Em nome do nome real: jogo literário, autocensura e defesa da autoficção (original) (raw)
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O problema do nome próprio e o projeto literário machadiano
História Revista
O objetivo deste artigo é analisar alguns dos dispositivos de nomeação das personagens, presentes nos primeiros romances de Machado de Assis. As práticas machadianas de nomeação são discutidas aqui à luz de uma história da onomástica literária, considerando-se em particular seu momento romântico. Pretende-se, assim, demonstrar que Machado de Assis recusou os termos correntes do tratamento da questão do nome próprio entre os romancistas românticos. Ao contrário deles, criou narradores que não falam sobre os nomes das personagens e praticou a homonímia e a nomeação irônica. Mas nem por isso se deve concluir que o autor de Helena era um escritor antirromântico. Uma outra faceta de seu uso do nome próprio permite compreender os verdadeiros termos do projeto literário de Machado de Assis: não a crítica, mas o aperfeiçoamento do Romantismo.
Literatura Expandida: Autoficção
Revista Alere, 2016
Se e verdade que as fronteiras da literatura sempre foram porosas, nao e possivel deixar de perceber que na cena literaria contemporânea muitos livros publicados nesse inicio de seculo acolhem calorosamente o genero biografico e, ainda assim, parecem negociar uma acomodacao no terreno da ficcao. Na tentativa de explorar melhor a ideia de uma literatura expandida, que incorpora o que, ao menos para a modernidade, estava fora do proprio literario, gostaria de comentar a “guinada subjetiva” na producao de Ricardo Lisias, considerando em especial o ultimo romance do autor, Divorcio , a fim de testar a hipotese de que ha uma transformacao do estatuto do literario marcada pela substituicao do paradigma moderno, o que permite o surgimento de obras que valorizam a autoconstrucao e a experimentacao pessoal.
Autoficção - Interstícios Libertários da Dramaturgia
Repertório
Trataremos da autoficção na composição de dramaturgias contemporâneas como algo inerente à liberdade criadora, apostando no relato sobre si como espécie de caminho para a compreensão de si e ação no mundo, o qual depende de níveis de ficcionalização para gerar acordos que construam uma nova realidade. É disso que precisamos sempre: um mergulho – se possível abissal – em nossa realidade para reinventá-la como ato ético via expressividades singulares, que estão no bojo de nosso território estético. Estabeleceremos um diálogo entre a perspectiva de teatro horizontal (JACOPINI, 2018), a teoria da pulsão de ficção (SPERBER, 2009) e postulados sobre dramaturgia em campo expandido (SÁNCHEZ, 2010 e QUILICI, 2014), enxergando a expansão do campo como uma possibilidade de trabalho sobre si mesmo nas criações contemporâneas, numa tentativa de reconexão com o mundo, numa espécie de expurgo da realidade exterior, no empenho de reconstruí-la.What do you want to do ?New mailCopy What do you want ...
Autoficção e literatura contemporânea
Revista Brasileira de Literatura Comparada, 2008
Sob a hipótese de que o conceito de literário está sendo reconfigurado, o objetivo principal do trabalho é o comentário teórico sobre o conceito de autoficção, entendido como uma estratégia da literatura contemporânea capaz de eludir a própria incidência do autobiográfico na ficção e tornar híbridas as fronteiras entre o real e o ficcional, colocando no centro das discussões novamente a possibilidade do retorno do autor, não mais como instância capaz de controlar o dito, mas como referência fundamental para performar a própria imagem de si autoral que surge nos textos. O foco investigativo se concentrará na produção de alguns autores que se lançaram na rede, como Clarah Averbuck, João Paulo Cuenca, Santiago Nazarian.
