Esquecimento Proposital: Coloração Não-Interrogada como Lacuna Moral (original) (raw)

A inquietação de [não] ser julgado pela cor da pele

Em I Am Not Your Negro, a força da realização de Raoul Peck impõe-se na montagem das palavras do escritor com as imagens, plenas de sentido, que aproximou destas. Documentário de reutilização de imagens, ilustra que a história é o presente e actualiza, pelo olhar, a luta contra a morte do coração, diagnosticada por James Baldwin. “

MARCAS DA ENUNCIAÇÃO NOS DIZERES SOBRE O COLORISMO: OS SENTIDOS POSSÍVEIS NA HETEROGENEIDADE MARCADA

Anais do ENELIN 2019, 2020

Resumo: Neste trabalho, discuto os diálogos estabelecidos entre Semântica da Enunciação e Análise de Discurso (PÊCHEUX, 1975) por Jacqueline Authier-Revuz. A partir das discussões da autora sobre o funcionamento da heterogeneidade constitutiva do dizer e do sujeito, objetivo analisar as marcas da heterogeneidade mostrada (AUTHIER-REVUZ, 1998) em textos que discutem o colorismo-debate feito por movimentos negros para problematizar os diferentes tratamentos destinados a negros de diferentes tons de pele. Ao considerar os deslocamentos trazidos por Authier-Revuz na reflexão sobre o sujeito da enunciação e a língua em sua relação com a exterioridade, investigo, por meio da modalização autonímica-presença, na cadeia enunciativa, de signos que mobilizam simultaneamente o uso e a menção à língua-, os sentidos que escapam quando estas locutoras decidem voltar a enunciação para explicar o funcionamento do colorismo na sociedade brasileira. O corpus é composto por trechos do texto "Colorismo: o que é, como funciona", publicado no site Blogueiras Negras, um artigo explicativo sobre o termo e o que ele mobiliza para pessoas negras brasileiras. Que sentidos escapam às tentativas do locutor de controlar os significados do termo? O que a pluralidade discursiva pode dizer sobre o funcionamento do colorismo nos processos de subjetivação de pessoas negras? Por meio dos pontos de negociação entre sujeito e heterogeneidade constitutiva, busco possíveis respostas para tais questionamentos. Palavras-Chave. Enunciação. Heterogeneidade enunciativa. Modalização autonímica. Colorismo.

Dicionário de uma experiência de coisificação da cor

2018

Resumo: O ensaio a seguir trata de uma reflexão sobre o Estágio Supervisionado em Artes Visuais I, componente obrigatório do curso de Artes Visuais-Licenciatura da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Será apresentado um glossário de palavras criado a partir da experiência de estágio em artes visuais ocorrida no segundo semestre de 2017, em uma turma de sexto ano do ensino fundamental de uma escola situada na cidade de Montenegro-RS. Por fim, serão feitas algumas considerações finais sobre o estágio docente.

