O problema do nome próprio e o projeto literário machadiano (original) (raw)
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O CONCEITO DE NOME PRÓPRIO: UMA QUESTÃO LINGUÍSTICO-FILOSÓFICA
ileel.ufu.br
A questão da referência na linguagem é discutida desde a Antiguidade Clássicacom o diálogo Crátilo de Sócrates -e envolve conceitos importantes, tais como o de arbitrariedade,língua e linguagem. Ao admitirmos, por exemplo, que a língua possui como única função representar o mundo, podemos cair na armadilha de considerá-la somente como nomenclatura, sem levar em consideração suas especificidades. Entretanto, se aceitarmos que algumas categorias linguísticas possuem a característica de "estar por objetos" e outras não, é possível encontrar um ponto de encontro entre uma ordem inerente à línguasem relações extralinguísticase uma ordem que possibilite o estabelecimento de uma relação entre as palavras e as coisas. Neste trabalho, pretendemos investigar o conceito de nome próprio na medida em que ele é, ao nosso ver, a categoria linguística que mais se enquadra na possibilidade de se pensar uma relação entre a língua e o mundo. Nosso percurso teórico consistirá nos estudos da Filosofia Analítica da Linguagem e da Linguística, passando por autores como Gottlob Frege, P. F. Strawson, F. de Saussure e É. Benveniste. Pretendemos assim, compreender de que maneira o conceito de nome próprio é entendido nas Ciências da Linguagem e, se há a possibilidade de se pensar uma teoria linguística que abarque a sua especificidade.
Em nome do nome real: jogo literário, autocensura e defesa da autoficção
ALEA: Estudos Neolatinos - PPGLEN, UFRJ, 2019
RESUMO Esse artigo investiga o papel do nome real de terceiros no jogo literário que enseja a autoficção de Christine Angot, ao cotejar seus romances com correspondências, notas e manuscritos a eles ligados, depostos no Fonds Christine Angot, no IMEC, França. A partir da análise da evolução dos nomes nos textos e do que dizem a autora e a narradora, dentro e fora do romance, sobre tal uso, pensa-se uma ontologia do nome real no literário - em comparação, por exemplo, com Zola e a defesa do naturalismo. Questiona-se ainda, no nível da recepção, o efeito que tem o nome real identificável e sua defesa para a leitura do romance.
A travessia da escrita machadiana
Scripta, 2000
A narracao machadiana constroi-se de uma maneira tal que se pode falar de determinadas posicoes do sujeito da enunciacao em relacao a seus fantasmas. Assim, e possivel pensar num trajeto que se pode chamar de travessia exatamente pelas modificacoes ocorridas na escrita de Machado de Assis ate o Memorial de Aires.
A negação da nomenclatura e o isolamento do nome próprio
Revista Leitura
Neste artigo, investigamos as considerações de Ferdinand de Saussure sobre a categoria linguística dos nomes próprios, especificamente na obra responsável pela fundação da Linguística Moderna: o Curso de Linguística Geral. Com o intuito de apreender de que maneira o nome próprio é considerado nessa obra, priorizamos dois pontos principais: a negação da nomenclatura e a única menção dessa categoria feita no CLG. Partimos do pressuposto de que, apesar de não ser evidente, tanto a negação da nomenclatura quanto os nomes próprios relacionam-se com aspectos importantes da teoria saussuriana, tais como: arbitrariedade do signo, valor e parole.
Escritas do “eu”: a crônica machadiana entre a literatura e o jornalismo
Revista de Literatura, História e Memória, 2008
Can a chronicler be defined as a witness of a certain historical moment? In which ways do the impressions and comments of Machado de Assis characterize the transition from the literary to the journalistic discourse? The essential idea of this study is consider the chronicles by Machado de Assis in its interface with the historical moment in which it was produced, as this exercise enables to analyze the diversity of perceptions printed in the modern man's reading. The chronicler is not defined as somebody that writes its texts as "pure" aesthetic activity, but that does a form of political communication with the reader. The historical reflection is possible, therefore, since the chronicler is considered in its political dimension, that is, as a subject that deals, politically, with the reader's sensitivity.
Escritores tradutores brasileiros e a tradução dos nomes próprios
Translationes, 2011
ResumoTrata-se de verificar como se dá a tradução de nomes próprios na prosa traduzida para o português do Brasil por grandes escritores brasileiros no âmbito da Editora e Livraria do Globo de Porto Alegre. As obras do corpus são constituídas por romances e contos pertencentes ao cânone da literatura em língua inglesa e da literatura francesa
Nome e nome próprio: cerne filosófico e implicações linguísticas
Revista de Letras
O presente texto pretende estabelecer, de forma contrastiva, uma aproximação entre algumas concepções a respeito do nome, as quais, numa linha temporal, a começar pelos filósofos gregos Platão (Carta VII, Crátilo) e Aristóteles (Organon, Poética), constituíram-se numa tradição de conjecturas sobre sentido e referência, tradição que se aperfeiçoou e se desenvolveu vigorosamente no século XX, após a publicação do Cours de Linguistique Génerale de F. de Saussure. Confrontam-se ainda abordagens relativas ao nome próprio e ao seu caráter ambíguo ou paradoxal de sugerir referência, mas não comportar sentido, ou comportar sentido unicamente etimológico, que se mapeia por análises de linguística histórica.PALAVRAS-CHAVE: nome; nome próprio; sentido; referência; etimologia.
O impróprio do nome próprio na Roliúde Brasileira
RESUMO: Neste artigo, mediante a análise de um website no qual futuros pais discutem e pedem sugestões acerca do nome de seus filhos, busco compreender as razões que levam esses indivíduos a optarem por nomes que derivam ou que possuem em sua grafia traços da língua inglesa. Percebe-se que esses nomes podem ser agrupados em três diferentes categorias: (i) nomes oriundos de países de língua inglesa que mantém a grafia do inglês; (ii) nomes que não são, mas parecem derivar do inglês por conta da ortografia adotada e (iii) nomes de origem inglesa que são adaptados à ortografia do português. A análise aponta para o fato de que a escolha de um nome próprio derivado da língua inglesa pode estar relacionada ao desejo de mudança do status quo. No entanto, ao adotarem esses nomes para seus filhos, brasileiros transformam e transcendem o inglês, desenraizando-o de sua americanidade e tornando-o uma língua "bastarda adaptada às distorções que as culturas lhes infligem" (Ortiz, 2003, p. 192).
A crônica machadiana e a formação do gosto pela leitura literária
2009
Estudo de cronicas finisseculares de Machado de Assis, tomando-as como textos estrategicos, no que tange a construcao imaginaria e empirica do leitorado brasileiro. Analise das relacoes entre o impresso e o receptor oitocentista, estabelecidas nos textos recortados por meio de mecanismos discursivos especificos, como a relacao ficcao/historia entretecida na estrutura dialogica propria das cronicas machadianas, podendo interagir com padroes de gosto ja existentes e, simultaneamente, criar novos padroes. A argumentacao apresentada fundamenta-se nas reflexoes de Wolfgang Iser, Roger Chartier, Marisa Lajolo, Regina Zilberman, Marilia Rothier Cardoso, Sidney Chalhoub, Antonio Candido, entre outros.