ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO THE FUNCTIONAL ANALYSIS OF BEHAVIOR (original) (raw)

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO E OUTROS SISTEMAS BEHAVIOR ANALYSIS AND OTHER SYSTEMS

RESUMO A Análise do Comportamento tem muito a contribuir e aprender de outras áreas do conhecimento ou sistemas. A interação com outros sistemas permite uma evolução mais fértil propiciando ganhos para todos os sistemas e não apenas para si próprio. Nesta palestra, comparou-se a produção de vinho com o sistema de explicação do comportamento proposto por Israel Goldiamond. Podemos ter uma interlocução com outras áreas compreendendo sua linguagem e identificando as muitas semelhanças existentes entre vários sistemas da análise do comportamento e de outras áreas. Se quisermos obter sucesso no futuro, vamos nos misturar agora. Palavras-chave: análise do comportamento, interlocução entre sistemas, produção de vinho, sistema de explicação do comportamento. ABSTRACT Behavior analysis has a lot to contribute and learn from other knowledge areas and systems. The interaction with other systems allows a more fertile evolution and may produce outcomes for all the systems, not only for itself. In this talk ,the system of wine production was compared to Israel Goldiamond's behavior explanation system. We can have an interlocution with other areas understanding their language and identifying the many similarities between behavior analysis systems and those from other areas. If we are to succeed in the future, so "let's mingle" now. ____________________ Este texto foi elaborado por Lincoln Gimenes, no primeiro ano de hospitalização devido à doença do neurônio motor, já com movimentação restrita dos membros superiores e traqueostomizado. Lincoln ditou para Laércia Abreu Vasconcelos as suas formulações no curto período que utilizou válvula de fonação. A palestra foi apresentada no XXI Encontro da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina comportamental em 2012 por vídeo conferência. Lincoln lia o texto com pronúncia prejudicada pela traqueostomia e sua esposa Laércia repetia para a audiência do congresso. A palestra foi publicada no Boletim Contexto ABPMC, número 37 de dezembro de 2012, ISSN 2178-583X, que autorizou a publicação na ReBAC.

SUMÁRIO CAPA CAPÍTULO III A ANÁLISE FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO NO CONTEXTO DA TERAPIA ANALÍTICO-COMPORTAMENTAL

A terapia analítico-comportamental (TAC) é uma proposta de abordagem clínica aos problemas psicológicos que tem como base teórico-metodológica a análise experimental do comportamento e como base filosófica o Behaviorismo Radical de Skinner. Tais abordagens ou teorias apontam a aprendizagem como elemento fundamental no surgimento e manutenção dos padrões de comportamento, tanto daqueles definidos como adequados quanto dos que são considerados inadequados, dificultando a ajustamento do indivíduo. Suas estratégias de intervenção estão voltadas para o setting terapêutico, com ênfase na análise operante do comportamento verbal, na relação terapeuta-cliente e na análise dos eventos privados ou encobertos, mantendo sempre o cunho externalista de causalidade .

Analise Funcional do Comportamento

A principal preocupação do analista comportamental é com o uso de unidades funcionais enquanto realizando uma análise do comportamento. As influências que levaram a essa postura são analisadas: um modelo de ciência das ciências naturais, um modelo evolucionista, um modelo empirista, e o modelo funciona lista causal de Mach. Coerentemente, sua análise do comportamento é basicamente uma análise do valor adaptativo desse comportamento em relação a seu meio ambiente. As implicações dessa opção para uma concepção de causalidade do comportamento são analisadas, especialmente tendo em vista as metáforas das relações constantes e das seqüências encadeadas. As limitações lingüísticas existentes são igualmente consideradas. Os passos básicos para uma análise funcional são descritos e então desmembrados em passos menores. Exemplos e estratégias da realização da análise funcional são apresentados, assim como referências para trabalhos de análise básica e aplicada.

