Representações do monstruoso nas narrativas de Frankenstein e Blade Runner RESUMO (original) (raw)
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Representações do monstruoso nas narrativas de Frankenstein e Blade Runner
Revista de Letras
A proposta deste artigo, que é um estudo qualitativo e interpretativo, é trazer à discussão algumas representações do monstruoso que aparecem nas artes (literatura e cinema) sob a perspectiva discursiva, representações essas que remetem ao não humano, a partir da análise de alguns recortes discursivos selecionados de duas obras artísticas: a primeira, o romance Frankenstein, um marco na literatura gótica, que continua sendo lido e adaptado para outras linguagens até nossos dias; e a segunda, Blade Runner, filme dos anos 80, que foi um dos pioneiros na construção do “monstro androide”. Nosso estudo busca analisá-los à luz dos estudos do discurso em articulação com a teoria do pós-humano e com o conceito do “estranho familiar” da psicanálise freudiana. Esse estudo procurar relacionar os seres que povoam nossa imaginação a novas formas de subjetivação, que lidam com os agenciamentos entre tecnologias, máquinas e outros seres e objetos. Analisamos algumas representações que emergem do ...
Noiva, criada, ciborgue: monstruosidade e gênero no Frankenstein de M. S
Viso: Cadernos de estética aplicada , 2019
The article proposes a reading of Mary Shelley's Frankenstein (1818) through some of her feminine or feminized figures, in order to suggest, in dialogue with authors such as Halberstam, Mellor, Riskin and Haraway, an interpretation of monstrosity, in the novel, as a feminine type capable of threatening the scientific project of conquering nature.
Monstros, humanos, transumanos: ecos literários de Frankenstein
https://repositorio.ul.pt, 2023
A influência de Frankenstein (1818), de Mary Shelley, na cultura ocidental é vasta e contínua há cerca de dois séculos. Frankenstein ainda se revela uma obra significativa e pertinente na contemporaneidade, tendo em conta nomeadamente os avanços científicos e tecnológicos que aproximam a humanidade de um futuro em que se julga possível transcender a dimensão biológica do ser humano. Na presente dissertação, propõe-se uma análise dos ecos de Frankenstein em duas obras literárias contemporâneas: La Madre de Frankenstein (2020), de Almudena Grandes, e Frankissstein: A Love Story (2019), de Jeanette Winterson. Através da comparação de um romance histórico e um romance de ficção científica, respetivamente, pretendemos traçar duas linhas interpretativas dos motivos mais comuns da obra de Mary Shelley. A primeira linha ancora-se na vertente arquetípica da figura de Frankenstein, que opera como metáfora e referência cultural para se compreender outras explorações dos conceitos de criador e de monstro. A segunda linha procura reproduzir a narrativa de advertência de Frankenstein acerca da imprevisibilidade das consequências da busca científica e dos perigos da ambição humana, adaptada a novas circunstâncias. Nesse sentido, o nosso estudo dos romances de Grandes e Winterson alicerça-se na discussão dos conceitos de “monstro” e “criador”, “humano” e “humanidade”, e “transumano” e “pós-humano”. Pretendemos averiguar de que modo estas obras literárias representam as suas interpretações das figuras de criadores e de monstros, comparando as diferentes abordagens, bem como analisar as novas questões que estes romances levantam em relação a esses tópicos e a forma como o seu retrato dos motivos de Frankenstein contribui para a longevidade desta obra.
Frankenstein: a trajetória errante de um monstro narrativo
Passagens, 2017
O presente artigo tem como objetivo abordar aspectos da narrativa de Frankenstein, de Mary Shelley, no que diz respeito a obra original, de 1818, e suas adaptacoes. A recorrencia da obra e de seu personagem principal sao abordadas a luz da transtextualidade de Genette (1982), da teoria da adaptacao de Hutcheon (2011) e da analise pragmatica da narrativa de Motta (2013), a qual destaca, entre outros niveis de analise, a abordagem metanarrativa, que da conta da dimensao etica e moral a que a historia esta ligada.
