2019b, Prefácio a Coleções Étnicas e Museologia Compartilhada (original) (raw)

Museus de etnologia. Coleções e colecionar

Há provavelmente pouca discordância com a declaração de que museus geralmente estão em constante necessidade de se adaptarem ao mundo rapidamente mutável de hoje em dia, além das mudanças na sociedade, aos quais supostamente servem, e aos paradigmas aos quais o mundo é explicado. Isto é verdade, especialmente devido a grandes museus estabelecidos no século XIX, os quais estão carregados, não só pelo passado, mas também pelas estruturas complexas e burocráticas, resultado do tamanho e da falta de meios adequados para modernizar, tanto no aspecto físico do local quanto nas metas traçadas. Uma grande parte do problema consiste nas grandes coleções, que foram montadas no passado, dentro de padrões de ideias e práticas então atuais. Portanto, hoje em dia são vistas como inválidas para a produção e disseminação de sabedoria e conhecimento. A discrepância entre práticas passadas e necessidades contemporâneas é muitas vezes ilustrada por amostras "permanentes", instaladas há muitas décadas, as quais não podem ser facilmente mudadas, devido a financiamentos insuficientes ou à prioridade dada a outros aspectos importantes do trabalho nos museus, tais como pesquisa ou educação. Se alguns museus são vistos pelo público como lugares à moda antiga e empoeirados, isso é devido ao fato de serem à moda antiga e empoeirados.

Coleções étnicas e museologia compartilhada

Coleções étnicas e museologia compartilhada, 2019

Coleções étnicas e museologia compartilhada, fruto da liderança da Antropologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) no campo dos estudos do Patrimônio e Museologia no Brasil. Este livro resulta do diálogo travado entre pesquisadores da temática cultura material por ocasião do Seminário Coleções étnicas e museologia compartilhada, organizado como pré-evento do 18º Congresso Mundial da International Union of Anthropological and Ethnological Sciences (IUAES), realizado de 10 a 13 de julho de 2018 na Universidade Federal de Goiás.

Abordagem Da Prática Colecionista Através De Um Conjunto De Peças Marajoara Do Museu Nacional De Etnologia Em Lisboa (Portugal)

Amazônica - Revista de Antropologia, 2011

O Museu Nacional de Etnologia em Lisboa tem no seu acervo várias peças marajoara provenientes de uma recolha encomendada pelo próprio Museu nos anos 60 do século XX, as quais se encontram atualmente expostas nas “Galerias da Amazônia”. A expedição à ilha do Marajó foi realizada pelo colecionador e arqueólogo amador português Victor Bandeira, acompanhado por sua esposa Françoise Carel-Bandeira, tendo sido escavada uma necrópole da fase Marajoara situada no sítio d’ “Os Camutins”, na região do rio Anajás. Como objetivo principal deste trabalho, procurei entender as motivaçõesque conduziram à escolha dos objetos trazidos para Portugal e que poderiam, segundo o protagonista da expedição, representar a cultura marajoara no museu português. Esta questão é investigada através do testemunho de Victor Bandeira. Segundo as informações reunidas, entende-se que na recolha abordada, a perspectiva colecionista ultrapassa a arqueológica. Isto permite-me refletir sobre o próprio ato de colecionar, ...

Apresentação ao Dossiê: Coleções Etnográficas e Processos Museológicos

Anthropológicas, 2019

O escritor turco e prêmio Nobel de literatura, Orhan Pamuk, escreveu que os 'museus são lugares onde o tempo se transforma em espaço'; essa frase é significativa para o presente dossiê, pois, nos leva a pensar sobre os significados dos museus na contemporaneidade e sobretudo nos processos que envolvem relações com os povos indígenas. Museu, como diz o título de um dos textos aqui reunidos, não é uma palavra presente nas línguas indígenas, museu é uma palavra de origem grega, moyseîon, 'lugar dedicado as Musas', 'templo das Musas', porém, o museu tem sido apropriado e traduzido em diversas realidades indígenas e com variados propósitos como veremos em alguns dos textos aqui reunidos. De novo com Pamuk, refletimos sobre o tipo de espaço que são os museus indígenas, que tipo de relações permite esses espaços e, portanto, transformando-os em 'lugares' e relacionados à evocação da memória étnica que são mobilizadas para que esses espaços respondam aos interesses de seus criadores e recriadores, num exercício próprio do que Lima Filho (2016) denominou cidadania patrimonial. O artigo do antropólogo e historiador Alexandre Gomes faz uma reflexão muito interessante sobre esses processos de apropriação e tradução que fazem os museus indígenas no contexto brasileiro, principalmente a Antropóloga. Comissão da Verdade sobre Amazonia (Colombia).

