Há futuro para a concertação social? Os sindicatos e a experiência do modelo neocorporativo em Portugal (original) (raw)
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Sindicalismo - um passado portador de futuro
Ser Médico Veterinário: Riscos e Desafios, 2021
Nascidos na sequência da emergência da sociedade capitalista, os sindicatos são organizações duplamente centenárias que constituem uma das mais relevantes instituições do mercado de trabalho. A partir da década de 70, os seus principais recursos de poder começaram a ser erodidos e o movimento sindical passou a estar confrontado com uma crise profunda que não pode ser negada, a qual constitui atualmente a sua característica dominante à escala internacional, mas cujos contornos convém delimitar com precisão. As suas causas são múltiplas, nelas se mesclando fatores exógenos ao movimento (ciclos económicos, mudanças estruturais na economia, no social, no domínio político e no campo cultural), com outros endógenos, remetendo para a sua burocratização, oligarquização e deficiente capacidade de adaptação à mudança. O movimento sindical só muito tardiamente enfrentou esta situação, implementando desde então um conjunto de ações diversificadas, onde se contam fundamentalmente a realização de campanhas de recrutamento que não têm como objetivo central o reforço da organização sindical e dos laços dos trabalhadores com as suas estruturas, mas apenas o aumentar do número de efetivos sindicais, e os processos de reestruturação organizacional, numa perspetiva defensiva e não transformadora. Portugal segue o padrão internacional, quer no que respeita ao decréscimo da sindicalização quer no que se refere às respostas que tem sido dado ao refluxo na sindicalização, daí o amplo processo de reestruturação organizativa, no quadro de um movimento sindical extremamente fragmentado. No entanto, esta crise não representa uma decadência inexorável do sindicalismo que conduzirá ao seu desmoronamento definitivo. Estamos antes perante uma mudança qualitativa, em que à medida que declina o sindicalismo operário se consolida um sindicalismo ancorado no sector público, em torno de grupos socioprofissionais técnicos dotados de um elevado capital escolar. Neste sentido, e adotando uma perspetiva transformadora, o sindicalismo tem futuro.
Práticas Assistenciais em Sindicatos Do ‘novo sindicalismo’: a persistência da roda
Este trabalho é uma tentativa de debater as questões políticas produzidas pela prática assistencial no sindicalismo brasileiro, ao longo dos últimos 20 anos. A partir do estudo de dois sindicatos de Pernambuco: o Sindicato dos Tecelões1 e o SINTTEL (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações e Operadores de Mesas Telefônicas no Estado de Pernambuco), tentarei demonstrar os diversos significados que a questão da assistência adquiriu no discurso político sindical e no debate acadêmico, principalmente diante da pressão do chamado ‘novo sindicalismo.
Organizações de economia social: Coexistência, exemplo ou alternativa
A experiência de investigação em projectos no âmbito da economia social traduziu-se numa problematização dirigida às organizações que a integram e que as autoras do texto desenvolvem a partir dos seguintes vectores: i) o desafio relacionado com a estruturação de novas formas de relação entre o económico e o social dando prioridade às pessoas sobre o capital, à utilidade social e ao interesse coletivo sobre o interesse particular e trabalhando com os valores da solidariedade, da cooperação, da ajuda mútua, da equidade e da justiça social; ii) a forma como estas organizações definem a sua identidade face a uma economia de mercado e a procura de alternativas ao modelo socioeconómico dominante; iii) a refundação de modelos organizacionais onde decisores, trabalhadores e clientes actuem inspirados em culturas organizacionais que valorizavam o lugar dos atores na mudança social, o exercício da cidadania e a ação colectiva. As autoras concluem que a economia social poderá fornecer alguns princípios e regras para a construção de um ponto de partida para pensar de outra forma o desenvolvimento sustentável e uma economia socialmente responsável.
O 'novo'eo 'velho'sindicalismo: análise de um debate
Revista de Sociologia e Política, 1998
O artigo analisa as linhas mestras que orientaram o debate ocorrido em fins da década de setenta tanto no movimento social brasileiro quanto nos estudos acadêmicos, quando da reemergência do sindicalismo no cenário nacional. A disputa pela hegemonia política e sindical na esquerda brasileira, que marcou aqueles anos, teve como palco não só diferenciações acerca do presente, mas também trouxe a história como elemento de disputa, consolidando certas visões sobre o passado. Esta análise toma por base uma das perspectivas envolvidas, aquela que acabou por se tornar hegemônica. PALAVRAS-CHAVE: movimento sindical; "Novo Sindicalismo "; partidos de esquerda; trabalhadores. "Uma geração pode ser jidgada pelo mesmo juízo que ela faz da geração precedente, um período histórico, por seu próprio modo de considerar o período por quem foi precedido" (A. Gramsci). "Vocês que vão emergir das ondas em que nós perecemos, pensem, quando falarem de nossas fraquezas [...], pensem em nós com um pouco mais de compreensão " (B. Brecht).
