Celso Furtado e a América Latina (original) (raw)
Related papers
A expansão ultramarina se tratou não de uma expansão territorial oriunda de pressão demográfica e sim expansão impulsionada pelo Mercantilismo e a busca por novos mercados e produtos. O comercio interno europeu vinha crescendo intensivamente a partir do século XI. As invasões turcas estavam dificultando o comercio e a linhas de abastecimento de produtos pelo Mar Mediterrâneo. Com a descoberta do ouro nas civilizações antigas do México pela Espanha desperta na Europa um grande interesse pelas novas terras, a ocupação do território brasileiro foi fruto da pressão exercida pelos outros países europeus, que partiam da ideia que Espanha e Portugal só teriam direito as terras que tivessem ocupado de forma efetiva. Ao contrário do sucesso mineiro espanhol, Portugal não encontrou, em primeiro momento, metais preciosos nas novas terras, o que o levou a encontrar outra saída rentável para elas, antes que essas continuassem a ser invadidas. A exploração econômica das terras brasileiras parecia algo totalmente inviável. Portugal já possuía experiência na produção de açúcar, cuja demanda vinha aumentando em toda Europa, o clima tropical propiciava o cultivo da cana-de-açúcar, e quantidade disponível de terras férteis era grande. Havia entretanto um porém, precisava-se tornar viável a vinda de europeus para as novas terras para a instalação dessa empresa. O pagamento de transporte e salários aos trabalhares, e a distância entre a colônia e a metrópole tornaria essa indústria inviável economicamente. A falta de mão-de-obra era a principal dificuldade encontrada. A alternativa foi a tentativa de escravização da mão-de-obra nativa, o que a primeiro momento foi de grande importância, a importação de mão-de-obra escrava de origem africana começou a ser realizada após a instalação da indústria, e serviu para a expansão dessa empresa, pois esses povos já estavam acostumados à servidão, representavam uma mão-de-obra muito mais qualificada e rentável que os indígenas, os portugueses já possuíam um complexo conhecimento do mercado africano de escravos. Furtado diz que a empresa colonial espanhola, dominada pela exploração mineira determinou a decadência da economia da metrópole, e foi essa determinada exploração que permitiu o êxito de nossa indústria açucareira, pois se tivessem eles explorado sua s terras férteis e mais próximas da Europa o empreendimento português teria fracassado. Também responsáveis por esse êxito está a grande quantidade de terras férteis e o clima tropical propícios para o cultivo da cana, a mão-de-obra barata (uso de escravos africanos), e ao aliança estabelecida com a Holanda que possuía conhecimento tecnológico e relações comerciais. Os Flamengos eram responsáveis pela refinação e distribuição do açúcar ao restante da Europa, propiciou um abrangente mercado para o açúcar produzido na Colônia. O holandeses comandavam o comercio açucareiro no início do século XVII. Essa produção concentrava-se na Bahia, Pernambuco e São Vicente. Portugal encontrou na produção de cana-de-açúcar uma fonte de riqueza que garantia a manutenção de seus empreendimentos coloniais. Aproximadamente 20% do capital fixo era com o investido em mão-de-obra, e o escravo possuía uma vida útil de 8 anos. Não havia outro cultivo, a não ser o de subsistência feito pelos escravos. A cada dois anos a empresa açucareira era capaz de duplicar-se. A renda oriunda da indústria açucareira era destinada a compra de
Celso Furtado e o desenvolvimento regional
Nova Economia, 2009
nova Economia_Belo Horizonte_19 (2)_227-249_maio-agosto de 2009 Celso Furtado e o desenvolvimento regional 228 nova Economia_Belo Horizonte_19 (2)_227-249_maio-agosto de 2009 Celso Furtado e o desenvolvimento regional
Celso Furtado, intérprete do Brasil
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
O presente artigo procura discutir a originalidade da interpretação do Brasil contida em Formação econômica do Brasil, obra clássica de Celso Furtado. Para tanto, são recuperadas as matrizes formadoras do seu pensamento no sentido de mostrar como são operacionalizadas por meio do seu método histórico-estrutural. O plano da obra, o método e o estilo permitem entrosar passado, presente e futuro de modo inovador, trazendo novas possibilidades de compreensão e transformação do Brasil. Finalmente, o artigo estabelece um diálogo com as interpretações predecessoras de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr.
