A MÚSICA CAIPIRA E O VERSO SAGRADO NA FOLIA DE REIS (original) (raw)
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O CAIPIRA, A VIOLA E SUA MÚSICA: variações, denominações e identidades
2018
A musica caipira no transcorrer do seculo passado ate a atualidade sofreu diversas transformacoes, sejam essas estilisticas, esteticas, tematicas e ate mesmo taxonomicas, dificultando ate mesmo as questoes de definicao de genero musical. Fatores como a globalizacao e exodo rural tambem sao apontados como algumas das determinantes nos processos de reterritorializacao da identidade sonora do caipira. Objetivou-se com esse trabalho, partindo dos primeiros registros sonoros como modelo referencial, fazer uma analise do processo de consolidacao de uma identidade musical caipira, e, discorrer um pouco sobre as suas varias facetas vinculadas a esse campo de producao cultural na contemporaneidade.
Resumo: A partir de reflexões sobre a temática Música, Cultura e Sociedade, encontramos a capoeira, cuja prática traz a simultaneidade e complementariedade entre música, corpo, movimento e cultura, como um fenômeno a ser estudado. O presente artigo trata-se de uma revisão bibliográfica sobre a capoeira, considerando sua importância não só como prática esportiva, mas principalmente como uma manifestação cultural que envolve uma produção córporo-sonoro-musical. Abstract: From reflections on the theme Music, Culture and Society, we find capoeira, whose practice brings simultaneity and complementarity between music, body movement and culture as a phenomenon to be studied. This article it is a literature review about capoeira, considering its importance not only as a sports practice, but mainly as a cultural event involving a body-sound-music production.
A FORMAÇÃO DOS MÚSICOS DEDICADOS À MÚSICA CAIPIRA EM PIRACICABA/SP NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
Anais da VI Jornada de Estudos em Educação Musical, 2016
Esta comunicação constitui-se como um relato de uma pesquisa em andamento, que tem o objetivo geral de conhecer e documentar a formação musical de três artistas dedicados à música caipira na cidade de Piracicaba/SP na primeira metade do século XX. Como objetivo s específicos, busca-se reconhecer os tempos e espaços de formação musical não-formal e informal desses compositores; conhecer os processos de ensino e aprendizagem característicos de sua formação musical, suas referências e principais agentes; buscar nas histórias de vida desses sujeitos da pesquisa possibilidades de reconstrução da história da música caipira em Piracicaba, no início do século XX. Trata-se de uma pesquisa de natureza exploratória e se constitui como uma das primeiras iniciativas relacionadas a esse objeto de estudo – os processos não-formais e informais de educação musical relacionados à música caipira em Piracicaba/SP na primeira metade do século XX. A metodologia utilizada constitui-se de levantamento e estudo bibliográfico sobre a música caipira no in ício do século XX e a História Oral como metodologia de pesquisa; realização da coleta de dados mediante entrevistas semiestruturadas; análise e interpretação dos dados coletados. Com este trabalho, busca-se contribuir para a constituição da História da Educação Musical no Brasil, na medida em que recupera e documenta a formação musical, a experiência e a perspectiva de músicos dedicados a um estilo musical tradicionalmente orientado pela transmissão oral, a música caipira, evidenciando espaços, tempos, métodos, processos e agentes envolvidos nessa formação.
OS MÚSICOS E AS SOLENIDADES NA CAPELA DE SÃO JOSÉ
C/Arte, 2015
No segundo capítulo da coletânea organizada por Adalgisa Arantes Campos, Daniel Precioso se propõe a investigar sobre as solenidades na Capela de São José e a participação dos irmãos músicos dessa irmandade. Ele nos recorda, com abundância de registros, a música sacra envolvente, executada por cantores e instrumentistas, na segunda metade do século XVIII, em Vila Rica. Destaca, sobretudo, a participação ativa dos irmãos músicos na administração da Confraria de São José e os serviços contratados para as festas e novenas do padroeiro, como confiados a Francisco Gomes da Rocha, o grande compositor de São José.
