MUSICALIDADES DAS CABO-VERDIANAS NAS ROÇAS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE (original) (raw)
Related papers
OS MÚSICOS E AS SOLENIDADES NA CAPELA DE SÃO JOSÉ
C/Arte, 2015
No segundo capítulo da coletânea organizada por Adalgisa Arantes Campos, Daniel Precioso se propõe a investigar sobre as solenidades na Capela de São José e a participação dos irmãos músicos dessa irmandade. Ele nos recorda, com abundância de registros, a música sacra envolvente, executada por cantores e instrumentistas, na segunda metade do século XVIII, em Vila Rica. Destaca, sobretudo, a participação ativa dos irmãos músicos na administração da Confraria de São José e os serviços contratados para as festas e novenas do padroeiro, como confiados a Francisco Gomes da Rocha, o grande compositor de São José.
PANORAMA MUSICAL NUMA ROÇA NO SUL DE SÃO TOMÉ: RIBEIRA PEIXE ANTES E DEPOIS
A multiplicidade de origens de habitantes de São Tomé e Príncipe reflete o percurso histórico das ilhas, particularmente no último século e meio. As ilhas tornaram-se num ponto de chegada de pessoas oriundas de várias partes do mundo, mormente do continente africano. Os contactos entre diversos grupos socioculturais variavam ao longo do tempo, dependendo das conjunturas externas, mas também da situação no arquipélago, transformado numa colónia-plantação. A independência do território trouxe o desafio de construção da nação, um processo complexo apesar do número diminuto de habitantes. As manifestações culturais, principalmente imateriais, tendem a acompanhar os seus praticantes, independentemente de mudanças por quais eles passam, relacionadas com a deslocação para outros territórios, lugares do seu destino. Em várias situações, as manifestações culturais têm de ser recriadas ou reinventadas, ou seja, adequadas à nova situação sociopolítica ou ao novo lugar. Outras atividades surgem, sobretudo aquando da permanência de pessoas em territórios distintos dos seus lugares de origem, por vezes, prolongada e sem prazo definido. O que é praticado, como, quando e por quem depende das relações interpessoais, especialmente em territórios exíguos habitados por grupos com estatutos desiguais. Neste artigo, pretende-se analisar estas duas questões-as mudanças sociais no arquipélago e os percursos de manifestações culturais-, abordando os casos específicos para delimitar o campo de análise. O estudo foca-se em Ribeira Peixe, no sul da ilha de São Tomé e no panorama musical aí observável. O período temporal-do colonialismo moderno ao regime monopartidário do pós-independência-possibilita a observação de diferentes situações sociopolíticas e a sua comparação com as mudanças do panorama musical. Procura-se averiguar como as mudanças sociopolíticas se refletem no panorama musical e se a música contribui para estas mudanças. A opção por um território delimitado-Ribeira Peixe-tem a ver com um fator relevante para as hipóteses teóricas aqui apresentadas, particularmente em relação à observação de fronteiras, que serão o fio condutor desta análise. Permite a análise de processo de marginalização, notável no lugar em questão.
TURISMO EM ESPAÇO RURAL, A EXPERIÊNCIA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Ao longo do tempo, e a nível internacional, o turismo rural adquiriu importância crescente, sendo o seu incremento uma das preocupações evidenciadas pelos diferentes actores socioeconómicos e políticos: o Estado, os empresários, nacionais e estrangeiros, as comunidades locais e os visitantes. No presente artigo será apresentado o caso de São Tomé e Príncipe, objecto de estudo da minha tese de doutoramento, propondo-me, neste contexto, analisar a importância dos projectos agroturísticos, caracteristicamente integrados, no sentido do envolvimento das comunidades locais, incentivando a participação e o "empowerment", evidenciando ainda preocupação com a preservação ambiental e a protecção de espécies.
