“Escuridade brilhando em claridade que a claridade não podia abarcar”: uma análise histórica do Quinteto Islâmico de Tariq Ali (original) (raw)
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O 11 DE SETEMBRO: QUESTÕES DE MÍDIA, POLÍTICA E ATORES SOCIAIS Yusra Ataya 1 (UEPG) RESUMO O presente artigo faz algumas reflexões sobre a questão da Mídia, Política e do Islã. Imbricados neste fator o atentado de Onze de Setembro, a origem do Estado Islâmico e a Jihad Islâmica. Os muçulmanos, desde 2001, estão propensos à esfera da inclusão-exclusão no ocidente, o qual os desconhece. Palavras-chave: Mídia, Política, Islamismo. Para Refaa Reda in memórian. À tua brilhante memória que despertou em mim a luta e o amor. Por ti pude perceber que não existiam diferenças entre o oriente e o ocidente. E que essas diferenças só poderiam existir dentro da cabeça de cada um. Aonde quer que estejas, quero que saibas que esta obra será sempre tua. (Yusra Ataya) Questões de Mídia, Política e Islã O presente artigo traz à tona discussões pertinentes ao atentado de 11 de setembro de 2001, estando imbricados neste fator análises sobre a imagem, envolvendo questões de Política, Islamismo e Mídia. Nesta questão, os muçulmanos, após 11 de setembro de 2001, passaram a conviver com uma situação conflitante, tendo que responder a duas culturas distintas: a cultura originária e a cultura ocidental, que atribuiu a eles o epíteto de ‗terroristas‖.
MAALOUF, Amin. As Cruzadas Vistas pelos Árabes. Tradução Editora Brasiliense S.A. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988. 253 p. Trazendo de forma pioneira a "versão dos vencedores", o escritor nascido no Líbano em 1949, Amin Maalouf, choca o leitor ocidental com seu livro As Cruzadas Vistas pelos Árabes, relato épico sobre a defesa dos muçulmanos em relação aos ataques das Cruzadas publicado originalmente em 1983. A obra chegou ao cenário acadêmico cinco anos após a publicação e extraordinária disseminação da obra do palestino Edward W. Said Orientalismo: o oriente como invenção do ocidentetraduzido para o francês em 1980 -em que são analisados os vínculos entre as relações de produção dos conhecimentos acerca da representação do Oriente e do Ocidente, e pôde aproveitar a onda de novos estudos acerca do "orientalismo" trazida com a obra de Said. Partindo da prerrogativa de contar a história das cruzadas como foram vistas, vividas e relatadas pela perspectiva árabe, o libanês faz uso do romance histórico para reunir testemunhos de historiadores e cronistas árabes da época. Amin Maalouf, que em 1976 mudou-se para a França, trabalhou como jornalista e romancista. Foi chefe de redação do Jeune Afrique, do qual posteriormente tornou-se editor. Durante 12 anos foi repórter e realizou missões em mais de 60 países. De suas obras, três lhe renderam prêmios, sendo que "As cruzadas vistas pelos Árabes" lhe garantiu o Prix dês Maisons de la Press. Publicado quase dois séculos depois da publicação do relato da viagem de Chateaubriand ao Oriente, o qual argumentava que as Cruzadas não se deram como uma agressão, mas sim, como uma resposta cristã à altura da chegada de Omar à Europa, Maalouf trata da visão oposta, trazendo os relatos islâmicos das invasões francas. Enquanto o Cheteaubriand defendia que o movimento cruzadista não consistia apenas em libertar o Santo Sepulcro, mas em definir quem venceria sobre a Terra, colocando desta forma o Islã como um culto inimigo da civilização e sistematicamente favorável à ignorância, ao despotismo e à escravidão diametralmente oposta à civilização ocidental
