A narrativa de Deus na sociedade pós-tudo: a estratégia irônica de Kierkegaard (original) (raw)
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Filosofia da Religião em Kierkegaard depois do anúncio da morte de Deus
Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, 2014
O artigo reflete sobre a atualidade da filosofia da religião de Kierkegaard tomando como inspiração as comemorações dos duzentos anos de seu nascimento e considerando, especialmente, o contexto atual de leitura da obra do dinamarquês como posterior ao anúncio da morte de Deus. Como uma perspectiva de leitura para a filosofia da religião de Kierkegaard abordarei a interpretação de Gianni Vattimo para o anúncio da morte de Deus. Em seguida analisarei alguns aspectos do conceito de histórico como desenvolvido pelo pseudônimo Johannes Climacus no Interlúdio de Migalhas filosóficas e argumentarei que Kierkegaard pensa o Cristianismo de modo não-metafísico, o que aparece, também, em alguns aspectos da forma de sua escrita. Por fim, argumentarei que a kénōsis tanto dá unidade à filosofia da religião de Kierkegaard quanto fornece elementos para pensar sua atualidade.
Kierkegaard e o solitário-sem-deus
Revista Opinião Filosófica
O presente artigo aborda o tema necessidade x liberdade em suas implicações para a fundamentação da Ética. Assim, apresenta as noções de livre-arbítrio e de causalidade necessitarista como bases de teorias antagônicas sobre o assunto. Para o aprofundamento da questão, o trabalho adota como referencial a obra Pós-escrito às Migalhas Filosóficas, de Kierkegaard. Tal pensador aponta que um necessitarismo acarretaria no fim da responsabilidade e da possibilidade de um posicionamento ético. Propõe, portanto, que o fundamento ético está no indivíduo em sua relação com Deus. No entanto, com as contemporâneas investigações psicológicas sobre as causalidades do self e o movimento filosófico da “Morte-de Deus”, a proposição kierkegaardiana perde força, surgindo a posição do aqui denominado solitário-sem-deus: epistemologicamente limitado, ontologicamente determinado e existencialmente perdido; adotando, como opção para seu desespero, o consumo e o hedonismo exacerbados.
Kierkegaard: um projeto filosófico-religioso entre a angústia e o paradoxo
Revista Brasileira de Filosofia da Religião, 2021
Resumo: A hipótese inicial do presente trabalho é que O conceito de angústia (1844) e Migalhas filosóficas (1844), escritas, respectivamente, por Vigilius Haufniensis e Johannes Climacus, ambos pseudônimos de Søren Kierkegaard, dão uma coesa expressão de seu projeto filosófico-religioso, pois nelas se encontra o eixo central daquilo que ele chama “tornar-se si mesmo”. Assim, buscaremos demonstrar porque tais obras são essa coesa expressão tanto quanto em que sentido é possível afirmar um projeto filosófico-religioso no pensamento de Kierkegaard. Para tanto, antes de tecermos quaisquer considerações a respeito do projeto filosófico-religioso, será preciso compreender quatro termos abordados pelas obras aqui consideradas – de O conceito de angústia, os de liberdade e angústia, já de Migalhas filosóficas, os de instante e paradoxo – com vistas a justificar por que a pretensão de tal projeto não é elaborar um sistema lógico-objetivo, mas constituir-se a partir de uma subjetividade, o que, por fim, nos levará à conclusão de que, para Kierkegaard, o “tornar-se si mesmo” coincide com o “tornar-se cristão”, logo, com o “tornar-se livre”. Palavras-chave: Angústia. Liberdade. Instante. Paradoxo. Tornar-se si mesmo Abstract: The initial hypothesis of this paper is that The Concept of Anxiety (1844) and Philosophical Fragments (1844), written, respectively, by Vigilius Haufniensis and Johannes Climacus, both pseudonyms of Søren Kierkegaard, give a cohesive expression of his philosophical-religious project, because in them we find the central axis of what he calls “self-becoming”. Thus, we will seek to demonstrate why these works are such a cohesive expression as well as in what sense it is possible to affirm a philosophical-religious project in Kierkegaard's thought. For this, before we make any considerations about the philosophical-religious project, it will be necessary to understand four terms addressed by the works considered here – from The Concept of Anxiety, those of freedom and anxiety, and from Philosophical Fragments, those of instant and paradox – in order to justify why the claim of such a project is not to elaborate a logical-objective system, but to constitute itself from a subjectivity, which, finally, it will lead us to the conclusion that, for Kierkegaard, the “self-becoming” coincides with the “Christian-becoming”, therefore, with the “free becoming”. Keywords: Anchieta. Liberty. Instant. Paradox. Self-becoming.