Da maldade da criatura e do criador: Considerações sobre "Frankenstein"
Revista Resenhando, 2022
Em 1818, pelas mãos da jovem Mary Shelley, nasce "Frankenstein", um dos maiores marcos na literatura gótica, além de considerada a primeira obra de ficção científica. Sob pontos de vista de estudos e excertos acerca da definição do mal, bem como sobre o mal na Literatura, esta resenha procura analisar alguns aspectos filosóficos e científicos incutidos no romance de Shelley a partir, principalmente, de observações relativas aos dois personagens centrais da obra: Victor Frankenstein, personagem-título e principal narrador, e o monstro criado por ele. Além disso, busca-se ressaltar a importância de "Frankenstein" quando para a realização de estudos acerca dos movimentos sociais e filosóficos que povoavam a Inglaterra no período no qual a história foi composta. A relevância do romance de Mary Shelley como instrumento de estudo, bem como sua linguagem agradável e os conceitos imutáveis instalados na narrativa, conferiram à obra perenidade, o que a mantém, deste modo, excepcionalmente atual mesmo mais de dois séculos após ser lançada.
A ciência monstruosa em 'Frankenstein': aspectos do pós-humano
Gragoatá
Este trabalho tem por objetivo investigar de que maneira as descobertas e o pensamento científico do final do século XVIII e início do século XIX (período conhecido como Segunda Revolução Científica) influenciaram a escrita do romance Frankenstein (1818), de Mary Shelley, assim como analisar como essa obra apresenta aspectos que contribuem para o estudo do pós-humano. Frankenstein foi escrito em meio a um contexto de profundas revoluções no pensamento filosófico-científico que informaram diversos elementos presentes no romance: as teorias sociais de William Godwin e Mary Wollstonecraft, as hipóteses sobre o princípio da vida de Erasmus Darwin, os experimentos com eletricidade de Luigi Galvani, entre outros. Por outro lado, em uma perspectiva contemporânea, Frankenstein é uma obra que inaugura vários aspectos que viriam a ser lidos pelo prisma do pós-humano. Ao descrever as possíveis (e terríveis) consequências da junção da esfera do humano com as do animal e do tecnológico, o romanc...
O passageiro das trevas: estética e psicologia do monstro em Frankenstein
Revista SOLETRAS, 2014
Thiago dos Santos Braz da Cruz 2 Bolsista FAPERJ / Assessor Editorial EdUERJ Resumo: As experiências transformadoras que marcaram a modernidade foram inscritas, em parte da literatura universal, junto às (de) formações do homem-tanto físicas quanto morais. Dizemos que a configuração de personagens na pele de monstros abomináveis representou tanto uma tentativa de exteriorizar e compartilhar aspectos dissimulados ou particulares do ser humano em crise quanto manifestações da resistência desse sujeito (moderno) ao discurso do poder. O objetivo da pesquisa é mostrar como a figura do monstro na literatura universal pode acionar um mecanismo de recusa dos paradigmas elogiados no período, ao mesmo tempo em que reproduz "o outro" humano (arquétipo sombra (JUNG, 2002) dentro do humano-o lado inconsciente dos homens, segundo a psicanálise de Jung, estudada por Mednicoff (2008). Observamos que tais seres, reconhecidos como bizarros, têm encontrado, na sua passagem pela literatura e por outras linguagens, ampla acolhida na recepção contemporânea. Aqui, nos deteremos na difundida obra da literatura gótica Frankenstein, de Mary Shelley (1831), entendendo a preconizada deformidade do personagem monstruoso não somente como marca de excludência, complexo de inferioridade ou ode à vitimização, mas também como transgressão do modelo vigente e alternativa à sobrevivência. A perspectivização do monstro é entendida por nós como resistência à forma perfeita e, ao mesmo tempo, busca do ser pela própria autonomia através da quebra de expectativas, recusa à massificação, transgressão de normas sociais e reconfiguração identitária.
