negro um possível espaço de resistência a essas correntes. Cientes do corpo como espaço para a significação do "Eu", percebemos na população negra, a identidade influenciada por toda a trama que se abate sobre sua corporeidade, da opressão à luta contra estereótipos. Pretende-se então a discussão sobre o corpo negro como espaço de significação e luta contra os estereótipos atrelados à sua corporeidade.

CORPOREIDADE NEGRA ENQUANTO DISCURSO: CORPO E CABELO COMO SIGNOS DE IDENTIDADE

2015

RESUMO O corpo é um dos meios pelos quais a cultura se estabelece em uma sociedade. Desta maneira, o corpo serve como linguagem. O que dizer então dos corpos negros? Os corpos de negros e negras no Brasil são linguagens de discursos provenientes de uma sociedade racista onde este corpo vive e expressa a violência do racismo e também a sua resistência a ele. Os elementos nos quais o racismo se apoia está nos sinais diacríticos da cor da pele e nos cabelos. Estes dois elementos configuram ao corpo e à subjetividade de negros e negras sentimentos de rejeição /aceitação de seus traços e consequentemente de sua identidade. Neste trabalho, discutiremos a constituição da identidade negra a partir da prática discursiva expressa pelos corpos de negros e negras por meio de sistemas de representação dos discursos da sociedade sobre os negros.

Kola San Jon, Música, Dança e Identidades Cabo-Verdianas

Esta investigação analisa a prática performativa cabo-verdiana Kola San Jon e o seu lugar na diáspora em Portugal. A partir de trabalho de campo multi-situado desenvolvido no Bairro do Alto da Cova da Moura, Amadora, Portugal, bem como no país de origem ilha de Santo Antão e ilha de S. Vicente, Cabo Verde, a dissertação procura mostrar como o Kola San Jon semeia pontes identitárias com Cabo Verde assim como, a presença dinamizadora de uma líder na diáspora transporta os imigrantes para um espaço e para ligações efectivamente lusófonas. O Kola San Jon representa a memória e os sentimentos das raízes africanas mas ao mesmo tempo surge como o orgulho de quem conseguiu sair e ter um futuro desejado por tantos. É através de uma pesquisa predominantemente Etnomusicológica que desenvolvo este estudo, no qual procuro compreender como as narrativas sociais, históricas e performativas gravitam em torno da música e da identidade, num espaço de negociação em que a memória faz o elogio da tradição. This research analyses the cape-verdean performative practice Kola San Jon and their place in the Portuguese diaspora. From field work carried out multi-situated in Alto da Cova da Moura neighborhood, Amadora, Portugal and at Santo Antão Island and São Vicente Island, Cape Verde, the dissertation tries to show how Kola San Jon sow identity bridges with Cape Verde as well as the presence of a proactive leader in the diaspora carries the immigrants to an area and actually links to Lusophone. Kola San Jon represents the memorie and feelings of African roots but at the same time appears like be proud of who got out and have a future desired by many. It is through a mainly ethnomusicologic research I develop this study, in which seek I try to understand how social, historical and performative narratives wander around music and identity, within a location of negotiation where the memory compliments tradition.

O CORPO FRAGMENTADO NA OBRA DE JOEL-PETER WITKIN

Não se olha a imagem como se olha um objeto. Olha-se segundo a imagem. Maurice Merleau-Ponty RESUMO Este artigo tem como objetivo discutir sobre a utilização, na representação artística, de imagens de corpos fragmentados. Toma-se como ponto de partida os conceitos formais estéticos estabelecidos por Eliane Robert Moraes e os relaciona com algumas imagens fotográficas de Joel-Peter Witkin, artista contemporâneo. ABSTRACT This article aims to discuss the use in artistic representation of images of fragmented bodies. It takes as a starting point the aesthetic formal criteria established by Eliane Robert Moraes and relate to some photographic images of Joel-Peter Witkin, contemporary artist.

"EPOPEIA LIBIDINAL": O CORPO HEROICO EM JOÃO GILBERTO NOLL

Anais do 2º CineFórum UEMS - Cinema, Literatura, Sociedade e Debate: Conexões, 2019

Neste artigo tratou-se da análise de uma parte da obra Acenos e Afagos (2008), de João Gilberto Noll, a partir da proposta de que o próprio narrador está atravessando uma "epopeia libidinal" ou uma "epopeia escrita em transe", como uma forma de refletir a elaboração do conceito de romance de João Gilberto Noll, a partir da comparação com A fúria do corpo (1993), e propor uma relação entre a epopeia e o percurso narrativo desse narrador ao experienciar uma transformação entre o sexo masculino e o feminino, subvertendo dentro da própria linguagem literária os mais diversos tipos de ideações sobre o sexo tornando o próprio corpo herói nessa epopeia libidinal. Para tanto, partiu-se das conceitualizações de romance de Georg Lukács (2000) e Mikhail Bakhtin (1998) em comparação com a epopeia para relacionar o romance e o seu desenvolvimento dentro da obra de Noll. Com o desenvolvimento da ideia de epopeia e romance dos dois teóricos dentro do estruturalismo e do formalismo, refletir-se-á sua ligação com a arquitetura textual do romance de João Gilberto Noll para tentar compreender o significado da metáfora "epopeia libidinal" para a construção da obra em questão, entendida aqui a partir do pressuposto de ser uma ironia contra a definição dos gêneros literários e também da ideia de herói representado pelo corpo.

