DA NECESSIDADE DE REFLETIR SOBRE OS MOVIMENTOS SOCIAIS (original) (raw)

PENSANDO SOCIOLOGICAMENTE OS MOVIMENTOS SOCIAIS

2019

A abordagem de determinados temas no Ensino Médio, dentro da Sociologia, requerem metodologias especificas que contemplem uma exploração que do simples ao complexo e permitam aos estudantes uma visão autônoma, mediante os instrumentos oferecidos pela Sociologia. Desta forma, o tema "movimentos sociais", requer um tratamento que permita um "olhar sociológico". Como aparato metodológico para fundamentação do trabalho, foi construído, com o conjunto do estudantes do Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães o projeto intitulado "Pensando Sociologicamente os Movimentos Sociais" realizado no durante o período de imersão do Programa Residência Pedagógica-CAPES. Foi perceptível como o projeto contribui para construção de um olhar sociológico em relação a um fenômeno que gera tanta complexidade para seu entendimento, haja visto a internalização da ideia dominante em relação ao problema.

A MERCANTILIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

VIANA, Nildo. A Mercantilização dos Movimentos Sociais. Cadernos de Campo - Revista de Ciências Sociais. Araraquara | n. 26 | p. 105-129 | jan./jun. 2019, 2019

RESUMO: O presente artigo discute o processo de mercantilização dos movimentos sociais. Para tanto, realiza uma análise da mercantilização das relações sociais em geral e após isso observa como isso atinge os movimentos sociais. Nesse processo analítico, é apresentado uma análise das ondas e escalas de mercantilização dos movimentos sociais. Após a realização da análise desses processos, se observa o efeito da mercantilização nos movimentos sociais, concluindo que se principal efeito é o da moderação. PALAVRAS-CHAVE: Mercantilização. Movimentos Sociais. Ondas. Escalas. Moderação. Os movimentos sociais ganharam destaque e se tornaram um dos temas mais debatidos nas ciências humanas. Esse fenômeno ganhou espaço e impor-tância especial a partir dos anos 1960. Os movimentos sociais são complexos, pois trazem uma gama enorme de questões teóricas, políticas, entre outras, e estão entrelaçados com diversos outros fenômenos sociais, como Estado, cultura, partidos políticos, classes sociais, entre outros. O nosso objetivo é discutir uma questão mais específica sobre os movimentos sociais: o processo de mercantili-zação que os atinge. Isso é fundamental e aponta para a necessidade de compreender a his-toricidade dos movimentos sociais e sua inseparabilidade da historicidade do capitalismo. Os movimentos sociais, tal como alguns autores apontam 2 , surgem 1 Universidade Federal de Goiás (UFG). Goiânia-GO-Brasil. Professor da Faculdade de Ciências Sociais. Universidade de Brasília (UnB). Brasília-DF-Brasil. Doutorado em Sociologia. nildoviana@ymail.com. 2 Autores distintos, com concepções distintas, defendem a ideia de que os movimentos sociais surgem como o capitalismo ou com a sociedade moderna. Esse é o caso dos representantes da abordagem neoinstitucionalista, também conhecida como "teoria do processo político" (TARROW, 2009; VIANA, 2017a), de algumas abordagens marxistas (JENSEN, 2016; VIANA, 2016a; SILVA, 2018; TELES, 2017). Há também um conjunto de autores que não tratam desta questão da origem histórica dos movimentos sociais e outros que consideram que eles surgiram antes do capitalismo (FRANK; FUENTES, 1989). Essa última abordagem, no entanto, peca pela falta de um maior

AS TEORIAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS: UM BALANÇO DO DEBATE

As lágrimas de Jesse Jackson no anúncio da eleição de Barack Obama parecem encerrar o ciclo das grandes mobilizações urbanas da segunda metade do século XX. Movimentos sociais, como o pelos direitos civis, de que Jackson foi parte, o feminista e o ambientalista lograram inscrever demandas suas na agenda contemporânea; suas organizações civis se profissionalizaram e muitos de seus ativistas se converteram em autoridades políticas. Essa rotinização do ativismo anda em par, nesse começo de século, com novidades. As mobilizações coletivas ganharam escala global, caráter violento e se concentraram em bandeiras identitárias, compelindo os teóricos a rever suas interpretações.

