Ensino de História: temporalidade, pós-verdade e verdade poética (original) (raw)

Memória e temporalidade no ensino de história

Este texto apresenta algumas questões conceituais e possibilidades metodológicas implicadas na relação entre memória, temporalidade e ensino de história desde o diálogo crítico e a articulação das ideias de alguns autores selecionados para esta reflexão. Na primeira parte, envida-se uma discussão sobre a memória em que foram mobilizadas as ideias de Ulpiano Bezerra de Meneses, Pierre Nora, Michel Pollack, Jacques Le Goff, Michel de Certeau. Na segunda parte, encaminha-se um debate sobre a temporalidade no qual despontam as perspectivas de Adauto Novaes, Norbert Elias e François Hartog. Na terceira parte do texto procede-se a uma apreciação analítica de algumas possibilidades metodológicas que articulam memória e temporalidade no ensino de história: trata-se da abordagem de atividades sobre a construção da noção de tempo pelas crianças, sobre as relações entre calendário civil e memória histórica, sobre patrimônio histórico e historicidade dos lugares. O texto se encerra com algumas considerações finais que ressaltam a importância das categorias de memória e temporalidade na aprendizagem histórica em vista dos seus objetivos de formação política, humanista e intelectual. Palavras-chave: Ensino de História; Memória; Temporalidade. _________________________________________________________

ENSINO DE HISTÓRIA EM TEMPOS REACIONÁRIOS: DAS "ILUSÕES" DAS PRESCRIÇÕES À REALIDADE DAS PROSCRIÇÕES

Texto publicado no livro: Desafios e resistências no Ensino de História, 2019

É interessante notar quanto interesse, quanta vigilância e quantas intervenções o ensino de história suscita nos mais altos níveis. A história é certamente a única disciplina escolar que recebe intervenções diretas dos altos dirigentes e a consideração ativa dos parlamentos. Isso mostra quão importante é ela para o poder. Christian Laville. A citação acima é por demais conhecida entre aqueles que pesquisam o ensino de História. Ela integra um artigo, escrito pelo professor e pesquisador Christian Laville, da Universidade de Quebec, no Canadá, intitulado "A guerra das narrativas: debates e ilusões em torno do ensino de História" (1999). Escrito no final do século passado, o artigo destacava as intensas disputas pela hegemonia no campo das narrativas históricas que mobilizam agentes ligados às instituições de poder, especialmente políticos e dirigentes. Mas, o que era notável no texto era seu ceticismo quanto à premissa dessas "guerras" sobre o poder atribuído ao ensino de História, de que a História escolar pode manipular a consciência de crianças e jovens. Para Laville, tal perspectiva estava fundada, basicamente, numa "ilusão". Isso porque, na prática social, outras agências já concorriam fortemente com as narrativas difundidas na escola. Agências tais como a família, o meio circundante, as próprias circunstâncias históricas e os meios de comunicação assumiam cada vez mais um papel relevante e influente na formação das crianças e jovens, relativizando o papel da história escolar. Disso resultaria o que ele definiu como sendo um "paradoxo": o recrudescimento das disputas sobre as narrativas históricas escolares sobre o passado a despeito das evidências empíricas de sua pouca eficácia ou relativa perda de relevância na formação das novas gerações.

ASPECTOS DA PÓS-MODERNIDADE NO ENSINO DE HISTÓRIA: DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR AO COTIDIANO ESCOLAR

Históriae Furg, 2017

RESUMO O presente Artigo visa debater e refletir sobre os problemas enfrentados na prática do Ensino de História no cotidiano escolar, dialogando desde as politicas presentes na formação de professores de história, bem como os discursos presentes na academia, e o cenário enfrentando cotidianamente pelos professores na sala de aula. Buscamos ainda associar essa crise acadêmica e educacional frente as crises da sociedade pós-moderna ABSTRACT This paper aims to discuss and reflect on the problems faced in practice in History Teaching in everyday school life, talking from the policies present in the training of history teachers, as well as the discourses present in the gym, and the scenario facing daily by teachers in the room of class. We seek also associate this academic and educational crisis facing the crises of postmodern society