A Leitura Do Rural Nas Musicas Caipiras
2002
Este artigo realiza uma leitura das musicas caipiras tentando resgatar elementos que auxiliam na caracterizacao do mundo rural. Tratando-se de representacoes do rural, existe consciencia de que aquilo que se apresenta e uma interpretacao da realidade e nao a realidade em si; contudo se destacam no texto aspectos que mostram uma visao saudosa do modo de vida rural.
MÚSICA NA INSIGNE E REAL COLEGIADA DE GUIMARÃES
Eivados de um frenesim de santidade, os cristãos dos primeiros tempos tudo tentavam para garantir, com certezas absolutas, um lugar privilegiado junto do Deus que veneravam. Particularmente a partir do movimento encetado por S. Bento, no século VI, de uma forma quantitativamente significativa, alguns crentes começaram a demonstrar um interesse especial pela vida comunitária em que os objectivos dessa vida apontassem para a maior glorificação de Deus e para a prática de devoções, assentes num ascetismo conducente a uma vida que os guiasse nessa senda de santidade. Floresceram, a partir desse século, numerosos conventos e mosteiros, onde o «exemplo-guia» da conduta a seguir era o de um santo com virtudes consideradas essenciais para a conquista desse lugar especial na outra vida. Bento de Núrsia, no mosteiro do Monte Cassino, de quem foi primeiro abade (529), transformou o dia dos seus monges em momentos de oração, meditação e de trabalho, numa rotina diária movida por esse ideal da perfeição, atingida através destes meios. Chamava-lhe o «trabalho de Deus». No século IX, a dinastia Carolíngia incentivou os monges a seguirem a regra de S. Bento e, no dealbar do século XI, mosteiros beneditinos já se espalhavam por toda a Europa ocidental. Mas este movimento perfeccionista de «trabalhar» a santidade na terra através de vidas isoladas do mundo «normal» é bastante anterior e já se conhecem seguidores na Península Ibérica, referidos em pelo menos três concílios peninsulares do século IV: Elvira (304/6), I Concílio de Saragoça (380) e I Concílio de Toledo (400). Mencionam «virgens consagradas a Deus» e os dois últimos já falam em «monges». 1 Para não falar da peregrina Egeria que, neste mesmo século, descreve com entusiasmo a sua viagem à Terra Santa, dirigindo o seu Itinerarium a um convento de monjas, quase de certeza, do noroeste hispânico, provavelmente do conventus de Bracara 2 . Deste período, sobressaem dois nomes importantes para a «regulamentação» destas comunidades: S. Martinho mas, principalmente, S. Frutuoso, ambos em Dume e na Sé de Braga, como bispos, nos séculos VI (meados) e VII (primeira metade). A S. Frutuoso é atribuída a Regula Communis que, para além de prever uma espécie de Pacto 1 Jorge, Ana Maria C. M. -«As instituições e o elemento humano», História Religiosa de Portugal (1º vol.). Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, p. 203 2 Egéria: Viagem. Ed. de Alexandra B. Mariano e Aires A. Nascimento. Lisboa: Edições Colibri, p.12 entre o monge e a vida que vai escolher, tem também a particularidade de legislar sobre a vida nos mosteiros dúplices (ou mistos), como viria a ser o caso do Mosteiro de Santa Maria de Guimarães. Mumadona mandou erigir o seu mosteiro dúplice na primeira metade do século X. A regra que adoptaram para a vida comunitária não suscita consenso. Cuidadoso, Gaspar Estaço escreve 3 : «De que Ordem fosse este da Condessa eu o não acho expressamente: só consta do seu testamento onde refere os livros, que ela lhe deu, entrar no numerário deles a Regra do santo Abade Pacómio (…) Entrava também naquele número um Livro que continha estas três Regras: a de São Bento, e a de Santo Isidoro, e a de São Fructuoso (…) Morales é de parecer que estes Mosteiros antigos de Frades e Freiras eram da Ordem de São Bento por estar já muito extendida por Espanha e por toda a Europa.» 