"O VELHO QUE LIA ROMANCES DE AMOR": O LEITOR QUE SE ESFORÇA PELO PRAZER ESTÉTICO (original) (raw)

A (DES)CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ERÓTICA NOS ROMANCES UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES, DE CLARICE LISPECTOR, E AS PARCEIRAS, DE LYA LUFT CATALÃO (GO) 2015

Ronaldo Soares Farias, 2015

A presente dissertação examina os percursos identitários das protagonistas dos romances Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres, de Clarice Lispector, e As parceiras, de Lya Luft, pelo viés da pulsação erótica que se revela através da sexualidade nos textos tomados como corpus de análise. Clarice Lispector (1920-1977), através do monólogo interior, mergulha no fluxo da consciência da protagonista Lóri para desvendar, por meio do incansável trabalho com a linguagem, sua relação amorosa com Ulisses, que, juntos, constroem suas identidades e a descoberta da sexualidade através das experiências ao longo do romance. Lya Luft (1937 - ) é uma escritora contemporânea que traz à tona, em suas obras ficcionais, os problemas e os laços familiares do seu tempo, percorrendo os labirintos mais obscuros da vida íntima das personagens para encontrar o fio condutor que as unem, através dos laços familiares e dos problemas decorrentes de uma convivência marcada pelo isolamento, morte e loucura. O objetivo é analisar as trajetórias que as personagens trilham em busca de construir e entender a sexualidade em meio aos conflitos familiares em que estão inseridas. O comparativismo, como metodologia, é acionado para compreendermos a relação existente entre as personagens quanto à temática identitária e erótica. O texto está dividido em três partes, a saber: a) os percursos da produção literária de cunho erótico e o seu valor literário; b) o papel da memória e da identidade na construção da sexualidade das personagens; e c) a presença do trauma como instrumento catalisador de transformação das personagens ao longo da narrativa. A dissertação fundamenta-se no aporte teórico sobre identidade e memória, em estudos sobre literatura e gênero, entre outras pesquisas relacionadas a traumas e violência. Palavras-chave: Literatura, Identidade, Erotismo, Sexualidade, Feminino.

AQUELE ANJO DE LONGAS ASAS: A TEXTUALIZAÇÃO DO HOMOEROTISMO NO ROMANCE EM NOME DO DESEJO, DE JOÃO SILVÉRIO TREVISAN

Revista Estação Literária (UEL), 2016

Resumo: A perspectiva sumária e categorizada do amor homoerótico é construída no romance Em nome do desejo (1985), de João Silvério Trevisan, de maneira a pô-lo dividido em três premências, instâncias reguladoras do amor homoerótico dentro do discurso romanesco. Partindo dessa percepção, este artigo percorre as páginas da obra em uma análise que investiga a forma como o narrador edifica essa construção narratológica, imbricada a outras questões postas na diegesis, tais como: a construção da identidade, a dinâmica da convivência em grupo, bem como à conspurcação do sagrado e a manifestação contrária às proibições do padrão sexual heteronormativo, colocando-o em vias de desconstrução. Palavras-chave: Em nome do desejo; João Silvério Trevisan; Narrador; Amor homoerótico.

AVALOVARA DE OSMAN LINS: O ESCRITOR EM BUSCA DO ROMANCE INTERATIVO E TOTAL

Publicado em Cerrados. Revista do Curso de Pós-Graduação em Literatura, num.7, 1998

