Caminhar como contributo metodológico do cocriar cidade (original) (raw)

Caminhar e imaginar a cidade: extensão, vivências e reflexões

Atas do 3º Colóquio Internacional ICHT 2019 – Imaginário: Construir e Habitar a Terra; deformações, deslocamentos e devaneios., 2019

As reflexões que permeiam este artigo partem das experiências do Projeto de Extensão intitulado “Caminhadas Urbanas”, desenvolvido junto aos cursos de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) desde 2014, mais especificamente de uma ação promovida em agosto de 2015, na cidade de Santa Maria/RS, intitulada “Lugares do Abandono”. O presente trabalho apresenta o Projeto e discute questões relativas à memória urbana, à arquitetura e à possibilidade de um crescimento de compreensões por meio da vivência na cidade, onde ruas, praças e edifícios podem ser disparadores de reflexões que partem do presente, mas que percorrem também passado e futuro. O indivíduo, assim, é convidado a movimentar-se por percursos, a parar em alguns lugares e a estar presente para observar o que existe, imaginar o que existiu e o que pode existir ou vir a ser construído, em um futuro próximo ou distante; enfim, a vivenciar a cidade abordada aqui como cenário, como palco de aprendizagens. O objetivo, para além de valorizar o espaço urbano e a arquitetura pelo habitar, é vislumbrar outras maneiras de aprender/ensinar que extrapolam a de sala de aula, atreladas ao cotidiano e à capacidade do indivíduo de imaginar, refletir, criar e propor, como ser social que é, mudanças e novas formas de organização espacial e modos de vida. Para tanto, as discussões recorrem a autores como Careri (2013), para falar do caminhar como prática estética; Ricoeur (2002, 2007 e 2010), para abordar a arquitetura como marcação no espaço, aberta a leitura como mensagem polifônica constituída por camadas de sentidos que afetaram e afetam a disposição espacial das coisas; Bachelard (2008), para tratar da imaginação como potência criativa; entre outros que no decorrer do texto serão citados. A ação “Lugares do Abandono” contou com a participação mais de 50 pessoas que foram convidadas a adentrar no Edifício Cauduro, antigo Hotel Jantzen, que há mais de 20 anos encontra-se sem utilização. Os caminhantes percorreram a edificação, visitaram os antigos ambientes e foram surpreendidos por projeções visuais e uma apresentação teatral que encheu os corredores de vida e vozes. Através de relatos, alguns participantes escreveram sobre curiosidades, a importância do resgate de memórias e sobre a necessidade de preservação, de valorização dos espaços públicos e do patrimônio edificado. Desta maneira, uma época diferente pode ser recapitulada pelos cidadãos caminhantes que puderam refletir sobre a arquitetura como obra inacabada, entregue à ação do tempo e às demandas e incertezas da vida. Diante do exposto, este artigo foi organizado em cinco momentos. No primeiro será apresentado o Projeto de Extensão “Caminhadas Urbanas” e no segundo a fundamentação teórica. O terceiro momento descreve a organização prevista para a ação, enquanto o quarto apresenta os resultados, assim como algumas reflexões. Por fim o artigo traz algumas considerações dos autores e ponderações levando em consideração a continuidade do Projeto Caminhadas e a possibilidade das muitas discussões que ainda podem ser feitas.

Caminhabilidade como elemento estruturador da vitalidade urbana: estudo de caso na Avenida Nuno de Assis, Bauru-SP

Periódico Técnico e Científico Cidades Verdes, 2020

RESUMO A caminhabilidade surge como um tema importante na busca de qualificar os espaços urbanos de acordo com as necessidades dos pedestres e, dessa forma, fomentar o deslocamento a pé nas cidades, promovendo um ambiente mais saudável, acessível, seguro e atrativo. É possível estudar os espaços públicos a partir da visão dos pedestres, de forma a propor mudanças que melhorem a infraestrutura do local e, ao mesmo tempo, a experiência do usuário. No entanto, a cidade de Bauru-SP, apresenta problemas relacionados a mobilidade urbana: a frota de veículos segue um padrão de crescimento contínuo, enquanto o transporte público e a infraestrutura de mobilidades sustentáveis encontram-se estagnados, tornando-se insuficientes e não proporcionando a devida qualidade, segurança e conforto aos passageiros. Essa mesma condição é verificada nos espaços públicos, uma vez que não são voltados ao pedestre e, assim, deficientes nos quesitos infraestrutura, conforto, acessibilidade, entre outros. Neste sentido, este artigo tem como objetivo abordar o tema caminhabilidade como elemento estruturador da vitalidade urbana, por meio de uma análise crítica, com estudo de caso da Avenida Nuno de Assis em Bauru. Metodologicamente, foram realizadas pesquisas bibliográficas que abordam a temática, como também levantamento in loco da área de estudo. Justifica-se pela relevância do debate entre a caminhabilidade do pedestre e sua percepção com a cidade, apresentando parâmetros para uma discussão em relação a mobilidade urbana e servir de material para trabalhos futuros nesta área.

