A História Natural em Domingos Vandelli (original) (raw)

Os Monstros Ainda “Existem”? Os Monstros De Vandelli e O Percurso Das Colecções De História Natural Do Século XVIII

2011

O século XVIII foi bastante rico em interpretações e dissertações sobre Monstros. Este espécimens, como herança dos gabinetes de curiosidades, passaram a receber uma abordagem de cariz científico que, já no século XIX, com Saint-Hilaire, ficou conhecida como Teratologia, a ciência dos Monstros. Portugal não foi excepção e regista-se a presença de Monstros nas colecções de História Natural logo desde o início das mesmas. O trabalho mais importante exclusivamente dedicado aos Monstros deve-se a Vandelli, em Dissertatio de monstris (1776), que faz uma resenha sobre as doutrinas preformacionistas e epigenistas, e como cada uma poderia explicar a formação de Monstros, e onde também são catalogados e descritos os Monstros que existiam nas colecções da Universidade de Coimbra e Real Gabinete de História Natural da Ajuda, em Lisboa. O interesse científico pelos Monstros no século XVIII/XIX desapareceria gradualmente dos museus durante a segunda parte do século XIX, início do XX. No entanto, os Monstros sobreviveram a esta evolução e, ainda hoje, alguns descritos por Vandelli podem ser encontrados nas colecções nacionais. Em termos gerais, por serem peças inconfundíveis, quando existem, são uma evidência do percurso de colecções, e testemunham também a evolução da sua importância no discurso científico e concepção das colecções. Ao mesmo tempo, são espécimens com uma nova conotação: não obstante o valor científico per si, são hoje espécimens históricos, cuja história particular serve também para contar a história da ciência e dos museus que os guardam. Em 1776, é publicado em Coimbra, nas oficinas tipográficas da Universidade, uma das mais singulares obras do paduano Domingos Vandelli (1730-1816): a breve dissertação teratológica, Dissertatio de monstris.

Natureza e história em Walter Benjamin

Literatura e Autoritarismo, 2023

Resumo: Enquanto a questão da história é um dos temas mais discutidos na obra de Walter Benjamin, a da natureza ocupa um lugar marginal na crítica benjaminiana. No entanto, o presente ensaio procura mostrar que, com a redução do papel do sujeito na modernidade, aumenta a importância de uma natureza que escapa ao seu controle. Com a rejeição de um conceito progressista de história, os acontecimentos, para Benjamin, parecem obedecer muito mais a processos conhecidos das ciências naturais do que às projeções políticas de uma sociedade moderna.

O químico e naturalista luso-brasileiro Alexandre Antonio Vandelli

Química Nova, 2009

Recebido em 10/12/08; aceito em 18/5/09; publicado na web em 20/10/09 THE LUSO-BRAZILIAN CHEMIST AND NATURALIST ALEXANDRE ANTONIO VANDELLI. Alexandre Vandelli was the heir of two illustrious scientific traditions in the Luso-Brazilian world of the late eighteenth and early nineteenth centuries, that of his father, the celebrated Italian-Portuguese naturalist and chemist Domingos (Domenico) Vandelli, and that of his father-in-law, that protean figure in several scientific specialties as well as in politics, José Bonifácio de Andrada e Silva, who in later life was of paramount importance in the process of Brazilian independence from Portugal. The younger Vandelli followed their footsteps but soon engaged in a multiple career, at first in Portugal and later in Brazil, of which little is known and is here presented for the first time.

A História nos Marcos da Natureza Humana

Cadernos de Ética e Filosofia Política 14, 1/2009, p.7-23.

