Sonhos e sono: importância da consciência a partir da perspectiva da tradição Mahāyāna sino-tibetana Geluk em diálogo com Freud (original) (raw)
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Consciência e corpo desalinhado: o fantástico e o insólito no conto Sono, de Haruki Murakami
I Colóquio Internacional de Teoria e Crítica Literária e do II Colóquio Nacional de Literatura, Memória e Subjetividade: Deslocamentos e Identidades, 2022
A escuridão da noite revela a enseada oculta de possibilidades que nos espera durante o sono. Para alguns, o sono fornece a distração e o reabastecimento necessários para realizar nossas rotinas diárias. Enquanto nos aconchegamos sob a segurança de nosso cobertor favorito e, lentamente, começamos a fechar os olhos, sucumbimos à beleza que é o sono. Sem hesitação, aceitamos e acolhemos nosso sono noturno. Não questionamos nosso estado vulnerável e nem os rituais que nos preparam para um estado de coma de oito horas. Em Sono (2015), Haruki Murakami escreve a partir da perspectiva de uma dona de casa de 30 anos com insônia. A história começa em seu 17º dia sem dormir e volta ao início de como começou. A total ausência de sono neste conto encantador pode ser tomada pelo seu valor nominal (como uma história fantástica), ou pode ser interpretada como símbolo do incomum (insólito). Para o teórico literário Tzvetan Todorov, nós, leitores, somos transportados para o centro da fantasia para pisar em solo desconhecido e vivenciar eventos que não podem ser explicados pelas leis deste mundo. Em sua obra Introdução à literatura fantástica (2010), Todorov relata que tais acontecimentos são frutos da nossa imaginação e que o fantástico está ligado, intrinsecamente, à função da incerteza, designando o conceito de hesitação. Para apontar as peculiaridades desse gênero, será realizada uma análise dos elementos do fantástico e do insólito na obra de Haruki Murakami, traçando as características da narrativa com as observações e concepções de Tzvetan Todorov
Despertando a mente de iluminação: uma pesquisa em Psicologia com praticantes budistas tibetanos
Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 2012
Introdução: A prática budista tibetana na contemporaneidade dá-se no contexto pós-diáspora, quando, a partir de 1959, o Tibete foi invadido e ocupado pelos chineses. O budismo propõe uma concepção de ser humano, apoiada em técnicas contemplativas, cujo objetivo é promover o desenvolvimento da personalidade, no qual está implicado um processo de abertura, desenvolvimento e diferenciação da consciência. [JUNG (1912/2008) vol. 7/1]. Objetivos: Elucidar aspectos do processo de individuação de praticantes budistas tibetanos com mais de vinte anos de inserção nesta religião, por meio de entrevistas em história oral de vida. Indagamo-nos em que medida o budismo tibetano pode ou não oferecer elementos que auxiliem o indivíduo a se perceber em um processo alinhado ao Self e, ao mesmo tempo, inserido na comunidade humana, podendo nela se engajar e se comprometer com sua melhoria. Método: A história oral, nesta pesquisa, é concebida como um corte epistemológico que se situa na interface entre ...
A consciência mística no samadhi hindu e no samā sufi
Texto completo dos anais do 31º Congresso Internacional da SOTER
Essa comunicação é fruto de uma pesquisa de mestrado em andamento, que tem como objeto de estudo a tradição do Sufismo, enquanto prática do sam? na visão de Rumi, e a prática do Yoga baseado nos escritos de Patañjali, inserido no Raja Yoga, uma vertente do Hinduísmo. A partir disso, busca-se relacionar as possíveis semelhanças e diferenças entre os estados não ordinários de consciência presentes tanto na tradição mística do Yoga, expressa na fase do samadhi, como na tradição mística do Islã, o Sufismo, exemplificada na dança do sam?. Tem-se como hipótese que esses fenômenos místicos oriundos de estados não ordinários de consciência se assemelham no que diz respeito à Unidade com o Divino, à música -exemplificada nos mantras ou nos "dikrs" -e na meditação enquanto aspecto de interiorização religiosa. Para traçar essa linha comparativa, a comunicação percorrerá o seguinte caminho: em um primeiro momento, será tratada a relevância da pesquisa em religiões orientais, pouco presentes no meio acadêmico brasileiro; em um segundo momento, será apresentada em linhas gerais a tradição do Raja Yoga na obra de Patañjali, e o Sufismo na perspectiva de Rumi; por fim, será descrito como esses fenômenos místicos do samadhi e do sam? são fruto de estados não ordinários de consciência.
Pensar, Sonhar, Habitar: o diálogo sensível entre sonho e realidade
Livro de Atas do Seminário Internacional da Academia de Escolas de Arquitetura e Urbanismo de Língua Portuguesa - A lingua que habitamos, 2017
Entender a paisagem como a apreensão sensível do espaço implica uma revisão de metodologias de trabalho: como indagar sobre essas percepções, e a quem? Como trabalhar imaginários diversos para a produção de projetos de espaços sempre em transformação? São estas as questões que estruturam este texto, que comenta as possibilidades trazidas pela pesquisa qualitativa de inspiração fenomenológica para o tema. A partir de uma aproximação inicial ao campo, no âmbito de uma pesquisa de doutorado, investiga-se as contribuições trazidas pelo campo às discussões teóricas que instruíram as inquietações iniciais. Essa sondagem realizou-se entre outubro de 2015 e janeiro de 2016, e incluiu 14 entrevistas em profundidade nas Comunidades do Lagamar e do Serviluz, situadas na cidade de Fortaleza -CE.
