HORIZONTES TEÓRICOS PARA DEBATER A CONSTITUIÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIOCOMUNICACIONAIS (original) (raw)

AS TEORIAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS: UM BALANÇO DO DEBATE

As lágrimas de Jesse Jackson no anúncio da eleição de Barack Obama parecem encerrar o ciclo das grandes mobilizações urbanas da segunda metade do século XX. Movimentos sociais, como o pelos direitos civis, de que Jackson foi parte, o feminista e o ambientalista lograram inscrever demandas suas na agenda contemporânea; suas organizações civis se profissionalizaram e muitos de seus ativistas se converteram em autoridades políticas. Essa rotinização do ativismo anda em par, nesse começo de século, com novidades. As mobilizações coletivas ganharam escala global, caráter violento e se concentraram em bandeiras identitárias, compelindo os teóricos a rever suas interpretações.

AS TEORIAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS: UM BALANÇO DO DEBATE*pesquisadora do Cebrap Referências bibliográficas

As lágrimas de Jesse Jackson no anúncio da eleição de Barack Obama parecem encerrar o ciclo das grandes mobilizações urbanas da segunda metade do século XX. Movimentos sociais, como o pelos direitos civis, de que Jackson foi parte, o feminista e o ambientalista lograram inscrever demandas suas na agenda contemporânea; suas organizações civis se profissionalizaram e muitos de seus ativistas se converteram em autoridades políticas. Essa rotinização do ativismo anda em par, nesse começo de século, com novidades. As mobilizações coletivas ganharam escala global, caráter violento e se concentraram em bandeiras identitárias, compelindo os teóricos a rever suas interpretações.

MOVIMENTOS SOCIAIS CONTEMPORÂNEOS E A DEMOCRACIA PARA ALÉM DO ESTADO: HIPÓTESES PARA O DEBATE

Resumo: Ao longo das últimas décadas, os Estados de intenção democrática vem experimentando um desafio de grande magnitude que tem, nas bandeiras levantadas por um novo conjunto de movimentos sociais, o seu mais notável sintoma: em especial, a crise do estatuto da representação política. Esta crise estaria a afetar, de modo radical, os nexos de vinculação entre as instituições do Estado e o restante da vida social, e, no limite, poderia condenar a validade do desenho que atualmente dá cores e contornos aos dispositivos de inspiração democrática das poliarquias contemporâneas. Nesse artigo apresentamos duas hipóteses para pensar a crise da representação diante das interfaces entre movimentos sociais e democracia. Além do mais, ancorando nossas reflexões no atual circuito da indignação global, nos propomos a identificar os significados e desdobramentos de um duplo problema: de um lado, as condições de possibilidade de constituição de um horizonte democrático erigido para além das fronteiras normativas e institucionais da forma-Estado e da forma-Capital, de outro, o sentido de alguns entraves epistemológicos que operam com o poder de mantra na imaginação sociológica e política moderna, prisioneira do estadocentrismo enquanto princípio ontológico de construção da ordem social.

O LUGAR DO ECLETISMO TEÓRICO-METODOLÓGICO NA PESQUISA CONTEMPORÂNEA SOBRE MOVIMENTOS SOCIAIS

2021

Este artigo problematiza o ecletismo teórico-metodológico nos estudos sobre movimentos sociais, considerando que estamos em um momento de revigorado interesse nas ações coletivas de contestação. O fio condutor da exposição são as qualidades internas aos movimentos sociais que se afinam com a articulação de métodos e técnicas de pesquisa, constituindo o ecletismo como postura legítima, e pouco refletida, de sua investigação. O levantamento bibliográfico constitui com centralidade a metodologia do trabalho e permite concluir que o ecletismo teórico-metodológico da produção contemporânea se assenta na postura epistêmica que atinge o conjunto das ciências sociais, no caráter complexo dos próprios movimentos sociais e nas inovações metodológicas já presentes em obras de referência do campo de estudos sobre as formas de contestação social. O artigo reafirma que a reunião de diferentes métodos lógicos e técnicos é uma via fecunda de construção de conhecimento sobre movimentos sociais.

ABORDAGENS SOCIOLÓGICAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

VIANA, Nildo. As Abordagens Sociológicas dos Movimentos Sociais. Movimentos Sociais, Goiânia, v.1, n. 2, 2017. , 2017

