A Cronística Moçárabe (Séculos VIII-XII) (original) (raw)
Related papers
Elementos Proféticos na Cronística Moçárabe (séculos VIII - XI)
Os textos moçárabes escritos em al-Andalus entre os séculos VIII e XI proporcionam-nos informações, não apenas acerca do que trazem escrito em si mesmos, mas também acerca do período ou períodos nos quais eles foram escritos ou reescritos. O espírito de resistência moçárabe tomou diferentes discursos, de acordo aos diferentes objectivos que tinham em cada momento.
Literatura Moçárabe. Memória de uma cultura de resistência (Séculos VIII-XII)
Medievalista, 2008
As produções literárias moçárabes coexistiram sincronicamente, com produções e/ou tradições textuais cristãs não-moçárabes 2 e, especialmente após o século X, também com tradições textuais árabes. Delimitaremos cronologicamente esta forma de cultura letrada e subalternizada, entre os séculos VIII (início da presença árabo-islâmica, que se manifesta por naturais reflexos político-culturais, neste caso para os hispano-godos submetidos ao novo poder) e o século XII (quando a 'Reconquista' peninsular já era comprometidamente romana e 1 Este texto é basicamente um dos capítulos da nossa Dissertação de Doutoramento (O louvor da Hispânia na cultura letrada medieval peninsular. Das suas origens discursivas ao apartado geográfico da Crónica de 1344, FCSH-UNL, 16 Julho 2007, policop.) que aqui apresentamos, e a que introduzimos ligeiras alterações. A principal contribuição a essas alterações provém da excelente antologia sobre a temática moçárabe e publicada agora mesmo em Março de 2008, pela Casa de Velázquez de Madrid, e intitulada ¿Existe una identidad mozárabe? Historia, lengua y cultura de los cristianos de al-Andalus (siglos IX-XII), Estudios reunidos por Cyrille Aillet,
MOÇÁRABE Conceitos e Realidades Cultural e Social (Séculos VIII -XII
2015
1. Ponto de situação Os Moçárabes, os seus valores e realidades, e tudo o que envolve a realidade histórica, social e cultural dos cristãos que permaneceram vivendo dentro da sociedade andalusî, continua sendo um tema complexo, com o seu quê de controverso e de polémico. Vários autores espanhóis, alguns franceses e um que outro italiano, têm trabalhado com alguma persistência e profundidade sobre a temática moçárabe. Sobre a mesma temática elaborámos recentemente um ponto de situação, com especial incidência nos últimos 60 anos, e é constatável, na última década e meia, um novo e claro dinamismo, mercê de novas abordagens epistemológicas, e de novos objetos de estudo dentro deste âmbito científico. Vamos aqui abordar, sucintamente, os pontos que consideramos os mais importantes para a compreensão daquela extensa, mas diferente comunidade, e dos valores que os identificaram e nortearam ao longo de cerca de meio milénio, entre os primórdios do século VIII e os meados do século XIII, em al-Andalus, mas especialmente no Gharb.
2008
I. Introdução As produções literárias moçárabes coexistiram sincronicamente, com produções e/ou tradições textuais cristãs não-moçárabes 2 e, especialmente após o século X, também com tradições textuais árabes. Delimitaremos cronologicamente esta forma de cultura letrada e subalternizada, entre os séculos VIII (início da presença árabo-islâmica, que se manifesta por naturais reflexos político-culturais, neste caso para os hispano-godos submetidos ao novo poder) e o século XII (quando a 'Reconquista' peninsular já era comprometidamente romana e 1 Este texto é basicamente um dos capítulos da nossa Dissertação de Doutoramento (O louvor da Hispânia na cultura letrada medieval peninsular. Das suas origens discursivas ao apartado geográfico da Crónica de 1344, FCSH-UNL, 16 Julho 2007, policop.) que aqui apresentamos, e a que introduzimos ligeiras alterações. A principal contribuição a essas alterações provém da excelente antologia sobre a temática moçárabe e publicada agora mesmo em Março de 2008, pela Casa de Velázquez de Madrid, e intitulada ¿Existe una identidad mozárabe? Historia, lengua y cultura de los cristianos de al-Andalus (siglos IX-XII), Estudios reunidos por Cyrille Aillet, Mayte Penelas y Philippe Roisse, Madrid, Casa de Velázquez, 2008, [334 pp.], e da qual contamos dar em breve uma Nota de Leitura. 2 Sobre as produções literárias no âmbito da monarquia asturiana, v. infla .II.6 e também Manuel Díaz Y Díaz, "La historiografía hispana desde la invasión árabe hasta el año 1000", in De Isidoro al siglo XI, Barcelona, El Albir, 1976, pp.203-234, pp.212-229. Revista online ano 4 • número 4 • 2008
TEMPORALIDADES ENTRECRUZADAS NA CRONÍSTICA LOPESEANA (PORTUGAL, SÉC. XV)
Signum, v. 25, n. 1, 2024, 2024
Resumo: O artigo tem como objetivo analisar as temporalidades presentes na trilogia de Fernão Lopes, cronista oficial do reino português na primeira metade do século XV. Partindo da problematização sobre a multiplicidade do tempo apontada por Reinhart Koselleck e tendo em vista os regimes de historicidade identificados por François Hartog, busca-se compreender os significados assumidos pelo passado, presente e futuro na produção lopeseana. Compreende-se aqui, tal como o fez Bernard Guenée, as crônicas como o gênero historiográfico por excelência no início do século XV e adota-se a sistematização de Jacques Le Goff acerca da percepção do tempo na Idade Média. Procura-se demonstrar que o cronista opera uma superposição entre o tempo dos reis e o tempo da salvação, de forma que além de conjugar a reverência ao passado, a história mestra da vida, com o tempo escatológico cristão, voltado para o futuro, insere um presente contínuo de bonança a partir da instituição da dinastia de Avis em Portugal.
Uma narrativa quixotesca em Moçabique
Ainda que pela distância temporal e cultural, este trabalho visa a uma aproximação entre a obra "Terra sonâmbula" do escritor moçambicano da atualidade, Mia Couto, e "El ingenioso hidalgo Don Quijote de la Mancha", obra de Miguel de Cervantes. Sabemos que o final do século XX em Moçambique muito difere do início do século XVII na Espanha, entretanto encontramos na obra Dom Quixote uma escrita que impressionou e cunhou marcas nos mais variados escritores e estilos que a sucederam independentemente de cultura e/ou credo, inclusive na literatura africana
KËMPO DE MI MADRE: CERÂMICA SHIPIBO-CONIBO NA ENCRUZILHADA DA HISTÓRIA
Anais do 26o Encontro da Anpap , 2017
Este artículo retoma la discusión sobre las ontologías del devenir, tema clave de la filosofía actual para pensar la ruptura del paradigma histórico de la concepción de cultura amerindia en la ciencia occidental, a partir del análisis de los procesos cerámicos Shipibo-Conibo y de las narrativas de la ceramista Ranin Ama del medio Ucayali, en la Amazonia peruana. La reflexión propone una revisión crítica de la historia oficial en Ucayali, a través de argumentos teóricos que tratan del perspectivismo y del multinaturalismo en las ontologías nativas. El artículo da voz a las narrativas indígenas y busca asociar una investigación de campo en la comunidad Jepe Ian, en 2017, con el llamado giro ontológico, que ha transformado diversas áreas del conocimiento. Se trata, por lo tanto, de un esfuerzo teórico en defensa de la cerámica Shipibo-Conibo como memoria viva y patrimonio cultural indígena.