Crítica e Genealogia: A recepção de Nietzsche na obra de Foucault (original) (raw)
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Genealogia como crítica em Nietzsche e Foucault
Nietzsche, a genealogia e a história a respeito do conceito de genealogia e sua relação com a história na filosofia de Friedrich Nietzsche. A genealogia deve ser orientada pelo interesse em localizar a singularidade dos acontecimentos a partir de um conceito diferenciado de história, aquela que não procura demonstrar uma evolução e transformação dos acontecimentos, mas se interessa por uma demonstração dos significados diferentes do mesmo acontecimento, demonstrando, inclusive, momentos de sua ausência.
Genealogia como Crítica em Nietzsche
2017
O objetivo desta dissertação é analisar o estatuto filosófico da genealogia da moral de Nietzsche, em específico em seu registro crítico. Trata-se da pergunta pelos elementos semânticos e formais que constituem esse empreendimento filosófico em sua singularidade, e que lhe permitem desestabilizar hierarquias de morais vigentes e instituir a tarefa de criação de novos valores. A pesquisa está dividida em duas partes, cada uma com três capítulos: Na primeira parte são analisadas as formas de crítica à moral na filosofia de Nietzsche em três textos denominados “pré-genealógicos”, diga-se, Humano, demasiado Humano I, Aurora e Para Além de Bem e Mal, a fim de estabelecer um pano de fundo teórico que serve tanto como fundamentação como contraste para o modo como são abordadas posteriormente as especificidades da crítica genealógica. Na segunda parte do trabalho é realizada uma interpretação acerca do valor crítico do empreendimento genealógico de Nietzsche, a partir da análise de diversos aspectos da obra Genealogia da Moral de 1887. Em primeiro lugar, são depreendidos os elementos que constituem a genealogia como método em sua singularidade frente a outras forma de tratamento do problema da moral, sobretudo a partir da noção de interpretação como “exercício de vontade de poder”; em seguida, são examinados os elementos formais e performativos do texto genealógico que propiciam de efeito crítico; por fim é realizada uma interpretação acerca das consequências de uma crítica genealógica à moral no que se denominará de cenários de construção de subjetividade, sobretudo frente aos temas da ação moral e da “liberdade”. Conclui-se que a genealogia nietzschiana pode ser compreendida como um método de interpretação da história que toma em consideração o lugar discursivo e a posição avaliativa do genealogista como prerrogativa para a obtenção do que Nietzsche denomina de verdadeira “objetividade”. Trata-se de um texto hiperbólico, que visa gerar efeito crítico com a intenção de comprometer modos de valoração “fracos” em sua vigência, o que possibilita a criação de novas hierarquias de valores por parte do leitor.
A construção da genealogia de Foucault a partir de Nietzsche
Filosofia e Educação
Este artigo tem como objetivo abordar o tratamento dado por Foucault ao tema da produção dos sujeitos e objetos do conhecimento. A partir de conceitos fundamentais de Foucault como saber, poder, prática e discurso, procuro ressaltar a influência que os textos de Nietzsche dedicados ao conhecimento tiveram sobre a abordagem genealógica foucaultiana. Passando por alguns textos de teor metodológico de Foucault, pretendo mostrar como a sua genealogia é marcada por uma crítica do conhecimento em que se questiona, a partir de uma perspectiva nietzschiana, o estatuto da relação entre sujeito e objeto e os modos de constituição da verdade são questionados.
A presença de Nietzsche na Arqueologia e Genealogia de Michel Foucault
Pensando - Revista de Filosofia, 2017
Resumo: Este estudo pretende analisar a influência de Nietzsche sobre a arqueologia e a genealogia de Michel Foucault, tendo como base os dois texto do filósofo francês, "Nietzsche, Freud, Marx" e "Nietzsche, la généalogie et l'histoire", que foram escritos nas respectivas fases do seu processo de desenvolvimento intelectual.
Nietzsche, a genealogia, a história: Foucault, a genealogia, os corpos
Resumo: Este artigo analisa as quatro primeiras partes do trabalho de Foucault Nietzsche, a genealogia, a história (1971), demonstrando que há três ênfases elaboradas sobre o procedimento genealógico. Elas são determinantes da própria práxis genealógica do pensador francês. Proponho dois momentos de análise: uma retomada e uma avaliação de aspectos da " leitura " que Foucault faz da genealogia para, a partir deste parti pris: desenvolver a consequência mais importante: ao substituir o corpo como instinto pelo sujeito como função, a genealogia foucaultiana encontra sua originalidade como genealogia de corpos históricos.
