O Eucarístico de Paulino De Pella: documento literário e investigação histórica sobre a Gália tardo-romana (original) (raw)
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INTRODUÇÃO Ao longo da história, os séculos III, IV e V foram descritos como período de decadência e ruína do Império Romano. Porém quando analisamos profundamente, este período denominado por vários historiadores como Antiguidade Tardia, notamos que esta visão de ruína é um tanto equivocada, pois apesar dos períodos de crise, há também renovação política e cultural. Neste sentido, nosso trabalho tem por objetivo analisar o período em que Valentiniano I administrou o Império Romano do Ocidente (364 -375 d.C.), por meio de fontes escritas e materiais. Através das fontes numismáticas 2 podemos observar os vários aspectos da sociedade romana do período, tais como; cultura, religiosidade e política.
Byzantion Nea Hellás, 2021
Pretende-se analisar a presença homérica na Alexíada de Ana Comnena, em particular o retrato literário de Aleixo, que começa por ser apresentado como Héracles nas vitórias contra os rebeldes Ursélio, Nicéforo Briénio e Basilácio, antes da ascensão ao trono imperial. Após a sua proclamação como imperador dos Romanos, a historiadora faz do pai um herói astuto, qual Ulisses, a procurar defender a nau do império contra os sucessivos ataques do normando Roberto Guiscardo, que se comporta como o Aquiles homérico. I intend to analyze the Homeric presence in Anna Komnene’s Alexiad, particularly the literary portrait of Alexios, who is first presented as Herakles in the victories against the rebels Roussel, Nikephoros Bryennios and Basilakios, before his accession to the imperial throne. After being proclaimed emperor of the Romans, the historian makes his father a wily hero, like Odysseus, seeking to defend the empire’s ship against the successive attacks by the Norman Robert Guiscard, who is shown behaving like the Homeric Achilles.
Questões de hagiografia e história da Gália alto medieval. Séculos V e VI
This article aims to establish a study about how important hagiographies can be as sources to Gaul´s history in 5 th and 6 th centuries. We analyze St. Martin of Tours´ Vita, considered the first of its kind written in Gaul. We take also for granted those writings concerned monks-bishops of Lérins, those who were bishops of Arles too, such as Honorat, Hilaire and Césaire. Our main goal is to trace some common aspects to a possible hagiographical´s genre, although those elements don´t really deny the possibility of retain Gaul´s historical and geographical singularities as well.
De Iúlo Aos Iulii: As Gentes Romanas e Itálicas Em Busca Do Passado Heroico
Phoînix. UFRJ. v. 22, n. 1, 2016
Resumo: Neste trabalho temos a intenção de mapear historicamente a formação da genealogia heroico-divina dos Iulii (família de Júlio César e do imperador Otávio Augusto) e suas múltiplas e contextuais apropriações pelos atores históricos para então compreender sua acomodação à arquitetura do épico de Virgílio, a Eneida. Repensar as origens da gens e buscar uma vinculação com o passado heroico foi uma solução plausível para novos ramos que apareceram no cenário político ostentando antigos nomes gentílicos, e uma maneira de transformar esse elo ancestral em um distinto predicado digno de ser relembrado em escritos de toda sorte, monumentos e moedas. Abstract: In this paper we intend to track the fabrication of Iulii's heroic genealogy (family of Julius Caesar and Octavian Augustus) and its multiple and contextual appropriations by historical actors to then understand its accommodation to the Virgil's epic architecture, the Aeneid. Rethink the origins of the gens and to seek a ...
PAUSÂNIAS, MEMÓRIA E O PASSADO IDEALIZADO DA GRÉCIA SOB O IMPÉRIO ROMANO (SÉCULO II D.C.)
Revista Hydra: Revista Discente De História Da UNIFESP, 7(14), 270–294, 2024
Este artigo busca analisar como Pausânias, a partir da obra reunida sob o título "Descrição da Grécia," no século II d.C., retrata a Grécia sob domínio romano, resgatando a memória cultural mesmo durante a subjugação. Defendemos que sua descrição recria o sistema-memória grego por meio de ruínas e monumentos, evocando o passado idealizado da Grécia. Defendemos como Pausânias busca exaltar tal passado, promover a coesão entre os gregos e apresenta a Grécia contemporânea como um "museu a céu aberto", conectando-se com a memória histórica. O período Antonino contemporâneo ao autor é considerado como uma "era de ouro", destacando as artes e o meio intelectual, apesar de profundas divisões sociais relacionados ao contexto do domínio romano.