Resumo: O texto reconstrói as bases teleológico-morais para a consti- tuição da moderna ciência da história. A chave dessa reconstrução é o escrutínio da idéia kantiana de plano da natureza, idéia que é investi- gada nas obras de Adam Smith, Hegel e Marx. Para criticar essa idéia, argui-se o pensamento de Fukuyama e defende-se que a ligação entre democracia e economia liberal é melhor explicada pela natural inclina- ção humana para a simetria do que pela noção de reconhecimento. O argumento é que o projeto de Fukuyama não encontra amparo na sele- ção da espécie, ao passo que o desejo por simetria sim. A essa aborda- gem subjazem as teses de que feita a crítica à teleologia moral, a história tem de ser compatível com a evolução, e de que a naturalização da his- tória implica numa naturalização da moral. Palavras-chave: teleologia – moral naturalizada – plano da natureza – teoria da história – evolucionismo.

A CONCEPÇÃO DE NATUREZA NA HISTÓRIA

Trabalho apresentado e publicado nos Anais do Encontro Intercontinental sobre Natureza, em 2007 (Fortaleza). Resumo Podemos definir uma concepção contemporânea de natureza? Será que nos dias atuais existe uma única visão de natureza? Estamos num processo de reconstrução dessa concepção, anunciada pela profunda crise por qual atravessa o modelo de racionalidade científica moderno. O que temos hoje é a soma de diversas visões de natureza observadas ao longo da história da humanidade. Tais visões de natureza foram modificadas gradualmente através de mudanças sofridas no pensamento científico e tecnológico, e nas relações sociais. Isso não quer dizer que houve a sobreposição de uma determinada concepção de natureza a uma anterior, ou uma espécie de compartimentação de concepções. O que ocorreu foi uma alteração gradual dessas concepções e sempre com resquícios das antecedentes. Partindo dessas premissas, o ensaio em questão tem como objetivo, discutir sobre as diversas visões de natureza concebidas pelos seres humanos ao longo da história, bem como suas influências na relação Sociedade-Natureza atual. Entendemos o trabalho realizado como uma contribuição ao conhecimento das várias concepções de natureza que permearam a história da humanidade, bem como a compreensão de que tais concepções impregnam, de maneiras diferentes, em todas as esferas da nossa vida.

Língua e terminologia nas memórias económicas de Domingos Vandelli de 1789

Estudis Romànics, 2011

através das notícias que mais tarde deu das colecções de objectos e espécies destinados ao seu museu privado e, sobretudo, através da correspondência que manteve com Carl Lineu [...], confirma-se a sua vocação de naturalista atento ao desenvolvimento científico em curso na Europa ilustrada de meados do século XVIII (Cardoso 2003a: 3).

Uma breve história dos indígenas de Domingos Martins

Dimensões

Esse texto tem como objetivo apresentar um breve histórico da presença das populações indígenas no território que hoje é chamado de Domingos Martins. Populações essas que tiveram contato com os primeiros imigrantes alemães e italianos em meados do século XIX. Com isso, em forma de ensaio apresentar um pouco da história e da cultura, com os dados da arqueologia e da etnohistória, dessas populações que habitaram região, além de despertar o interesse nessa tão importante e esquecida da parte da história do Espírito Santo.

Entomologia do Museu Goeldi

Acta Amazonica, 1981

Resumo Entomologia, como disciplina de pesquisa no Museu Goeldi, se iniciou em 1899, com a chegada de Adolpho Ducke, especialista no estudo de vespas e abelhas. Em 1954. quando o Museu passou a ser administrado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a Entomologia era abandonada e não existiam entomologistas trabalhando no Museu. A reativação do Departamento de Entomologia começou em 1960 com a contratação de Jan Karel Bechyné e Bohumila Springlova Bechyné, especialistas em besouros chrisomelídeos. Em 1962 seguiram Dalcy de Oliveira Albuquerque, Isolda Rocha e Silva Albuquerque e Roger Hipolyte Pierre Arlé. Atualmente, há no Museu Goeldi cinco entomologistas que pesquisam a sistemática, ecologia e comportamento de vespas, formigas, cupins, motucas e outros insetos da rica entomofauna da Amazônia Brasileira.