REPRESENTAÇÕES DA HISTÓRIA DAS MULHERES NO BRASIL EM LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA - Angela R Ferreira.pdf (original) (raw)
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TRAJETÓRIA DA HISTORIOGRAFIA DAS MULHERES NO BRASIL
É fato conhecido que a história, escrita fundamentalmente pelos homens, durante muitos anos optou em excluir as mulheres dos relatos historiográficos. Este texto discute a inserção do sujeito feminino na historiografia brasileira, a partir de diversas contribuições: o movimento feminista, os novos paradigmas científicos e a contribuição dos Annales, que permitiram um alargamento das abordagens e dos métodos utilizados para as pesquisas envolvendo as mulheres.
A REPRESENTATIVIDADE FEMININA NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA E DE SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO
Este trabalho tem como objetivo refletir como a representação feminina é construída nos livros didáticos, mostrando, a partir dos dados coletados e analisados, como se configura a exclusão e o silenciamento feminina existente na historicidade. De modo que possa compreender as lacunas e rupturas das representações femininas em livros didáticos do Ensino Médio, visto que esse material é um dos recursos educacionais mais familiarizado em sala de aula, nesse sentido que precisa ser apontado as deficiências de conteúdo e erros relacionados às mulheres nos livros didáticos de História e Sociologia, para isso, foi utilizado a noção de representação de Roger Chartier e de algumas das abordagens de Michelle Perrot, presentes no livro Minha História das Mulheres (2007). São utilizadas para análise três livros didáticos: (1) História Global -Brasil e Geral (2005); (2) Rumos da História: História Geral e do Brasil (2005) e (3) Tempos Modernos, tempos de Sociologia (2010). A partir do estudo verificou-se a importância de engajar esse grupo nas temáticas apresentadas na disciplina de História e Sociologia, possibilitando assim novas abordagens para a sala de aula e práticas de ensino aprendizagem. Palavras-chave: Representatividade feminina. Mulheres. Livros didáticos. INTRODUÇÃO A historiografia pode ser definida como a descrição histórica ou o registro da história, em uma determinada temporalidade, lugar e/ou grupo de pessoas específicas. De maneira geral, a historiografia tradicional privilegiava os cenários políticos, econômico e de guerra, expondo os interesses dos dominantes da época, nos quais os homens estavam na linha de frente nestes campos. Segundo Perrot (1988), o "ofício do historiador" é um ofício originalmente masculino, pois no início as academias eram dificilmente frequentado por mulheres e a produção historiográfica está vinculado diretamente no meio acadêmico.
AS MULHERES NA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA
A recente inclusão das mulheres no campo da historiografia tem revelado não apenas momentos inesperados da presença feminina nos acontecimentos históricos, mas também um alargamento do próprio discurso historiográfico, até então estritamento estruturado para pensar o sujeito universal, ou ainda, as ações individuais e as práticas coletivas marcadamente masculinas. Como se a História nos contasse apenas dos homens e de suas façanhas, era somente marginalmente que as narrativas históricas sugeriam a presença das mulheres, ou a existência de um universo feminino expressivo e empolgante. Todo discurso sobre temas clássicos como a abolição da escravatura, a imigração européia para o Brasil, a industrialização ou o movimento operário, evocava imagens da participação de homens robustos, brancos ou negros, e jamais de mulheres capazes de merecerem uma maior atenção.
Textos sobre História das Mulheres
Após adquirir certa experiência em produzir alguns livros fontes no campo da História Asiática, comecei a delinear o projeto de construir um novo livro fonte sobre a História das Mulheres. O tema já estava presente, de modo específico, nas outras produções. Todavia, esse empreendimento exigiria um esforço bastante amplo, tanto em termos materiais como espaciais. A História das Mulheres no mundo é um tema vastíssimo, que pode ser abordado de múltiplas formas. Como minha pretensão era de criar um livro fonte, isso exigiu certas limitações de propósito. O objetivo do livro, em si, não é o de se tornar uma antologia definitiva ou completa: mas, antes de tudo, uma coleção de fragmentos sobre a História das Mulheres, com fins didáticos, que poderia ser utilizada como instrumento de aprendizagem histórica ou simplesmente, como referencial de pesquisa. A unidade da pesquisa, portanto, foi centrada em dois pontos fundamentais: a imagem e o feminino. Os fragmentos recolhidos visam proporcionar uma imagem da mulher num determinado período, contexto histórico e sociedade. Obviamente, tais relações variam: no caso de civilizações como Egito ou Mesopotâmia, falamos de processos históricos fundadores, que já não mais existem de forma direta, mas que influenciaram diretamente a história europeia e asiática. Já Índia e China construíram sistemas culturais que atravessaram a história, dando uma continuidade sem precedentes para seus alicerces morais e intelectuais. Seria na Europa, pois, que a construção de uma nova perspectiva sobre o Feminino iria se fundar e revolucionar a história humana, principalmente a partir do século 19. Desse momento em diante, pode-se dizer que a maior parte dos fragmentos responde, igualmente, ao surgimento e desenvolvimento dos movimentos feministas.