O lugar historiográfico de Roma no período helenístico: a história ecumênica e poliagonística de Políbio a partir da polêmica com Timeu [2024], 2024
As Histórias de Políbio de Megalópolis (c. 203 – c. 120 A.E.C) são um dos testemunhos mais privilegiados para conhecermos como eram conceptualizadas, pelas historiografias helenísticas, as diferentes interações no Mediterrâneo. Escritas em 40 livros por um integrante da Confederação Aqueia que, exilado pelos romanos, passa a narrar o avanço deste povo sobre as redes de interações dos aqueus, elas buscam exprimir essas interações com conceitos de um modo específico. Esses conceitos tornam-se mais apreensíveis em passagens de polêmica historiográfica, i.e., em momentos que Políbio ataca e defende seus predecessores visando construir a sua autoridade sobre a imagem de um passado em disputa. Timeu de Tauromênio (c. 350 – c. 260 A.E.C.), conhecido pela tradição posterior como o mais criticado por Políbio, havia similarmente polemizado com seus predecessores na condição de exilado em Atenas, quando passou a compor sua história sobre a Sicília e a Itália, de modo a deslegitimar a linha de governo de Agátocles, considerada tirânica. Conformados pela disputa de poder no mundo helenístico, os sentidos de história carregam, em ambos os historiadores, a necessidade de ressignificação das tradições a fim de enfrentar as novas composições de forças e ou negociar com elas. Considerando esse contexto, o nosso objetivo é compreender, a partir da polêmica com Timeu, os conceitos usados por Políbio, especificamente como eles indicam o seu modo de pensar e de escrever história. Para tanto, nos apropriamos da teoria e do método da História dos Conceitos [Begriffsgeschichte], posto que compreendemos um conceito — em uma dada linguagem e em um dado contexto — como um conjunto de significados social e politicamente manifestado, sendo o conhecimento sobre ele construído pela análise diacrônica e, sobretudo, sincrônica de um respectivo conjunto de termos significantes dentro de suas relações empíricas de uso e interpretação. Uma vez deparados com tal esforço hermenêutico, o conceito moderno de história universal usado para qualificar as Histórias de Políbio contra as de Timeu, devido ao entendimento ocidental de sua obra ter tido como mote o avanço romano sobre a Grécia — o que era entendido como metonímia da universalização da história pela marcha da civilização — é problematizado. Por fim, buscamos corroborar a tese de que não haveria um conceito de história universal em Políbio, mas um modo particular de negociar com a rede de relações helenísticas, que compunham um espaço comum de interesses e de disputas, chamado, em grego, de oikouménē, e um modo de investigá-lo historicamente caracterizado pela variação de escalas. A fim de traduzir para uma linguagem contemporânea a defesa dessa prática historiográfica que Políbio constrói e com a qual ele valora a imagem de um passado comum da oikouménē, generalizando-o a partir das entidades políticas que dele participam, propomos o conceito de história ecumênica. Já para traduzir o modo multi-conflitivo como a investigação desse passado se dava, inerentemente ao seu contexto de constantes disputas e ao próprio objetivo de Políbio ao conceber suas Histórias como arma de combate, propomos o conceito de história poliagonística.
À espera de Roma: controvérsia eucarística e papado no século XI
Dissertação de Mestrado, 2024
A Controvérsia Eucarística ocorrida no século XI deu-se em torno dos questionamentos de Berengário de Tours sobre o pão e o vinho consagrados no altar. Para o arcediago, a transformação deles em corpo e sangue de Jesus Cristo esbarrava na impossibilidade de passarem por uma mudança carnal, material. Baseando-se em textos patrísticos e tratados do Império Carolíngio, concluiu que a transformação se daria de maneira intelectual, o que lhe rendeu diversas condenações ao longo de trinta anos. Este trabalho pretende defender que as causas da querela ultrapassam as questões de ordem teológica. Propomos investigar a relação entre a querela eucarística e os conflitos políticos protagonizados pelo papado no período, em particular, as disputas por sés episcopais e as transformações nos meios religioso e político daí advindas. Assim, analisaremos as posturas pontifícias frente aos principais atores da controvérsia, comparando-as com ações em outros conflitos do período, como contra o nicolaísmo e a simonia, de modo a buscar semelhanças e diferenças que possam elucidar o papel desempenhado pelos personagens a partir de sua posição em uma rede complexa, desigual e volúvel de autoridade. Para tanto, tomaremos por base escritos de Berengário e de seus opositores − sobretudo Lanfranco de Cantuária, Guitmundo de Aversa e Alberico de Monte Cassino −, cartas dos envolvidos e documentos conciliares, textos produzidos principalmente em territórios angevinos e normandos, mas que, assim como seus autores, circularam também por cidades germânicas e italianas. The Eucharistic Controversy that took place in the 11th century occurred around the questioning of Berengar of Tours about the bread and wine consecrated on the altar. For the archdeacon, their transformation into the body and blood of Jesus Christ came up against the impossibility of undergoing a carnal, material change. Based on patristic texts and treatises from the Carolingian Empire, he concluded that the transformation would take place in an intellectual way, which earned him several condemnations over the course of thirty years. This work intends to defend that the causes of the dispute go beyond the theological questions. We propose to investigate the relationship between the Eucharistic Controversy and the political conflicts led by the papacy in the period the disputes for episcopal Sees and the changes in the religious and political environment that resulted from it. Thus, we will analyze the pontifical attitudes towards the main actors of the controversy, comparing them with actions in other conflicts of the period, such as against Nicolaism and simony, in order to seek similarities and differences that may elucidate the roles played by the characters based on their position in a complex, unequal, and volatile network of authority. Thereby, we will take as a basis the writings of Berengar and his opponents - mainly Lanfranc of Canterbury, Guitmund of Aversa and Alberic of Monte Cassino -, letters from those involved and conciliar documents, texts produced mainly in Angevin and Norman territories, but which, like their authors, also circulated in Germanic and Italian cities.