O artigo analisa três das principais abordagens sociológicas dos movimentos sociais: a abordagem institucionalista, a abordagem neoinstitucionalista, a abordagem culturalista, mais conhecidas como "teoria da mobilização de recursos", "teoria do processo político", "teoria dos novos movimentos sociais". A partir de uma breve exposição do contexto histórico e das principais teses apresentadas por estas três abordagens, há uma breve análise crítica e das contribuições de cada uma. Os movimentos sociais emergiram como tema de pesquisa e reflexões acadêmicas de forma mais desenvolvida a partir dos anos 1950. Antes disso, era um tema pouco abordado e raramente aparecia como questão central. A produção nascente sobre movimentos sociais, bem como a posterior, é predominantemente ideológica, no sentido marxista do termo. Assim, temos a constituição de ideologias que abordam os movimentos sociais e busca explicá-los, mas, no fundo, invertem a realidade e geram mais confusão do que esclarecimento. Essa é uma das formas de relação dos movimentos sociais e as ideologias, que é quando estas se debruçam sobre esse fenômeno social. Outra forma é a influência das ideologias sobre os movimentos sociais. Uma terceira forma é a criação de ideologias pelos próprios movimentos sociais. O nosso objetivo será tratar apenas das interpretações ideológicas dos movimentos sociais, deixando a questão da influência das ideologias sobre eles e a produção de ideologias por intelectuais autóctones ou alóctones, para outra oportunidade.

CONTRIBUIÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS DAS INTELECTUAIS NEGRAS PARA PENSAR A COMUNICAÇÃO

Neste artigo, apresentamos contribuições de intelectuais negras para pen-sar a sociedade e as interações comunicacionais midiatizadas. Exploramos o con-ceito de estrangeira de dentro (outsider within), desenvolvido por Patrícia Hill Collins, a fim de evidenciarmos como a visão dos sujeitos pertencentes a grupos minoritários pode qualificar a análise de produtos e fenômenos comunicacionais numa sociedade estratificada e marcada por desigualdades de raça e gênero. Com esse aporte teórico, realizamos uma análise exploratória de dois episódios de racismo envolvendo celebridades no Brasil, em 2017: o ataque à filha adotiva de Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, e a desvalorização da fala de Taís Araújo sobre o preconceito contra seu filho. Conclui-se que há uma disputa de sentidos sobre as narrativas da vida social que, para os sujeitos estrangeiros de dentro, se constitui na própria luta por ser contado como sujeito social capaz de criar e am-pliar os sentidos sobre si e sobre a sociedade.

UM GIRO NA CONCEPÇÃO DE ESTRATÉGIAS COMUNICACIONAIS

Resumo Propõe-se compreender a comunicação no contexto organizacional na sua dimensão estratégica a partir da perspectiva relacional do campo da comunicação e da estratégia, que articula os atores sociais, o contexto sócio-político-cultural e os aspectos simbólicos que perpassam uma interação. O olhar recai sobre a comunicação como processo e as organizações como realidades comunicacionais. Essa abordagem nos coloca de frente com as práticas discursivas e a produção de sentidos que, na contemporaneidade, se complexificam e promovem um giro na concepção de estratégias. O termo 'virada linguística' justifica na atualidade qualquer interesse na linguagem e no discurso. O discurso é visto como constituinte e constitutivo das organizações o que, por consequência, se estende às subjetividades e identidades, às relações sociais e aos sistemas de conhecimento. Tendo como referência teórica a estratégia como prática social evidencia-se como as estratégias comunicacionais das organizações estão em constante relação com as estratégias dos atores sociais, em uma interação negociada que envolve a construção de sentidos e contrassentidos. Uma dimensão estratégica da comunicação pressupõe considerar a natureza desta interação que, por sua vez, explica o imbricamento entre comunicação e estratégia, ultrapassando as abordagens do campo da economia sobre estratégias.

SEGMENTAÇÃO, ESFERA PÚBLICA VIRTUAL E HORIZONTALIDADE DIALÓGICA DA COMUNICAÇÃO NA ERAS REDES SOCIAIS

Resumo: este artigo oferece uma análise crítica acerca da verticalidade estrutural dos meios de comunicação de massa e da hierarquização da indústria cultural bem como contextualiza as redes sociais indicando a sua segmentação e as ferramentas de interatividade como parte de uma cyberdemocracia. Parte-se do pressuposto de que o fenômeno corrente é o da ' horizontalidade dialógica' na comunicação virtual que, por sua vez, nutre a expansão do 'capital social', demo-cratiza o acesso à informação, e forma uma 'opinião pública' mais isenta. Para sustentar sua tese de 'verticalidade' e ' horizontalidade', os autores citam Milton Santos e o modelo habermasiano de esfera pública, além de uma reflexão sobre 'modernidade' fundamentando a discussão com uma abordagem sociológica. No entanto, o artigo é provocativo ao assumir que o conteúdo transferido pelas redes sociais é, maiormente, superficial (abstrato), e, portanto, restrito a serviço da mídia como fonte de informação. Palavras-chave: Ciberespaço. Redes Sociais. Segmentação. Verticalidade Estrutural. Horizontalidade Dialógica.

