Contestação do regime e tentação da luta armada sob o marcelismo (original) (raw)
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A situação interna da América Latina era um reflexo da situação mundial. Sua economia dependia quase que diretamente do comércio com o exterior, inicialmente a Inglaterra e posteriormente os EUA; o que era constantemente alterado devido aos conflitos internacionais; inicialmente a Primeira Guerra Mundial, depois a Segunda Guerra Mundial e por fim a Guerra Fria. Além do comércio a vida politica e social sofria mudanças relacionadas aos conflitos externos A Primeira Guerra Mundial estimulou as exportações latino-americanas; provocou aumento no preço dos produtos de exportação, a ponto de aparecerem excedentes comerciais na América Latina. Mas com o fim da guerra houve uma redução nas exportações e anos de recessão começaram e junto agitações sociais. A partir de 1924 o crescimento retomou o ritmo, porém, os preços continuariam instáveis, o que prejudicava a economia. Além disso, os anos de recessão mostraram o quão vulnerável era a América Latina com relação a suas exportações e a dependência com relação ao comércio exterior. Alguns anos depois da instabilidade causada pelo fim da guerra, ocorreu a "Crise de 29" ou "crack da bolsa de Nova York"; Com a diminuição das exportações para a Europa, as indústrias norte-americanas começaram a aumentar os estoques de produtos, pois já não conseguiam mais vender como antes. Grande parte destas empresas possuíam ações na Bolsa de Valores de Nova York e milhões de norte-americanos tinham investimentos nestas ações. Como nesta época, diversos países do mundo mantinham relações comerciais com os EUA, a crise acabou se espalhando por quase todos os continentes; atingindo a América-Latina diretamente nas exportações, causando desemprego, crise econômica, êxodo rural, diminuição de produção nos setores secundário e terciário. Nesta situação o sindicalismo atingiu o seu auge, e os comunistas ganhavam mais visibilidade. Os governantes viram-se obrigados a responder a este desafio e o fizeram tanto pela via repressiva quanto pela tentativa de integração das massas, das camadas populares. O Populismo foi a resposta política para caos social que havia se implantado. Além do estímulo ao
Em um momento histórico no qual uma “nova esquerda” se afastava cada vez mais da teoria para se dedicar à prática revolucionária, dois jovens intelectuais brasileiros com passagens pela organização armada Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) produziram documentos e debatiam a chamada Revolução Brasileira. Este artigo objetiva melhor entender os embates entre dois dos principais teóricos da guerrilha nacional após o golpe civil-militar de 1964. São eles: Ladislau Dowbor e João Quartim de Moraes, ou, como conhecidos em muitos dos seus textos à época, Jamil Rodrigues e Fernando Andrade.
Hábitos de luta: freiras, contestação e ditadura no Brasil
TOPOI, 2020
Este artigo analisa o envolvimento de religiosas em movimentos de oposição ou resistência à ditadura brasileira. A presente reflexão é impulsionada pela constatação de que os trabalhos que se referem às relações entre Igreja e ditadura tratam majoritariamente das ações de padres e bispos, delegando às religiosas um papel secundário e raramente detalhado. Para tanto, nos dedicamos especificamente à observação da forma como tal participação foi retratada por jornais impressos de grande circulação no período em questão. Priorizando reportagens publicadas nos anos 1967 e 1968, nosso intuito é problematizar a participação efetiva de religiosas em passeatas e manifestações, assim como o espaço dessa participação na historiografia contemporânea. Este artigo ampara-se nas discussões de Jacques Semelin sobre a noção de resistência e na categoria de gênero. Palavras-chave: vida religiosa feminina; freiras; Igreja Católica; passeatas; ditadura. A presente publicação vincula-se aos grupos de pesquisa "Ensino de História, memória e culturas" e "Linguagens e representação", que contam com recursos da FAPESC.