O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma das maneiras de interpretar o esforço do autor rumo à criaçăo de uma obra total, no romance Avalovara do grande escritor pernambucano Osman Lins. Avalovara se nos apresenta como uma obra de arte, que além de ser estruturada arquitetônicamente contém em si elementos de outras artes, na tentativa de constituir uma obra de arte total, ou melhor: a mais interativa com as outras artes e percepçőes. Para tanto o autor introduz na sua obra elementos plásticos, músicos, arquitetônicos, sem falar na uniăo dos gęneros literários que se dá no romance. A sua maneira de escrever, em trechos, em tiras pode ser comparada com a obra de arte cinematográfica, a musicalidade das palavras, ao lado das evocaçőes de obras musicais acrescenta ao livro uma dimensăo diferente, a estrutura labiríntica da narraçăo nos faz percorrer os corredores de uma obra organizada como edifício, (diferente da cidade, que se apresenta como uma improvisaçăo de jazz no livro mais comparado com Avalovara -Rayuela de Júlio Cortázar), as evocaçőes dos pintores ao lado das descriçőes profundamente pictóricas aguçam a nossa imaginaçăo plástica. Como o objetivo do livro é transmitir a verdade do autor de uma forma mais completa, justifica-se perfeitamente a tentativa de Lins de apelar para todos os sentidos (quantas vezes no livro năo aparecem as descriçőes dos cheiros e dos sabores, dos ruídos e das imagens, das intuiçőes, dos medos e das visőes?). Este apelo aos sentidos dá-se por intermédio das palavras, que muitas vezes adquirem o significado năo só signíco mas também simbólico, representado ligaçăo com algo maior, com algum arquétipo, se necessário transformando-se para poder năo só refletir a natureza de tal arquétipo mas também para conter alguma parte dele em si. Temos assim a figura de iólipo, um ser que pode ser tratado como a projeçăo de um mito que habita o inconsciente coletivo da nossa civilizaçăo -mito de uma figura caricatural, completamente insensível, militar, destruidor, opressor, excessivamente vivendo o masculino, năo só psicológico, mas antes de tudo civilizacional. Este excesso é como um corpo canceroso, é como um organismo parasital crescido excessivamente no colo da civilizaçăo, daí o nome que sugere um pólipo, um tecido canceroso da civilizaçăo "masculina, demasiadamente masculina", cruel e dominadora. Este, bem como outros

CRÍTICA DA VIRADA: CARTA ESCRITA POR UMA ALUNA DE UMA DISCIPLINA DE HISTORIOGRAFIA LITERÁRIA JUSTIFICANDO SUA RECUSA EM LER UM ROMANCE

Pinto, L. R. V., 2023

Resumo: O artigo apresenta uma carta escrita por uma aluna da disciplina de Historiografia Literária, na Escola de Letras da Unirio, que se recusou a continuar a ler um romance insuportável para ela. Dialogando com a abordagem da aluna sobre o romance, o artigo consiste em um modo de responder à carta, com questionamentos e interrogações sobre a minha própria prática acadêmico-pedagógica. Reflete sobre como lidamos com bibliografias e representações totalizantes em percursos teóricos, ainda associados ao racismo e sexismo. Desenvolve uma discussão sobre a violência no ambiente acadêmico, apresentando o que poderia ser definido como uma proposta disruptiva de graduação em letras, tendo em vista a expansão de formas das literaturas e artísticas contemporâneas e o horizonte de complexa tensão que atravessa existências nas universidades públicas.

G. R. SILVA; M. T. ROCHA - O MORRO DOS VENTOS UIVANTES ANÁLISE À LUZ DO ROMANCE GÓTICO E A LITERATURA FANTÁSTICA

O livro O morro dos ventos Uivantes (2012), único romance de Emily Brontë, escrito na Inglaterra de 1847, patenteia o contexto cultural e literário da época na qual fora escrito, inserido no cenário de tempo-espaço. Este trabalho tem como objetivo analisar a estética da obra com vista no conceito de literatura gótica e literatura fantástica, definindo e apresentando as expressões e manifestações dos gêneros citados inseridos no texto de Brontë, de maneira a associar, também, a disseminação da cultura/literatura gótica e destacar a importância da obra para a concretização do gênero à época associando-a aos textos de Charlotte Brontë (2011), Austen (2012), Stoker (2011), entre outros; Procura explicitar a junção dos gêneros romance gótico e o fantástico, executada por Brontë, promovendo um encontro entre o familiar e o apavorante, aspectos como a casa na qual os personagens cresceram, o ambiente familiar, porém conturbado e sob influência fantasmagórica remetem a literatura fantástica, nas palavras de Sá (2012) “A literatura fantástica é aquela capaz de suscitar o medo, mais exatamente o medo do desconhecido, no leitor. O desconhecido e o imprevisível seriam os aliados do sonho na criação de um mundo não real ou espiritual”. Para isso, foi utilizado os seguintes referenciais teóricos: MOURA (2015), TODOROV (1980), PIRES (2010), BRONTË (2012), SÁ (2013), dentre outros.

[REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS]: A estética do gozo e o gozo estético em “Trio”, conto de Samuel Rawet

REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, 2017

A condição essencial de Ahasverus, judeu condenado por Jesus durante a sua crucificação, é vagar eternamente. Quando se apropria desse mito, Samuel Rawet constrói uma novela em que a metamorfose é a base da errância. No ápice das mudanças, no corpo dessa narrativa maior, alteração e gozo se confundem e resultam em uma micronarrativa de três tipos populares, um mendigo, um entalhador e um vendedor de cocadas. Seis anos mais tarde, o escritor reelabora a micronarrativa e a publica com o título de “Trio”. Diante de tal quadro, o texto apresenta o conto como fruto de uma das metamorfoses do mito de Ahasverus. Evidencia, para isso, que as peças narrativas de Rawet materializam a errância e a procura como passos da pesquisa estética e do projeto literário do escritor. Conclui, por fim, que a imaginação erótica se funde a esse projeto da repetição como método de composição literária. O resultado pode ser lido, entre tantas outras coisas, como resposta à acusação de hermetismo que o escritor sempre recebeu por uma parte de sua recepção crítica.

DEIXE-ME TOCÁ-LO MAIS UMA VEZ: O DISCURSO HOMOERÓTICO NO ROMANCE EM NOME DO DESEJO, DE JOÃO SILVÉRIO TREVISAN

Revista Via Atlântica, 2017

Resumo: Este artigo investiga o romance Em nome do desejo, do escritor paulista João Silvério Trevisan, tendo como pedra de toque, primordialmente, a teoria bakhtiniana sobre o romance polifônico. Concomitantemente, são averiguadas questões concernentes ao homoerotismo literário, que, no romance em questão, articula-se junto à religião, à adolescência e ao abandono. Palavras-chave: Em nome do desejo, Joao Silvério Trevisan, romance, homoerotismo

Fugacidade e Fixação Do Erótico – Para Uma Leitura De Os Materiais Do Amor Seguido De O Desafio À Tristeza De Eduardo White

2017

The work of Edward White in analysis, bearer of a narrativity, thematizes a certain mismatch of man with himself that induces a project of initiation towards a demand for identification. Between the concrete nothing and the projected everything arises the difficulty in setting a value. To achieve the union of the self to itself (the ideal to the real), the subject craves for affiliations (amorous/sexual) that enable him to resolve the dualities that mark his existence (life/death, male/female, self/other). From a search for the topophilic space, emerges the feminine as a figure of mediation in familiar recreation (Buescu), by the confluence of motherliness and genitality. However, the possible euphoria in the instant of the erotic encounter is eliminated by the inherent mobility of the female figure that contradicts the desire for fixation in the fullness of the erotic encounter.

AS REPRESENTAÇÕES DA IDENTIDADE/ALTERIDADE EM UM VELHO QUE LIA ROMANCES DE AMOR, DE LUÍS SEPÚLVEDA

A análise da obra Um velho que lia romances de amor parte do entendimento de que a Amazônia é um espaço caracterizado pela diversidade cultural em função dos encontros entre culturas diversas que se constroem através dos deslocamentos. Com isso, busca observar as representações das relações de identidade e alteridade no romance a partir dos conceitos de identidade (HALL, [1992; FIGUEIREDO E NORONHA, 2005), entre-lugar (SANTIAGO, [1978) e de espaço (FOUCAULT, [1967).

ARTIGOS E ENSAIOS A FUSÃO SENSORIAL ENTRE SUJEITO E OBJETO NO ROMANCE A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS, DE MARCUS ZUSAK

A FUSÃO SENSORIAL ENTRE SUJEITO E OBJETO NO ROMANCE A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS, DE MARCUS ZUSAK, 2020

A experiência estética, segundo Fiorin (1999), tem corroborado para o estudo da estesia na relação de conjunção entre sujeito e objeto. Esse momento pode ser exemplificado na literatura como algo surreal que foge a cotidianidade. O sujeito é deslocado de sua rotina e passa a experimentar outros sentimentos, outra realidade. Tal transformação, revela ao leitor a intensidade de sentimentos vivida pelo sujeito. Dependendo da forma em que essa mudança de plano enunciativo ocorrerá o leitor pode ser levado a uma catarse. A partir de tais reflexões fui instigada a ler o livro A menina que roubava livros, de Marcus Zusak, após assistir ao filme* com meus alunos para cumprir uma atividade escolar. Meu fascínio e curiosidade pela narrativa me levou a selecioná-lo com a intenção de mobilizar as categorias da semiótica francesa para analisar a relação da experiência estética entre personagem (sujeito) e livro (objeto).