Aspectos preliminares para um estudo sobre a inibição em Freud / Preliminary aspects for a study on inhibition in Freud (original) (raw)

Aspectos preliminares para um estudo sobre a inibição em Freud

2018

Neste artigo sao propostas diretrizes para se pensar a nocao de inibicao na teoria freudiana, entendendo-se por inibicao a experiencia de se ter dificuldade de agir. Para tanto, e realizada uma contextualizacao historica do termo inibicao no campo cientifico, seguida da identificacao dos diferentes usos que Freud dele faz em sua obra. A partir da formulacao de que a inibicao e a restricao de uma funcao do eu e indicacao de alguns problemas de traducao do termo, delimita-se seu contorno no interior da trama de conceitos metapsicologicos. Finalmente, sao apresentadas duas figuras: a inibicao dinâmica e a inibicao economica.

Um estudo metapsicológico sobre a inibição / A metapsychological study on inhibition

The purpose of this essay is to weave a conceptual reading of inhibition of action, which is based upon the formula that defines it as a restriction of an ego-function. This analysis is structured accordingly to the three axes that establish a metapsychological investigation: topological, dynamical and economical. The first chapter approaches the historical contextualization of the term ‘inhibition’ and its employment in Freud’s works. Further, a topological analysis of inhibition is deployed, focusing in the formulation that its agent and object coincide in the same psychic instance: the ego. The second chapter deals with the dynamic aspect of inhibition, of which fulfills the function of avoiding the actualization of a psychical conflict, the instauration of a new repression or the development of anxiety. The third chapter verses over the economical dimension; in this one, the inhibition is activated in situations of heightened reduction of the ego’s energy availability.

Freud e a prevenção: um percurso de controvérsias

Fractal: Revista de Psicologia

O termo prevenção em saúde vem sendo utilizado desde a mudança no paradigma médico com certa frequência dentro e fora do campo da medicina. Entretanto, ao se debater esse conceito fora desse campo, torna-se necessário trazer algumas particularidades em questões atravessadas pelo tempo e espaço em que se dão. Este artigo problematiza a ideia de prevenção no pensamento de Freud. Assim, investigam-se, a partir de uma revisão dos seus escritos, os diversos empregos e concepções que ele faz dos termos prevenção e profilaxia. Com origem nos textos de 1896, passando por outros textos em 1910, 1913, 1926, 1934 até os artigos mais tardios de 1937, destacam-se suas principais elaborações sobre a temática, marcadas por uma flutuação de posicionamentos referentes às possibilidades e limites de uma prática psicanalítica de caráter preventivo. Para auxiliar na articulação utilizamos também escritos de outros psicanalistas sobre o tema, com o objetivo de reatualizar o debate da noção de prevenção ...

Aspectos gerais da inibição na obra de D. W. Winnicott

Psicologia em Revista

Este artigo tem como objetivo explicitar a gênese e os efeitos da inibição no desenvolvimento do indivíduo, do ponto de vista da obra de Winnicott. Para tanto, foi realizado um estudo teórico, com uma análise conceitual e estrutural da obra do autor, buscando mostrar como ele compreendeu a inibição. Neste estudo, foi possível distinguir diversos tipos de inibição, tais como dos instintos, da agressividade, do brincar, entre outros. Nas considerações finais, salientamos que as fases mais primitivas do desenvolvimento emocional são as mais suscetíveis ao uso da inibição como um mecanismo de defesa contra a angústia, logo a provisão ambiental tem uma importância decisiva. É importante ressaltar que, no entanto, nem sempre a inibição resulta numa patologia, uma vez que Winnicott acredita que somente uma criança saudável é capaz de organizar defesas, inclusive a própria inibição, para lidar pontualmente com os seus medos de ser e estar no mundo.

Freud e a filogenia anímica

Revista do Departamento de Psicologia. UFF, 2007

Este ensaio investiga a presença, na obra de Freud, da idéia de uma filogenia anímica paralela, concomitante e dependente da filogenia somática descrita pelos teóricos da evolução. Objetivamos mostrar como se forma esta vizinhança da psicanálise com a biologia evolutiva, sublinhando que na filogenia esboçada por Freud, formas psíquicas típicas se sucedem na história da espécie humana, sendo repetidas por cada indivíduo em sua ontogenia singular. Tal como ocorre no plano somático, tempo e forma se associam intimamente na espécie e nos indivíduos. A presença desta idéia no pensamento freudiano abriu um debate sobre sua filiação lamarckista ou darwinista.

Freud e Neurofisiologia (1)

Contexto: Trabalhos recentes mostram que as visões psicanalítica e neurocientífica podem ser complementares e mutuamente enriquecedoras. Esses trabalhos indicam não só a viabilidade, mas a necessidade de reavaliar o legado psicanalítico de Freud, com uma abordagem conciliadora entre a psicanálise e a neurociência. Objetivo: Apresentar uma proposta de integração entre a segunda tópica de Freud e o encéfalo, na tentativa de estabelecer um diálogo entre a psicanálise e a neurofisiologia, para melhor compreensão da mente humana. Método: Pesquisa bibliográfica e reflexão crítica sobre os dados obtidos. Resultados: Considerando as clássicas descrições de Freud, o id estaria relacionado aos circuitos neurais filogeneticamente mais antigos, como os circuitos do tronco cerebral, o feixe prosencefálico medial, a amígdala medial, o septo pelúcido, o hipotálamo, o núcleo acumbens, o estriado e os núcleos talâmicos. O superego, como um freio modulador dos interesses motivacionais/pulsionais do id, estaria representado principalmente pelo núcleo central da amígdala e pelo córtex da ínsula. O ego, como o mediador entre as forças que operam no id, no superego e as exigências da realidade externa, estaria relacionado principalmente ao córtex pré-frontal, considerado atualmente a sede da personalidade, importante para a tomada de decisões e ajuste social do comportamento. Conclusão: O modelo de integração aqui proposto não representa, em absoluto, um modelo completo, acabado, mas constitui um diálogo fértil entre a psicanálise e a neurociência, indicando que as clássicas descrições de Freud sobre a mente têm lugar perfeitamente na neurofisiologia de hoje.

