REIMAGINAÇÕES CRÍTICAS DA POLÍTICA E DA HISTÓRIA NO ANIME “PATRULHA ESTELAR”, DE LEIJI MATSUMOTO (original) (raw)

DA UTOPIA HERÓICA AO TRAUMA DA GUERRA: MY HERO ACADEMIA E A POLÊMICA EM TORNO DO TERMO HISTÓRICO MARUTA

MUNDOS EM MOVIMENTO: EXTREMO ORIENTE, 2021

Introdução O conceito de SoftPower remete a capacidade que um Estado possui de, indiretamente, influenciar os demais; sendo o Japão um exemplo da aplicação deste conceito. O território nipônico através do chamado Cool Japan-termo que designa mangás, animes, jogos eletrônicos e demais produções do pop japonês, consegue exportar elementos culturais e históricos que angariam um grande número de consumidores. Entretanto, o grande alcance destas produções também é marcado por disputas de memória. Nos últimos anos vemos diversos exemplos de embates no campo público, com destaque para China e Coréia do Sul, contestando a forma como obras japonesas referenciam/representam elementos traumáticos relacionados ao passado imperial nipônico. A maioria destas disputas por memória tem um elemento em comum: o Japão não endossa sua culpa pelos diversos crimes de guerra cometidos contra seus vizinhos asiáticos no passado [vale ressaltar que na esfera judicial, o Japão pagou compensações a estes países. Conforme apontado por [Seaton, 2007]]. Portanto, abordaremos um estudo de caso acerca desta temática, tomaremos como fonte uma controvérsia ocorrida com a obra My Hero Academia/Boku no Hero Academia de Kōhei Horikoshi.

PARA ALÉM DO HISTORICISMO: SENTIDOS POLÍTICOS EM EL HOMBRE QUE AMABA A LOS PERROS, DE LEONARDO PADURA

Resumo: O escritor cubano Leonardo Padura (1955) passou a ganhar um reconhecimento no Brasil a partir do final de 2013, quando aqui foi lançado O homem que amava os cachorros, tradução de El hombre que amaba a los perros, muito embora já tivesse algumas de suas obras anteriormente publicadas no país. No texto a seguir, trago a hipótese de que a recepção desse romance no Brasil passa tanto por uma fetichização da nacionalidade do autor quanto pelo relevante histórico do trotskismo brasileiro. Procuro mostrar, também, como, em consequência da intensa referência histórica utilizada pelo autor para escrever o romance, existe uma tendência de recepção e de análise altamente historicistas. Por fim, defendo que a consideração de construções ficcionais e estéticas em El hombre... acaba por trazer sentidos políticos importantes, capazes de colocar em cheque preconcepções que temos ao encarar a literatura cubana contemporânea. Atenho-me, mais especificamente e rapidamente, à explícita referência à ficção policial do estilo hard-boiled no romance em questão. Palavras-chave: Literatura Latino-Americana. Literatura Hispano-americana. Literatura cubana. Política. Ficção. Em um ensaio denominado " Yo quisiera ser Paul Auster (Ser y estar de un escritor cubano) " , Leonardo Padura faz afirmações que são algumas de suas principais marcas discursivas e que podem servir de precaução para se pensar a literatura cubana contemporânea: Cuando pienso que yo quisiera ser Paul Auster es por razones que ni siquiera tienen que ver con los premios, la fama, el dinero. (...) Pero yo desearía ser Paul Auster, sobre todo, para que cuando fuese entrevistado, los periodistas me preguntasen lo que los periodistas

Niilismo Político e galhofa em Esaú e Jacó, de Machado de Assis

O objetivo geral deste artigo é argumentar que o niilismo político é um leitmotiv do romance "Esaú e Jacó", aparecendo como perspectiva a ser galhofada. A principal reivindicação do presente estudo é que Machado de Assis teve uma aguda consciência do caráter complexo e multifacetado da presença do niilismo em seu tempo. The main purpose of this paper is to argue that nihilism is a leitmotif of Esau and Jacob, presented as a perspective to be mocked. The fundamental claim is that Machado de Assis had an acute awareness of the complex and multifaceted nature of the presence of nihilism in his time.

MEMÓRIA E THANASIMOLOGIA POLÍTICA NO SERTÃO DE PERNAMBUCO INTRODUÇÃO 1

Sociologia e Antropologia, 2020

Este artigo fala dos mortos nas vidas dos vivos e dos vivos nas vidas dos mortos. Ele deriva de uma pesquisa posicionada, desde 1999, no sertão de Pernambuco, especificamente no município de Floresta, localizado na mesorregião do São Francisco e na microrregião de Itaparica, a cerca de 500km de Recife. Ali, essa relação entre vivos e mortos é regulada pela memória, pela vingança e pela política, levando-se em conta a indissociação desses aspectos aos da religião, do território e, evidentemente, do sangue, da família e, enfim, do parentesco. O objetivo deste artigo é o de mostrar a necessidade, tão sincera quanto estratégica, de posicionamento no mundo por meio da constituição e manu-tenção da memória dos mortos para a fabricação e exaltação de uma família, 2 termo cujos sentidos são cambiantes e polissêmicos. Esse argumento é susten-tado pelo núcleo etnográfico do texto: o personagem de Totonho do Marmelei-ro, cuja morte ocorreu, segundo os relatos dominantes atualmente, no meado do século XIX, em meio à caatinga, a 16km da fazenda Ema; esta, por sua vez, distante 42km da sede municipal de Floresta. Pretendo mostrar que a celebra-ção recém-criada em sua homenagem funciona como uma mnemotecnia capaz de celebrar a memória de um morto que, por sua vez, torna-se o meio de enfa-tizar a unidade, a força e as dimensões de uma família há muitas décadas posicionada longe da administração de Floresta, mas também de fazer comu-nidade e de reunir pessoas em torno de um ritual religioso. Essa família é co-sociol. antropol. | rio de janeiro, v.10.01: 221-242 , jan.-abr., 2020 http://dx.

