Autonomia da música e o papel do compositor na vanguarda pós-1950 (original) (raw)
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Via Latina, Coimbra: 2015, 2015
Neste artigo procuro descrever, do ponto de vista pessoal, de que modo a situação periférica, excluída em geral dos grandes centros da vida musical pode ser de grande importância na descoberta-de-si que envolve cada processo de individuação criativa.
Do motivo à linha originária: autonomia da arte musical na obra de Heinrich Schenker
Tese de Doutorado - Programa de Pós-Graduação em Música, PPGMUS - UDESC, 2024
A pesquisa tematiza o problema da consistência do discurso musical. Trata-se, nesse sentido, em linhas bastante gerais, do problema do conteúdo musical, isto é, da unidade, da coerência deste conteúdo, e, consequentemente, da condição artística da música – portanto, de um problema que pode ser colocado nos termos de uma autonomia da arte musical. O texto se concentra mais especificamente sobre o modo como o musicólogo Heinrich Schenker (1868-1935) aborda o problema, particularmente na obra Novas Teorias e Fantasias Musicais (Neue Musikalische Theorien und Phantasien).
O compositor na pós-modernidade
VI Simpósio Internacional de Musicologia, Goiânia. Musicologia e Diversidade / Musicology and Diversity ANAIS, 2016
o presente trabalho busca discutir o lugar, o papel do compositor na sociedade pós-moderna. Tendo em vista Bauman, Jameson e Harvey, fez-se um estudo sobre o sujeito e sua complexa subjetividade atual. Considerando a visão de Griffiths a respeito da liberdade do compositor pós-moderno, procurou-se aprofundar esta perspectiva e considerar os desafios que vem junto com essa irrestrita liberdade. Concluiu-se que, ao despedir-se da vanguarda, o compositor, junto com outros artistas, renuncia à linha de frente intelectual que ditava os trilhos e rumos do mundo. Ele agora lida com a insegurança; e está imerso em movimentações estéticas e estilísticas imprevisíveis, dispersas: um lugar onde tudo é permitido e o sentido de progresso linear foi perdido.
O aparecimento da vanguarda em Portugal – para um estudo da música portuguesa entre 1958 e 1965
2003
Este trabalho, realizado no âmbito de uma tese de Doutoramento sobre musica Portuguesa contemporânea, pretende dar a conhecer a forma como a vanguarda foi recebida e compreendida em Portugal. Baseando-se essencialmente no estudo de programas de concertos, recensoes e criticas de periodicos, estudos socioculturais posteriores e entrevistas com participantes, pretende ser um contributo para o estudo da maneira como um determinado movimento musical de cariz peculiar influenciou ou mesmo transformou a vida cultural Portuguesa. A data inicio deste trabalho – 1958 - reflecte: (a)o inicio de um movimento para o estrangeiro de uma geracao de compositores Portugueses; (b) o inicio das actividades musicais da Fundacao Calouste Gulbenkian; (c) as transformacoes politicas e economicas que colocariam Portugal perante a Democracia e o desenvolvimento Europeu. O ano de 1965 veio a revelar-se uma data importante pelo numero e pela qualidade de apresentacoes de musica contemporânea, a meu ver compar...