Freud ALGUMAS CONSEQÜÊNCIAS PSÍQUICAS DA DISTINÇÃO ANATÔMICA

A presente tradução inglesa é versão corrigida e com novas anotações, com título ligeiramente modificado, da publicada em 1950. Este trabalho foi terminado em agosto de 1925, quando Freud o mostrou a Ferenczi. Foi lido em seu nome por Anna Freud no Congresso Psicanalítico Internacional de Homburg em 3 de setembro e publicado na Zeitschrift mais tarde, no outono (Jones, 1957, 119). Aquilo que, com efeito, é uma primeira e completa reavaliação das opiniões de Freud sobre o desenvolvimento psicológico das mulheres, será encontrado condensado neste sucinto artigo. Ele contém os germes de todo o seu trabalho posterior sobre o assunto. Desde muito cedo Freud queixou-se da obscuridade que envolvia a vida sexual das mulheres. Assim, próximo ao começo de seus Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905d), escreveu que a vida sexual dos homens 'somente, se tornou acessível à pesquisa. A das mulheres … ainda se encontra mergulhada em impenetrável obscuridade'. (Edição Standard Brasileira, Vol. VII, pág. 152, IMAGO Editora, 1972.) De modo semelhante, em seu estudo das teorias sexuais das crianças (1908c) escreveu: 'Em conseqüênciade circunstâncias desfavoráveis, tanto de natureza externa quanto interna, as observações seguintes se aplicam principalmente ao desenvolvimento sexual de apenas um sexo -isto é, o dos homens.' (Standard Ed., 9, 211.) Novamente, muitíssimo mais tarde, em seu opúsculo sobre análise leiga

Pensamento Interpretativo de Freud Diante de uma Estética da Negatividade: Algumas Notas para Aproximação

Estudos e Pesquisas em Psicologia, 2020

Lançar mão de um regime estético que preza pela forma e que é pautado na negatividade é procurar romper com a sistematicidade e o autocoerente. Voltando-se à não-identidade e prescindindo de aspirações totalitárias de compreensão da obra, esse modelo de aproximação da arte tem seu rigor pautado num inacabado, num estar em constante transformação, num ser constituído pelo saber e o não-saber, conferindo à obra de arte um status de autonomia, autenticidade e singularidade. A partir disso, o artigo tem como objetivo investigar como a concepção de interpretação da arte sustentada por esse regime estético pode ser capaz de respaldar uma virada no pensamento interpretativo de Freud - este comumente colocado num lugar de utilização da arte para validar conceitos psicanalíticos. Conclui-se que é a partir de fenômenos que destoam que se pode localizar a potencialidade, o que leva a interpretação freudiana a tomar novos rumos. Olhando para seus textos como se olha para uma obra de arte - com ...

A negação - Sigmund Freud

2 Contrariando uma certa corrente francesa, em particular a representada por Lacan e seguidores, não optamos por traduzir "Verneinung" por "denegação" -e muito menos por "negativa", como quer a tradução brasileira (S. Freud, Obras Completas, v. 19. Rio de Janeiro: Imago, 2006, p. 295). A impropriedade de "negativa" parece tão óbvia que mal merece discussão. "Verneinung" é o termo mais genérico possível para o ato de dizer não; a "negativa" aplica-se a um caso particular e específico desse mesmo sentido. Quanto à disputa entre "denegação" e "negação", haveria vários argumentos a ser levados em consideração. Em primeiro lugar, embora haja momentos no texto em que "denegação" poderia ser o termo mais adequado para traduzir "Verneinung" (quando o sentido é psicológico, de desmentido, de recusa de uma suposta afirmação), há outros momentos (quando o sentido é o da gramática ou da lógica) em que seria incorreto não chamar "Verneinung" de "negação", pura e simplesmente. Para desdobrar a "Verneinung" em dois outros termos, teríamos que decidir, a cada momento em que ela comparece (sem garantias contra o erro e a arbitrariedade), qual o mais adequado. Há outros argumentos igualmente simples, a favor dessa escolha: "Verneinung" é o oposto de "Bejahung" (afirmação) -e isso desde sempre na língua alemã, não apenas em Freud. Seria, portanto, errado opor à "afirmação" a "denegação" em vez de "negação". Além disso, na língua portuguesa o substantivo "negação" abrange perfeitamente as duas acepções, a lógico-gramatical e a psicológica. Por último, um argumento de fidelidade ao modo como Freud encarava as questões de terminologia em psicanálise. Em Die Frage der Laienanalyse [A questão da análise leiga], um texto de 1926, aliás contemporâneo do texto Verneinung (Gesammelte Werke [doravante gw], v. 14. Frankfurt: S. Fischer Verlag, 1948, p. 222), diz Freud: "... wir lieben es in der Psychoanalyse im Kontakt mit der populären Denkweise zu bleiben, und ziehen es vor, deren Begriffe wissenschaftlich brauchbar zu machen, anstatt sie zu verwerfen" [... na psicanálise gostamos de ficar em contato com o modo popular de pensar e preferimos tornar seus conceitos cientificamente úteis, ao invés de rejeitá-los]. Ora, "negar" e "negação" são termos correntes da fala cotidiana, ao passo que "denegar" e "denegação" são termos intelectualizados, sofisticados, distantes do nosso "modo popular de pensar".