Freud e Borges: a escrita do sonho
2009
O sonho para Freud e a realizacao de desejo. Ele e regido pelas leis da condensacao e deslocamento de imagens que estao la como letras de um alfabeto desconhecido, a espera de uma leitura. A relacao entre sonho e escrita aparece quando o psicanalista propoe que se leia o sonho como enigma, ja que ele o toma como um rebus. Desta maneira, todo o mecanismo de funcionamento da escrita e do sonho se encontra concentrado. Borges, com o seu Aleph, condensa toda a vastidao do universo, toda a sua caotica diversidade. E o verbo, escrita, que encerra em si todo o mundo. O sonho da injecao de Irma e o Aleph existem, talvez, para escriturarmos o nao-pensavel, o nao-possivel e o nao-lugar. Eles sao uma utopia de todos nos que as vezes acreditamos, durante a construcao do nosso edificio, atar as duas pontas da vida.
O sonho consciente: relações entre o filme Waking Life (2001) e a filosofia de Ernst Block
Revista do NESEF - Filosofia e Ensino, 2018
Resumo: O presente trabalho aborda a relação intertextual entre a filosofia de Ernst Block e a película "Waking Life". Nessa perspectiva, nota-se que a obra filosófica se entrelaça com a obra cinematográfica. Ao decorrer do artigo, observa-se o diálogo construído com diversas filosofias presentes no filme, entre as quais, a existencialista, a marxista, e a corrente dialética. Para tanto, revisitam-se os escritos de Bloch, de Sartre e Heidegger, assim como os diálogos contidos na película que reforçam o pensamento desses autores.
A Vida como Sonho. Reler o Livro do Desassossego à luz do "sonho lúcido" e do "yoga do sonho"
Revista Educação e Filosofia v.32 n.66 set./dez. - 2018, 2018
Resumo: Um dos temas mais característicos da obra de Fernando Pessoa é a experiência da vida e do mundo como uma ilusão ou sonho insubstancial, que por isso é um espaço de criação, alteração e metamorfose, como é particularmente evidente no Livro do Desassossego de Bernardo Soares. O tema tem profundas raízes na tradição literária ocidental, onde é todavia rejeitado pela tradição filosófica dominante, em contraste com várias orientações do pensamento indígena e indiano. Procuramos aqui reler o Livro do Desassossego a esta luz, mostrando as suas afinidades e divergências com uma descoberta da neurociência contemporânea, a possibilidade do sonho lúcido, e com o yoga do sonho, uma prática milenar do budismo indo-tibetano. Palavras-chave: Sonho lúcido. Yoga do sonho. Ilusão. Fernando Pessoa. Budismo indo-tibetano. Life as Dream. Rereading the Book of Disquiet in the light of "lucid dreaming" and "dream yoga" Abstract: One of the most characteristic themes of Fernando Pessoa's work is the experience of life and the world as an illusion or insubstantial dream, being this way a space of creation, alteration and metamorphosis, as is particularly evident in Bernardo Soares' Book of Disquiet. The theme has deep roots in the Western literary tradition, where it is however rejected by the mainstream philosophical tradition, in contrast to several orientations of Indigenous and Indian thought. Here we seek to reread the Book of Disquiet in this light, showing its similarities and differences with a discovery of contemporary neuroscience, the possibility of lucid dreaming, and with the dream yoga, an ancient practice of Indo-Tibetan Buddhism. Keywords: Lucid Dreaming. Dream Yoga. Illusion. Fernando Pessoa. Indo-tibetan Buddhism. La vie comme un rêve. Relire le Livre de l'Inquiétude à la lumière du "rêve lucide" et du "yoga du rêve" Résumé: L"un des thèmes les plus caractéristiques de l"oeuvre de Fernando Pessoa est l"expérience de la vie et du monde en tant qu"illusion ou rêve insondable. C"est pourquoi il s"agit d"un espace de création, de changement et de métamorphose, comme le montre particulièrement le Livre de l"Inquiétude de Bernardo Soares. Le thème a des racines profondes dans la tradition littéraire occidentale, où il est toutefois rejeté par la tradition philosophique dominante, contrairement à plusieurs orientations de la pensée indigène et indienne. Nous essayons ici de relire le Livre de l"Inquiétude sous cet éclairage, en montrant ses affinités et ses désaccords avec une découverte de la neuroscience contemporaine, la possibilité du rêve lucide, et aussi avec le yoga du rêve, une ancienne pratique du bouddhisme indo-tibétain. Mots-clés: Rêve lucide. Yoga du rêve. Illusion. Fernando Pessoa. Bouddhisme indo-tibétain.