A paixão do político em Maquiavel - A Mandrágora (original) (raw)

Maquiavel e a política do desejo

O artigo leva em conta as diferentes leituras da obra de Maquiavel – as quais tentam explicar a dualidade do autor (ao mesmo tempo republicano e conselheiro de Lorenzo de Médici) – e traz para o primeiro plano de análise a defesa da liberdade e a articulação desta com a dinâmica dos humores da cidade a fim de pôr em relevo a decisiva contribuição de C. Lefort para a discussão do caráter democrático dos ensinamentos do pensador florentino. Em seguida, trata-se de encontrar no Discurso da servidão voluntária, de La Boétie, e nos Ensaios, de Montaigne, isto é, na recepção francesa da filosofia política de Maquiavel orquestrada no século XVI, novas evidências da articulação entre desejo e liberdade. Tais elementos não apenas se mostram consoantes a interpretação fornecida por C. Lefort, mas também promovem desdobramentos importantes no que se refere à reflexão sobre a institucionalização do desejo do povo e sobre o poder deste para salvaguardar a liberdade da república frente à ambição dos grandes.

Conflito e liberdade: a vida política para Maquiavel

Conflito e Liberdade. A vida Política Para Maquiavel é uma obra que mostra como o par conflito e liberdade se constitui no princípio vital da vida política. O livro nos leva a compreender que a democracia é fecunda quando animada pela força viva da ação popular. É o que Maquiavel nos ensina quando nos leva a reconhecer na divisão social de povo e elites a oposição de projetos políticos concretos. A vida política será saudável e promissora quando nela o povo toma posição de protagonismo no enfrentamento dos interesses elitistas. Este livro é uma lição de Maquiavel sobre liberdade e igualdade como bases da vida democrático-republicana.

Maquiavel, a república e o desejo de liberdade

Trans/Form/Ação, 2007

O objetivo do artigo é compreender alguns aspectos do republicanismo de Maquiavel concedendo atenção à sua teoria dos humores. Mais especificamente, trata-se de entender qual a natureza do desejo do povo e seu papel na vida política. A principal hipótese deste trabalho é a de que a função que Maquiavel atribui ao povo, o guardião da liberdade, exige, para seu cumprimento, a participação ativa do cidadão nos afazeres cívicos, isto é, sua inscrição no espaço público como agente político. Essa inscrição não pode ser inteiramente compreendida se o desejo que caracteriza o povo carecer de qualquer determinação, isto é, se for tomado somente em uma perspectiva negativa.