A inquietação de [não] ser julgado pela cor da pele (original) (raw)
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Esquecimento Proposital: Coloração Não-Interrogada como Lacuna Moral
Mandrágora, 2010
O artigo questiona a não interrogação quanto à cor como um esquecimento proposital que visa à manutenção do mito da brancura em sua ausência de cor. Ao pergunta-se não porque, mas como se constrói esse silêncio, o artigo oferece uma estrutura metodológica para avaliar a forma pela qual a questão da cor permanece inadequadamente interrogada dentro dos discursos teológicos. Palavras-chave: coloração não-interrogada; brancura; esquecimento proposital; raça.
A valoração dos tons de pele em "Caras e Cores"
Letrônica, 2021
Com fundamento nas contribuições teórico-metodológicas propostas pelos estudos bakhtinianos, este artigo toma o filme publicitário “Caras e Cores”, da Faber-Castell, como corpus de um trabalho analítico de enunciado audiovisual, explicitado em sua unidade arquitetônica como verbivocovisual. O objetivo se volta a compreender se e como a verbivocovisualidade contribui para a análise, em especial, de discursos sincréticos, em que essas três dimensões se explicitam e constituem a unidade integral do discurso. Para isso, são mobilizadas, em conjunto, as noções bakhtinianas de enunciado, signo ideológico, voz social e relações dialógicas. Os resultados apontam para a produtividade da verbivocovisualidade e a análise do filme publicitário revela que a marca ressignifica o signo ideológico “cor de pele” e traz à tona o discurso sobre diversidade e representatividade como estratégia mercadológica lucrativa.
2016
A produção da cor sofreu significativas alterações, quer no que diz respeito aos pigmentos, substâncias e instrumentos utilizados, quer em relação aos próprios processos de fabrico. Paralelamente, os nomes das cores também sofreram modificações: se alguns se conservaram, também se introduziram novas designações e outras mudaram. O resultado dessas mudanças é que aos olhos de um observador atual, muitas das antigas designações se tornaram completamente opacas. Cada língua elaborou o seu próprio elenco de nomes de cores e esse elenco tem, em cada língua, uma história singular. Por isso, tal como em qualquer outro plano de análise linguística, estudar o léxico que designa as cores implica observar a variação entre formas e a seleção de algumas em prejuízo de outras. Acresce que o estudo do léxico da cor coloca problemas específicos, já que não são apenas os nomes das cores que variam no tempo: é provável que a própria perceção das cores que os nomes designam tenha mudado. Se a distinçã...
Entre os limites da pele negra: respostas corporizadas aos temores da essencialização
Cadernos de arte e antropologia, 2015
Em minha pesquisa de doutoramento interessei-me pelo modo como grupos culturais afro-brasileiros reformularam as demandas dos movimentos sociais negros, através de práticas expressivas. O fato de os participantes desses grupos sambarem, dançarem jongos ou maracatus, no entanto, levanta questionamentos, tanto entre suas plateias, como entre seus estudiosos. Até que ponto essa prática incorreria no risco de se fortalecerem estereótipos que essencializam e reduzem os negros ao domínio da natureza, numa espécie de naturalização da cultura? Num panorama mais amplo, percebemos que as atuais políticas de apoio à diversidade, tanto nacionais quanto internacionais, também vêm sendo questionadas, pois estariam, de certo modo, levando à criação de modelos de comportamento, prescrevendo ações, estéticas, muitas vezes instruindo como indivíduos que clamam pertencer a determinado grupo deveriam agir e ser. Neste artigo pretendo apontar caminhos para responder a estes questionamentos em dois níveis, usando a "pele negra" como limite entre ações externalizadas e processos corpóreo-subjetivos. Para tratar do primeiro nível, busco reflexões êmicas sobre esses assuntos. Passando para um nível mais profundo, tomo como ponto de partida o corpo, revelando não apenas suas capacidades de incorporação de valores socializados, mas também sua potencialidade como sujeito no mundo da cultura.
Cor da Pele em/como Campo: Dilemas de uma Jovem Orientadora de Pesquisa em Saúde
Revista Ártemis, 2014
Este artigo se dispõe a refletir sobre a prática da pesquisa etnográfica no campo da saúde e com recortes de gênero e de raça, explorando impasses acerca das percepções de raça/cor e quanto ao manejo da heteroclassificação/da autoclassificação, mas, sobretudo, acerca da relação entre pesquisadoras mulheres negras e brancas, relações de orientação de investigação no interior da universidade e de que modo ambas as relações e a própria pesquisa per si têm o condão de redirecionar a discussão sobre racismo e saúde, pondo em questão a interface entre ciência e política, seus limites e potencialidades.