ONDE OS SINOS: FANTASMAGORIAS ACÚSTICAS EM BANDEIRA E DRUMMOND
Santa Barbara Portuguese Studies, vol. 10, 2022
A partir de “Reportagem Matinal”, poema de Carlos Drummond de Andrade, incluído em Versiprosa, que parece aludir a um passeio do poeta com Manuel Bandeira para ouvir o toque do sino em Santa Teresa, e de poemas dos dois autores marcados por sinos e outras assombrações sonoras, este ensaio interroga a relação entre a representação fantasmagórica do som e uma poética da catacrese, em Drummond, e uma poética da repetição, em Bandeira. Palavras-chave: fantasma; infância; espectralidade sonora; repetição; catacrese
A MÚSICA NA CANTORIA EM CAMPINA GRANDE (PB): ESTILO MUSICAL DOS PRINCIPAIS GÊNEROS POÉTICOS
The music plays an extremely important role in the survival of the improvised poetic tradition of the Northeast of Brazil. The cantoria repentista from northeast Brazil is a popular tradition that ties poetry and music together. The cantoria can be found throughout the Brazilian northeastern states. It can also appear in cities where northeastern Brazilians have settled, such as São Paulo, Rio de Janeiro and Brasília. One of the main cities that cultivates the cantoria is Campina Grande, state of Paraíba. There, the presentations runs from traditional forms to modern events such as congresses and festivals. Thus, Campina Grande was chosen as the main city of this work, because it is there that cantoria is well cultivated. The cantoria, named desafio or peleja is sung as a duel, with a pair of popular singers (cantadores), singing in response to each one’s verses, according to complex verse structures. The cantoria de pé-de-parede (literally “foot-of-wall”) is the most traditional type, that is generally performed in rural areas, with the singers performing at the houses porches and near to walls. Here the public can take part by asking for specific poetic genres, by suggesting motes (themes for the verses endings, that have one or two verses). Also the public can call for specific songs (canções). It is part of the tradition to place the requests in trays (bandeja), with some contribution in money . The poetic genres are represented by a variety of forms of versification used in the duel songs. The most frequent are Sextilhas (poetic genres with six verses), Décimas (genres with ten verses), in addiction to other derived poetic genres. Another common genre is constructed by each contender introducing verses alternated while they are singing. They are called perguntados or trocados (“questioned” or “exchanged”), such as Mourão voltado, Mourão de sete linhas or Quadrão perguntado. Verse sequences which accomodates several genres are called baião. The basic melodic models, or tunes for cantorias are called toadas, and the models for accompaniment with viola, a five-coarse guitar, called of baiões-of-viola. These models serve as support for improvisation, and introduce distinctive characteristics between poets and popular singers. The tunes musical style vary according to the poetic structure of each genre. The melodic construction presents the third degree oscillating among the intervals of major and minor third, and the fourth degree oscillating among the intervals of fourth and tritone. The rhythm is completely free, and basically presents long and short time values. These can be increased or decreased freely, in agreement with the stresses in the syllables, such that it approaches a poetic recitation. The urbanization led the popular singers to modernize themselves, setting up the cantoria congresses and festivals, radio programs, and recordings of LP’s, tapes, CD's, and else. However, despite the modernization, they managed to keep the essence of the poetic genres and its respective tunes unaltered, maintaining the tradition alive.
A presente pesquisa tem como assunto principal a música ítalo-trentina tocada e cantada por grupos musicais nos municípios de Nova Trento, Rio dos Cedros e Rodeio. O objetivo foi relatar que este tipo de manifestação musical ocorre pautado pela memória sobre a vida na região de Trentino-Alto Adige antes da colonização italiana no Brasil do século XIX e, posterior a ela, pela própria situação do migrante durante a diáspora e em terra estrangeira. É também objetivo indicar como esta manifestação musical pode sofrer modificações de acordo com as influências externas que a rodeiam. Tais modificações podem ser observadas nas diferenças entre as partituras musicais de algumas canções nas referências italianas e nas publicações brasileiras. Além do estudo das canções ítalo-trentinas, que em sua maior parte se manifestam nas principais festividades comemorativas da colonização italiana no Brasil, também foi dada ênfase da contextualização histórica relacionada aos temas tratados nas canções, tais como, guerras, imigração, paisagens geográficas, gastronomia, religião, entre outros. Como os grupos musicais são comumente chamados de folclóricos, apresento alguns conceitos sobre este termo e sobre a forma como a antropologia da arte e a etnomusicologia vem trabalhando com estas manifestações. A metodologia utilizada envolveu: entrevistas com alguns participantes de grupos musicais que tocam a chamada música ítalo-trentina nestes municípios; pesquisa bibliográfica, principalmente no que se refere as informações históricas; análise de alguns documentos cedidos pelos informantes e análise de algumas músicas e partituras tocadas pelos grupos.