O marcelismo à luz da revisão constitucional de 1971
2003
Introdll(;ao: a escolha de Marcelo Caetano A 7 de Setembro de 1968, Oliveira Salazar, presidente do Conse lho de Ministros desde 5 de Julho de 1932, foi operado a urn hematoma craniano. A 16, 0 seu estado de saude piorou (I), e urn dia depois Ame rico Tomas, Presidente da Republica, em reuniao do Conselho de Estado, decidiu substitui-Io. Deixando para tras outros eventuais sucessores (Franco Nogueira, Adriano Moreira e Antunes Varela), Tomas escolheu Marcelo Caetano, que foi nomeado presidente do Conselho a 27 desse mesmo mes (2). Caetano era, para Fernando Rosas, 0 "candidato 6bvio", e Vasco Pulido Valente considera mesmo que "nao havia alternativa" (3). Freire Antu nes, ao contrario, afirma que alguns reagiram contra a escolha de Cae tano-como Franco Nogueira, Soares da Fonseca, e "alguns chefes mili (*) Este artigo constitui 0 resultado de urn projecto de investiga~ao intitulado o marcelismo e a crise final do Estado Novo (1968-1974), realizado no 1nstituto de His t6ria Contemporanea da FCSH, com apoio da FCT/Programa Praxis XXI (Julho de 1999/Julho de 2000). (**
ARQUEOLOGIA E PATRIMÔNIO DA GUERRA: O CASO DO CONTESTADO
O presente trabalho objetiva apresentar alguns dados sobre pesquisa realizada sobre a guerra do Contestado (1912-1916), cujo enfoque arqueológico busca compreender os processos históricos deste conflito bélico a partir das contribuições que os estudos de cultura material podem oferecer.
Ditadura anistia e reconciliacao
Co me ça ria agra de cen do o con vi te da pro fes so ra Ange la Cas tro Go mes, ami ga e co le ga, e do Pro gra ma de Pós-Gra du a ção em His tó ria, Po lí ti ca e Bens Cul tu ra is do CPDOC/FGV. Estar aqui é, para mim, uma hon ra, um pri vi lé gio, um de sa fio. Em re lação às ques tões que pre ten do de sen vol ver nes ta con fe re rên cia -e que tan ta po lêmi ca já pro vo ca ram e, cer ta men te, ain da pro vo ca rão -si tuo-me em dois pla nos: me mo ri a lis ta e his to ri a dor. Me mo ri a lis ta, por ha ver par ti ci pa do in ten sa e pes soal men te de pro ces sos e epi só di os que se rão ma té ria de nos sa con ver sa. His to ri ador, por que te nho de di ca do par te im por tan te da vida a es tu dá-los e a re fle tir sobre eles sob o pris ma da história.
Resistências em disputa: uma análise do processo polissêmico de significação de “luta” e “opressão”
Policromias - Revista de Estudos do Discurso, Imagem e Som, 2020
Este artigo analisa o processo discursivo de deslizamento de sentidos das palavras luta e opressão bem como guerreiro e opressor que circulam em páginas da web, principalmente da rede social Facebook, cujas posições ideológicas são assumidamente de direita. Na perspectiva da Análise de Discurso de vertente materialista, consideramos que a polissemia e a resistência são constitutivas da linguagem, do sujeito e, assim, de todo processo discursivo, o que nos permite compreender o processo polissêmico de deriva de sentidos dessas palavras na conjuntura atual. Assim, concluímos que a significação de luta, opressão e seus derivados, produzida entre os movimentos de paráfrase e de polissemia, depende da posição-sujeito que o enunciador assume em sua relação com a memória discursiva, sendo, portanto, resultado de um gesto de interpretação, e não de um sentido único e consensual.
Resistência, revolução e democracia: o debate sobre a luta armada na esquerda brasileira (1969-1985)
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Resistência, revolução e democracia: o debate sobre a luta armada na esquerda brasileira (1969-1985) 1 Resumo Este artigo tem como objetivo investigar os debates realizados pela esquerda brasileira a respeito da experiência da luta armada contra o regime militar instaurado em 1964. Consideramos a inserção dessa discussão desde o momento da derrota da luta armada até a consolidação do projeto de criação do Partido dos Trabalhadores (PT), em meados dos anos 1980. A conclusão geral do texto é que a esquerda armada realizou intensa discussão sobre o significado dessa experiência até a superação crítica da proposta de luta guerrilheira e a inserção no movimento mais amplo de luta pela redemocratização no país.