O flâneur e os tipos urbanos da cidade do Rio de Janeiro na obra “A alma encantadora das ruas” de João do Rio (original) (raw)

A metrópole como palco para a modernidade: reflexões sobre A alma encantadora das ruas, de João do Rio

Miguilim – Revista Eletrônica do Netlli, 2019

O artigo propõe um estudo exploratório da obra ​A alma encantadora das ruas (1908), de João do Rio, autor inserido em um momento histórico conhecido como Belle Époque brasileira. Essa análise se dá à luz de autores clássicos que se dedicaram a pesquisar processos urbanos, como Simmel (1973), Wirth (1973) e Benjamin (1991). Ao mesmo tempo, será possível aproximar a obra de João do Rio - a partir de diversos elementos, principalmente a percepção de certos tipos urbanos - a uma etnografia das ruas da cidade do Rio de Janeiro, caracterizando-o como um privilegiado observador do espaço urbano em um importante momento histórico do país.

Olhar a cidade: o flâneur e o etnógrafo urbano

É inegável o fato de que o objeto de estudo da antropologia sofreu importantes transformações, em especial no que se refere ao trabalho de campo. O etnógrafo contemporâneo possui novos desafios em relação aos etnógrafos “clássicos” - um de seus principais campos de estudo é a cidade, na qual o outro pode ser ele mesmo e onde o exercício da alteridade torna-se mais complexo, pois a linha entre o familiar e o estranho é muito tênue. Este cenário é fonte geradora de um grande arcabouço de ideias e abordagens muitas vezes contrastantes no campo de estudos da antropologia urbana. Tomando como eixo temático uma questão comum dentre estas abordagens, esta comunicação problematiza a questão do olhar etnográfico urbano e busca analisar a proposta de uma etnografia de passagem, inspirada nas obras de Walter Benjamin sobre as cidades europeias e na figura baudelairiana do flâneur. Objetiva-se tanto apresentar o estado atual do conhecimento, tomando por referência recentes produções norte-americanas e brasileiras, como também explorar as potencialidades desta proposta etnográfica, partindo da hipótese de que a sensibilidade do olhar do flâneur é especialmente eficaz nas situações de mapeamento de campo e na captação de uma imagem “panorâmica” da região urbana estudada. Palavras-chave: etnografia urbana; Walter Benjamin; flâneur.

João do Rio e a Alma encantadora das ruas: o lugar do subalterno e do cidadão em sua obra

Palabra Clave - Revista de Comunicación, 2015

Resumo O objetivo deste artigo é identificar se o subalterno tem espaço de fala na obra de João do Rio, precursor brasileiro da reportagem in loco e do jornalismo como profissão. Os objetos de análise são textos do começo do século XX, publicados no jornal Gazeta de Noticias, disponíveis no acervo da Biblioteca Nacional, e também a terceira obra publicada do cronista. Os objetivos específicos são: identificar o espaço do subalterno e o sentido de cidadão na obra do jornalista A alma encantadora das ruas. Para a metodologia da análise do conteúdo, será utilizado o software Weft QDA, de base qualitativa.

A cidade, seus espaços, narrativas e o morador de rua: entre o miserável e o flâneur

Rizoma, 2017

Este artigo trata de urbanidades, subjetividades e conflitos gerados na cidade moderna e que se mantêm entrelaçados ao ambiente urbano contemporâneo. Para tal, o morador de rua é destacado na narrativa que busca refletir sobre sua invisibilidade perante a sociedade, o estado e a mídia ao ocupar os espaços esquecidos ou não reconhecidos como espaços ativos da cidade. Como um personagem do urbano, o morador de rua situa-se entre o miserável de Victor Hugo e o Flâneur de Baudelaire.

O flâneur e a vertigem * . Metrópole e subjetividade na obra de João do Rio

1990

The article proposes to reinforce the possibility of 'reading' the models of person and subjectivity in the stories and narratives of Joao do Rio (pseudonym of Paulo Barreto, 1881-1921). This interpretation incorporates references from the field of social sciences, and above all from Georg Simmel's analyses of modern individualism and metropolitan life. Joao do Rio lived in Rio at the turn of the century, a time when the city was undergoing sharp urban, political, and cultural changes, experienced by the population as the impetus of 'progress' and 'civilization'. Joao do Rio takes up the dilemmas of individual subjectivity as it confronts the pace of the metropolis and there comes up against both seduction and threats. In his works, the tensions that in Western modernity accompany the social representation of a person as an individual - as a being endowed with an intrinsic unity and an autonomy that distinguishes it from all others- results in the creatio...

Solvitur ambulando em "A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro", de Rubem Fonseca

SILVA, Luís Henrique Pereira da, 2021

Este escrito propõe uma análise de "A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro", conto de Rubem Fonseca (1992), ao descortinar a narrativa de Augusto, personagem-escritor-andarilho que percorre as ruas do centro do Rio de Janeiro no intuito de escrever seu primeiro livro, o qual deverá ter o mesmo título do conto. A partir de uma leitura da cidade moderna/contemporânea enquanto um complexo de signos e um emaranhado de existências, buscamos perceber de que maneira os deslocamentos do personagem-andarilho são uma ação performativa de leitura e escrita da cidade e de si, desvelando sentidos e interseccionando um jogo narrativo que potencializa subjetividades e alteridades, distanciamentos e aproximações.