CORPOS PRESOS NO ESPELHO: UMA ANÁLISE DE EM LIBERDADE E LORDE

Cadernos Camilliani, 2011

RESUMO: A proposta deste trabalho é estudar comparativamente os modos como a liberdade está representada nos romances Em liberdade (1981), de Silviano Santiago e Lorde (2004), de João Gilberto Noll. Seus protagonistas são marcados pela vontade de liberdade, seja ela a vontade psicológica para abandonar marcas passadas ou a liberdade física de quem se prende a um corpo ou um lugar, observando que o espaço presente nas narrativas é estranho a eles: Em Santiago, a personagem Graciliano Ramos, alagoano, está no Rio de Janeiro; Em Noll, um brasileiro que viaja para Londres. Circunstâncias que as transformam em estranhas, posto que o ambiente reforça a prisão de não estarem à vontade com a novidade de um outro espaço. Sendo assim, o corpo é a fronteira entre a prisão e a liberdade, entre o dentro e o fora, entre o preenchido e o vazio existencial. PALAVRAS-CHAVE: Corpo; Estranho; Espaço; Liberdade; BODIES IMPRISONED IN THE MIRROR: AN ANALISYS OF EM LIBERDADE AND LORDE ABSTRACT: The purpose of this essay is to study comparatively the ways in which freedom is represented in the novels Em liberdade (1981), Silviano Santiago and Lorde (2004), João Gilberto Noll. Their protagonists are marked by the desire for freedom, whether it will leave past or physical freedom of those who clings to a body or a place, noting that the space in this narrative is alien to them: In Santiago, the character Graciliano Ramos, from Alagoas, is in Rio de Janeiro; by Noll, a brazilian, in London. Circumstances that turn strangers into the two protagonists, given that the environment reinforces the prison are not comfortable with a new space. Thus, the body is the boundary between prison and freedom, between inside and outside, between the filled and empty existence. KEYWORDS: Body; Strange; Space; Freedom

NINFA LÍQUIDA: O CORPO INDOMÁVEL EM JOÃO CABRAL DE MELO NETO

Teresa - Revista de Literatura Brasileira, 2023

Este artigo busca pensar as figurações da Ninfa enquanto forma feminina em movimento na poesia de João Cabral de Melo Neto. Para desdobrar o que vemos como uma luta tensa com o fluido na poética cabralina, propomos uma leitura de “Estudos para uma bailadora andaluza” em seus ritmos intermitentes de contenção e explosão, próprios do flamenco, em que as variações de um corpo em dança são também as variações de uma obra que se abre em sua tensão dialética fundamental.

CANDOMBLÉS E CARNAVAIS: CORPOS DESFILANTES DE JOÃOZINHO DA GOMÉIA

2021

RESUMO O trabalho investiga a presença de Joãozinho da Goméia enquanto "destaque de luxo" em desfiles de escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro, no final da década de 1960 e no início da década de 1970. Objetiva-se, com isso, o estabelecimento de conexões entre o universo dos "barracões" das religiões de matrizes africanas e a complexidade dos "barracões" das agremiações carnavalescas. De início, as relações históricas entre escolas de samba, cosmogonias negro-africanas e sociabilidades de terreiros são problematizadas, com base em proposições teóricas de nomes como Paul Gilroy e Muniz Sodré. Num segundo momento, a partir da prospecção bibliográfica e do recorte de fragmentos jornalísticos, são apresentados apontamentos sobre a importância dos destaques de carnaval, com ênfase em personagens desempenhados por João da Goméia em desfiles de 1969 e 1970, em escolas como Império Serrano, Império da Tijuca e Imperatriz Leopoldinense. Depois, as lentes investigativas são direcionadas para a reinterpretação visual de algumas fantasias utilizadas pelo Babalorixá, conforme o proposto no decorrer do desfile de 2020 do GRES Acadêmicos do Grande Rio, cujo enredo Tata Londirá: o Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias dedicou um "setor" (o equivalente a um capítulo de uma narrativa) aos corpos desfilantes do personagem homenageado. Conclui-se, por fim, que João da Goméia pode ser compreendido enquanto agente mediador que transitava por círculos culturais distintos, mesclando, na sua corporeidade carnavalesca, os saberes trocados nos terreiros de Candomblé e as vivências nas quadras (outrora chamadas "terreiros") e nos barracões do "maior show da Terra".