Arquitetura Popular Brasileira: um enfoque etnográfico (original) (raw)
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Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 2020
O artigo estabelece relação entre o modernismo artístico brasileiro dos anos 1920 e a arquitetura moderna brasileira. A apropriação das referências externas e sua síntese com elementos autóctones propostos pelo ideário de Oswald de Andrade têm como desdobramento o enfrentamento de interditos culturais predominantes desde o século XIX, em especial a miscigenação racial, a natureza tropical e a cultura ingênua. A natureza exuberante e a cultura popular, elementos definidores da nacionalidade, tornam-se estruturadores de um ramo da arquitetura moderna brasileira.
Vertentes da Arquitetura Construtiva Brasileira Pós Brasília
Habitação e Cidade Contemporânea, 2022
O objetivo do presente artigo é discutir as vertentes da arquitetu- ra brasileira partindo da relação entre o projeto, a produção das obras e o debate sobre o desenvolvimento durante a segunda metade do século XX no Brasil, mais precisamente entre a inauguração de Brasília em 1960 e o canteiro experimental do Banco Nacional de Habitação (BNH) em Na- randiba, na Bahia em 1978. Desde a proposta de sua criação (Lucio Cos- ta, 1957), Brasília traduziu sentimentos díspares na sociedade brasileira da época. Combatida e duramente criticada pela ala mais conservadora do funcionalismo público que se recusava a deixar o Rio de Janeiro, a cidade também incorporou o caráter de epopeia civilizatória, ao gosto ufanista dos agentes políticos envolvidos com sua transferência para o Planalto Central. Muitos arquitetos, entusiasmados com a construção da nova capital, passaram a celebrá-la como feito inédito e oportunidade ímpar de experimentação. Outra parte, crítica ao projeto, apontou os seus limites. Uma das críticas a Brasília aponta uma certa desconexão entre a modernização desejada e o que de fato o país estava preparado para produzir nesse canteiro de obra. Qual a capacidade de organização e coordenação da produção no canteiro de obras por trás do símbolo mo- derno e industrial da nação? Como foram executadas essas obras? Quais foram as condições de trabalho no canteiro de obras?
Sobre um projeto de 'nação': colonial, modernismo e estilo patrimônio na arquitetura brasileira
6º Seminário Ibero-americano Arquitetura e Documentação, 2019
Em períodos pós-guerra, o cenário da cultura nacional depara-se com um momento de ruptura estética e epistemológica acerca da identidade nacional. Principiando em eventos como a Semana de Arte Moderna e a Exposição do Primeiro Centenário da Independência Política do Brasil, entre 1922 e 1923, este artigo se enraíza na leitura da construção do ideário em torno do patrimônio arquitetônico, em especial a partir da obra de Mário de Andrade, na primeira metade da década de 1920. Reconhecendo a influência de agentes como Ricardo Severo na construção de uma historiografia do pensamento arquitetônico e patrimonial, este trabalho também visa a compreensão do Movimento Neocolonial na construção do imaginário social, suas reverberações nas obras de diferentes agentes nacionais, com destaque a Lucio Costa. Ressalta-se a constante busca por nacionalidade na arquitetura, mesmo que de forma equivocada, nestes movimentos. Com o estabelecimento do SPHAN em 1937, possibilitado pelo ministro Gustavo Capanema, configuram-se novos mecanismos na construção do ideário patrimonial, a partir de instrumentos centrais à preservação da arquitetura eleita como marca da identidade nacional, com destaque ao tombamento. A partir da criação do órgão federal de preservação e sua consolidação enquanto aparelho do Estado na construção da identidade nacional e na preservação do patrimônio eleito, este trabalho também se debruçará sobre a ideia de "estilo patrimônio", conceito que se constituiu a partir de uma série de diretrizes e normativas empregadas nos centros históricos tombados, em prol da homogeneização desses espaços, criando cenários voltados àquela arquitetura setecentista, colonial, demolindo e apagando da história desses locais ícones da arquitetura eclética, num período excludente e parcial da historiografia da arquitetura brasileira. Palavras-chave: IPHAN; estilo patrimônio; Movimento Moderno; arquitetura colonial.
