O lugar do "outro" na autoficção: o antagonismo do "eu" nos romances Berkely em Bellagio e Lorde (original) (raw)

Eus e outros (eus): a ficcionalização de si em Clarice Lispector e Fernando Pessoa

Revista Versalete, 2020

In this paper we make a more detailed reading of the process of self-fictionalization in Fernando Pessoa and Clarice Lispector, by analyzing their own texts (fiction and nonfiction). Although we agree with Leticia Pilger da Silva's (2018) analysis on Clarice Lispector's creation of “the other”, this work proposes another name for the phenomenon, given that such creation might not occur by “quadratic pseudonym”, but by heteronomy, thus maintaining the same nomenclature for both Pessoa and Clarice Lispector. However, her heteronomy would be by assimilation, and his by opposition.

O Eu É Outro: Primeira e Terceira Pessoa Na Autoficção

Revista Scripta Uniandrade

The presence of autofictional texts in contemporary literature is remarkable today. After the emergence of the concept in 1977, the term went through a theoretical validation conveyed by approval and refusal which, however, did not disclaim it as a typically recurrent practice of contemporaneity. As a new trend, born as a consequence of the triple shock as concerns theory, criticism and literary practice, today it generates examples of extrapolation of the limits previously defined for the supposedly stable gender. This trend is the highlight of this study, aiming to make evident the way in which autofiction devises different narrative forms and modes, no longer attached to the first traits that characterized it, or tried to do so.

O reconhecimento de si na narrativa: a projeção do eu como outro em Boyhood, de J. M. Coetzee

Acta Scientiarum, 2022

Este trabalho investiga as formulações de identidade no campo literário erigidas pelo reconhecimento de si alcançado pela práxis narrativa. Tal problema é formulado a partir da obra Boyhood, de J. M. Coetzee (1997). A analítica do objeto literário será focalizada a partir da constituição do eu projetado no discurso por meio da construção da figura ficcional. Assim, busca-se observar como a projeção discursiva do eu como um outro implica um percurso de reconhecimento que é a base da conformação da identidade do personagem. Em uma abordagem fenomenológico-hermenêutica, recorre-se a Paul Ricoeur e Phillip Lejeune a fim de elaborar a teorização necessária para dar cabo da proposta investigativa; bem como as ideias de Walter Benjamin sobre narração e experiência. Desse modo, apoiadas na discussão teórica articulada à análise literária, as reflexões indicam para o enquadramento da narrativa como forma de organização e transmissão da experiência e espaço privilegiado para o reconhecimento de si e, por extensão, meio constituinte da identidade.

A ficção do Eu e o Outro na literatura da homossexualidade

Esta pesquisa aborda como o relato de teor biográfico, com ênfase no texto literário, implica na questão sobre a subjetivação dos sujeitos e de suas identidades. Se, por um lado, a subjetivação opera num nível anterior ao sujeito, mas, ao mesmo tempo, ele pode cooperar com esse processo com a finalidade de tornar a si mesmo um sujeito inteligível e possível na interlocução com o outro, compreende-se aqui o relato de si como uma estratégica ficcional e discursiva na qual os sujeitos procuram adquirir alguma agência sobre suas subjetividades. O exemplo utilizado para ilustrar o problema é a produção literária de quatro autores homens que, seja por suas biografias ou temáticas autorais, estiveram envolvidos com formas de identificação relacionadas à homossexualidade. O diário de Carella registra que homens fazendo sexo entre si não é o bastante para considerá-los gays; é preciso também possuir um estilo de vida baseado na abdicação da virilidade. Rawet coloca o homossexual na sua constelação de proscritos – marginais, prostitutas, pobres e estrangeiros. Segundo o autor, é uma maneira de persistir sendo o outro. Nos textos autobiográficos de Herbert Daniel, ser gay e tornar-se gay ocorrem no âmbito da ficcionalização de si, como resistência ao ato inaugural de clausura da identidade. E Caio Fernando Abreu dedica-se a subverter os termos pelos quais as pessoas são reconhecidas como inteligíveis ao enfatizar a potência dos afetos contra a violência da identificação. A comparação entre os textos dos quatro autores revelou que cada um deles tenta responder à pergunta “O que é um homossexual?”. As respostas para essa interpelação, na verdade, questionam a própria validade desse tipo de questão, seja porque desde já ela anuncia uma identidade homossexual, seja porque ela não é eficaz para descrever sujeitos que possuem muito pouco ou nada em comum. Além disso, o recorte temporal desta tese, nos textos avaliados, demonstrou que a interpelação mencionada é sempre modulada de acordo com os padrões de masculinidades de cada época. Logo, a subjetivação mobilizada por meio da homossexualidade não está separada das formas de masculino e até mesmo são necessárias ou condicionadas a elas. This research deals with the reporting of biographical content, with an emphasis on literary text, and how it solves the question of subjectivity among subjects, and their identities. If, on one hand, subjectivity is applied on a prior level to the subject but, at the same time, they can cooperate with the process in order to make themselves an intelligible and able subject in the dialogue with each other, it is understood that the account in itself is a fictional and discursive strategy, in which subjects seek to acquire some agency about their subjectivities. The example used to illustrate the problem is the literary production of four male writers who, either by their biographies or literary work, have been involved with ways of identification related to homosexuality. In Tulio Carella’s journals men have sex with each other although that is not enough for us to consider them as gay; according to the text, one must have a lifestyle based on the abdication of virility to be considered homosexual. Samuel Rawet’s homosexual men resides in his constellation of outcast – prostitutes, poor people and foreigners. According to the author, being an outcast is a way to persist as the Other. In Herbert Daniel’s autobiographical writings, being or becoming gay may occur within the fictionalization of oneself as resistance to the identity. Caio Fernando Abreu’s prose is dedicated to subvert the terms by which people are recognized as intelligible to emphasize the power of affects against the violence of identification.The comparison of the texts of the four authors revealed that each of them tries to answer the question "What is a homosexual?". The answers to this interpellation, in reality, question the actual validity of such a question, be it due to it already announcing a homosexual identity, or because it is not effective at describing individuals who have little or nothing in common. In addition, the time frame of this thesis demonstrates that the interpellation mentioned is always modulated in accordance with the masculinity standards of the time. Therefore, the subjectivity mobilized through homosexuality is not separate from types of males, and are even necessary or conditioned to them.