Escatologia xiita e espiritualidade política: notas sobre Foucault e o Irã
Anais do III Colóquio Nacional Michel Foucault, 2013
Em 1978, Michel Foucault proferiu o curso “Segurança, Território, População” no Collège de France. Analisando a governamentalidade moderna, identificou como uma de suas linhas de proveniência o pastorado cristão. Em uma de suas aulas, procurou também identificar as contracondutas que questionaram o poder pastoral. Dentre elas, encontra-se a crença escatológica: afirmando o retorno do próprio Deus encarnado num novo e próximo tempo, dispensa-se a mediação do pastor e desqualifica-se sua autoridade como condutor legítimo das ações do rebanho. Por meio da escatologia e de outras contracondutas, o poder pastoral é colocado em xeque. No mesmo ano de 1978, a convite do periódico italiano “Corriere della Sera”, Foucault realizou duas viagens ao Irã, onde presenciou os acontecimentos revolucionários que depuseram o Xá e terminaram por instaurar um governo islâmico. Nas reportagens iranianas, destacou a modernidade atrasada do governo Pahlavi (contra a interpretação corrente), e principalmente a “espiritualidade política” que animava a revolução. Indagando os manifestantes, Foucault ouvia em quase todos uma única vontade: não exatamente a revolução, mas um “governo islâmico”, que se oporia diretamente ao poder do Estado, sem contudo ter como objetivo a tomada deste poder. O xiismo, vertente da religião islâmica praticada pela maioria da população iraniana, possui um elemento místico muito forte: os xiitas aguardam a vinda do décimo-segundo imã, ou “imã escondido”, e a certeza de sua vinda é que os faz rejeitar toda e qualquer forma de governo autoritário. Nessa escatologia xiita, o sujeito afirma-se como uma singularidade de resistência ao poder, como aponta Michel Sennelart. A “espiritualidade política”, assim, torna-se um conceito-chave na produção iraniana de Foucault, e permite acompanhar, em seu pensamento, possibilidades políticas de afirmação da subjetividade como resistência à governamentalidade contemporânea. Pretende-se, neste trabalho, apresentar uma possibilidade de interpretação do conceito a partir da análise do islamismo xiita realizada por Foucault.
Escrevivência: incursões biográficas e acadêmicas ao Feminismo Islâmico
Revista Ártemis, 2021
O presente ensaio parte do conceito de Escrevivência, de Conceição Evaristo, a fim de alinhar-se à produção teórica de feministas negras e chicanas, bem como traçar uma possível justificativa para a produção teórica advinda das experiências de vida e perpassada pelas diferentes interseccionalidades inscritas nos corpos situados das mulheres. No texto que se segue, faço dois movimentos concomitantes: procuro posicionar-me enquanto mulher muçulmana e estudiosa do feminismo islâmico a partir de algumas passagens biográficas, a fim de fundamentar o sujeito da escrita. Ao passo em que trago para a discussão temas, teóricas e discursos do feminismo islâmico tanto porque enquadram algo da vivência de um coletivo quanto porque são narrativas sobre feminismos decoloniais ainda pouco conhecidos. O ensaio divide-se em cinco partes. Na primeira, chamada de Introdução, realizo uma aproximação ao conceito de Escrevivência. Na segunda parte tomo a experiência do Ramadã para adentrar a discussão sobre subjetividades racializadas. Na terceira parte apresento apartes biográficos a fim de situar a emergência do feminismo islâmico desde uma corpo-política situada. Na quarta parte faço uma breve incursão às retóricas e ao pensamento das feministas muçulmanas, e finalizo com as considerações finais.
