Ata do Simpósio Internacional de Kant a Hegel (original) (raw)

Hegel com e contra Kant no Direito Internacional

Ethica, 2022

RESUMO A filosofia do direito internacional de Hegel tem recebido certa atenção nos últimos anos. As pesquisas mais recentes têm buscado apresentar uma visão diferente daquela, apresentada no século XIX e primeira metade do século XX, que retratava Hegel como um entusiasta do estado de guerra. Com efeito, também se passou a reavaliar a relação de Hegel com Kant no que diz respeito às questões do direito internacional, sobretudo, a possibilidade da paz. Meu objetivo nesse artigo é, primeiramente, apresentar os aspectos gerais da filosofia do direito internacional de Hegel, enfatizando seu diálogo com Kant. Tento mostrar como Hegel está, em sua discussão, em referência a importantes aspectos do texto kantiano sobre a paz perpétua. Em segunda instância, partindo desse diálogo, argumento que, embora Hegel seja certamente muito mais um crítico do projeto kantiano do que um simpatizante, as implicações últimas de seu pensamento mostram-se, em alguma medida, alinhadas com as da filosofia de Kant.

A CRÍTICA DE HEGEL AO CONCEITO DE LEI EM KANT

Hegel foi um leitor atento da filosofia kantiana, em particular, pela sua pertinência histórica e densidade conceitual. A centralidade da figura do sujeito reúne Kant e Hegel no que diz respeito à determinação da realidade, mas eles se separam na medida em que o sujeito kantiano reconhece o objeto e, diferentemente de Hegel, não se reconhece aí. Tal separação é explorada por Hegel em sua análise do conceito de liberdade em Kant. Para Hegel, a liberdade em Kant não vai além de uma abstração enquanto não se deixa determinar. O mesmo raciocínio se estende à lei, pois Hegel entende que Kant opera uma distinção entre a forma e o conteúdo da lei que não são entendidos como complementares. Em Hegel, a lei é mais do que uma referência formal. Sem a lei, enquanto determinação histórica, a liberdade permanece uma intenção sem jamais atingir o status necessário de realidade entre os homens. Palavras-chave: Legalidade, efetividade, comprometimento Introdução Hegel sempre incentivou seus alunos a lerem Kant, pois Hegel considerava a filosofia kantiana como aquela que havia estabelecido as referências para a adequada e possível compreensão da realidade. A tão mencionada revolução copernicana operada por Kant significa um marco determinante para a ciência e a história. O mérito kantiano, segundo Hegel, é o de estabelecer a centralidade do sujeito no processo de conhecimento e de tratamento do real. O idealismo de caráter absoluto começa a ganhar consistência e seus postulados apresentam desafios perturbadores e de complicada rejeição, se esta for ensejada. De fato, aponta Hegel, o sujeito é o ponto de partida e também o ponto de chegada. Toda e qualquer investigação tem início no sujeito, pois é ele que se indaga sobre o objeto; é ele que põe as questões já que é ele que considera o objeto. Na ausência do sujeito o que permanece não pode ser determinado, posto que não há quem o faça. Além disso, a conclusão pertence ao sujeito. As respostas são as respostas do sujeito. O sujeito é a voz do objeto, sua expressão e, poder-se-ia até dizer, sua existência. No entanto, o sujeito não se restringe em ser o começo e o fim. Ele é necessariamente o meio entre o começo e o fim. É pelo sujeito e pelo seu proceder que o objeto é conhecido, é atingido. O objeto não avança mais do que seu aparecer ou sua manifestação. Mesmo assim o aparecer do objeto é um aparecer para o sujeito. Se o objeto aparece para si mesmo tal aspecto não pode ser comprovado pelo sujeito de forma absoluta. O objeto é sempre o que está fora ou que permanece além do sujeito. Daí, o aparecer do objeto é um aparecer para, um mostrar-se a, que no caso, como um imperativo, sempre é um mostrar-se para o sujeito, pois outra possibilidade não há. Então, o sujeito jamais chega ao objeto ou jamais sabe absolutamente sobre o objeto? Para Kant a resposta é obrigatoriamente negativa. Essa constatação torna-se Revista Páginas de Filosofia Crítica de Hegel ao conceito de lei em Kant Revista Páginas de Filosofia, v. 1, n. 1, jan-jul/2009.

Schiller crítico de Kant?

Studia Kantiana, 2018

In this article, we try to show that Schiller’s infamous Epigrams Scruples of Conscience and Decision should not be taken as a criticism of Kant’s view of the moral value of morally required actions, as presented in the famous examples of Groundwork I; nor should they be interpreted as a form of criticism of Kant’s moral psychology, particularly, of his theory of moral motivation. Instead, we will see that these infamous epigrams are a kind of satire not of Kant’s moral philosophy, but of a by that time already very widespread misinterpretation of it.

A Herança De Hume Ao Pensamento Teórico De Kant

Revista Ética e Filosofia Política, 2014

RESUMO: O presente trabalho busca apresentar em que sentido nós podemos interpretar que o caráter sintético que Kant afirma para o pensamento em geral tem determinados pressupostos na filosofia de Hume e, em específico, na sua crítica a nossa ideia de causalidade, como implicando a noção de necessidade (sem com isso pôr em questão a originalidade da argumentação propriamente kantiana).

