CULTURA, IDENTIDADE E AS QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU (original) (raw)

QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU DO ARAGUAIA-TOCANTINS: ESTRATÉGIAS LOCAIS DE REPRODUÇÃO SOCIAL E CULTURAL

2008

O artigo que segue apresenta os resultados de uma investigação empíri- ca junto às quebradeiras de coco babaçu da região do Araguaia-Tocantins. O texto considera a existência da vida econômica, embora muito peculiar, dos grupos tradi- cionais, assim como a possibilidade de o contanto com o sistema de mundo capi- talista reafirmar os pontos de vistas tradi- cionais e, por conseguinte, produzir desen- volvimento da cultura local. Veremos que as trabalhadoras pesquisadas, através do Movimento Interestadual das Quebradei- ras de Coco Babaçu, não somente produ- zem objetivando a comercialização como inclusive têm buscado intervir no mercado a fim de garantir condições mais competi- tivas aos produtos manufaturados tradicio- nalmente por suas famílias de pequenos produtores rurais. Isto, todavia, não elim- ina a possibilidade de relações simbolica- mente violentas das quebradeiras com a economia de mercado, também sobremodo comuns, que, ao invés de reafirmar, des- caracterizam o modo de viver e trabalhar tradicional, tal como o fazem as chamadas “novas estratégias empresariais” que hoje realizam uma “modernização conserva- dora e predatória” da Amazônia. Por es- tas e outras razões que serão expostas, as quebradeiras buscam a reprodução de seus elementos sociais e culturais por intermé- dio de uma vasta pauta de reivindicações, gestadas no âmbito de um movimento so- cial, associadas à garantia das condições de produção e reprodução de seu modo de vida e trabalho e de sua cultura, que vão desde uma melhor inserção de seus produtos no mercado até a valorização da mulher no campo e o reconhecimento de uma forma de juridicidade, por elas de- senvolvida e praticada, que lhes garante o livre acesso e uso comum dos babaçuais, independentemente se localizados em pro- priedades privadas ou terras públicas, ou seja, a denominada “lei” do babaçu livre ou do coco liberto.

TRABALHO, SOCIABILIDADE E CULTURA: A DIMENSÃO SOCIOCULTURAL DO EXTRATIVISMO DE COCO BABAÇU

Anais da XXVIII Reunião Brasileira de Antropologia, 2012

O presente artigo retrata a dimensão sociocultural do trabalho extrativista realizado pelas quebradeiras de coco babaçu que subjaz à resistência destas trabalhadoras contra o processo de mercantilização do carvão de coco inteiro ocorrente nas terras do Araguaia-Tocantins em razão da demanda por carvão vegetal de indústrias produtoras de ferro-gusa, que valem-se deste insumo como redutor de minério de ferro. É aventado que o extrativismo tradicional de babaçu, também chamado de trabalho no coco, constitui ocasiões de sociabilidade fundamentais para as interações sociais das quebradeiras, assim como é uma oportunidade que estas extrativistas utilizam-se para transmitir os esquemas de pensamento, ação, percepção e apreciação de seu grupo social. Ademais, o que talvez seja o mais importante, o trabalho no coco, sobretudo a etapa de quebra do babaçu, é um elemento constituinte e formador da identidade coletiva das quebradeiras, por isso consistindo em um processo de trabalho inegociável para o grupo camponês pesquisado. Estas características do extrativismo de babaçu levam, por conseguinte, à denegação da produção e comercialização do carvão de coco inteiro em larga escala que tende a degradar a estrutura sociocultural do modo de produção tradicional das quebradeiras. Nas páginas que seguem, portanto, busca-se compreender, tão densamente quanto possível para os limites de um artigo, as razões simbólicas subjacentes à mencionada denegação.