A arquitetura popular na Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material
RESUMO O artigo propõe historicizar o modo como a arquitetura popular foi apresentada na linha editorial do Iphan, em especial na Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional entre as décadas de 1930 e 2010. A partir de um entendimento atual do que se entende por arquitetura popular, definiu-se um recorte para a entrada nos artigos da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que considerou, dentro dessa chave, a arquitetura indígena, a arquitetura de ciclos históricos, os mocambos, os terreiros, os quilombos, a arquitetura popular de imigrantes e as habitações ribeirinhas. Para problematizar a questão, perguntou-se: A partir de que campos disciplinares a arquitetura popular foi interpretada? A partir de cânones consagrados ou a partir de seus próprios sistemas? A partir de sua dimensão material ou imaterial? Que valores foram identificados nela? Os artigos tinham caráter descritivo ou analítico? A que se propunham? Que diálogo estabelecem com as normativas, idei...
Origens de uma Arquitetura Moderna Brasileira
A arquitetura moderna brasileira não tem sua origem na sua arquitetura barroca. Ela foi de fato uma invenção deliberada. Tampouco é uma apropriação do movimento moderno arquitetônico europeu. Arquitetos e críticos estrangeiros dispararam perplexas críticas às primeiras curvas brasileiras. O Brasil apresenta-se, com essas duas negações, intencionadamente como origem de algo, como criação tal como é, e não como destino ou ilustre receptor de algumas influências bem manipuladas. Foi o que acelerou, potencializou e diferenciou nossa produção arquitetônica moderna da produção dos demais países latino-americanos, modernizados. E é, por outro lado, aquele mais ressentido, mais nostálgico, ou simplesmente melancólico, o que ainda nos torna latentes expectadores de algum porvir.
A ideia de uma identidade paulista na historiografia de arquitetura brasileira
Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, 2013
Este artigo buscará traçar, de maneira breve, o percurso de formulação, pela historiografia brasileira, da ideia de uma identidade paulista em arquitetura, desde a década de 1940. A análise de um amplo universo pesquisado orienta-se por um recorte que busca compreender aproximações e diferenças entre as chaves de interpretação de diversas leituras históricas, quando abordam, mesmo que de passagem, o tema das convergências e afastamentos entre os arquitetos locais.
Arquitetura neocolonial: debates historiográficos no Brasil (1970-2020)
Esta dissertação existe, em grande medida, graças a uma ampla rede de apoio que se consolidou ao meu redor, seja de caráter acadêmico, emocional ou ambos. Em primeiro lugar, agradeço à Professora Maria Lucia Bressan Pinheiro, cuja orientação e colaboração são inestimáveis. Agradeço também pela parceria e pela amizade que desenvolvemos, mesmo que virtualmente, entre os percalços da pandemia. Agradeço à minha mãe, Andreia, por todo o apoio que transcende qualquer barreira e limitação, e à minha família como um todo. Aos professores Joana Mello de Carvalho e Silva e Fernando Atique, pelos comentários na Banca de Qualificação e pelo amplo compartilhamento de conhecimento e referências. Aos professores e amigos Adriano Tomitão Canas,
À imagem da tradição: uma reflexão acerca da arquitetura moderna brasileira
Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2006
Este trabalho trata de uma vertente específica da arquitetura moderna brasileira que começou a se delinear junto aos projetistas cariocas no início dos anos 1930 e cuja maturidade encontra-se compreendida entre os primeiros anos da década de 1940 e meados da década de 1950. Por vezes denominanada nativista ou arquitetura nova da tradição local , essa parcela da produção nacional tem como arcabouço conceitual principal as idéias do arquiteto Lucio Costa. Sua característica formal mais importante é o uso, dentro do receituário moderno, de elementos arquitetônicos referenciados na tradição colonial brasileira. Como objeto de estudo, analisamos cinco obras representativas da problemática levantada: o Grande Hotel de Ouro Preto, projeto de Oscar Niemeyer em 1940; a Residência Saavedra em Petrópolis-RJ, projeto de Lucio Costa em 1941; a Colônia de Férias do IRB no Rio de Janeiro, projeto do escritório MMM Roberto em 1943; o Park Hotel São Clemente em Nova Friburgo-RJ, projeto de Lucio Costa em 1944; e a Residência Holzmeister no Rio de Janeiro, projeto da Firma Pires & Santos em 1955.