Do motivo à linha originária: autonomia da arte musical na obra de Heinrich Schenker (original) (raw)
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Epistemologia e autonomia no conceito de ideia musical de E. Hanslick
2024
Resumo: O presente trabalho aborda a filosofia estética de Eduard Hanslick, no intuito de demarcá-la enquanto abordagem epistemológica da música e um caso paradigmático para a autonomia musical. Foram analisadas as premissas epistemológicas que guiaram a obra Do belo musical, bem como as suas mais prováveis influências. Concluise, apresentando o conceito de ideia musical como formulação epistemológica fortemente influenciada pelo positivismo e princípio qualificador da percepção musical autônoma. Adiciona-se a essa conclusão uma desambiguação, com o conceito de ideia estética de Kant.
Adorno, Hanslick e a questão da autonomia estética da música
Per Musi, 2016
Resumo: No semestre de inverno de 1932/33, Theodor Adorno ministrou na Universidade de Frankfurt um curso sobre o ensaio Do Belo Musical. Num artigo publicado alguns anos mais tarde, Adorno enfatizava a importância desse livro, uma vez que ele fixava o elemento da lógica imanente da composição musical, contra os autores que defendiam a música programática. Com efeito, um dos principais objetivos do ensaio de Hanslick era o estabelecimento da autonomia da obra musical. De acordo com ele, o belo na música é algo especificamente musical consistindo apenas e tão somente nos próprios sons e em sua combinação artística. Embora as referências diretas a Hanslick sejam relativamente raras e esparsas nos textos de Adorno, não devemos subestimar suas ressonâncias no pensamento desse autor. O objetivo desse artigo é investigar em que medida as ideias de Hanslick acerca da autonomia estética da música poderiam ter influenciado o conceito adorniano de material musical, bem como a sua abordagem da...
Um estudo sobre a dimensão metafísica do conceito de linha fundamental na teoria musical de Schenker
A dissertação se propõe a discutir o caráter metafísico da teoria schenkeriana. Ela se constitui pelo exame de conceitos, questões e problemas que reconhecemos como sendo de natureza metafísica presentes na teoria musical de Schenker. Este caráter, ou dimensão metafísica se manifesta de uma maneira exemplar através dos conceitos de linha fundamental (Urlinie) e estrutura fundamental (Ursatz). A concepção de metafísica que sustenta nossa discussão se fundamenta, em grande medida, no pensamento do filósofo alemão Martin Heidegger. A relação que, assim, se estabelece entre teoria schenkeriana e metafísica encontra seu fundamento, essencialmente, em dois aspectos: no reconhecimento de uma identidade – e, nesse sentido, de uma dependência – entre os conceitos de linha e estrutura fundamental e o conceito de substância; e na implicação dos conceitos metafísicos de sujeito e de objeto nas noções schenkerianas de liberdade e de vida da música. Compreendemos, ainda, que essa última questão, que se refere, a rigor, a uma teoria do conhecimento, remete a teoria schenkeriana ao pensamento do romantismo e do idealismo alemão, à obra de Goethe e, mais especificamente, aos seus estudos científicos.
Sobre o Motivo Musical: uma discussão a respeito dos parágrafos iniciais do Harmonia de Schenker
MusiCS em perspectivas, 2024
O texto discute, inicialmente, como o conceito de motivo musical veio a ser tomado como elemento fundamental para o desenvolvimento artístico da música, desenvolvimento que decorre da admissão do motivo como o conteúdo propriamente musical, capaz de estabelecer uma espécie de lógica (ou princípio racional) na música. Após uma breve discussão a esse respeito, apresenta-se uma definição do conceito de motivo musical. Tanto a definição do motivo quanto a discussão a respeito do papel que este exerce como elemento central para o desenvolvimento artístico da música – e, consequentemente, a respeito do papel do motivo na fundamentação de uma estética musical – são discutidos a partir dos parágrafos iniciais do Harmonia (1906), primeira parte das Novas Teorias e Fantasias Musicais de Heinrich Schenker. Enfatiza-se, nesta discussão, uma aproximação entre o posicionamento de Schenker e o de Hanslick no que se refere à chamada tese positiva, contida no ensaio Do Belo Musical (1854), a qual diz respeito a uma identidade entre forma e conteúdo como elemento distintivo da música em relação a outras manifestações artísticas.
Orfeu, 2021
Tendo a experiência em performance como perspectiva do discurso, o artigo parte da contextualização das duas primeiras fases de Schenker com base nas publicações Die Kunst des Vortrags (“A arte da performance”), Der Tonwille (“Análise musical contextual”) e Das Meisterwerke in der Musik (“As obras-primas da Música”). Discute a sua influência teórico-analítica e a concepção de performance em estudos relacionados à subárea Análise e Performance Musical, identificando vinculações entre estrutura e expressividade em análises do próprio Schenker e de teóricos neoschenkerianos. Demonstra como a percepção da interlocução entre eventos métricos e de vozes condutoras serviu como embasamento a questões de modelagem em estudos de Charles Burkhart, Steve Larson, Carl Schachter e David Beach. Este estudo não se furta de considerar os aspectos fortemente prescritivos presentes nessas propostas, mas procura estudá-los sob perspectivas de pesquisa atuais.