ESTRATÉGIAS DE MOVIMENTOS SOCIAIS: PARA ALÉM DE INTERPRETAÇÕES DUAIS

Seminário Internacional Fazendo Gênero 12, 2021, 2021

Certas interpretações sobre os movimentos sociais consideram que o estímulo para que militantes ocupem cargos públicos leva à sua desmobilização. Outro tipo de interpretação aposta que a atuação por dentro do Estado é uma das estratégias dos movimentos, definidas a partir dos diferentes contextos. Todavia, a busca por padrões para explicar suas estratégias acaba reduzindo as diversas possibilidades. Para problematizar tais interpretações, o texto retoma e analisa as pautas da Marcha Mundial de Mulheres no Brasil e sua relação com o Estado por meio do exame de documentos produzidos pelo movimento e entrevistas com algumas de suas militantes, que ocuparam ou ocupam cargos públicos. Teoricamente, o texto retoma a literatura sobre o confronto político, destacando a relação entre as conjunturas e as estratégias de movimentos sociais, sem, contudo, limitá-las. Os resultados demonstram que a construção de estratégias políticas pelos movimentos sociais se dá com base nos contextos locais e nacionais, considerando objetivos mais amplos, que dialogam com o cenário internacional. Ademais, a institucionalização não se contrapõe ao trabalho de base. Por fim, demonstra-se que a despeito da procura por padrões nas estratégias dos movimentos, elas são diversas e coexistem em um mesmo contexto político. O trabalho contribui com os estudos sobre a interrelação entre movimentos sociais e Estado ao desmistificar certas interpretações duais sobre esta relação.

AS TEORIAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS: UM BALANÇO DO DEBATE*pesquisadora do Cebrap Referências bibliográficas

As lágrimas de Jesse Jackson no anúncio da eleição de Barack Obama parecem encerrar o ciclo das grandes mobilizações urbanas da segunda metade do século XX. Movimentos sociais, como o pelos direitos civis, de que Jackson foi parte, o feminista e o ambientalista lograram inscrever demandas suas na agenda contemporânea; suas organizações civis se profissionalizaram e muitos de seus ativistas se converteram em autoridades políticas. Essa rotinização do ativismo anda em par, nesse começo de século, com novidades. As mobilizações coletivas ganharam escala global, caráter violento e se concentraram em bandeiras identitárias, compelindo os teóricos a rever suas interpretações.

CAPÍTULO 2 A SOCIOPOLÍTICA DOS MOVIMENTOS SOCIOAMBIENTAIS 1

Movimentos Socioambientais, 2019

Destaques O contexto sociopolítico dos movimentos socioambientais requer uma compreensão compartida sobre um conjunto de conceitos e termos interrelacionados. São eles:  valores sociais, identidade cultural e cultura política;  conflitos socioambientais;  movimentos sociais e o papel do estado;  fatores de alavancagem de movimentos, enquadramento, estruturas de mobilização e estruturas de oportunidades políticas;  campos e habitus são conceitos de Bourdieu relevantes aos fa-tores de alavancagem;  justiça ambiental e socioambientalismo (movimentos a favor da equidade social e ambiental);  governabilidade e governança;  ambientalistas e desenvolvimentistas;  desenvolvimento sustentável e economia verde. Introdução Após conceituar as políticas macroeconômicas relevantes para os movimentos socioambientais no primeiro capítulo, propomos a caracterização, de forma simultânea, das dimensões estruturais culturais, sociológicas e políticas que condicionam os conflitos socioambientais, ou seja, apresentamos uma sociopolítica dos conflitos socioambientais 1 Combinação de textos conceituais anteriores contidos em Weiss e Nascimento (2012 e Weiss (2016).

CAPÍTULO 2 A SOCIOPOLÍTICA DOS MOVIMENTOS SOCIOAMBIENTAIS

MOVIMENTOS SOCIOAMBIENTAIS: lutas - conquistas - avanços - retrocessos - esperanças, 2019

O contexto sociopolítico dos movimentos socioambientais requer uma compreensão compartida sobre um conjunto de conceitos e termos interrelacionados. São eles: valores sociais, identidade cultural e cultura política; conflitos socioambientais; movimentos sociais e o papel do estado; fatores de alavancagem de movimentos, enquadramento, estruturas de mobilização e estruturas de oportunidades políticas; campos e habitus são conceitos de Bourdieu relevantes aos fatores de alavancagem; justiça ambiental e socioambientalismo (movimentos a favor da equidade social e ambiental); governabilidade e governança; ambientalistas e desenvolvimentistas; desenvolvimento sustentável e economia verde.