MULLER, Ana . Nomes Nus e o Parâmetro Nominal no Português Brasileiro. Revista Letras (Curitiba), UFPR, Curitiba, v. 58, p. 331-344, 2002. (original) (raw)
Related papers
RESUMO: Este artigo defende que a distinção massivo-contável entre os substantivos e sintagmas nominais de uma língua não é apenas uma distinção linguística arbitrária, mas corresponde a uma distinção cognitiva entre denotações que incluem entidades cuja atom icidade é determinada em cada contexto – os nomes contáveis – e entidades cuja atomicidade é vaga em um mesmo contexto. O artigo se apoia em dados do hebraico e do karitiana, língua Tupi. Introdução A visão ingênua da distinção linguística entre sintagmas massivos e contáveis tem sido de que ela refl ete uma distinção cognitiva entre matéria homogênea, que não possui unidades para serem contadas, e matéria descon-tínua, que possui unidades atômicas e que por isso pode ser contada. Essa visão tem sido frequentemente questionada na literatura, mais recentemente quando Gillon (1992) e Chierchia (1998) apontaram para o fato de que há nomes massivos que denotam entidades descontínuas – tais como bijuteria, vestuário, mobília, correspondência. Por exemplo, uma blusa é uma unida-de atômica de vestuário, apesar de que uma blusa não é vestuário. Por isso vestuário não pode ser considerado um item que possui uma denotação ho-mogênea. É, no entanto, um nome massivo. Por outro lado, Rothstein (2010) discute o fato, identifi cado primeiramente por Mittwoch (1988), de que há no-mes contáveis que denotam entidades homogêneas – tais como cerca, linha,
Introdução O objetivo deste trabalho é apresentar ao leitor o tratamento dos pronomes e da anáfora pronominal sentenciai pela lingüística formal. O artigo se debruça sobre as seguintes questões: (i) o que são pronomes e (ii) como se dá sua interpretação. O artigo trata de fundamentar as seguintes teses: (i) Um pronome pode estabelecer dois tipos de relações anafóricas com seu antecedente: relação de correferência ou relação de ligação.
Nominais nus no francês: um estudo comparativo com o português brasileiro
2017
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise dos nominais nus do francês em perspectiva comparativa com o português brasileiro. Destaca-se que o francês apresenta o artigo partitivo, além dos artigos determinado e indeterminado do português brasileiro. Por um lado, os artigos partitivos são justamente utilizados em expressões que não apresentam quantidades específicas, situações nas quais não há nenhum artigo no português brasileiro: je veux du pain " eu quero pão ". Por outro lado, sentenças em francês sem nenhum artigo são agramaticais: *je veux pain. Ainda foram analisadas outras situações contrastivas particulares do francês em relação ao português brasileiro, como a utilização de artigos antes de nomes próprios: *le Jean est mon ami " o João é meu amigo " e a utilização de artigos neutros no francês: des fleurs sont jolies " flores são bonitas ". Enfim, a presente análise sugere que o artigo partitivo do francês funciona como uma marca objetiva dos nominais nus.
A Natureza Do Objeto Nulo e Do Nome Nulo No Português Europeu
Intercâmbio Revista Do Programa De Estudos Pos Graduados Em Linguistica Aplicada E Estudos Da Linguagem Issn 2237 759x, 2012
À Paulina, que partilhou comigo o entusiasmo pelo ensino da sintaxe RESUMO: Este trabalho traz uma discussão dos trabalhos de Raposo sobre o objeto nulo e o artigo nulo no português e nas línguas românicas, para mostrar que, apesar das semelhanças nas duas variedades do português, esses aspectos ainda separam as duas gramáticas quando a variedade vernacular do português brasileiro é estudada. PALAVRAS-CHAVES: objeto nulo, artigo nulo, português europeu, português brasileiro, línguas românicas. ABSTRACT: This paper brings a discussion on Raposo's ideas about the null object and the null article in Romance, to show that, though the two varieties of Portuguese are closer than the other Romance languages, these aspects still distinguish the two grammars when the spoken variety of Brazilian Portuguese is taken into account. Em seus artigos de 1998 e 1999, Raposo mostra que: 0.1 o Português (doravante Português Europeu e Português Brasileiro formal) admite resumptivos nulos. Enquanto isso, as demais línguas românicas só admitem clíticos como resumptivo 1 : (1) a. esse livro, eu só encontrei ∅ na FNAC a' esse livro, eu só o encontrei na FNAC b.*ese libro, sólo encontré ∅ en la FNAC b'. ese libro, sólo lo encontré en la FNAC 0.2 o Português, mas não outras línguas românicas, admite objetos nulos: * Este trabalho foi apresentado em debate de Mesa Redonda com Eduardo Raposo. Após o debate, foi escrito um trabalho conjunto que aparece sob Kato e Raposo (2005). 1 No PB coloquial, em lugar do clítico, temos o pronome forte ele.
Nomes Nus Na Aquisição e No Processamento Adulto
REVISTA ESCRITA, 2016
Resumo O trabalho explora o fenômeno do nome nu singular no PB, quando combinado com predicados episódicos e de espécie, numa perspectiva psicolinguística. Resultados de um experimento de leitura automonitorada sugerem que DPs são avaliados mais rapidamente do que NPs e que sentenças contendo nomes nus não são julgadas de forma categórica pelos falantes. Os resultados não permitem afirmar que o nome nu singular é aceito com os predicados investigados.
Resumo: Neste artigo, investigamos os chamados sintagmas nominais nus no Português Brasileiro, no que concerne ao caráter contável-massivo desses sintagmas em estruturas com-parativas. Realizamos, para tanto, um experimento linguístico usando o método de quantity judgments, o que nos permitiu testar a escala de medida usada pelo falante na comparação. A partir dos resultados, pudemos contestar as generalizações de Bale e Barner (2009). Concluímos também que os dados são mais bem explicados se adotarmos a proposta de Pires de Oliveira e Rothstein (2011) para o singular nu. Além disso, apresentamos uma explicação para o caso dos fl exible nouns no PB e no inglês. Abstract: This paper investigates the so-called bare nominal phrases (NPs) in Brazilian Portuguese (BrP), in relation with their mass/count properties in comparison structures. We performed an experiment using the method of quantity judgments, which allowed us to test the comparison scale used by the speaker. The results led us to challenge the generalizations by Bale and Barner (2009). We concluded that Pires de Oliveira and Rothstein's (2011) proposal is a better explanation for the case of bare singulars. Also, we posited an explanation for the case of fl exible nouns in BrP.