RESUMO: O presente trabalho divulga a presença da recepção da antiguidade greco-romana na obra do poeta curitibano Paulo Leminski. Estudado inicialmente no mosteiro São Bento, na cidade de São Paulo, o latim constituiu uma importante fonte criativa revisitada durante toda sua carreira literária. Neste estudo, daremos atenção especial a três das principais obras representativas do autor referentes à literatura grecoromana: a tradução da Ode I, 11 de Horácio (1984), a prosa-poética Metaformose (1994)-recriação das Metamorfoses de Ovídio-e a tradução diretamente do latim do Satyricon de Petrônio (1985). Como pode ser constatado na leitura de sua biografia e como pode ser recorrentemente percebido nos temas que frequentam sua obra, o autor foi um conhecedor e divulgador da Língua e da Literatura Latina. Obedecendo ao cânone estabelecido por Ezra Pound e pelos poetas concretistas brasileiros, Haroldo e Augusto de Campos e Décio Pignatari, Leminski revisitou a antiguidade clássica e a reformulou, seguindo seus próprios pressupostos literários de dessacralização da antiguidade greco-romana a serviço da cultura popular brasileira.
História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP-USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom. As evidências arqueológicas da religião romana na Gália, durante os séc. I ao III d.C. Tatiana Bina Mestranda MAE-USP Bolsista CAPES Como é sabido, a constituição de uma esfera política autônoma, ou seja, desvinculada da experiência religiosa, é um evento recente na "história ocidental" 1 . Tanto na antiguidade quanto na Idade Média a religião não podia ser separada dos âmbitos político, econômico e social. Sem dúvida, nenhuma sociedade pode ser plenamente compreendida simplesmente através de compartimentações. Em especial, durante a Antiguidade, a Idade Média e a Idade Moderna a religião, por estar indissociada das forças motoras de poder, é um campo privilegiado de acesso às sociedades do passado, em todos as suas esferas. Desta maneira propomos aqui a apresentação e discussão de um dos locais onde a experiência religiosa podia ser vivida na antiguidade: os templos. Nossa delimitação especial e temporal são os templos romanos no séc. I ao III d.C., porém, no ensejo de fornecer uma contrapartida apresentaremos também os templos de tradição indígena na Gália Romana do mesmo período. Espera-se de tal modo fornecer elementos para um debate sobre a experiência religiosa em diferentes locais do império e suas relações com o poder imperial. Assim, nosso objetivo é proporcionar aos educadores do ensino da história e seus estudantes matéria para o aprofundamento deste tipo de discussão nas instituições de ensino. O conhecimento dos templos romanos passa pelo reconhecimento de sua alteridade com relação aos templos cristãos. Por mais que o cristianismo tenha adotado e adaptado uma série de simbolismos pagãos, esse não foi o caso da planta arquitetônica dos templos. 1 Entende-se por esse critério o que a história eurocentrica convencionou chamar de história ocidental, tendo seu "berço" na Grécia e em Roma. Essa história teria expoentes regionais para cada momento histórico, como foi dito Atenas-Esparta (Grécia) e Roma (Itália) para a antiguidade; França, Itália e Inglaterra para a Idade Média; França, Itália, Inglaterra, Portugal e Espanha para a Idade Moderna e assim sucessivamente. Assim, não se sabe o que aconteceu com a Grécia na Idade Moderna, nem em Portugal no séc. V a.C. Um exemplo das recentes críticas à essa visão podem ser encontradas em (GUARINELLO, N. L. . Uma Morfologia da História: as formas da História Antiga. Politeia, Vitória da Conquista, v. 3, n. 1, p. 41-62, 2003), nela o autor crítica o que considera "as formas da história", ou seja, esses recortes espaço-temporais descontinuados, não dando conta da totalidades histórica dos locais.