RESUMO: Em finais da década de 1970 e inícios da década de 1980, havia uma manifestação artística expressiva que não encontrava espaço de divulgação na mídia e também não atraía o interesse das grandes gravadoras, as majors, que não vinham mais investindo em novos nomes que despontavam na cena musical. Visando furar o bloqueio estabelecido pelas gravadoras que dominavam o mercado de discos no Brasil, muitos artistas assumiram a produção independente de seus discos e várias experiências de selos independentes surgiram, gerando uma produção intensa realizada fora dos domínios das majors, que marcou a produção fonográfica do início da década de 1980. Entre esses artistas estão aqueles integrantes do que convencionou-se chamar "Vanguarda Paulista": Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé e os grupos Rumo, Premê e Língua de Trapo. As inovações estéticas concebidas por esses artistas trouxeram renovação ao cenário musical da época, marcado por uma forte padronização estética, além de colocar em discussão as estratégias de atuação das grandes gravadoras, detentoras dos meios de produção fonográfica. No âmbito da criação musical, o início da década de 1980 foi marcado pela explosão da produção fonográfica realizada fora das grandes gravadoras, as majors, que dominavam o mercado de discos no Brasil, e seria conhecida como produção independente. Por questões estéticas ou mercadológicas, muitos artistas assumiram a produção individual e autônoma do seu próprio trabalho e várias experiências de selos independentes (indies) surgiram, pois havia uma atividade musical intensa que não era absorvida pelas majors. A criação desses novos selos independentes contribuiria para o estabelecimento de um novo cenário, que mudaria as relações entre artistas e gravadoras e atuaria na reestruturação da indústria fonográfica no Brasil, nos anos 90, com a conseqüente terceirização de algumas etapas do processo * Especialista em Música Popular Brasileira pela Faculdade de Artes do Paraná. Participou, como pesquisadora da MPB, de vários eventos culturais e científicos no Brasil. É cantora e professora de Canto Popular e História da Música Popular Brasileira.
Adorno, Hanslick e a questão da autonomia estética da música
Per Musi, 2016
Resumo: No semestre de inverno de 1932/33, Theodor Adorno ministrou na Universidade de Frankfurt um curso sobre o ensaio Do Belo Musical. Num artigo publicado alguns anos mais tarde, Adorno enfatizava a importância desse livro, uma vez que ele fixava o elemento da lógica imanente da composição musical, contra os autores que defendiam a música programática. Com efeito, um dos principais objetivos do ensaio de Hanslick era o estabelecimento da autonomia da obra musical. De acordo com ele, o belo na música é algo especificamente musical consistindo apenas e tão somente nos próprios sons e em sua combinação artística. Embora as referências diretas a Hanslick sejam relativamente raras e esparsas nos textos de Adorno, não devemos subestimar suas ressonâncias no pensamento desse autor. O objetivo desse artigo é investigar em que medida as ideias de Hanslick acerca da autonomia estética da música poderiam ter influenciado o conceito adorniano de material musical, bem como a sua abordagem da...
Vozes dissonantes: precursores da autonomia da música na Antiguidade
DUARTE, R., SAFATLE. V (Orgs.). Ensaios sobre Música e Filosofia. São Paulo: Humanitas, pp. 147-155.
Na historiografia musical, o debate em torno da autonomia da música se evidencia a partir dos séculos XVIII-XIX, por meio da discussão estética do Iluminismo, dos escritos literários do movimento Sturm und Drang e, posteriormente, pela publicação da obra "Do belo musical" (1854) de Eduard Hanslick. A crença de que uma possível expressão e/ou significado da música estivesse sempre atrelado a algum tipo de texto remontava a Platão (República, 398d) e do ponto de vista técnico, adquirira desde o Renascimento (por ocasião dos primórdios da ópera), um grau de precisão e sofisticação, através dos compêndios de retórica musical.
A autonomia da música no cinema
Em seu livro “Do belo musical”, de 1854, Eduard Hanslick defende que a arte da música está na contemplação pura da forma sonora e não nos sentimentos do compositor ou do ouvinte. Ainda persiste no âmbito musical uma perspectiva de que as melhores condições para a criação musical serão aquelas desvinculadas de outras linguagens. Por outro lado, há uma clara hegemonia da imagem na constituição e no pensamento do audiovisual, no qual percebe-se uma tendência narrativa centrada nos aspectos visuais e uma demanda para que a música possua, suscite, expresse ou represente uma emoção. Em linhas gerais, este trabalho ambiciona examinar a construção de uma estética da música no cinema baseada em critérios musicais, construídos com enfoque na própria expressão sonora e não na construção de um arcabouço afetivo para as cenas. Igualmente, pretende-se verificar os limites da conexão entre música e drama na construção do filme, examinando através de referências oferecidas pela filosofia da música e exemplos fílmicos a hipótese de que os dois campos podem comportar uma relação igualitária capaz de permitir o desenvolvimento musical e dramático sem que uma parte se sobreponha à outra. Este texto integra a dissertação de mestrado.