VOCABULÁRIO DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

Informações gerais: este vocabulário foi elaborado para atender alunos e professores que vejam nesse tipo de material uma boa opção didática para auxílio do ensino e aprendizagem de conceitos da Análise do Comportamento. A lista dispõe de 335 verbetes, com definições simples e objetivas de uma larga variedade de conceitos usados na área. Essa lista pretende abranger o maior número de termos usados pela Análise do Comportamento e excluir aqueles que não são tão importantes para um estudo inicial da abordagem. A lista inclui, por exemplo, alguns conceitos usados em metodologia, termos de outras ciências, e palavras de uso cotidiano, tudo isso sob a perspectiva da Análise do Comportamento. Por outro lado, termos de áreas muito específicas, distantes da abordagem ou de emprego igual ao encontrado em dicionários foram excluídos. Por uma questão de tempo, alguns conceitos filosóficos e termos muito específicos usados na clínica comportamental, por exemplo, não foram incluídas nessa versão, mas espera-se incluí-los em versões futuras. Da mesma forma, também não se preocupou nesse trabalho em traçar evoluções teóricas dos conceitos, comparação entre autores ou alternativas de definições. Dentro da disponibilidade que se tinha, optou-se propositalmente por definições ao máximo claras e didáticas, para fazer desse um material de consulta que fosse principalmente prático. Nesse sentido, o trabalho seria melhor caracterizado como "vocabulário, ao invés de "dicionário". As definições não são tão elaboradas como em outros materiais, mas, podem ser consideradas possíveis dentro dos princípios teóricos e empíricos da Análise do Comportamento. Apesar da simplicidade de algumas definições, uma grande parte dos verbetes possui explicações complementares e/ou exemplos ilustrativos para facilitar sua aprendizagem. Estes verbetes estão assinalados com um asterisco (*), e a lista de anexos encontra-se no final da lista principal de termos. Como já foi dito, o principal objetivo desse material é ser um manual de consulta rápida. Não se pretende que ele sirva como um material completo para entendimento teórico da abordagem, mas sim que auxilie principalmente alunos que já estejam em contato com a área, a definir e diferenciar conceitos, bem como pesquisar por termos ainda desconhecidos. Seu uso deve ser cuidadoso, sendo aconselhável utilizá-lo tendo como base outras bibliografias e/ou uma disciplina ou professor de suporte. Assim como toda seleção, as escolhas são arbitrárias e podem refletir significativamente as preferências e tendências regionais do grupo que o elaborou. Um esforço para constante revisão e atualização do material será feito disponibilizando o trabalho pelo site http://www.fafich.ufmg.br/\~vocabularioac. Sugestões e críticas também podem ser mandadas aos autores pelo mesmo endereço, ou diretamente pelo e-mail vocabulárioac@gmail.com. Espera-se com isso promover um intercâmbio mais próximo entre professores, estudantes, profissionais e pesquisadores.

TÉCNICAS COGNITIVO-COMPORTAMENTAIS E ANÁLISE FUNCIONAL

Existe um ditado popular que eu gosto muito: "quando a ferramenta que temos na mão é um martelo, tudo à nossa frente vira um prego". Ele reflete uma das leis mais fundamentais do comportamento, que é a lei do reforço: se o martelo já foi usado alguma vez para fixar pregos, e prestou-se para isto, é quase fatal que se tente utilizá-lo de novo, quando se quiser fixar alguma coisa (mesmo que essa coisa não seja um prego). Esta lei torna-se mais imperiosa quando não se tiver nada melhor do que o martelo para se utilizar como ferramenta.

O ESTUDO DO COMPORTAMENTO

O ESTUDO DO COMPORTAMENTO O termo Behaviorismo foi inaugurado pelo americano John B. Watson, em artigo publicado em 1913, que apresentava o título "Psicologia: como os behavioristas a vêem". O termo inglês behavior significa "comportamento"; por isso, para denominar essa tendência teórica, usamos Behaviorismo -e, também, Comportamentalismo, Teoria Comportamental, Análise Experimental do Comportamento, Análise do Comportamento. Watson, postulando o comportamento como objeto da Psicologia, dava a esta ciência a consistência que os psicólogos da época vinham buscando -um objeto observável, mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos. Essas características foram importantes para que a Psicologia alcançasse o status de ciência, rompendo definitivamente com a sua tradição filosófica. Watson também defendia uma perspectiva funcionalista para a Psicologia, isto é, o comportamento deveria ser estudado como função de certas variáveis do meio. Certos estímulos levam o organismo a dar determinadas respostas e isso ocorre porque os organismos se ajustam 1 Os autores agradecem à Profª Drª Maria Amália Andery, do Laboratório de Psicologia Experimental da Faculdade de Psicologia da PUC-SP, a contribuição na revisão deste capítulo.