MEMÓRIA COLETIVA E ESQUECIMENTO: O DIREITO DE SER LEMBRADO OU DE SER ESQUECIDO

Resumo: O presente artigo analisa o direito de ser lembrado e de ser esquecido, sob a ótica das teorias de memória coletiva e de esquecimento nas ciências sociais e humanas. Nesse plano, são apresentados as teorias de autores como Maurice Halbwachs, Andreas Huyssen, Michael Pollak, entre outros. Ainda, com base em autores nacionais e estrangeiros, busca-se compreender como vem ocorrendo em outros países os debates sobre os referidos direitos. Por fim, delineia-se as discussões sobre o direito à memória e ao esquecimento no cenário brasileiro atual, abrangendo o que está ocorrendo em âmbito legislativo, judiciário e doutrinário. O suporte doutrinário é subsidiado por autores do Direito Constitucional como José Joaquim Gomes Canotilho, Paulo Bonavides e Bernardo Gonçalves Fernandes, além de outros doutrinadores do Direito Civil. Palavras-chave: Direito à memória. Direito ao esquecimento. Memória Coletiva. 1 INTRODUÇÃO Conforme o sociólogo francês Maurice Halbwachs escreveu: a memória atua como um fenômeno coletivo e seletivo 1. Nessa perspectiva, sendo a memória um fenômeno social por excelência, incorre-se inevitavelmente em lembranças e esquecimentos de acontecimentos e pessoas, pois a sociedade, assim como as pessoas, não pode lembrar de tudo o tempo todo. O Direito, como instância de poder, busca, através de decisões de tribunais superiores e de órgãos singulares e colegiados, nortear aquelas áreas que devem ser lembradas, devido sua relevância social. O patrimônio histórico brasileiro, os arquivos públicos e privados, os direitos autorais, por exemplo, são bens protegidos juridicamente contra as arbitrariedades que por ventura visem a destruição ou ao esquecimento. Até porque a memória está intimamente ligada a identidade de determinado grupo social.

A questão ontológica da percepção de cor

2001

The present study focuses on ontological issues about color, essentially the debate between Physicalism and Subjectivism. Analyzing those discussions, between a physical conception, considering color as a physical property of external objects, and a subjectivist one, which identify color with mental processing, we found syllogistical problems, experimental evidences, and other kinds of arguments supporting the conceptions. Nevertheless, an alternative hypothesis is offered, Psychophysicalism, in which psychophysical experimental support and evolutionary models provide a description of color ontology. Color must be considered a dual property, owning a physical and a psychological feature that are tightly related.

Reflexões sobre a cor na conservação/restauração

Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, 1999

da USP [...] como és um grande caçador, eu gostaria que me dissesses que cores de garanhão & égua são capazes de produzir cavalos de cor parda. Por parda refiro-me a uma tonalidade creme, misturada com marrom ou acinzentado. Perguntei a uma porção de pessoas & não consigo descobrir. Também não consigo descobrir de que cor é ao nascer, o potro que mais tarde se transformará no cavalo pardo. Já que estou fazendo perguntas, faço-te mais esta. Algum dia já viste um Asno com uma listra dupla nos ombros? (CHARLES DARWIN, out. 1858) 2 A conservação de bens culturais apresenta-se, hoje, como uma atividade científica e não como uma ciência. As novas tecnologias, a pesquisa dos diferentes materiais, a melhor compreensão dos processos de degradação, aliados a uma ética e a uma visão de mundo do profissional conservador e da instituição que ele representa, juntos é que formam a atividade de conservação 3. Esta atividade encontra-se organizada internacionalmente desde 1930, quando se realizou em Roma a primeira conferência internacional de conservação 4. Atualmente as principais idéias e experiências de trabalho em conservação-mais no exterior do que no Brasil-refletem as discussões surgidas nos congressos e/ou encontros promovidos pelas principais organizações internacionais de conservação: ICOM-CC

O Colorismo e Suas Bases Históricas Discriminatórias

2017

O presente trabalho pretende evidenciar a existencia do colorismo (ou pigmentocracia) como forma de discriminacao baseada na cor da pele. Embora o racismo exista como forma de discriminacao baseada em diferentes origens etnicas, o colorismo surge como uma maneira de exclusao social que considera as diferentes tonalidades de pele, segregando aqueles que possuem uma tonalidade da pele mais escura. Teorias deterministas biologicas desenvolvidas no decorrer dos seculos XIX e XX sustentavam a supremacia do branco frente a inferioridade do negro e serviam a contento para manter as relacoes tanto durante a escravidao quanto para justificar a situacao do homem – e da mulher – negro no momento pos abolicao. O teorico Jay Gould, ao criticar estas teorias escancaradamente racistas, reflete sobre como elas influenciaram a vida do negro a epoca, demonstrando que a metodologia cientifica utilizada nada tinha de cientifico.