Para uma genealogia da Aufklärung: Foucault leitor de Nietzsche e de Kant
Ipseitas, 2018
O artigo expõe alguns aspectos da leitura foucaultiana a respeito da Segunda extemporânea de Nietzsche e sua relação com a genea-logia tal como Foucault a compreende e pratica. Também são levanta-das algumas críticas à leitura de Heidegger sobre o referido texto de Nietzsche, demonstrando como suas denúncias metafísica e antropo-lógica resultam, antes, de compromissos metafísicos e antropológicos aos quais o próprio Heidegger manteve-se preso malgré lui. Reto-mando a leitura foucaultiana, buscamos demonstrar como o conceito nietzschiano de "extemporaneidade" (Unzeitgemäßheit) serve como ferramenta conceitual para uma interpretação genealógica da Aufklä-rung kantiana, tal como problematizada em seus últimos textos em que Foucault formula o oximoro "ontologia do presente", produzindo um inusitado encontro entre Kant e Nietzsche. Por fim, apresentamos algumas das implicações ético-políticas dessa leitura.
Para uma genealogia da alma: consonâncias e dissonâncias entre Nietzsche e Foucault
2009
Este estudo busca identificar a concepcao de alma presente em algumas passagens das filosofias de Nietzsche e Foucault. Tomaremos como hipotese de trabalho que o fato de ambos os filosofos lancarem mao do procedimento genealogico em suas investigacoes, nao os leva a resultados semelhantes. Ao contrario, conforme veremos, ao tratar do tema da alma Foucault opera uma interessante transgressao em relacao ao pensamento de Nietzsche. Palavras-chave : alma; genealogia; Nietzsche; Foucault.
Foucault e a história como teatro: a apropriação foucaultiana da genealogia de Nietzsche
O presente artigo investiga a concepção de história que emerge sob a perspectiva do vir-a-ser na obra de Michel Foucault. Desenvolve uma análise imanente ao texto Nietzsche, a genealogia ea história e mostra a apropriação foucaultiana da genealogia e da concepção de história efetiva (Wirkliche Historie) presente na obra do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. A partir da análise das figuras oriundas do teatro, utilizadas por Foucault para caracterizar a história, apresenta-se a história como teatro, como mise en scène das forças que geram os acontecimentos históricos. Por fim, a análise do texto apresenta o trabalho do historiador como o exercício de investigação meticulosa, paciente que não busca encontrar uma essência ou uma identidade em meio ao vir-a-ser, mas justamente o afirma quando analisa o acontecimento em sua peculiaridade distante de qualquer teleologia. PALAVRAS-CHAVE: Michel Foucault. Nietzsche. História. Genealogia.
Nietzsche, a genealogia e a falácia genética
Problemata, 2021
Resumo: Muitos pesquisadores da filosofia nietzschiana, buscando analisar a sua genealogia da moral, apontam que o filósofo comete a falácia genética ao avaliar o valor dos valores morais a partir das suas proveniências. Nesse texto, pretendo mostrar que Nietzsche não só não comete a falácia genética partindo do seu próprio entendimento do que seja a moralidade e o procedimento genealógico, como também é ele mesmo um crítico de quem comete tal falácia. Uma vez que o filósofo realiza uma naturalização da moral através da doutrina da vontade de potência, os valores são compreendidos como projeções que conservam, potencializam e cultivam um tipo de homem. Logo, a investigação genealógica dos valores morais busca desvelar qual tipo de vida a moral beneficia e cultiva. Ademais, a análise de Nietzsche não se limita a investigar apenas como alguns afetos e instintos criam e reforçam nossas crenças e valores, mas também como algumas crenças e valores fortificam nossos afetos e instintos.
A Dimensão Literária Da Genealogia Em Foucault
Kriterion: Revista de Filosofia
RESUMO Neste artigo propomos estabelecer uma comparação entre escritos de Foucault sobre a literatura, notadamente seu livro “Raymond Roussel”, e textos que se consagraram pela fortuna crítica enquanto fundadores da genealogia, especificamente “Nietzsche, a genealogia e a história”. Organizamos essa comparação em torno da repetição do uso de duas figuras: i) a proliferação de máscaras enquanto processo de desidentificação e ii) uma experiência da finitude com viés não fundacional. Sustentamos que a recorrência da multiplicação das máscaras para apagar o rosto, assim como a íntima relação entre linguagem e morte, a qual se desdobra, no artigo sobre Nietzsche, nos termos do sacrifício genealógico do sujeito de conhecimento, é sinal de que Foucault estaria se apropriando de certos elementos do pensamento literário que lhe interessavam na década de 1960. Contudo, essa segunda apropriação ocorre mediante algumas mudanças, notadamente com sua mudança de solo, de uma reflexão voltada para ...