O “Mundo Do Texto” e a Construção da Identidade Religiosa no Islamismo
Teocomunicacao, 2010
Este ensaio procura mostrar como a identidade pessoal e coletiva, construída a partir da tradição islâmica, é sempre uma identidade que encontra no Alcorão o instrumental linguístico que a eleva à linguagem e, portanto, ao sentido. Além disso, busca explicitar como a possibilidade de uma nova interpretação do Alcorão, para além da literalidade do texto, parece ser fundamental para uma melhor compreensão da construção de uma identidade religiosa que é profundamente dependente do texto sagrado, compreensão que pode abrir novos horizontes no diálogo com o mundo islâmico. Esses novos horizontes podem ser vislumbrados desde a reflexão hermenêutica desenvolvida por Paul Ricoeur, notadamente a partir de sua noção de "mundo do texto". Palavras-chave: Hermenêutica. Identidade. Religião. Texto. * Trabalho do projeto de pesquisa Identidade narrativa e linguagem religiosa. A ontologia hermenêutica de Paul Ricoeur como princípio de análise do pluralismo religioso. O presente trabalho é fruto da pesquisa desenvolvida no programa de Iniciação Científica da PUC-Campinas como parte das atividades do Grupo de pesquisa "Teologia contemporânea" que possui como linha de pesquisa "Questões contemporâneas de hermenêutica em Teologia fundamental". Esta observação inicial se faz necessária para prevenir o leitor quanto às pretensões de um trabalho que deseja ser de iniciação, de iniciar alguém na aventura da pesquisa científica. **
O poder das palavras e das idéias: o caso do fundamentalismo islâmico
Revista FAMECOS
Este é um estudo sobre o debate teórico que se estabeleceu em torno da tese do choque civilizacional. Explora o argumento de que a cultura tem sido uma variável desconsiderada e desprezada no exame dos temas sociais e políticos contemporâneos. Explora também a temática do fundamentalismo islâmico desde a perspectiva cognitiva. Mostra as correntes teológicas e a crise interna ao Islã em torno da interpretação de suas fontes sagradas. Por fim, contempla a relevância política do papel que as idéias e a doutrinação têm na formação dos mapas mentais dos indivíduos, dos grupos humanos e das nações.
2020
O artigo procura discutir a forte associação entre guerra e religião, inspirando-se na obra de Talal Asad, autor que reconfigurou os estudos da religião ao explorar os vínculos constitutivos desse campo de estudos com a modernidade secular. Trata-se de interrogar as formações do secular, o modo de sua produção e suas funções no Estado moderno. Considerando o caráter epistemológico das questões do presente, procura-se compreender as aporias do Brasil contemporâneo e, mais especificamente, o sentido moral e religioso da ação política no país e no Rio de Janeiro, nos quais o uso da violência como prática justificada e a promoção da guerra para a destruição dos inimigos, configuram-se como norte de defesa e de construção do estado-nação.
Reflexões sobre a escrita e o sentido da História na Muqaddimah de Ibn Khaldun, publicado em 2012 pela Mestra em História, Elaine Cristina Senko, nos oferece a análise do papel do historiador e o conceito de História na civilização islâmica do século XIV por parte de Ibn Khaldun (1332-1406), historiador islâmico que procurou dar um sentido específico à historiografia árabe medieval. Para tanto, estabeleceu um método rigoroso de estudo quando escreveu sua obra prima, Muqaddimah, composta a partir da crítica aos documentos e às narrativas árabes, de forma a aproximar-se cada vez mais de uma "verdade" objetivando compreender as vicissitudes de sua época. Tal assunto mostra-se intrigante e pertinente, uma vez que, como a própria autora salienta na Introdução da obra, há poucos estudos atualizados sobre o historiador muçulmano e, além disso, através da investigação da metodologia histórica por ele formulada, é possível adentrar e aprofundar os conhecimentos da sociedade islâmica medieval de forma sistemática, a fim de desconstruir a imagem sensacionalista e errônea que, por muitas vezes, é transmitida sobre o Oriente pelo Ocidente.
Al-Mummia de Shadi Abdel Salam (análise histórica)
An historical review of «Al-Mummia», by the egyptian film director Shadi Abdel Salam. The story's related to the discovery of the mummy's cachette at Deir el-Bahari, in 1881, by Gaston Maspero and colleagues. Description and considerations about the film industry in Egypt, historical perspective of the screenplay and of the various elements presented.