O Padre António Vieira E Os" Sinais (Na Mentira Azul) Do Céu" (original) (raw)
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O Padre António Vieira e a Companhia de Jesus
2008
O momento histórico da afirmação da Companhia de Jesus No advento da Idade Moderna nascia a Companhia de Jesus, enraizada no humanismo da reforma, mas também inegavelmente na mais genuína tradição tardo-medieval de uma piedade centrada em Cristo. Catalogada tantas vezes como a era da revolução 'antropocêntrica' e do espírito crítico, o Renascimento não foi, como algumas visões redutoras (hoje desmontadas) fizeram crer, a idade em que o homem dispensava e se despedia de Deus. O advento da modernidade, com efeito, é uma fase da história com um afinadíssimo sentido do religioso, não menos que a chamada Idade Média. Trata-se talvez, de uma nova interpretação do religioso, um novo olhar sobre as fontes, quando uma nova globalização proporcionava quer a universalização do cristianismo nos mundos que Portugal deu a conhecer ao mundo, quer, também o gérmen de um comparativismo religioso que abriria as portas ao relativismo moderno. Ao nosso olhar contemporâneo, nascido neste relativismo religioso e num certo indiferentismo, é difícil aceitar que o momento histórico dessa primeira globalização à escala planetária, o momento que ainda surge designado nos manuais como o do 'antropocentrismo', seja tão marcado por um sentido tão forte do homo religiosus e por uma tão grande efervescência es
“Próclise e ênclise em Padre António Vieira”.
O presente artigo aborda a posição dos clíticos em português, nas orações principais afirmativas sem proclisadores. Partindo do princípio de que, no final do período clássico da língua (séc. xvii), estaria em curso uma mudan- ça no sentido da substituição da próclise pela ênclise nas construções referidas e verificando-se que, por um lado, autores que funcionam como auctoritas na época, em matéria de usos linguísticos, como D. Francisco Manuel de Melo e Pe. António Vieira, apresentam tendências muito diferentes quanto à posição dos clíticos (Martins 1994) e, por outro, que tais tendências são também muito diversas entre os Sermões, estudados por Martins (1994) e as Cartas, estudadas por Galves (2003) e Galves, Britto e Sousa (2005), do Padre António Vieira, apresentam-se aqui, recorrendo a uma abordagem fundamentalmente quantitativa, os dados do longo texto da Representação…, de Padre António Vieira, em confronto com os dados dos Sermões e das Cartas, com o objectivo de verificar a relevância dos factores cronologia e género na opção pela próclise ou pela ênclise neste período. Os dados analisados permitem confirmar a irrelevância do factor cronologia e a relevância do factor género, permitindo ainda atestar a persistência nos textos de Vieira de dois traços antigos: a interpolação e a mesóclise.
Padre António Vieira: o discurso engenhoso em nome da fé e da salvação do homem
Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 2016
No século XVII, o sermão é a via da evangelização do catolicismo. Baltazar Gracián, o grande teórico da retórica barroca, elabora as normas do discurso engenhoso: um saber fazer com a palavra, um trabalho de reconstrução da língua. Em seus sermões, padre António Vieira coloca o engenho a serviço de um discurso que se inscreve em uma das versões míticas sobre Portugal: uma nação cujo povo espera com a ressurreição de Dom Sebastião, o rei morto na batalha de Alkácer Kibir, reconquistar o passado glorioso da época dos descobrimentos.
Escrutar as Escrituras com arte e com alma. Vieira e a Bíblia A obra do padre António Vieira está repleta de citações bíblicas, e toda ela fundada na Sagrada Escritura. Os seus sermões desenvolvem-se a partir de um tema (único) retirado do "Texto sagrado", geralmente um versículo ou um pequeno trecho dos Evangelhos. As obras proféticas, sobretudo as de maior folego (História do Futuro e Clavis prophetarum), mais do que desenvolverem uma teologia sistemática, como bem notou Besselaar, são sobretudo tratados exegético-retóricos sobre o fim da história 1 . Em outros escritos, particularmente em alguns apensos ainda inéditos, ele dá mostras de conhecer o que de melhor se fazia na exegese do seu tempo. Aliás, a lista dos autores citados nas suas obras é impressionante. Se os consultou diretamente ou se os cita socorrendo-se de comentadores, como é geralmente o caso na História do Futuro (ver Besselaar 1974; Banza 2004), aqui pouco importa.
Vieira e a alegoria dos teólogos e do Renascimento
Travessias pela literatura portuguesa: estudos críticos de Saramago a Vieira, 2013
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A teologia retórico-humanista do Padre António Vieira
2019
O padre Antonio Vieira escreveu uma obra de circunstância – as cartas, os sermoes e os papeis –, que ele chegou a apelidar de «choupanas», e uma obra de grande investigacao – a Chave dos Profetas –, que tambem apelida de «palacios altissimos». Em todos os textos perpassa uma teologia retorico-humanista, que ele partilha com muitos dos pensadores do seu tempo, e com os seus confrades em particular. O inovador desta teologia e que ela faz tambem recurso a «novas» fontes (a reflexao historica e a espiritualidade jesuita) e a novas inspiracoes (proprias de Vieira) que a tornam unica e merecedora de um aprofundamento que ainda nao foi feito. Palavras-chave: teologia positiva, retorica, Exercicios Espirituais, Reino, escatologia.
A atualidade na História do Futuro de Padre António Vieira
Revisitar Vieira No Século XXI - Vol. I: Cultura, Política e Atualidade, 2020
Este ensaio procura a atualidade na História do Futuro de Padre António Vieira. Como é que uma obra escrita há mais de três séculos pode falar tanto dos desafios que hoje atravessamos? Propomos um percurso eminentemente ontológico. Primeiro, e tomando a futuridade na ficção enquanto um dos disparadores da modernidade, revelam-se impulsos de reconfiguração humana. Seguir-se-á a própria futuridade enquanto exercício ontológico – como o tempo em Vieira, enquanto processo em curso, revela um futuro a remeter para o presente. Daí a pertinência de ficcionar mundos fora da ciência, porque o futuro que nos chega é inimaginável: o planeta a reagir ao agenciamento humano com mutações climáticas e geológicas nunca antes vistas. Eis o Antropoceno, estando ainda por perceber as suas consequências. Mas é também este o momento em que o projeto fraterno do Quinto Império ganha renovada relevância política. Palavras-chave: Futuridade, Antropoceno, Apocalíptico, Ficção fora da Ciência
Sermões em manuscritos, folhetos e livros: o caso do Padre Antônio Vieira
Livro e história editorial: livro do seminário, 2004
Após o processo inquisitorial que sofreu nos anos de 1663 a 1667, Vieira reorganiza seus sermões, revisando-os e destinando-os para a impressão, buscando em manuscritos, folhetos e impressões estrangeiras, marcas de suas pregações com o fim de recompô-las. Ao revisar seus sermões, Vieira reorienta a pregação de acordo às circunstância, atualizando as questões e temas neles tratados. Discutir as relações entre tais circunstâncias e a forma que abriga o desempenho retórico de alguns sermões, principalmente no que tange a profecia do V Império é o objetivo desta apresentação.