(RE) DESCOBRINDO A PAMPULHA: PATRIMÔNIO, DISCURSOS E ALTERIDADE

Resumo Recentemente incluído na lista do Patrimônio Cultural da Humanidade, o Conjunto arquitetônico da Pampulha, é um dos cartões postais de Minas e do Brasil e uma das referências no imaginário construído sobre a modernidade brasileira, as políticas públicas e expressões artísticas. O presente artigo é fruto de um trabalho desenvolvido com os alunos do 3° ano do Ensino Médio, que estudam em uma escola próxima ao Conjunto Arquitetônico da Pampulha. O trabalho teve por princípio buscar o olhar dos alunos sobre o Patrimônio e entender a relação que os mesmos estabelecem com o conjunto arquitetônico para, a partir de suas experiências, trabalhar questões sobre patrimônio, preservação, memória, alteridade e políticas patrimoniais entendendo que a educação para o patrimônio envolve questões profundas sobre existência e construção do sujeito social.

RETORNO DOS FANTASMAS: DEMOCRACIA TUTELADA E SEUS ECOS NA REFORMA PSIQUIÁTRICA BRASILEIRA

Retorno dos fantasmas: democracia tutelada e seus ecos na Reforma Psiquiátrica Brasileira, 2022

Partimos, no presente artigo, de uma premissa central: a de que os impasses com os quais a Reforma Psiquiátrica Brasileira vem se confrontando nos últimos anos só são satisfatoriamente apreendidos se tomados em referência a uma análise dos impasses com os quais se defronta a própria democracia no Brasil. Nesse sentido, estaríamos assistindo a uma mesma problemática sob escalas sociais distintas, que se expressa na busca pela tutela explícita da loucura pelas instituições, e da democracia pelos militares. Partindo disso, procuramos identificar, por meio de uma interpretação dialética do processo histórico em curso, o que condiciona tais impasses na trajetória de nossa democracia e da luta antimanicomial enquanto hipóteses emancipatórias cujo potencial de materialização ainda é passível de ser verificado.

O HISTORIADOR DA POLÍTICA E A CRISE: DESAFIOS

Começo por uma definição básica dos contornos da história política ou da história do político 1. Esse campo se caracterizaria por reunir estudos dedicado às disputas pela construção (o que inclui a imaginação), conquista e manutenção (o que inclui a legitimação) do poder político. No nosso caso os fenômenos são observados em perspectiva histórica, obviamente, e as pesquisas podem colocar em foco igualmente ações, agentes, instituições e representações políticas as mais diversas. Feita essa definição inicial apresento a proposta da conferência: observar os impactos da crise atual sobre a historiografia dedicada à política, inclusive levando em conta algumas questões de natureza teórica, e refletir sobre a contribuição dos historiadores para a compreensão dos impasses atuais, em que concorrem com outras formas de apresentar/representar o passado e também com as ciências sociais. Além disso, a proposta é também debater sobre as diferentes formas de atuação pública dos historiadores em meio a esse contexto. Em outras palavras, trata-se de analisar os impactos da política sobre o conhecimento histórico e, na outra direção, a atuação da historiografia no espaço público. Temos visto recentemente alguns atores políticos e publicistas/jornalistas repetirem uma fórmula clássica, o que ao mesmo tempo destaca o lugar tradicional da história e denota a preocupação de tais agentes em garantir um lugar na posteridade. Têm se falado muito em julgamento da história e têm se especulado sobre o que dirão do momento atual os historiadores do futuro (Uma digressão provocativa para quem acredita que todos os eventos históricos são inventados pelos historiadores: com isso os contemporâneos transformam estes eventos em fato histórico, o que ficará como legado para os historiadores que não terão o papel de inventar o fato, mas de compreendê-lo e explica-lo). Não é coincidência que nos eventos realizados para debater os atuais impasses 1 Recentemente, tornou-se comum a flexão no gênero tradicional da palavra política e o uso de político, no masculino. O propósito dessa flexão de gênero, em geral, é utilizar " político " para expressar campo mais amplo que o abarcado tradicionalmente pela " política " , incorporando também o universo das representações e do imaginário. A esse respeito ver ROSANVALLON, Pierre. Por une histoire conceptuelle du politique. Paris: Seuil, 2003. Entretanto, não é indispensável o uso de " político " para expressar a ampliação do campo da política. Pode-se manter o uso da expressão tradicional e entender que ela passou a englobar também questões e fenômenos anteriormente não contemplados.

O BRASIL REPUBLICANO EM PERSPECTIVA: DIÁLOGOS ENTRE A HISTÓRIA POLÍTICA E A HISTÓRIA INTELECTUAL

O Brasil republicano em perspectiva: diálogos entre a história política e a história intelectual. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2020

“Esta obra que aqui se apresenta aos leitores é de grande importância não apenas para os historiadores e demais estudiosos da história do Brasil republicano, mas também para todos aqueles interessados em melhor compreender algumas ideias e projetos político-institucionais que pautaram a construção do Brasil moderno – de um novo modelo de Estado, desenvolvimento econômico e relações sociais cujos traços marcaram a história do Brasil republicano desde os anos 1930. A coletânea traz textos de alguns jovens e outros mais experimentados historiadores que se propõem a avançar de forma competente no diálogo entre as histórias política e intelectual, tendo por referência empírica a história do Brasil republicano”. Prof. Dr. Luciano Aronne de Abreu (PUCRS)