Hegel e a segunda antinomia de Kant

Do início à finitude do ser: interfaces lógicas hegelianas, 2020

This article addresses Hegel's critique of Kant's second antinomy, set out in Critique of Pure Reason. For this, it uses mainly with the work Science of Logic - the Doctrine of Being. For Kant, the four main classes of categories - quantity, quality, relation and modality - will give rise to the four antinomies of pure reason. The second antinomy refers to the infinite or finite divisibility of material. Hegel proposes that in the determineness of being, quality must precede quantity. Considering the Hegelian philosophy and with the determination of being there, comes up the possibility of solving the second antinomy arises, by determining of quantity. Key words: Antinomy; Science of Logic; Hegel; Kant

A crítica de Hegel ao formalismo moral Kantiano

2011

Hegel"s criticism of the formalism of Kantian morality is an issue which may be approached from different angles. The present thesis aims at demonstrating that, in Kant"s as well as in Hegel's philosophy, the paramount arguments in regards to formalism (Kant) and the necessity of overcoming it (Hegel) are elaborated on in the speculative philosophy. Hegel"s critical superiority in relation to Kant consists of its radicalism. It is demonstrated how Hegel claims that the very finite, the phenomenon, is already a sort of non non-finite, revealing its internal contradiction which, when exposed, reveals the substantiality, the true infinite in which both opposite moments, finite and infinite, are true. The determined being already contains in its own destination a must-be, overcoming the Kantian separation, exclusion and opposition between being and must-be. The supreme criterion of Kantian morality, the categorical imperative, is, according to Hegel, empty, formal, analytical and tautological. Thus, an absolutely formal moral criterion may state, in regards to the axiom, what has always been stated. It is incapable of adding any new information to the synthetic form. Whatever the formula says about the axiom is already contained in the axiom; therefore, it does not state anything new. Hence, theft cannot be justified, because the word "theft" is already determined by its very context, in which taking hold of someone else"s possession is theft. For Hegel, however, due to the superiority of reason over understanding, even if theft is still theft, it is possible, under certain circumstances, to rationally justify it without eliminating the rule or incurring in arbitrariness. It is the understanding of the difference between the principles and the rules which allows, with Hegel, but only under certain circumstances, to ethically justify the exception.

A crítica de Hegel a Kant em Fé e Saber e seu reaparecimento no desenvolvimento da Ideia Absoluta

Revista Ágora Filosófica v. 20, n. 3, 2020

Resumo Neste artigo se pretendeu apresentar as críticas de Hegel à filosofia kantiana presentes em Fé e Saber, bem como as soluções apontadas a partir de tais críticas, e relacioná-las com aquelas presentes no desenvolvimento da ideia absoluta, categoria final da Ciência da Lógica. Pôde-se concluir que em Fé e Saber foram elaborados em profundidade muitos dos problemas e soluções que reapareceriam na obra madura de Hegel.

Eric Weil Entre Hegel e Kant e Além Deles

Síntese: Revista de Filosofia, 2006

França, em 1977, pode ser considerado um dos filósofos mais repre sentativos do século XX. A atualidade de seu pensamento não se deve apenas ao fato de ser um contemporâneo nosso, mas, acima de tudo, à singular captação do fenômeno da violência como um dos eixos de compreensão da nossa época. Weil estudou medicina e filosofia em Berlim e Hamburgo. Doutorou-se em Filosofia em 1928 com uma tese sobre Pietro Pomponazzi, dirigida por Ernst Cassirer. De origem judaica, demonstrou grande clarividência sobre seu tempo ao emigrar para a França em 1933, pouco tempo antes da sangrenta manifestação de 6 de fevereiro de 1934 na Place de la Concorde e cinco anos antes da "Noite dos cristais". Conseguiu a nacionalidade francesa em 1938, combateu o nazismo como soldado francês, esteve preso por cinco anos e, depois da guerra, ajudou Georges Bataille a fundar a revista

Efeitos do universal a partir da estética de Kant

Estudos Kantianos [EK]

Neste artigo pretendo discutir o ensaio de Meg Armstrong de 1996 intitulado “The effects of blackness”: Gender, Race, and the Sublime in Aesthetic Theories of Burke and Kant”. Estou pronta para aceitar seus poderosos argumentos acerca da função dos discursos estéticos na construção da subjetividade, bem como sua avaliação negativa das Observações sobre o sentimento do belo e do sublime. Concordo com a tese da autora de que, talvez, essa obra, chamada justamente de “pré-crítica”, não tenha mesmo grandes contribuições a oferecer à Filosofia Contemporânea. No entanto, não posso aceitar sua avaliação irônica, sarcástica e eventualmente zombeteira do sistema crítico transcendental no qual Kant esforçou-se para inserir sua Crítica da faculdade de julgar. Baseando- me, sobretudo, no universalismo subjetivo e no que chamei de “perspectivismo kantiano”, tentarei defender essa Crítica que creio merecer a posteridade que ela efetivamente tem, uma vez que continua a nos oferecer elementos para ...