Escrever a raiz da escrita: Sobre o tempo na Textualidade Llansol (original) (raw)
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Revista Ágora
Neste artigo, analisamos duas obras distintas e de contextos díspares. Tratam-se dos romances A Paixão Segundo G.H. (Clarice Lispector) e O Som do Rugido da Onça (Micheliny Verunschk). Dado que são narrativas diferentes entre si, buscamos refletir acerca de eixos em comum, mobilizando elementos em torno do tempo, da ontologia e da escrita, sendo que tais eixos serão pensados mediante a relação entre História e Literatura. Interessa-nos a potência do literário e do ficcional em sua capacidade de desestabilização do tempo instituído, e isso por meio da linguagem e de suas estratégias discursivas, questões que se apresentam, dissonantemente, em ambos os textos selecionados.
Natureza e textualidade em Maria Gabriela Llansol
Convergência Lusíada, 2017
Visar a escrita como se de um processo natural se tratasse; visar o texto como se fosse a natureza: este ensaio pretende explorar a textualidade concebida por Maria Gabriela Llansol enquanto modo de expressão de uma obra desafiadora do cânone da representação literária. A escrita exprime o texto, como qualquer espécie exprime a natureza. Partindo desta equivalência, o texto llansoliano rompe com a norma, para permitir a emergência de um novo regenerador. A valorização da natureza revela um posicionamento marcadamente ético e questionador do humano, o que justifica a abordagem ecocrítica para análise de Onde vais, drama-poesia?, foco principal deste ensaio. Abstract: Aiming at the process of writing as if it were nature at work; aiming the text as if it were actually nature: this essay points at Maria Gabriela Llansol's textuality as a mode of expression impressed in a work that challenges the canon of literary representation. The act of writing expresses the text, as any species expresses nature. This equivalence is the threshold to a text that breaks the norm, thus allowing the emergence of a regenerative new. By enhancing nature, Llansol notably reveals her ethical and questioning standpoint to what concerns mankind. This justifies the ecocritic perspective adopted to analyse Onde vais, drama-poesia?, which is the focus of the present essay.
Revista Estudos Linguísticos / Linguistic Studies, 2008
The main goal of the investigation that is presented in this article is to establish the temporal and aspectual properties of these four types of textual sequences: narrative, descriptive, explicative and argumentative (cf. Adam (1992)). Our analysis takes into account Vendler’s (1967) classification of situation types and the theoretical framework of Kamp and Reyle’s (1993) Discourse Representation Theory. The relevant factors that are under scrutiny in our analysis are situation types, verbal tenses, time adverbials, connectives with temporal value, and discourse relations. Among the conclusions of this investigation, we argue that narrative and descriptive sequences show important differences in terms of temporal and aspectual properties. Narrative sequences typically include events, and the temporal relation of precedence is clearly dominant. Descriptive sequences typically include stative situations, and the temporal relation of overlapping is dominant. Both explicative and argumentative sequences share these properties: they may include either events or states, and either the temporal relations of precedence or overlapping may be dominant. KEYWORDS: tense; time adverb; aspectual class; textual sequence; discourse relation
A superfície persistente do começar: escrita-leitura em Maria Gabriela Llansol
Em Tese
Apresentamos, a partir de fragmentos de Inquérito às quatro confidências, de Maria Gabriela Llansol, uma reflexão acerca da escrita-leitura, partindo de uma articulação entre o texto llansoliano e o texto bíblico, sobremaneira o mito edênico. Objetivamos acompanhar o modo como o texto de Llansol estabelece um encontro com os dessa tradição para, não confirmando-os, confrontá-los e avançar na compreensão e na experiência da escrita-leitura como anterior a todos os inícios.
Espaço Llansol: Um (Breve) Exercício De Leitura De Uma Escrita De Traços
2013
Há uma série de trabalhos da artista plástica londrina Rachel Whiteread que consiste em moldar com matéria sólida o vazio existente entre as bordas, as paredes, os cômodos e até, no mais radical deles, House (1992), uma casa inteira, expondo o negativo do que percebemos como matéria, preenchendo com concreto um espaço de ausências, numa tentativa de se fazer ver o vazio, nos desafiando o olhar e a olhar, por mais inquietude que esse movimento provoque.
A escrita do tempo e o tempo da escrita n'O Quinze de Rachel de Queiroz
Revista Entrelaces, 2015
Desde a data de seu lançamento em 1930, pelo Estabelecimento Graphico Urânia, o romance O quinze de Rachel de Queiroz tem despertado interesse em críticos literários, historiadores, sociólogos, entre outras especialidades. Diante do exposto, o presente trabalho busca compreender e analisar de qual maneira a cultura escrita sobre a seca, no Ceará, está presente na narrativa d‘O quinze. Para tanto, nossa discussão gira em torno das aproximações e distanciamentos entre Rachel de Queiroz, Domingos Olímpio com o romance Luzia-Homem (1901) e a escrita de Rodolfo Teófilo no romance A fome (1890) e no livro A seca de 1915 (1922).
Uma teoria da escrita; movimento, temporalidade
2022
Tangências do indizível: Festschrift em homenagem a Ricardo Timm de Souza / Agemir Bavaresco, Evandro Pontel, Jair Tauchen (Organizadores). – Porto Alegre : Editora Fundação Fênix, 2022.
Visão De Mundo e Forma Literária: Em Que Tempo Escrevemos?
Revista Ininga - ISSN 2359-2265, 2018
RESUMO: a literatura é um ato-processo de materialização das percepções estéticas de um sujeito que a produz e de sujeitos que a coproduzem a partir de diferentes lugares geográficos, sociais, políticos, filosóficos etc. Neste sentido, tecemos algumas reflexões sobre a relação entre a ideia de visão de mundo e a forma literária de acordo com as categorias de pensamento discutidas na teoria do romance do filósofo russo Mikhail Bakhtin cotejado com pensadores da literatura como E. Auerbach, G. Lukács, A. Candido etc. A partir das noções de cronotopo, forma literária e mímesis construímos uma ideia de como a literatura ocupa espaços no mundo da cultura numa relação responsiva com o mundo da vida. Com essas reflexões podemos construir uma concepção de participação e coparticipação do autor/leitor nos processos de transformação histórica e política que transcendem o mero panfleto e aprimoram a forma mesma do fenômeno literário. Palavras-chave: Visão de Mundo. Cronotopo. Forma Literária. Contemporaneidade. ABSTRACT: literature is an act-process of materialization of the aesthetic perceptions of a subject who produces it and of subjects who co-produce it from different geographic, social, political, philosophical, and other places. In this sense, we make some reflections on the relation between the idea of worldview and the literary form according to the categories of thought discussed in the theory of the novel of the Russian philosopher Mikhail Bakhtin compared with thinkers of the literature like E. Auerbach, G. Lukács, A. Candido etc. From the notions of chronotope, literary form and mimesis we construct an idea of how literature occupies spaces in the world of culture in a responsive relation with the world of life. With these reflections we can construct a conception of participation and coparticipation of the author / reader in the processes of historical and political transformation that transcend the mere pamphlet and improve the very form of the literary phenomenon.