RESUMO: Gênero é um elemento constitutivo das relações sociais e uma categoria de análise das relações assimétricas de poder que pode ajudar a escola a problematizar estereótipos do que é ser mulher e do que é ser homem em nossa sociedade. A desigualdade de gênero, baseada na naturalização dos binarismos e das diferenças, produz variados tipos de violência no ambiente escolar e fora dele. A promoção de discursos e práticas de equidade contribuem na criação de uma cultura de paz que favoreça um ambiente de aprendizagem, convívio e valorização da diversidade-fenotípica, étnica, religiosa e geracional – construindo bases para a ampliação dos direitos de cidadania. Por meio de letramentos críticos, a escola oportuniza insights de equidade a sujeitos, muitas vezes, destituídos de poder de ação e decisão política. A escola configura-se como um dos cenários fundamentais para a vivência de novas e intrincadas relações sociais na vida de crianças, jovens, adultos e pessoa idosa. A educação não poder ser pensada de forma desarticulada da cultura, pois ela se constitui como um lócus organizado no qual, além das especificidades dos conhecimentos sistematizados, produzem-se e reproduzem-se hábitos, valores e conhecimentos gestados no contexto social mais amplo que serão ali ressignificados. A Jornada Literária, atividade anual de formação docente e discente nas escolas municipais, procura produzir discursos em interface com a promoção da leitura literária mediada e a produção de textos literários por estudantes, refletindo sobre as relações entre escrita e sociedade. A temática da V edição da Jornada Literária " Histórias de Mulheres " , coordenada pelo Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual da Secretaria Municipal de Educação, se insere nessa perspectiva, e dentre seus objetivos, destacamos: fomentar a discussão e a compreensão da mulher e do feminino na contemporaneidade; fortalecer as identidades do feminino nas escolas partícipes; dialogar com as múltiplas expressões das masculinidades presentes nos ambientes escolares; buscar processos de ensino-aprendizagem que ofereçam a mulheres e homens as mesmas oportunidades, para que estudantes possam fazer escolhas e traçar metas de vida com autonomia e consciência, independentemente do gênero; discutir as assimetrias de poder entre mulheres e homens e sobre as ratificações das diferenças como injustiças sociais, refletindo, através da escrita, sobre o mundo circundante. Para tanto, foram utilizadas como metodologias oficinas pedagógicas de sensibilização e mediação de leitura e rodas de conversação com os docentes inscritos, preparando-os para o trabalho com os discentes no mesmo recorte metodológico. As discussões sobre equidade de gênero, nas escolas partícipes, procuram potencializar ações e reflexões transformadoras, traduzidas em práticas e eventos escolares de letramento, envolvendo meninos e meninas, tendo como produto final variados materiais literários publicados física ou virtualmente. Tais materiais tem como escopo repensar as relações de gênero, numa perspectiva problematizadora do binarismo normatizador do feminino e do masculino na sociedade, fazendo parte das interações do cotidiano escolar que produzem sentidos para as diferentes formas de ser e de estar no mundo.
A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO
Resumo Este artigo se propõe a compor um panorama bibliográfico das linhas teóricas e metodológicas norte-americanas e inglesas que discutem a relação das mulheres com a história e a escrita histórica. Parte-se do princípio que este tema precisa ser relacionado a uma questão epistemológica importante, qual seja, a do pressuposto de que na constituição do cânone historiográfico ocidental, o sujeito do conhecimento é quase sempre masculino. Historiadoras e teóricas feministas têm se preocupado em investigar a vida e a obra de historiadoras " amadoras " e profissionais, bem como o gênero como parte estruturante da consciência e da escrita histórica. A escolha das pesquisas abordadas se dá conforme a significativa representatividade no interior dos estudos sobre a relação das mulheres com a disciplina história e, especialmente, por trazerem luz a uma área que se encontra incipiente no Brasil. Palavras-chave: Gênero. Historiadoras. Cânone. Historiografia. Abstract This article proposes to make a bibliographic overview of the American and British theoretical and methodological lines discussing the relationship of women and history with historical writing. We assume that this matter must be related to an important epistemological issue, namely the assumption that in the formation of the Western historiographical canon, the subject of knowledge has been almost always a male subject. In contrast, historians and feminist theorists have focused on investigating the life and work of historians "amateur" and professional, as well as the structuring of gender awareness and historical writing. The choice of research addressed occurs as a significant representation of these authors within the studies on the relationship of women to the discipline of history and especially for bringing to light an area that lies incipient in Brazil.