Dicionário de uma experiência de coisificação da cor
2018
Resumo: O ensaio a seguir trata de uma reflexão sobre o Estágio Supervisionado em Artes Visuais I, componente obrigatório do curso de Artes Visuais-Licenciatura da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Será apresentado um glossário de palavras criado a partir da experiência de estágio em artes visuais ocorrida no segundo semestre de 2017, em uma turma de sexto ano do ensino fundamental de uma escola situada na cidade de Montenegro-RS. Por fim, serão feitas algumas considerações finais sobre o estágio docente.
Mediapolis Revista de Comunicação Jornalismo e Espaço Público, 2023
Com um consumo crescente de notícias nas redes sociais em Portugal (Cardoso, Baldi, Paisana et al., 2021) e uma presença crescente do jornalismo no digital (Salaverría, 2019), as capas das edições físicas têm também vindo a ser partilhadas naquelas. Enquanto todos de informação, as capas produzem sentidos e discursos. Visando tal comprovar, procedeu-se, portanto, aos contributos da Semiótica Social e dos Estudos do Discurso para analisar duas capas de jornais e quatro publicações no Facebook e no Twitter, com alcance relevante. Conclui-se sobretudo que os sentidos produzidos pelas capas sobre as pessoas nelas incluídas são: da parte do 'Record', interventivo, e da parte do 'Tal&Qual', depreciativo. Quanto aos discursos produzidos em torno delas com as publicações, destaca-se uma convergência com os sentidos produzidos pela capa, no caso do 'Record', e uma divergência com os que são produzidos com a capa do 'Tal&Qual'.
Direito UNIFACS – Debate Virtual, 2019
O fim do século XIX e o alvorecer do século XX na Europa e nas Américas houve intenso debate sobre a questão racial.E, destacou-se como um dos mais expressivos grupos raciais nos EUA e no Brasil, a situação da população negra e seu papel na formação da identidade nacional, o que tornou um contumaz problema abordado por pensadores e políticos dos dois países. Registre-se ainda que a literatura não ficou insensível a este cenário. tão marcado pela influência de um discurso eugenista que enxergava a constituição do povo como um fator relevante para o progresso do país. Persistia a visão sobre o negro tanto nos EUA quanto no Brasil, como um ser inferior cuja a representação literária, por vezes, era parecida com os monstros presentes nas narrativas góticas oitocentistas. Houve idêntica discriminação 2 com a raça 3 amarela, oriental-asiática, mongoloide ou mongólica que foram termos utilizados para uma classificação de grupos humanos em antropologia, correspondente a uma raça. Aliás, a raça amarela habita as regiões da Ásia setentrional, Ásia Central, Sudeste da Ásia, com maior concentração na Ásia Oriental. Posteriormente, se descobriu que os primeiros nativos das Américas eram mesmo originários daquele continente, sendo estes, igualmente classificados como amarelos, até que a noção biológica de raças viesse a ser abandonada com o Projeto Genoma e, com isso, os indígenas passaram novamente a ser considerados um grupo humano distinto dos amarelos. A montagem do genoma é feita através da união de grande número de sequências de DNA que formam a 1 Professora universitária, pedagoga, advogada, mestre em Direito, mestre em Filosofia, Doutora em Direito, Pesquisadora-Chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Possui vinte e cinco livros publicados. É articulista e colunista dos principais sites jurídicos e revistas… 2 A discriminação racial é punida através da legislação nacional, norteada em documentos internacionais pela não discriminação. A Organização das Nações Unidas (ONU), através de recomendações, tem fortalecido, ainda mais, a legislação nacional e de diversos países em face do racismo. Desse modo, uma vez que a discriminação racial direta é facilmente detectada, existindo previsão legal para a punição de quem pratica racismo, há um maior receio da sociedade, tendo o número de atos racistas diminuído de forma considerável, porém, não pela conscientização das pessoas, mas por receio de sofrer alguma penalidade. 3 Pode-se afirmar que o termo "raça" deriva do italiano e foi encontrado desde 1180, aparecendo em francês em 14990, em espanhol em 1438 e, finalmente, em português desde 1473. Em castelhano antigo, o mesmo termo já existia para designar defeito num pano, desgaste ou enfraquecimento e, também, como defeito ou culpa, desde 1335, de onde pode advir o sentido pejorativo em algumas de suas principais acepções.
A questão ontológica da percepção de cor
2001
The present study focuses on ontological issues about color, essentially the debate between Physicalism and Subjectivism. Analyzing those discussions, between a physical conception, considering color as a physical property of external objects, and a subjectivist one, which identify color with mental processing, we found syllogistical problems, experimental evidences, and other kinds of arguments supporting the conceptions. Nevertheless, an alternative hypothesis is offered, Psychophysicalism, in which psychophysical experimental support and evolutionary models provide a description of color ontology. Color must be considered a dual property, owning a physical and a psychological feature that are tightly related.