Representações e apropriações nas sagas fantásticas
Neste trabalho, pretendemos relacionar os estudos de Chartier com o conceito de saga fantástica. Relacionamos estas e as ideias de Representação e Apropriação desenvolvidas por Chartier. Ao final do trabalho comprovamos que as sagas fantásticas e sua popularidade podem ser relacionadas com os estudos de Roger Chartier e auxiliam na melhor compreensão do fenômeno.
Frankenstein, entre anjos e demônios: da recepção crítica midiática à análise semiológica
Acta Scientiarum, 2017
RESUMO. Em 2014, foi lançado o filme Frankenstein, entre anjos e demônios (I, Frankenstein). O filme suscitou alguns comentários da crítica midiática dos quais elencamos alguns para objeto de nosso estudo. A análise dos enunciados críticos revela um discurso estruturado nos eixos da moralidade, da lucratividade, da tradicionalidade e da temporalidade que produzem um efeito de sentido de desqualificação do filme como algo que 'fere' a noção de 'clássico'. A partir dessa constatação, este artigo desloca a ideia de que o novo filme de Frankenstein deveria responder a uma tradição cujo marco inaugural seria o texto de Mary Shelley para apontar sentidos que a reconstrução desse mito encerra em nossa contemporaneidade. Assim, o novo Frankenstein exige uma inter-relação entre aparato técnico-a tecnologia 3D-e um mito contemporâneo-um ideal de consumo voltado para a interatividade. Palavras-chave: discurso, retórica da imagem, semiologia, retórica 3D, crítica. I Frankenstein: from media critical reception to the semiological analysis ABSTRACT. In 2014, the movie I, Frankenstein was released. This movie has raised some comments from the media criticism, among which we list some to be object of our analysis. The analysis of critical statements reveals a discourse based on the axes of morality, profitability, traditionalism and temporality that produces a disqualification sense, which means that the movie is something that 'hurts' the notion of 'classic'. From this demonstration, this paper questions the claims that the new Frankenstein should respond to a tradition opened by Mary Shelley to point some senses that reconstruct the contemporary myth. Therefore, the new Frankenstein requires an interrelationship between technical apparatus-3D technology-and a contemporary myth-an ideal of consumption facing interactivity. Introdução Em 2014, foi lançado, no Brasil, o filme Frankenstein: entre anjos e demônios, dirigido por Stuart Beattie. Esse filme, bem como outros anteriores, inspira-se no livro de Mary Shelley Frankenstein ou o Moderno Prometeu (Frankenstein or the Modern Prometheus, no original em inglês), cuja versão definitiva, assinada pela escritora, data de 1831. A literatura e o cinema possuem materialidades distintas de manifestação do sentido. Se, de um lado, temos na literatura-particularmente no gênero romance, tal como é apreendido contemporaneamente-o primado da linguagem verbal escrita, no cinema, por outro lado, coexistem ao menos três naturezas distintas de linguagem: a verbal falada (nas vozes dos personagens, o som), a verbal escrita (nas legendas do filme) e a linguagem visual (a sequência de quadros, a fotografia) que contribuem, em seu conjunto, para uma linguagem denominada audiovisual. Essa linguagem composta constitui justamente a dificuldade maior na análise do sentido derivado desse meio, uma vez que é preciso considerar, ao mesmo tempo, o som, os grafemas e as imagens. Se considerarmos a história do cinema, deparamo-nos ainda com outras dificuldades. Nem sempre o cinema foi audiovisual. Os primeiros filmes dos irmãos Lumière, por exemplo, foram feitos apenas com sequências de fotografias e não havia som. Em seus primórdios, o cinema era mudo. Por isso, é preciso considerar também as diferentes técnicas que foram mobilizadas no cinema ao longo de sua história para a construção de suas narrativas e de suas mitologias. Uma dessas técnicas constituiu, a partir dos anos 2000, uma novidade extremamente explorada pela publicidade das grandes salas de projeção sob o signo da inovação e da interação: o recurso de imagens em terceira dimensão, o 3D. Essa 'novidade técnica'