Resumo: No semestre de inverno de 1932/33, Theodor Adorno ministrou na Universidade de Frankfurt um curso sobre o ensaio Do Belo Musical. Num artigo publicado alguns anos mais tarde, Adorno enfatizava a importância desse livro, uma vez que ele fixava o elemento da lógica imanente da composição musical, contra os autores que defendiam a música programática. Com efeito, um dos principais objetivos do ensaio de Hanslick era o estabelecimento da autonomia da obra musical. De acordo com ele, o belo na música é algo especificamente musical consistindo apenas e tão somente nos próprios sons e em sua combinação artística. Embora as referências diretas a Hanslick sejam relativamente raras e esparsas nos textos de Adorno, não devemos subestimar suas ressonâncias no pensamento desse autor. O objetivo desse artigo é investigar em que medida as ideias de Hanslick acerca da autonomia estética da música poderiam ter influenciado o conceito adorniano de material musical, bem como a sua abordagem da análise musical. Palavras‐chave:Theodor Adorno e Eduard Hanslick; o belo musical; autonomia estética da música. Abstract: In the winter term 1932/33, Theodor Adorno conducted at Frankfurt University a seminar on Hanslick's essay Vom musikalisch‐Schönen. In an article published some years later, Adorno emphasized the importance of this book, for it fixed the moment of immanent logic of musical composition against the authors that defended programmatic music. In fact, one of the main goals of Hanslick's essay is to discuss the establishment of a musical work autonomy. According to him, the beautiful in music is something specifically musical, consisting simply and solely of tones and their artistic combination. Despite direct references to Hanslick's ideas in Adorno's texts are somewhat rare and scattered, the resonances of the former in the thinking of the latter should be not underestimated. The purpose of this paper is to investigate to what extent Hanslick's ideas about the aesthetic autonomy of music might have influenced Adorno's concept of musical material as well as his approach to musical analysis. Keywords: Theodor Adorno and Eduard Hanslick; Vom musikalisch‐Schönen; aesthetic autonomy of music.
O modo de dizer da teoria musical: uma reflexão sobre a terminologia de Schenker
Revista Orfeu (PPGMUS/UDESC), 2021
Resumo: Coloca-se em discussão a tradução para a língua portuguesa de alguns termos da doutrina musical de Heinrich Schenker. Detendo-se, principalmente, sobre os termos Urlinie e Ursatz, procura-se realizar um debate a respeito do significado de tais conceitos, significado que aparece como a manifestação estritamente musical do princípio da unidade da obra de arte. Tal princípio assume um papel emblemático na doutrina schenkeriana por meio do conceito de coerência orgânica e, portanto, do conceito de organismo. A argumentação se concentra sobre os múltiplos significados da palavra Satz, destacando seus usos no vocabulário musical e, principalmente, nos escritos de Schenker, mais especificamente, como elemento formador do termo Ursatz. Conclui-se com uma proposta de tradução para os termos Urlinie e Ursatz, bem como para alguns outros termos afins. Palavras-chave: teoria musical austro-germânica; música e filosofia; Heinrich Schenker coerência orgânica. Subject: The translation into Portuguese of some terms of Heinrich Schenker's musical doctrine is discussed. Focusing mainly on the terms Urlinie and Ursatz, we seek to conduct a debate about the meaning of such concepts, meaning that appears as the strictly musical manifestation of the principle of unity of the work of art. Such principle assumes an emblematic role in Schenkerian doctrine through the concept of organic coherence and, therefore, the concept of organism. The argument focuses on the multiple meanings of the word Satz, highlighting its uses in the musical vocabulary and, especially, in Schenker's writings, more specifically, as a forming element of the term Ursatz. It concludes with a proposed translation for the terms Urlinie and Ursatz, as well as for some other related terms. Keywords: Austro-Germanic music theory; music and philosophy; Heinrich Schenker; organic coherence.
A noção de vida da música (Tonleben) na teoria musical de Heinrich Schenker
Anais do VI SIMPOM - VI Simpósio Brasileiro de Pós-Graduandos em Música, 2020
Resumo: O artigo realiza uma exposição acerca da noção de vida da música (Tonleben), aspecto central, porém menos comentado da teoria musical de Heinrich Schenker. Nesta exposição se discute a relação entre vida da música e o conceito de liberdade. O texto é divido em duas partes: na primeira a noção de vida da música é apresentada em sua relação com a ideia de gênio, mas, principalmente, em relação ao conceito de linha fundamental (Urlinie); na segunda se discute o significado do conceito de organismo, a sua implicação em alguns problemas fundamentais da filosofia - com certa ênfase na filosofia de Kant - e a sua relação com o conceito de liberdade.
Autonomia da música e o papel do compositor na vanguarda pós-1950
One of the initial milestones of the process of autonomization of music was the publication of the essay On the musically Beautiful (1854). In this book Eduard Hanslick argued that music should be considered only by virtue of its internal coherence, as "tonally moving forms". In defending an aesthetic of the "specifically musical", Hanslick is known as the first musical formalist, a trend developed later, during the first half of the 20th century, by composers such as Schoenberg, Berg and Webern. Some decades later, a group of young composers associated with the Darmstadt School will question the concept of musical form and "work", as they were understood until that moment. In seeking radical autonomy, music tended to become autonomous from the composer himself, running the risk of falling into automatisms - either mathematical or aleatoric. From the discussions held during the congress entitled "Forms in the New Music" (organized during the Internationale Ferienkurse für Neue Musik in Darmstadt - 1965), and some complementary texts, this article aims to expose and discuss the positions of Theodor Adorno, György Ligeti, Pierre Boulez and Carl Dahlhaus about the crisis of musical form in the 20th century as well as their views on the role of the subject in the musical composition of the post-1950 avant-garde.