Identidade cultural do coco babaçu

Blucher Design Proceedings

O presente artigo propõe refletir a atividade projetual de designers enquanto mediadores de relações para empoderamento na comunidade de São Caetano, situada no município de Matinha, Maranhão; utilizando-se da pesquisa etnográfica e dos conhecimentos e práticas do design colaborativo e metaprojetual. Em contexto de conflito territorial e limitação da obtenção do coco babaçu-matéria-prima essencial às atividades tradicionais do núcleo do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), presente na região, que garante renda e contribui para a identidade local. Apresenta-se o projeto que junto a comunidade repensou a relação com o coco, a fim de estimular o envolvimento dos jovens nas atividades artesanais e a ideação de novos produtos.

A IDENTIDADE CULTURAL DE QUIXARÁ A FARIAS BRITO

A proposta desse artigo é analisar em que a modernidade pôde interferir no processo histórico-cultural local a partir de um levantamento em que dará uma visão do que se perdeu ao longo do tempo e o que foi preservado em relação ás manifestações culturais, nas terras de Quixará à atual Farias Brito. Para tanto, a formação da Identidade Cultural embora tenha sofrido transformações ao longo do tempo, busca-se a cada dia reinventar esse processo advindo dos nossos antepassados resgatando suas memórias. Palavras-chave: Modernidade. Memória. Identidade Cultural.

O LADO OBSCURO DAS IDENTIDADES CULTURAIS

CAMARGO, Marcos H., 2021

A identidade Do latim identitatem, vem ao português a palavra 'identidade', cuja raiz idem, significa 'igual', 'mesmo', 'comum'. Trata-se da qualidade daquilo que é comum e vulgar (lat. vulgus-multidão, gente, público). Portanto, identidade é aquilo que há em comum entre os membros de uma coletividade. A identidade é um conjunto de marcas de pertencimento, que um indivíduo ostenta e reproduz, de modo a ser aceito e participar do grupo social a que se filiou. A identidade se reafirma por meio dos rituais de partilha dos signos e valores comuns, a que todos os membros do grupo estão assimetricamente obrigados (a maioria dos grupos identitários tem hierarquias com deveres e direitos diferenciados). A identidade é o efeito resultante da pulsão de congregação que anima a natureza humana-os humanos somos animais sociais. Por ser um conjunto de signos socioculturais, a identidade cultural é um composto de tradições que visa manter unida a comunidade, para que a divisão de trabalho entre seus membros produza o bem geral. Dentre as principais ferramentas socioculturais que concorrem para a sustentação da identidade grupal está a linguagem. As línguas nacionais são um exemplo: desde a construção de palavras para uso comum, até a formação de pensamentos por meio da gramática verbal, tudo contribui para o desenvolvimento de identidade entre os membros do grupo nacional. Em estágios mais específicos, a linguagem também serve para o estabelecimento da identidade grupal, como nos casos das gírias próprias de tribos urbanas e no jargão profissional de certas atividades, que são utilizados para 'identificar' os colegas de uma corporação de ofício. As marcas da identidade de grupo também ocorrem em muitos outros campos da atividade humana, como na arte, culinária, vestuário,

AS RELAÇÕES CULTURAIS E A HIPERTROFIA DA IDENTIDADE EM MOÇAMBIQUE

Intitulado Relações Culturais e a Hipertrofia da Identidade, o artigo que segue tem como objectivo desenvolver uma reflexão centrada na relação que se estabelece entre as culturas e a deformação das Identidades Culturais. A reflexão surge da crescente necessidade de ampliação das abordagens sobre como os factores de ordem cultural se entrelaçam com a Educação. Como as questões ideológicas culturais podem impactar na definição de Políticas de Educação. Metodologicamente, socorremo-nos da hermenêutica para efeitos de interpretação de textos de vários autores, chegando à conclusão de que, o Ocidente vê e analisa as outras culturas a à luz das suas próprias categorias e ignora a diversidade que tem em conta as peculiaridades e que a Globalização, através da tendência de homogeneização da cultura, é o terceiro factor da Hipertrofia da Identidade que se traduz na deformação das Identidades. As políticas de Educação em Moçambique são ditadas a partir das grandes potências económicas capitalistas.