GÊNERO E ENSINO DE HISTÓRIA: DEMANDAS DE UM TEMPO PRESENTE

Organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero". Essa foi a alternativa C da amplamente debatida questão 1 da prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2015. A referida questão, em relação a qual pudemos observar as mais diversas reações, dizia respeito a máxima "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher", de autoria de Simone de Beauvoir, citada textualmente no enunciado. As intensas reações à presença dessa questão no exame puderam ser percebidas no dia mesmo de sua realização, quando observamos o que se comentava em diferentes redes sociais. Posicionamentos de entusiasmo e alegria, pela visibilidade nacional possibilitada ao movimento feminista, dividiram espaço com críticas e reprovações ao caráter supostamente "indevido" da questão. Dentre as manifestações de agrado, podemos citar a veiculação de inúmeras fotos da questão, ilustradas com corações e exclamações. Os incontáveis compartilhamentos vinham comumente acompanhados por legendas entusiasmadas como: "eu vivi para ver um dia o Exame Nacional do Ensino Médio, Enem, perguntar sobre Simone de Beauvoir e o feminismo <3" e "Sabe por que é certo militar? Porque teve questão sobre feminismo e cultura patriarcal no Enem". 40 De maneira diametralmente contrária, o desagravo também se fez presente. Nesse sentido, reproduzimos abaixo a postagem de um promotor que ganhou grande repercussão devido ao teor inusitado de sua assertiva:

ANTIGUIDADE TARDIA E ENSINO DE HISTÓRIA: REPENSANDO O TEMPO A PARTIR DE UM CONCEITO

O artigo pretende discutir e refletir sobre a categoria tempo, como sendo umas das primordiais para o Ensino de História, a partir do conceito de Antiguidade Tardia. Tal perspectiva se apresenta como uma maneira diferenciada de tratar os processos cíclicos do tempo na História Política Tradicional, buscando repensar os processos de rupturas, permanências e as transformações que estão para além das datas e grandes fatos. Assim, a Antiguidade Tardia possibilita o entendimento do tempo como algo que transcende o mero declinar e surgir das eras, pois aponta diferentes níveis de transformações e renovações.

TEMPO E HISTÓRIA – revisitando uma discussão conceitual

E Hum, 2011

Busca-se examinar a relação entre Tempo e História, particularmente atentando para os principais conceitos referidos a esta relação: temporalidade, duração, evento, processo e outros. Em um segundo momento, desenvolve-se um contraste entre o conceito aristotélico e o conceito agostiniano de tempo, de modo a preparar as outras duas discussões do artigo: a relação entre "tempo da ação" e "tempo da narrativa" na construção da História, de acordo com Paul Ricoeur, e as relações entre Futuro e Passado na constituição do Presente, de acordo com as contribuições de Koselleck.

As temporalidades recuadas e sua contribuição para a aprendizagem histórica

2017

As temporalidades recuadas e sua contribuição para a aprendizagem histórica: o espaço como fonte para a História Antiga e Medieval The earliest temporalities and their contribution to Historical learning: space as a source Resumo A necessidade de discutir quais são os co-nhecimentos históricos necessários e apropriados para as gerações que hoje frequentam as escolas tem norteado o de-senvolvimento de pesquisas acadêmi-cas em torno da relação entre a formação da consciência histórica, a construção da competência narrativa em história e a aprendizagem histórica. Com base na re-flexão sobre os exercícios de periodização em história, pretendemos delimitar as particularidades que tornam os campos da História Antiga e da História Medieval indispensáveis para a aprendizagem his-tórica na Educação Básica Brasileira. Mas como o trato com temporalidades tão re-cuadas pode nos ajudar a aprimorar a Abstract The necessity of discussing what are the needed and appropriated historical knowledges to the generations that today attend school have stated the development of academic researches encompassing the relationship among historical consciousness, narrative competence construction and historical learning process. Based on the reflection about exercises of periodization in history, we intend to limit the particularities that make the fields of Ancient and Medieval History meaningful to the historical learning in the Brazilian Basic Education. But how early temporalities can help us to improve the history learning process? The answer to this question is not sim