OS OBJETOS, AS COLEÇÕES ETNOGRÁFICAS E OS MUSEUS

ATHIAS, R. Os Objetos, as Coleções Etnográficas e os Museus. In: Angel Espina Barrio, Antonio Motta, Mário Hélio Gomes.. (Org.). Inovação Cultural, Patrimônio e Educação. 1ed.Recife: Massagana, 2010, v. , p. 303-312.

DO ECLETISMO AO CONTEMPORÂNEO: A Construção da Curadoria Coletiva a partir da Parceria da Universidade, Estagiários de Arquitetura e o Museu na Difusão da Valorização do Patrimônio Cultural e Arquitetônico.

10º Mestres e Conselheiros: agentes multiplicadores do patrimônio, 2018

Em observação a exposição “Do Ecletismo ao Contemporâneo” exposta atualmente no MIS – Museu de Imagem e Som de Campinas; está presente a capacidade de trazer ao visitante uma aproximação do conhecimento do valor histórico e patrimonial que a Cidade tem vivida na memória e de muitos patrimônios que estão ainda em busca do devido restauro necessário; e também expõe a força que o projetar a arquitetura contemporânea tendo o diálogo forte com o patrimônio tem importância para o mundo, para a cidade e para as pessoas. Levantando o estudo dos dois módulos dessa exposição, vemos que o conhecimento do Patrimônio cultural e Arquitetônico de um território, tende a se objetivar em uma arquitetura urbana e que garanta a relação social sem “ferir” sua história. A exposição foi dividida em dois módulos: “o ecletismo” e “o contemporâneo”. No módulo “Ecletismo”, a ideia da confecção de maquetes de prédios históricos de Campinas que é parte integrante da disciplina técnicas retrospectivas do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Paulista – UNIP. Tem o objetivo principal o entendimento de elementos arquitetônicos em seus detalhes, característicos do século XIX e início do XX, que definem a chamada arquitetura Eclética, no mundo, e em Campinas, pois a partir do movimento moderno, no Brasil, os edifícios ecléticos foram desprestigiados, e muitos até demolidos. Na década de 80 do século XX, iniciou-se o resgate do devido valor deste patrimônio arquitetônico brasileiro, e começaram a ser estudados e preservados. E em analise ao módulo “Contemporâneo” se tem o objetivo da relação entre Cidade-Patrimônio-Arquitetura, e é desenvolvida a partir do Trabalho Final do Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Paulista, no decorrer do ano de 2017. O desafio foi de intervir, no centro histórico de Campinas, com um projeto arquitetônico contemporâneo, e ao mesmo tempo com um diálogo com um significativo patrimônio arquitetônico existente. Em 1986, Carlos Nelson Ferreira dos Santos, em seu artigo “Preservar não é tombar, renovar não é pôr tudo abaixo”, sistematizava, de forma pioneira, os impasses vividos pelas políticas do patrimônio no Brasil, que segundo Castriota (2007) estão perdidas entre discursos que incorporam novidades com exemplos do exterior e práticas muitas vezes regressivas, que repetem ações em curso desde 1930. Essa dicotomia, na visão deste autor, acontece devido a não absorção real no país do conceito contemporâneo e ampliado do patrimônio e a decorrente indefinição acerca do tipo de intervenção a ser exercida sobre os bens culturais. Preocupação está, presente em diversas cartas patrimoniais que, em diferentes momentos, abordam formas de intervir e os impactos destas ações sobre o território, a população e identificação cultural destes espaços a partir de usos e dinâmicas urbanos, como a Declaração de Amsterdã, a Recomendação de Nairóbi, entre outras. Portanto, é no conjunto entre espaço urbano e a arquitetura que as relações devem acontecer para a obtenção do “objeto socialmente construído”. É este espaço que o MIS – Museu da Imagem e do Som busca, pois ao ocupar o Palácio dos Azulejos, importante patrimônio arquitetônico da nossa cidade, tombado pelo IPHAN, CONDEPHAAT e CONDEPACC, preocupa-nos não somente as questões inerentes ao museu, mas sim como esta ocupação pode ser saudável para este equipamento, assim como estabelecer um uso sustentável deste patrimônio arquitetônico. Este é o MIS, um museu que mantém uma relação intersetorial e interdisciplinar com as diferentes áreas e diferentes setores, enriquecido pelo convívio de estagiários, com a troca de conhecimento com a Universidade e também com a comunidade que interage com a exposição. É garantida nesta exposição, uma integração entre o patrimônio, a arquitetura contemporânea e a cidade, no intuito de articular o que Castello (2007) intitula como “lugares conversáveis”, onde a convivência pode ser incrementada, em que haja interação entre os indivíduos e deles com o lugar que os permeiam. Concebendo a exposição pensando na possibilidade de estabelecer uma relação dialética com o público, para que perceba a cidade a partir das construções contemporâneas, dos patrimônios históricos e como é possível que haja uma convivência harmoniosa entre os diferentes conjuntos/contextos arquitetônicos.