O caminhar como prática gnosiológica: oficina de criação de percursos de visita a espaços da cidade

Multi-Science Journal

Os estudos sobre a cidade podem ser empreendidos de diversas maneiras e a partir de diferentes abordagens teóricas. Pretende-se, neste artigo, apresentar parte da estratégia metodológica utilizada pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação na Cidade e Humanidades (Gepech) do Instituto Federal do Espírito Santo, Brasil, quanto à organização de cursos para professores. Esses cursos são divididos em encontros que iniciam com a explanação da abordagem teórica utilizada, seguidos por oficinas, como as que estimulam a criação de percursos que objetivam conhecer a cidade a partir de um tema; a implementação do percurso de visitação; a avaliação de materiais educativos; interações virtuais via Plataforma Moodle; finalizando com relatos de experiência e/ou apresentação de propostas pedagógicas sistematizadas pelos professores. Apresenta-se, portanto, recorte teórico-empírico, sobre as oficinas para professores realizadas pelo Gepech que propuseram a criação e a vivência de percursos de...

Pedalar e correr: aprendizagens nas cidades

Ensino, ambiente e cultura: interfaces na formação docente, 2017

A coleção Ensino e Educação, que apresenta seu segundo volume em 2017, visa promover e divulgar estudos e reflexões, resultados de investigações realizadas por professores ou por Grupos de Pesquisa ligados aos cursos de graduação, de pós-graduação e programas formativos do Centro Universitário Franciscano e de outras instituições ligadas ao ensino. A amplitude do tema escolhido para a presente coleção permite publicar trabalhos relativos a todos os níveis e modalidades de ensino, de forma a contemplar diferentes aportes teóricos e temas de pesquisa.

A CIDADE E OS AFETOS - micro histórias urbanas do caminhar

2020

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Profa. Dra.THEREZA CHRISTINA COUTO CARVALHO Autora: Fernanda Pacheco Dias

Fazendo o caminho ao caminhar - a ideia comunista no século XXI

Não há como negar o crescimento do interesse teórico pela “ideia comunista” em anos recentes, tendência, em parte, alimentada pelas contribuições de filósofos como Slavoj Zizek, Alain Badiou e Antonio Negri. A questão comunista é novamente objeto de debate na esquerda acadêmica, revertendo a aposentadoria compulsória imposta à temática após o colapso do assim chamado “socialismo real”. As crises gêmeas do início do século XXI – econômica e ambiental – parecem indicar os limites (internos e externos) da reprodução ampliada do capital, ao mesmo tempo que as novas tecnologias da informação apontam para formas alternativas de cooperação e coordenação social. A retomada de um projeto revolucionário precisa passar pelo confronto crítico com as tentativas – fracassadas – de construir o socialismo no século XX. Examinando os desafios levantados pela escola austríaca em economia, propomos que a ideia comunista deve ser reabilitada, mas que repensá-la exige o abandono do racionalismo construtivista em favor de certa “radicalidade pragmática”, que se dispõe a construir o caminho ao caminhar. Trata-se, portanto, de superar o modernismo da tradição socialista que, com sua fé ingênua na razão abstrata, subestimou o potencial do experimentalismo, do método de tentativa e erro, do uso disperso e descentralizado do conhecimento de circunstâncias particulares.

Marluci Menezes Contributos (antropo)metodológicos para um projecto social de cidade Ciências Sociais Unisinos, vol. 42, núm. 2, maio/ago, 2006, pp. 94-104, Universidade do Vale do Rio dos Sinos. http://www.redalyc.org/pdf/938/93842202.pdf

Ciências Sociais Unisinos

Contributos (antropo)metodológicos para um projecto social de cidade (Anthropo)methodological contributions for a social city project Resumo A importância das dimensões socioculturais do espaço urbano é um dado assente em muitas das actuais concepções/modos de pensar as intervenções e os processos de gestão/manutenção urbana. Mas, quando se passa da intenção à prática, o carácter substancial destas dimensões nem sempre é referido ou (inter)accionado na sua devida medida, comprometendo a concretização de objectivos. Algumas deficiências detectadas são de carácter metodológico e se reportam ao processo de concepção das propostas de trabalho, destacando-se três dificuldades: enfatização dos problemas e minimização das potencialidades dos contextos; necessidade de tornar mais operativos/instrumentais os diagnósticos socioculturais; contratempos suscitados na construção de um trabalho inter/multidisciplinar e multidimensional. Numa tentativa de contributo para ultrapassar essas dificuldades, enfatiza-se a importância de duas noções: projecto, entendido como estratégia de invenção/criação de uma nova ordem socioespacial, como expressão cultural, fenomenológica e pragmática; diagnóstico, concebido num sentido interactivo, dinâmico, flexível e com capacidade de articulação disciplinar/dimensional. Por fim, defende-se a pertinência em investir-se numa cultura do projecto.