Autoficção: da origem literária ao cinema contemporâneo brasileiro em Elena
2018
O presente trabalho fornece uma visão acerca do tema da autoficção, termo que, ainda hoje, encontra dificuldades conceituais. Trata-se, inicialmente, da autoficção no âmbito literário, onde são trazidos os principais teóricos do assunto abordando as origens e o funcionamento desse dispositivo desde sua origem até os dias de hoje. Depois, o estudo abrange-se para as reflexões sobre o funcionamento da autoficção no espaço audiovisual, nas produções cinematográficas. Por fim, apresenta-se um caso específico do cinema brasileiro: Elena, filme de 2012, da cineasta Petra Costa escrito em parceria com Carolina Ziskind. Ao mergulhar no universo teórico da autoficção encontram-se dificuldades de se conceituar o termo. Muitos são os autores nacionais e internacionais que pesquisam e trabalham o assunto, complexo, de forma que o caminho mais seguro foi o de aceitar um consenso mínimo para o desenvolvimento do trabalho a partir das definições iniciais dos teóricos franceses Serge Doubrovsky e Philippe Lejeune. A mesma dificuldade aparece no universo audiovisual, onde novas questões técnicas e históricas ainda se acrescentam. A partir do filme Elena, apresenta-se uma tentativa de analisar e estudar, na prática, o que foi teorizado nos capítulos anteriores, destacando as particularidades da obra e seus dispositivos de funcionamento.
A autoficção e o romance contemporâneo
Alea-estudos Neolatinos, 2020
Resumo Este artigo parte da ideia de que o mundo de hoje se caracteriza pela exposição da vida privada, o que acarreta mudanças nas figurações do romance. Haveria, assim, um entrecruzamento entre a autoficção e o romance contemporâneo, que se apropria de elementos das escritas de si a fim de dar a impressão de que é baseado em fatos reais. Após estabelecer uma arqueologia da autoficção na França, onde o termo surgiu, o artigo apresenta alguns problemas éticos que transparecem quando escritores decidem desnudar-se em público, levando consigo familiares e amigos.
A negação da nomenclatura e o isolamento do nome próprio
Revista Leitura
Neste artigo, investigamos as considerações de Ferdinand de Saussure sobre a categoria linguística dos nomes próprios, especificamente na obra responsável pela fundação da Linguística Moderna: o Curso de Linguística Geral. Com o intuito de apreender de que maneira o nome próprio é considerado nessa obra, priorizamos dois pontos principais: a negação da nomenclatura e a única menção dessa categoria feita no CLG. Partimos do pressuposto de que, apesar de não ser evidente, tanto a negação da nomenclatura quanto os nomes próprios relacionam-se com aspectos importantes da teoria saussuriana, tais como: arbitrariedade do signo, valor e parole.
ACENO, 2024
Utilizando a autoetnografia como método, coloco em diálogo narrativas e aspectos culturais e sociais da Academia com o objetivo de problematizar atitudes e comportamentos ligados à autoria de trabalhos científicos que são construídos nas relações de orientação em mestrados e doutorados. Orientadores, orientandos, tra-balhos científicos e autoria. Orientação enseja automaticamente coautoria em tra-balhos produzidos pelos orientandos? O que naturalizamos nessas relações? O que fica invisibilizado? Sobre o que não discutimos? Violências de diversos níveis são naturalizadas. Contra a criatividade. Contra a ética. Contra a transparência pública. Contra carreiras. Contra a sociedade. Questões polêmicas, delicadas, mas necessá-rias. Mais do que responder às perguntas, este trabalho busca causar desconforto e tirar do silêncio questões ligadas à autoria de trabalhos científicos que atravessam as relações entre orientadores e orientandos no universo da Pós-Graduação. Concluo o texto com uma proposta concreta para começar a tratar do problema.
ESCRITA DE SI: UMA ILUSÃO AUTOBIOGRÁFICA
Este artigo realiza uma discussão em torno da escrita de si, tal como é apresentada em Michel Foucault, e da autobiografia, conforme é apontado por Philippe Lejeune, buscando evidenciar suas aproximações, limites e conflitos conceituais no que concerne às pesquisas autobiográficas na modernidade. Realiza-se então uma discussão em torno da Escrita de Si em seu aspecto mais geral e a seguir em seus aspectos mais específicos, que seja a sua concepção no universo greco-romano e no universo cristão. Em seguida apontamos para uma reflexão sobre a autobiografia na modernidade, evidenciando suas conceituações e características. Para então apontarmos para uma leitura particular a respeito da relação estabelecida entre a escrita de si e a autobiografia. De modo que o artigo interrompe as discussões apontando para os equívocos e os riscos em se aproximar em uma modernidade, a perspectiva de Escrita de Si de Foucault da abordagem de Autobiografia de Lejeune.