TEMPORALIDADES NAS CANÇÕES DE PAULINHO DA VIOLA
CARVALHO, Euzebio Fernandes de; FÉ, Nilton Pereira da, 2013
A partir de uma reflexão crítica em torno da natureza fonográfica e comercial da música popular nas sociedades contemporâneas, buscamos problematizar o diálogo presente-passado-futuro no interior da obra do músico Paulinho da Viola, considerando-se os procedimentos da operação historiográfica numa atitude de diálogo com a cultura popular. Quanto aos procedimentos de análise da música popular como fonte histórica, partimos das considerações de Napolitano (2005): a) seleção do material; b) características gerais da forma canção para uma abordagem interdisciplinar onde a canção opera com séries de linguagens; c) parâmetros gerais da forma canção que se subdivide em poéticos (letra) e musicais (música); d) instâncias de análise contextual. Após identificar e problematizar os sentidos de temporalidade, construídos pelo músico em sua obra, refletimos sobre as possibilidades da utilização desses sentidos para tornar mais complexa a Consciência Histórica individual.
CULTURA AFRO-BRASILEIRA: A PRÁTICA DA FOLIA DE SÃO TOMÉ NA COMUNIDADE ARAPUCU EM ÓBIDOS-PA
Revista Terceira Margem Amazônia, 2018
Este artigo tem como objetivo analisar a prática da folia de São Tomé no Arapucu como Cultura afro-brasileira, no Município de Óbidos, desde o início de sua prática, em 1947. A pesquisa foi realizada sob os pressupostos teóricos da História Cultural e, metodologicamente, caracteriza-se como de Campo, do tipo História Oral e Documental. O lócus da pesquisa foi a comunidade Arapucu, localizada no município de Óbidos, mesorregião amazônica do Oeste do Estado do Pará. Para a composição dos textos, as fontes utilizadas foram: bibliográfica, oral e documental, respectivamente. Os sujeitos foram foliões e moradores da comunidade Arapucu. Desse modo, frisa-se, no decorrer deste estudo, que a folia praticada na comunidade Arapucu é vista como prática cultural afro-brasileira, isso porque todas as folias existentes no município surgiram em áreas remanescentes de quilombos
OS TERMOS SINTÁTICOS PROFUNDOS EM JOSÉ REBOUÇAS MACAMBIRA
Em seu livro Estrutura do Vernáculo, o professor José Rebouças Macambira dedica um capítulo ao que chama sujeito e objeto profundos, para explicar a estrutura de alguns enunciados encontradiços em Língua Portuguesa. Para tanto, parte ele de dois pressupostos que acabam por estabelecer as balizas sobre as quais constrói toda sua argumentação, a saber: a) a definição de sujeito como termo subordinante e nunca subordinado e b) a função subordinadora da preposição. Assim, em: (1) Ainda existem destes homens. terse -ia de considerar a existência de um sujeito preposicionado (destes homens) ou, no caso do autor que não o admite, encontrar uma explicação estrutural que justifique a construção. Para explicá-la, Macambira recorre à noção de estrutura profunda (EP), em moldes diferentes dos de Chomsky (1965) 1 , postulando como sujeito profundo o pronome indefinido alguns, que rege o adjunto adnominal destes homens. Haveria, assim, na realização superficial, apenas o adjunto adnominal do pronome que está na instância profunda e que é supresso por uma regra de apagamento na transformação desta última estrutura naquela. Em defesa desta interpretação, o professor recorre a argumentos de ordem diacrônica e apresenta-nos a hipótese de José Joaquim Nunes, segundo a qual 'processos existentes em várias línguas românicas levam-nos a supor que o latim vulgar, suprimido o termo indicador de posse, ficou apenas com o genitivo, que foi substituído pelo ablativo acompanhado da preposição de'. Desta forma, terse -ia ao lado de: (2) 'Da mihi aliquid panis' = dê-me um pouco de pão,