Sobre Ecomuseus e Museus Comunitários- Notas de Campo

Roteiro para programa “Encontros com o Património da TSF” Pedro Pereira Leite (novembro 2015) Programa Realizado juntamente com Graça Filipe, do ecomuseu do Seixal e Santiago Macias, Câmara Municipal de Moura http://www.tsf.pt/programa/encontros-com-o-patrimonio/emissao/ecomuseus-e-museus-comunitarios-4898954.html

Coleções Etnográficas, museus indígenas e processos museológicos

O ebook “Coleções etnográficas, Museus Indígenas e Processos Museológicos”, organizado pelos antropólogos Alexandre Gomes (Departamento de Antropologia e Museologia-UFPE) e Renato Athias (Programa de Pós-Graduação em Antropologia-UFPE), é composto por 5 capítulos que abordam uma diversidade de temas referentes à discussão sobre os processos museológicos envolvendo coleções etnográficas e museus indígenas no Brasil, abordando estudos de casos situados nos estados de Pernambuco, Maranhão e Ceará. A organização desta publicação partiu da preocupação em refletir de forma conjugada sobre os desafios da formação teórica aliada à formação aplicada, na interface entre Antropologia e Museologia. Resultado de pesquisas e ações colaborativas com populações indígenas, os textos resultam dos muitos anos de atuação dos organizadores na área da antropologia de museus, a partir do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade, grupo de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPE. Segundo a museóloga e antropóloga Lúcia Van Velthen (Museu Paraense Emílio Goeldi-PA), que apresenta a publicação, “Recentemente, alguns museus no Brasil orientaram-se para um novo destino e, assim, buscaram apresentar respostas para as relações que as sociedades ameríndias podem e devem estabelecer com o seu passado. Essas instituições voltaram-se também para novas maneiras de se relacionarem com os povos indígenas e, portanto, ativaram outros mecanismos, tais como o desenvolvimento de contextos de valorização e de acessibilidade. Buscaram, desta forma, assegurar-lhes o direito à memória, à cultura, ao tempo, como um dever de gestão compartilhada que procura diminuir a incomensurável distância existente entre as comunidades indígenas contemporâneas e as coleções de cultura material, produzidas pelos seus antepassados. Estas constatações constituem a principal vertente que estrutura a coletânea “Coleções Etnográficas, Museus Indígenas e Processos Museológicos”, organizada por Renato Athias e Alexandre Gomes. O intento dos autores é dar a conhecer e assim promover o reconhecimento de que os acervos museais indígenas representam expressões materiais específicas, passíveis de serem recriadas através da rememoração e do discurso. São revelados aspectos de uma apropriação conceitual e, sobretudo política, que tem sido efetivada cada vez mais pelas sociedades ameríndias e, mais especificamente, entre os povos indígenas da região Nordeste”. Link para leitura on line: http://www3.ufpe.br/editora/ufpebooks/serie\_extensao/cole\_etn\_ind/html5forpc.html?page=0

Abordagem da prática coleccionista através de um conjunto de peças Marajoara do museu Nacional de Etnologia em Lisboa (Portugal)

O Museu Nacional de Etnologia em Lisboa tem no seu acervo várias peças marajoara provenientes de uma recolha encomendada pelo próprio Museu nos anos 60 do século XX, as quais se encontram atualmente expostas nas "Galerias da Amazônia". A expedição à ilha do Marajó foi realizada pelo colecionador e arqueólogo amador português Victor Bandeira, acompanhado por sua esposa Françoise Carel-Bandeira, tendo sido escavada uma necrópole da fase Marajoara situada no sítio d' "Os Camutins", na região do rio Anajás. Como objetivo principal deste trabalho, procurei entender as motivações que conduziram à escolha dos objetos trazidos para Portugal e que poderiam, segundo o protagonista da expedição, representar a cultura marajoara no museu português. Esta questão é investigada através do testemunho de Victor Bandeira. Segundo as informações reunidas, entende-se que na recolha abordada, a perspectiva colecionista ultrapassa a arqueológica. Isto permite-me refletir sobre o próprio ato de colecionar, assim como sobre a relação do colecionador com os objetos que reúne, dentro do domínio específico constituído pelos artefatos das culturas pré-colombianas.