Subdesenvolvimento e Estagnação Na América Latina, De Celso Furtado
Revista de Economia Contemporânea, 2015
Resumo O artigo efetua uma apresentação do modelo estagnacionista de Celso Furtado (1965/1966), bem como da estrutura e argumentos gerais do livro Subdesenvolvimento e Estagnação na América Latina , de 1966. Propõe-se que o modelo estagnacionista de Furtado envolve uma reexposição de seu modelo clássico de desenvolvimento econômico do Brasil, a qual envolve a utilização do acelerador. Se as conclusões estagnacionistas são controversas no que se refere aos impasses da diversificação da estrutura industrial latino-americana e brasileira nos anos 1960, a apresentação do modelo representa um acréscimo ao modelo histórico-estrutural de Furtado e contribui para o entendimento dos recursos analíticos do autor. O livro de 1966 contém ainda valiosas contribuições sobre política brasileira, consequências da penetração do capital industrial internacional e impactos sobre a distribuição de renda.
A Dimensão internacional da obra de Celso Furtado
Revista de Ciências Sociais
Esse artigo tem como objetivo central considerar a obra do economista brasileiro Celso Furtado como um internacionalista. Através da análise de várias de suas obras, chegamos a conclusão de que questões abordadas por Furtado – a economia política mundial, desenvolvimento e subdesenvolvimento, a dinâmica do capitalismo, a ciência e tecnologia, os investimentos militares, a financeirização e as crises, inclusive a crise ambiental – são temas pertinentes e que tratam da natureza da economia política. A segunda parte do artigo introduz uma reflexão teórica sobre o por que da não existência de teorias não-Ocidentais nas relações internacionais? Para tanto, nos valemos das reflexões de autores, a exemplo de Amitab Acharya, Achille Mbembe, Partha Chaterjee entre outros que, ao lado de Celso Furtado, representam saberes e narrativas de maior diversidade e expressão cultural global.
Celso Furtado: um senhor brasileiro
2018
A leitura extensiva da obra de Celso Furtado era pratica generalizada entre os de minha geracao que circulavam nos meios de esquerda. Fomos muitos a atravessar, em estado de espirito aquelas fases pelas quais, se aceitarmos a caracterizacao pitoresca de Vera Alves Cepeda, haveria passado as suas analises desde o periodo imediatamente anterior ao golpe militar: uma fase otimista, antes do 1° de abril de 1964, seguida de uma fase de “pessimismo espantado” em que se especulava sobre a natureza politico-economica do novo regime e outra de “critica renitente”, quando este se firmara politicamente e propiciara um largo periodo de diversificacao e expansao economica, firmando as bases de uma nova economia agricola de exportacao, uma industrializacao ampliada, a renovacao do sistema financeiro, enfim, a partir do que foi denominado, pelo poder, o milagre economico brasileiro; e que moldou as formas contemporâneas de inclusao do pais na ordem economica internacional.
Celso Furtado e o pensamento social brasileiro
2005
A obra de Celso Furtado faz parte de uma tradição mais ampla de trabalhos sobre o Brasil e a América Latina. Seu esforço é, principalmente, o de captar a especificidade de nossas sociedades, explicando como são diferentes dos casos "clássicos", europeus e norte-americano. Mas, dentro do quadro maior de estudos sobre o Brasil e a América Latina, Furtado se destaca de outros autores por ter sido dos poucos a intervir diretamente na realidade, o que tanto seus interesses como experiência de vida permitiram.
Celso Furtado sob o olhar da História
Leituras de Economia Política, 2010
Resenha de: VIEIRA, Rosa Maria. Celso Furtado: reforma, política e ideologia (1950-1964). São Paulo: Educ, 2007, 407 p + anexos.
Celso Furtado, intérprete da dependência
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros
O artigo examina os usos e os sentidos da ideia de dependência no pensamento de Celso Furtado. Para isso, realizamos breve reconstituição do contexto em que as obras e as ideias do autor foram produzidas e acompanhamos as diferentes dimensões da interação entre subdesenvolvimento e dependência na trajetória de Furtado.