Novas tendências de empresas sociais em Portugal
2019
We live in an age which the boundaries among the governmental, non-profit and business sectors are increasingly mixed, resulting in new institutional, economic and sustainable ways for social problems approaches. Socially conscious people are turning to social entrepreneurship to create meaningful and potentially enduring changes. Nevertheless, more and more social and environmental needs are emerging. Social entrepreneurship quickly arises either individually or in group as an important way to develop specific and economically viable business models and organizations, as solutions to social and environmental needs. A wide range of meanings has arisen for social enterprises. The purpose of this study was to research how blended value enterprises (with both for-profit business and social and environmental goals characteristics) contribute to the public good generation at organization, infrastructure and operation levels. The approach chosen was case study with qualitative and exploratory research with three enterprises located in Portugal. Data records were obtained from fieldwork notes, semi-structured interviews based on conceptual framework, and other documents about enterprises. Data interpretation was done by content analysis using the MAXQDA® software. The main finding of this study was that a new genre of enterprises combining economic and social values is emerging in Portugal. They are micro and small enterprises created by young entrepreneurs and they play a significant role in the self-employment. Beyond business, they contribute for the common good in the communities. Not only they generate social innovation through products and services, but also explore gaps left by traditional markets, such as in the environmental sector, generating positive externalities.
Coesão Social: O caminho de Portugal
O caminho faz-se caminhando. Esta frase podia muito bem ser utilizada para descrever o longo caminho que Portugal tem pela frente em matéria de emprego e coesão social. Para perceber esta questão, os autores deste artigo fizeram uma análise das políticas conduzidas em matéria de emprego e coesão social e o seu impacto no mercado de trabalho e na economia portuguesa, relacionando com a estratégia da Europa 2020 e com as convenções da OIT 2 , argumentando que estas políticas estão a pôr em risco a estratégia da Europa 2020. Vejamos, relativamente à criação de emprego, Portugal está muito longe de atingir os objetivos europeus. De 2005 a 2012 Portugal desceu de 72.3% para 66.5% na taxa de emprego. O desemprego atinge, sobretudo, as gerações mais jovens atrasando a sua transição para a vida ativa, ao mesmo tempo que expõe ex-trabalhadores a um desemprego de longa duração. Por este motivo, a emigração de jovens torna-se hoje motivo de debate público, tendo em conta a seu impacto na economia portuguesa. Associado à criação de emprego estão os objetivos sociais de reduzir o número de 1 Licenciado em Sociologia pelo ISCTE-IUL (Lisboa, Portugal). Mestrando em Politicas de desenvolvimento em Recursos Humanos pela mesma instituição. 2 OIT -Organização Internacional do Trabalho, agência da Organização das Nações Unidas especializada em questões do trabalho.
A proteção social na encruzilhada: Anais da Academia Brasileira de Direito do Trabalho. XI Congresso Internacional de Direito do Trabalho 2021, 2021, ISBN 978-85-7721-305-4, págs. 521-536, 2021
Resumo: Não é de hoje que a legislação do trabalho brasileira precisa ser revista, e um ponto específico clama por alteração. Com a tecnologia em evolução, surgiram no-vos modelos de negócios, muito dinâmicos e diferentes de toda relação a que se estava acostumado. Como ter uma relação coletiva entre as empresas e os trabalhadores inseri-dos nas novas formas de trabalho criadas no século 21, em uma legislação baseada nos modelos de negócios de 1943. Neste artigo, apontaremos algumas dificuldades e, sem querer esgotar o tema, indicaremos possíveis alternativas para uma melhor representação coletiva desses novos sujeitos a despeito da atual estrutura sindical brasileira. Abstract: It is not new that Brazilian labor legislation needs to be revised, but a specific point calls for change. With the evolving technology, new business models emerged, very dynamic and unlike anything else that was usual. How to have a representative collective relationship among companies and the new forms of work created in the 21st century, under a 1943´s Union structure legislation? In this article, we will show some difficulties and, without covering all the subject, we will discuss some ideas to manage this collective relationship despite the current structure.