O LUGAR DO SENTIMENTO NA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO 1 , 2

Uma resenha do livro Behaviorism: A Conceptual Reconstruction (1985) de autoria de Gerald Zuriff, publicada no London Times Literary Supplement (1985) começa com uma história sobre dois behavioristas. Eles fazem amor e um deles diz: " Foi bom para você. Como terá sido para mim? " O autor da resenha, P. N. Johnson-Laird, insiste que há uma " grande semelhança " com a teoria behaviorista. Não se imagina que os behavioristas tenham sentimentos, nem que, ao menos, admitam possuí-los. Dentre as muitas formas em que o behaviorismo tem sido interpretado de forma equivocada por muitos anos, talvez essa seja uma das mais comuns. Uma preocupação possivelmente excessiva com a " objetividade " , talvez seja responsável pela confusão. Behavioristas metodológicos, assim como positivistas lógicos, argumentam que a ciência deve restringir-se a eventos passíveis de serem observados por duas ou mais pessoas. A verdade tem que ser verdade pela concordância. Aquilo que é visto através da introspecção não se qualifica como tal. Existe um mundo privado de sentimentos e estados da mente, mas ele está fora do alcance de uma segunda pessoa e, portanto, da ciência. Certamente, essa não é uma posição satisfatória. A maneira como as pessoas se sentem é, frequentemente, tão importante quanto o que elas fazem. O behaviorismo radical nunca assumiu essa posição. Sentimento é um tipo de ação sensorial, assim como ver e ouvir. Nós vemos um paletó de lã, por exemplo, e também o sentimos. Isso não é , por certo, equivalente a sentir-se deprimido. Sabemos algumas coisas sobre os órgãos através dos quais sentimos o paletó, mas conhecemos pouco, se é que conhecemos algo, sobre os órgãos pelos quais nos sentimos deprimidos. Podemos sentir o paletó pelo tato, passando os dedos sobre o tecido para aumentar a estimulação, mas parece não existir nenhuma forma de sentir a depressão pelo tato. Temos outras maneiras de sentir o paletó, e fazemos várias coisas com isso. Em outras palavras, dispomos de outras formas de saber o que estamos sentindo. Mas, o que estamos sentindo quando nos sentimos deprimidos? William James antecipou a resposta behaviorista: o que sentimos é uma condição do nosso corpo. Nós não choramos porque estamos tristes, diz James, estamos tristes porque choramos. Com certeza, não é bem assim, porque fazemos muito mais do que chorar quando sentimos tristeza e podemos sentir tristeza quando não estamos chorando, mas de qualquer forma sinaliza-se a direção correta: o que sentimos são condições corporais. Fisiólogos, eventualmente, as observarão de outra maneira, da forma como observam qualquer outra parte do corpo. O livro Bodily Changes in Pain, Hunger, Fear and Rage (1929), de Walter B. Cannon, foi um estudo precursor sobre algumas

ANÁLISE COMPORTAMENTAL NA CRIAÇÃO DE PERSONAS

A metodologia de uma pesquisa inicia-se com a definição de abordagem epistemológica que embasará a criação e avaliação de métodos utilizados. Observa-se que, contudo, muitas vezes a pesquisa em Design é feita de maneira tecnicista, sem a devida reflexão epistemológica. Este artigo propõe-se a apresentar e discutir a epistemologia do Behaviorismo Radical como opção teórica para a pesquisa em Design. Para ilustrar tal discussão é apresentada uma análise pautada em tal epistemologia de um procedimento metodológico comum em Design Centrado no Usuário: as Personas. Objetiva-se enriquecer a percepção sobre tal procedimento metodológico, descrevendo-o passo a passo e esmiuçando suas possibilidades e efeitos. Para tal propósito foi realizada uma revisão integrativa sobre análise behaviorista radical de processos de trabalho, bem como do instrumental relacionado ao uso de Personas. Os resultados apontam para como a epistemologia behaviorista radical pode contribuir para a sistematização metodológica de procedimentos de pesquisa e trabalho em Design, bem como à elucidação da eficácia de tais procedimentos.