Notas para uma crítica anarco-indígena do indivíduo (original) (raw)

Anotações sobre a autobiografia de um líder indígena

Este texto busca examinar, nos interstícios das consequências do movimento indígena nacional (1970-1990), sua construção, a partir da narrativa de Álvaro Tukano sobre sua própria trajetória política, explicitada em seu livro inédito. Ao escrever sua própria versão, Álvaro conta seus próprios processos de transformação - aqueles de apropriação dos códigos impostos para afirmar sua diferença – e, por meio de suas experiências, testemunha seus propósitos explicativos e seu envolvimento com os jogos de poder. A partir de sua narrativa, abre um novo lócus de enunciação, do qual não se afirma apenas a existência de uma agência indígena, mas suas especificidades

Autobiografia e sujeito histórico indígena: considerações preliminares

Novos Estudos - Cebrap, 2006

A autobiografia, gênero central na bibliografia escrita por ou sobre indígenas nos Estados Unidos, está ausente na bibliografia equivalente no Brasil. Este trabalho questiona as razões desse contraste, resumindo análises sobre a peculiaridade cultural do gênero autobiográfico — profundamente vinculado à formação do indivíduo ocidental —, sobre sua possível tradução ameríndia e sobre as formas pelas quais o sujeito histórico indígena tem sido construído no Brasil.

Um olhar sobre o olhar indígena e suas escol(h)as

education policy analysis archives, 2015

La mirada que surge como posibilidad de encuentro. Este ensayo poético, presenta imágenes creadas en el espacio de la Universidad, a partir de encuentros de formación realizados entre indígenas Kaingang y Guarany, y los no indígenas participantes del proyecto "Rede de Saberes Indígenas na Escola". El objetivo de este proyecto, es promover y afirmar las opciones de los actores indígenas en la conducción de las políticas públicas en el campo de la educación. La interculturalidad, como un proyecto ético-político y epistémico, es reflejada en las imágenes que presentan diversos momentos de estos encuentros. Las miradas revelan dudas, desconfianzas, pero al mismo tiempo, complicidad. Aparecen otras formas de comunicación: músicas, dibujos, historias, risas, el silencio. Todo habla en una lengua que no siempre necesita traducirse. En el encuentro también existe el desencuentro: son los espacios donde los indígenas hablan en su propia lengua, protegen sus secretos; elementos fund...

Em torno de uma "antropologia indígena": elementos de uma contra-antropologia

Espaço Ameríndio, 2020

Recentemente presenciado o aumento progressivo na entrada de estudantes indígenas em diferentes programas de pós-graduação em antropologia no Brasil. Tendo em vista esse acontecimento tal como efetuado numa área etnográfica-juntamente com outros que se somam a ele como, por exemplo, a multiplicação no número de trabalhos acadêmicos produzidos por eles, esse texto estabelece-se como um exercício com algum trabalho conceitual buscando cartografar imagens de pensamento sobre a antropologia que, mesmo que referidas homonimamente, são capazes de promover encontros heterogêneos entre mundos inventados por máquinas fabulativas vinculadas a modos de existência distintos. nossa ambição é estender a noção de antropologia novos objetos, hipóteses, conceitos e modelos no contexto de descrições dos regimes sociocósmicos ameríndios. Nesse sentido, esse texto tem por objetivo não apenas oferecer um intercessor à fecundidade heurística de uma ideia de antropologia diante da experiência com novos acontecimentos histórico e politicamente importantes, mas igualmente reflexionar sobre determinadas noções que tem hoje papel estruturante nesse campo disciplinar. Logo, o que se intencionará igualmente a partir desse ensaio é a realização de uma intervenção conceitual sobre algumas problemáticas, tais como, 'identidade', 'mudança', etc., a partir de outras ideias pressupostas nas práticas ameríndias de sentido, tais como 'transformação' e 'alteração'. Abstract: Recently, there has been a progressive increase in the number of indigenous students entering different postgraduate programs in anthropology in Brazil. In view of this event as carried out in an ethnographic area-together with others that add to it, such as the multiplication in the number of academic works produced by them, this paper is established as an exercise with some conceptual work seeking to map images of thought about anthropology that, even if referred to homonymously, are capable of promoting heterogeneous encounters between worlds invented by different modes of existence. our ambition is to extend the notion of anthropology to new objects, hypotheses, concepts and models in the context of descriptions of Amerindian socioeconomic regimes. In this sense, this text aims to not only offer an intercessor to the heuristic fertility of an anthropological idea in the face of experience with new historical and politically important events, but also to reflect on certain notions that today have a structuring role in this disciplinary field. Therefore, what will also be intended from this essay is to carry out a conceptual intervention on some issues, such as, 'identity', 'change', etc., based on other ideas presupposed in Amerindian practices of meaning, such as 'transformation' and 'change'.