Autobiografia: relação fantasmática entre as escritas do eu e as escritas de si

2015

This paper, by means of the Sartrian autobiographic project, whose literary production proposes us several manners of “self-writing”, highlights debates on singularity and alterity, the self and the other, the “bio” and the “graph”, to exam how the scriptural trajectory of this project allows us to revisit the nuances that mark out the problematic identity of the writer.

"O outro avança sobre mim": Dimensões da vida anônima e impessoal

Sustentado na análise de materiais heterogêneos, o texto aspira a construir um marco de leitura para uma série de práticas culturais latino-americanas que pensam a experiência para além do prisma da consciência individual, pensando a vida na sua densidade anônima e impessoal. O trabalho se sustenta na hipótese de que várias transformações sobre os modos de se conceber a subjetividade, a escrita, e a comunidade podem ser apreendidas a través de práticas culturais cada vez mais numerosas que registram a transformação de uma paisagem social onde os deslocamentos, o nomadismo, e a contingencia das relações pessoais são cada vez mais numerosas. Algumas intervenções radicais na cultura latino-americana contemporânea apontam para uma desconstrução da categoria de pessoa que exploram formas do impessoal ou anônimo e insistem em interrogar a intensidade de uma experiência que é irredutível a um eu ou individuo. Trabalharemos com textos e práticas de, Diamela Eltit, Claudia Andújar, Gian Paolo Minelli, e Patricio Guzmán.

O 'Eu' e o 'Outro' - Uma Leitura do Capítulo: Seeing and Theming, do Livro The Turist Gaze de John Urry

This brief paper aims, without great claims, to be a reflection on the seventh chapter, Seeing and Theming, of the book The Turist Gaze by John Urry. In the first part of the chapter, Seeing and being seen, Urry analyzes the issue of the tourist gaze and how photography, from the nineteenth century, has resulted in new ways of gazing, moving then in Themes and Malls to examine one of the specific aspects of the tourist gaze, relating it with a series of produced environments, oriented to tourist consumption. Thus, this short essay will be structured in two chapters, which correspond to the first and second part of the seventh chapter of John Urry’s book. After the analysis of these ideas, we will list other theories, of other authors, which could, perhaps, be connected to the subject of this chapter.

Todo Romance É Um Tipo Superior De Autobiografia: À Guisa De Apresentação

Littera Online, 2021

Salta o peixe das vastidões do mar, salta o peixe e este salto nem sempre ocorre no momento propício, nem sempre advém próximo à terra, às ilhas, aos arrecifes, nem sempre há luz nessa hora, pode o peixe encontrar um céu negro e sem ventos, ou uma tempestade noturna sem relâmpagos, ou uma tempestade de raios e relâmpagos, assim o salto, o instante do salto, esse rápido instante pode coincidir com a treva e o silêncio, pode coincidir com o mundo ensolarado, enluarado, o peixe no seu salto pode nada ver, pode ver muito, pode ser visto no seu brilho de escamas e de barbatanas, pode não ser visto, pode ser cego e também pode no salto, no salto, no salto, encontrar no salto, exatamente no salto, uma nuvem de pássaros vorazes, ter os olhos vazados no momento de ver, ser estraçalhado, convertido em nada, devorado, e o espantoso é que esses pássaros famintos representam a única e remota possibilidade, a única, concedida ao peixe, de prolongar o salto, de não voltar às guelras negras do mar. Mas não serão essas aves, seus bicos de espada, uma outra espécie de mar, sem nome de mar? OSMAN LINS