MULHERES NEGRAS E NÃO-EXISTÊNCIA: QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU E REFLEXÕES CRÍTICAS SOBRE O MUNDO

Revista ABPN, 2020

Resumo: Este artigo busca contribuir com discussões acerca do racismo, cruzando-as aos debates relativos ao sexismo, ao colonialismo, à modernidade e ao terror racial e as possibilidades de construção de um outro mundo a partir da experiência de mulheres negras em suas vivências, suas estratégias e sua produção de conhecimento. Parte-se de acontecimentos em que raça eclode entre as quebradeiras de coco babaçu durante a Marcha das Margaridas para, a partir disso, pensar em outras possibilidades tanto práticas quanto teóricas e analíticas das mulheres negras em suas experiências, lutas e desafios. Palavras-chave: racismo; mulheres negras; corpos negros; quebradeiras de coco babaçu.

TÓPICOS DE IDENTIDADE E GRUPOS PERTENÇA CULTURAL: SALVADOR -BAHIA

A ideia deste artigo é propor uma discussão sobre a identidade e etnicidade sobre a perspectiva da afrodescendência soteropolitana. Esta é a primeira parte cuida do conceito de afrodescendência criado pela Historiadora Marli Geralda Teixeira. A segunda parte fará uma discussão sobre reflexões sobre o que venha ser identidade e pertença cultural do ponto de vista da afrodescendência. A terceira parte deste artigo tem como objetivo provocar uma discussão sobre a movimentação de identidade e pertença do ponto de vista cultural de sujeitos brancos.

PROTEÇÃO LOCAL DOS SABERES TRADICIONAIS: AS ESTRATÉGIAS DAS QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU DO ARAGUAIA- TOCANTINS

2008

O presente artigo apresenta os resultados de uma investigação empírica junto às quebradeiras de coco babaçu da região do Araguaia-Tocantins, que objetivou compreender as estratégias de referidas trabalhadoras rurais no tocante à proteção de seus saberes tradicionais. A análise pressupõe a necessidade de se considerar a existência da vida econômica, embora muito peculiar, dos grupos tradicionais, assim como a possibilidade de o contanto com o sistema de mundo capitalista reafirmar os pontos de vista tradicionais e, por conseguinte, produzir desenvolvimento da cultura local. O caso das quebradeiras de coco babaçu do Araguaia-Tocantins á sobremaneira ilustrativo de que os conhecimentos nativos são representados pelos seus detentores como apresentando tanto valor-de-uso quanto valor-de-troca, conquanto as trocas não sejam necessariamente sempre capitalistas. As trabalhadoras pesquisadas, através do movimento das quebradeiras de coco babaçu, não somente produzem objetivando a comercialização como inclusive tem buscado intervir no mercado a fim de garantir condições mais competitivas aos produtos manufaturados tradicionalmente por suas famílias de pequenos produtores rurais. Veremos, por fim, que as quebradeiras representam a proteção de seus saberes como incluindo uma vasta pauta de reivindicações associadas á garantia das condições de produção e reprodução de seu modo de vida e trabalho e de seus elementos culturais, que vôo desde uma melhor inserção de seus produtos no mercado até a valorização da mulher no campo, a preservação dos palmeirais e o reconhecimento de uma forma de juridicidade, por elas desenvolvida e praticada, que lhes garante o livre acesso e uso comum dos babaçuais.

ECONOMIA SOLIDÁRIA, TECNOLOGIA SOCIAL E IDENTIDADE TERRITORIAL DAS MULHERES QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU NO MUNICÍPIO DE SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA-PA

REVISTA GEONORTE, 2013

O presente trabalho versa sobre economia solidária, empreendimentos da economia solidária, tecnologias apropriadas à economia social - como as tecnologias sociais – e identidades territoriais das mulheres quebradeiras de coco babaçu no município de São Domingos do Araguaia, Pará. Pretendeu-se fazer a conexão de teorias mais gerais, com as demandas locais ligadas ao extrativismo, especialmente aquele realizado por mulheres que, além do mais, respeitam as necessidades das gerações presentes sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Essa nova forma de extrativismo tem ligação à forma como tais mulheres percebem seus territórios.