170. «Grande é a distância que vai dos cantores aos músicos; uns só repetem e os outros sabem o que é a Música. Com efeito aquele que faz o que não entende, pode definir-se como uma besta» (tradução de Eduardo Magalhães) (História da Música, Tomo I desde os tempos mais remotos até ao século XVI. Porto: Casa Moreira de Sá, 1920.) 9 Ibidem 10 Corruptela da palavra latina «Cantor»
O COMPUTADOR CAIPIRA, O FATO MUSEOLÓGICO E A IDENTIDADE MARAJOARA
Nossa proposta, nesta comunicação, é discutir o patrimônio cultural como uma subcategoria do fato museal, tendo como objeto específico de análise o aparato denominado “computador caipira”, que integra a exposição de longa duração do Museu do Marajó Padre Giovanni Gallo (MdM). A escolha deste aparato, dentre um conjunto de outros que fazem parte do acervo do MdM, reside principalmente em sua especificidade formal e didática, no fato de ter sido projetado pelo criador do MdM e, finalmente, por ser um típico aparato hands-on, feito com recursos tecnológicos rústicos. No que tange a questões de ordem teórica, falar em fato museal remete, em primeiro lugar, ao conceito de fato social total, formulado por Marcel Mauss e, em segundo, aos estudos de Waldisa Rússio Camargo Guarnieri que, na teoria museológica brasileira, foi uma das pioneiras no uso desse conceito, o qual resulta de uma transposição, para o campo da museologia, do conceito maussiano. Ao analisar o “computador caipira” como um fato museal, objetivamos mostrar, não apenas a operacionalidade desse conceito-chave para compreendermos o museu e sua função, mas principalmente remontarmos ao contexto histórico e cultural em que Giovanni Gallo concebeu e elaborou o MdM e sua exposição.
AVE MARIA DAS MÚSICAS: O FEMININO NO SAGRADO
Revista Brasileira de Estudos Fonográficos, 2022
No presente texto, o meu objetivo foi analisar a tematização de Maria mãe de Jesus na música popular brasileira, recorrendo ao conceito de hierofania, segundo Mircea Eliade, por entender a personagem em pauta enquanto portadora da manifestação do sagrado. Inicialmente, tratei sobre o tema “Ave Maria” na música europeia do século XIX, com destaque a Schubert, e uma breve menção a Gounod, com intuito de introduzir uma reflexão sobre a complexidade que envolve a relação entre música e religião e apontar a influência ou semelhanças de suas “Ave Maria” nas músicas brasileiras que desenvolvem o mesmo tema. Na sequência, abordei quatro músicas de compositores brasileiros que possibilitaram a análise aqui pretendida. São elas: “Ave Maria no Morro”, “Ave Maria Sertaneja”, “Ave Maria da Rua” e “Romaria”. Em seu conjunto, as músicas analisadas me levam a concluir que o tema “Ave Maria” na canção brasileira busca expressar a devoção mariana entre os grupos sociais marginalizados, em seus anseios por proteção, cura, coragem e força, visualizando a manifestação do sagrado em Maria em sua multi-dimensionalidade: santa, mulher e mãe. As músicas nos mostram que o imaginário religioso não é uma exclusividade das instituições eclesiásticas oficiais. Por outro lado, a música e a religiosidade popular podem ser apropriadas pela religião oficial. Além disso, sugiro que a devoção a Maria, como expressada nas músicas, supre uma necessidade cultural e espiritual de devoção a um sagrado identificado com o feminino, presente em diversas culturas religiosas, mas comumente relegado a um patamar mais baixo na tradição patriarcal do cristianismo oficial.