TEORIAS DA COMUNICAÇÃO

Como todos os consumidores dos mass media sabem, as comunicações de massa são uma realidade feita de muitos aspectos diferentes: regulamentações legislativas sempre encapotadas quanto ao ordenamento jurídico do sistema televisivo; intrincadas operações financeiras em tomo da propriedade de alguns meios; episódios retumbantes acerca da não realização de um programa considerado «incómodo»; crises, quedas e triunfos das várias estruturas produtivas cinematográficas; repetidas polémicas sazonais sobre os efeitos deploráveis que os mass media teriam sobre as crianças; entusiasmos e sobressaltos em relação às novas tecnologias e aos cenários por elas prefigurados. A enumeração poderia continuar e serviria para realçar que os mass media constituem, simultaneamente, um importantíssimo sector industrial, um universo simbólico objecto de um consumo maciço, um investimento tecnológico em contínua expansão, uma experiência individual quotidiana, um terreno de confronto político, um sistema de intervenção cultural e de agregação social, uma maneira de passar o tempo, etc. Tudo isso se reflecte naturalmente na forma de estudar um objecto que muda tantas vezes de forma: a longa tradição de análise (sinteticamente designada pelo termo communication research) acompanhou os diversos problemas que iam aflorando, atravessando perspectivas e disciplinas, multiplicando hipóteses e abordagens. Daí resultou um conjunto de conhecimentos, métodos e pontos de vista tão heterogéneos e discordantes que tornam não só difícil mas porventura também insensata qualquer tentativa para se conseguir uma síntese satisfatória e exaustiva. Se, todavia, se renunciar a seguir todas as correntes de pesquisa para se expor «apenas» as tendências mais difundidas e consolidadas daquilo que, neste complexo domínio, se transformou ou está a transformar em «tradição» de estudo, a tentativa parece então ser possível. Esta obra representa precisamente um esforço para seguir nessa direcção, analisando os principais modelos teóricos e os principais âmbitos de pesquisa que caracterizaram os estudos sobre os mass media. O trabalho não está dividido por meios de comunicação (imprensa, rádio, televisão, etc.), mas pelas teorias que mais incidiram na pesquisa. As lacunas, os aspectos subvalorizados ou descurados poderão parecer numerosos, ainda que, ao interpretar a história, a evolução e a situação actual da communication research, tenha tentado fornecer simultaneamente uma resenha exaustiva deste sector. Antes de passar a expor as diversas teorias dos mass media, convém descrever sumariamente o estado da matéria em estudo por volta dos finais dos anos 70, período que representou um verdadeiro e preciso ponto de viragem. O primeiro capítulo reconstituí o percurso que nos conduz até essa época, ao passo que os capítulos seguintes analisam as razões e os motivos que permitiram que a pesquisa comunicativa se encaminhasse para «novas» direcções. Na segunda metade dos anos 70, a constatação da complexidade do objecto de investigação confrontava-se com o acordo unânime, que existia entre os estudiosos, acerca do estado de profunda crise em que o sector se encontrava. Todos concordavam em salientar insatisfações, frustrações e limitações de um trabalho de pesquisa que se afigurava cada vez mais carente. O próprio campo doutrinário encontrava-se dividido por tendências opostas; por um lado, a questão imediata era repensar as coordenadas principais em que a pesquisa se desenvolvia, para se poder modificar profundamente todo o sector. Por outro lado, e pelo contrário, continuava a investigar-se, de uma forma mais ou menos tradicional, independentemente da discussão teórico-ideológica em curso. Nessa discussão, a crítica mais difundida referia-se à impossibilidade de se conseguir uma síntese significativa dos conhecimentos acumulados, uma sistematização orgânica desses conhecimentos num conjunto coerente. Um crescimento, quantitativamente relevante mas desordenado, de análises e pesquisas, não conseguia transformar-se num corpo homogéneo de hipóteses verificadas e de resultados congruentes. A fragmentação -transformada, por vezes, a nível subjectivo, em desinteresse por este tipo de estudos -constituía um obstáculo difícil de transpor, sobretudo por dois aspectos. Em primeiro lugar, no diz respeito à questão da definição da área temática dos estudos sobre os meios de comunicação mais pertinente; em segundo lugar, no que respeita ao que deveria ser a base doutrinária capaz de unificar a communication research. Por outras palavras, o que estudar e como estudá-lo. Tratava-se de determinar um nível privilegiado de análise, uma pertinência mais significativa do que as outras, que permitisse a homogeneização da área de estudos. Para além disso, e paralelamente, era necessário elaborar uma abordagem teórica, um conjunto de hipóteses e metodologias que permitisse superar a fragmentação e a dispersão de conhecimentos. Foi segundo estas duas directrizes que a communication research foi capaz de se distinguir e desenvolver, se não como âmbito disciplinar autónomo, pelo menos como área temática específica. Alguns aspectos da pesquisa foram particularmente caracterizados como seus «pontos fracos»: em primeiro lugar, o seu carácter predominantemente ad hoc, mais ligado a contingências específicas e a exigências imediatas do que inserido organicamente num projecto a longo prazo. Daí a dificuldade de acumular resultados em grande parte não suceptíveis de não serem comparados (e não só por razões metodológicas). Uma pesquisa deste tipo tinha naturalmente uma eficácia escassa, quer na elaboração de