Corporeidade indígena sob o ângulo da praxeologia

2011

Neste estudo procumaos discutir a cororeidade indígena sob vários ângulos, incluindo a visão da praxiologia motriz. Sabemos que poucos estudos têm sido feitos sobre o corpo do indígena brasileiro e que estes muitas vezes nada propõem de novo, já que não conseguem ultrapassar certos limites, impostos

Relacão sujeito indígena/cidade: Análises para a construção de um objeto de pesquisa

RUA, 2015

O artigo discute um objeto de pesquisa sobre processos de identificação, subjetivação de indígenas Xavante, em Barra do Garças-MT. Sob pressupostos da Análise de Discurso de base Materialista, o corpus heterogêneo mostra que o sujeito não índio significa, delimitando o seu espaço e o do indígena, marcando-se a diferença, o preconceito, a invisibilidade, a negação, a brasilidade, a cidadania... Contudo, na subjetivação se instaura a resistência, pois o Xavante interpela a cidade que o interpela. Palavras-Chave: Análise de Discurso, indígenas xavante, cidade, objeto de pesquisa.

Reflexões sobre possibilidades de uma antropologia guarani e kaiowá – ou o que de antropologia indígena tem no que os índios escrevem?

Mundo Amazónico, 2019

Este artigo esboça um breve panorama sobre uma parcela dos trabalhos indígenas produzidos pelos Kaiowá e Guarani no Mato Grosso do Sul ou em regimes de colaboração com pesquisadores não indígenas procurando identificar em que medida eles nos trazem a percepção de uma antropologia indígena. A ideia da colaboração, iluminada pela de "pacto etnográfico" protagonizado de modo exemplar por Davi Kopenawa e Bruce Albert (2015), nos faz refletir sobre o que caracteriza a colaboração e como ela pode ser percebida nos diálogos e traduções estabelecidos em torno dos escritos indígenas. Discutimos, ainda, como recurso de contraponto, pesquisas realizadas por indígenas de outras etnias, sem a pretensão de dar conta de toda antropologia indígena no Brasil, mas buscando articulações com a produção de algumas pesquisas realizadas por kaiowá e guarani. Trata-se antes, de uma provocação às múltiplas possibilidades de percepções sobre a vida e as relações implicadas com multiversos, nos quais o pensamento indígena se exercita nos escritos indígenas a partir de articulações com o pensamento antropológico. Isto nos leva à questão central do presente texto: o que de antropologia indígena tem no que os índios escrevem? Na parte final do artigo inserimos uma reflexão sobre o viés de gênero, discutindo algumas pesquisas realizadas por mulheres kaiowá e guarani, e nos esforçamos para identificar diferenças nos temas e enfoques por elas adotados.

Apontamentos sobre um certo perfil de mulher indígena em Clorinda Matto de Turner

Contexto - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFES, 2018

RESUMO: Neste trabalho examinaremos a construção de um espaço de atuação para a mulher dentro do campo letrado transandino e a elaboração de um certo perfil de heroína indígena em Clorinda Matto de Turner, autora do Romantismo-liberalismo peruano, a partir da abordagem da peça teatral Hima-sumac, sob perspectiva intertextual, dentro da série literária de sua época. Consideramos que a autora articula determinados modelos desejáveis de comportamento feminino das mulheres indígenas, dentro de um cenário conciliatório, que busca garantir a homogeneidade nacional, no difícil equilíbrio entre a costa e o altiplano. Partimos dos estudos de Martin Lienhard e Antonio Cornejo Polar sobre testemunho e heterogeneidade cultural; de Kemy Oyarkún, sobre heterogeneidade genérico-sexual; de Mabel Moraña, sobre gênero e Estado, e Kimberle Crenshaw sobre interseccionalidade.

“A vida que eu levo”: identidade e realidade indígena em análise

Revista do Sell

Este trabalho consiste em um estudo da letra de música A vida que eu levo, composta pelo grupo de rap indígena Brô Mc´s. Os integrantes desse grupo são jovens indígenas que moram na aldeia Jaguapiru em Dourados/MS. Considerando-se o Mato Grosso do Sul como o estado com a segunda maior população indígena do país, e Dourados como o município que concentra uma relevante concentração de indígenas, pretendemos, neste trabalho, identificar os processos de construção de sentido que favorecem a construção da realidade indígena e a afirmação de sua identidade. Para isso, recorreremos ao aparato teórico da Análise de Discurso de linha francesa, a fim de compreender os processos de formação do discurso, da ideologia e do sujeito, além de contarmos com os apontamentos de Stuart Hall(2000) para desenharmos a identidade do indígena na pós-modernidade.