Verdade e Fé no Post Scriptum de Kierkegaard
De acordo com Søren Kierkegaard, quando a questão é a existência humana ou o sentido da vida, não há certeza objetiva possível para o indivíduo existente. Para o filósofo, a vida exige o encontro de uma verdade que seja verdade pessoal, uma verdade pela qual se possa ‘viver e morrer’. Em outras palavras, o ser humano necessita de algo que perpassando todos os sentidos do dia a dia e funcione como um centro, ou fundamento de sentido, caso contrário, o que se avistará no horizonte da objetividade será nada além do desespero diante da incerteza. Para o filósofo, preocupado com a existência humana e a religião cristã de seu tempo, a verdade do cristianismo capaz de fornecer esse centro de sentido pode ser encontrada, não na objetivação de verdades sistematizadas, mas na subjetividade do indivíduo quando este a toma por verdadeira para si (apropriação) com a paixão da interioridade. Tal concepção de verdade é, segundo Kierkegaard, uma paráfrase da fé.
Kierkegaard e a Fragilidade Da Provas Racionais Para a Existência De Deus
Problemata, 2016
Resumo: O presente artigo tem como de discussão a crítica de Søren Kierkegaard ao racionalismo hegeliano, especificamente, a sua refutação à possibilidade de provas racionais para a existência de Deus. A análise terá como referência, principalmente, o terceiro capítulo da obra Migalhas filosóficas, texto no qual o pensador dinamarquês aponta as inconsistências tanto de argumentos a priori (prova ontológica) quanto de argumentos a posteriori (prova teleológica). Para Kierkegaard, tais argumentos não possuem qualquer valor demonstrativo no que diz respeito à existência de Deus, uma vez que toda a discussão acerca de Deus parte de um pressuposto. Este pressuposto, não obstante, é colocado pela fé.
Fé, objetividade e história no pensamento de Kierkegaard
2015
O presente artigo procura discutir a critica feita por Soren Kierkegaard ao uso do historico-objetivo como fundamento para a verdade do cristianismo. Seguindo o esboco tracado por Johannes Climacus, pseudonimo kierkegaardiano que assina o Pos-escrito , serao analisados neste ensaio os principais fundamentos alvos da refutacao kierkegaardiana, a saber, a Biblia, a Igreja e a permanencia do cristianismo atraves dos seculos. Embora o foco da seja o Pos-escrito , serao consideradas outras obras do autor dinamarques nas quais a ideia de um cristianismo objetivo e colocada em xeque. A exemplo das Migalhas filosoficas, assinada pelo mesmo pseudonimo referido acima.
Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea
Embora separados por cento e cinquenta anos Pascal e Kierkegaard viveram em momentos de grande efervescência do pensamento racionalista, o primeiro, diante do racionalismo cartesiano e o segundo, no auge do idealismo hegeliano. Ao mesmo tempo, não obstante, os dois filósofos foram críticos severos do sistema filosófico que imperava em seu tempo. O presente artigo tem por finalidade aproximar Pascal e Kierkegaard a partir dos conceitos de Aposta e Salto, procurando mostrar elementos convergentes e divergentes entre esses dois procedimentos.
Revista Correlatio (UMESP / Universidade Metodista de São Paulo), ISSN: 1677-2644 (São Bernardo do Campo - SP), 2018
Atribuindo à ironia a possibilidade de exercício e desenvolvimento da liberdade subjetiva, Kierkegaard sublinha a negatividade absoluta como característica do referido processo em Sócrates, convergindo para assinalar o absoluto e irredutível valor do indivíduo em um movimento que implica o início absoluto da vida pessoal entre criar-se (poeticamente) e deixar-se criar (poeticamente). Dessa forma, contrapondo-se à dissolução da existência humana nas fronteiras da pura conceituação intelectual, Kierkegaard assinala a tensão inaplacável entre existência e transcendência em um movimento que implica a interioridade e guarda correspondência com a necessidade de tornar-se subjetivo, tendo em vista a perspectiva que defende que a verdade consiste na transformação do sujeito em si mesmo entre a vertigem da liberdade e o paradoxo da fé em um processo que encerra angústia e desespero e converge para a transição do ético ao religioso.
Kierkegaard Entre a Existência e O Niilismo
Sapere Aude, 2016
RESUMOConsiderando as noções de existência e niilismo, o presente artigo pretende mostrar como essas temáticas estão conectadas no pensamento de Soren Kierkegaard. A ideia central consiste em argumentar que o caminho que passa do niilismo para a fé é o da existência e este ponto é imprescindível para tornar-se livre. Este artigo também tem como objetivo apontar para as relações entre a filosofia da existência de Kierkegaard e seu legado com o existencialismo e o niilismo, tais como emergem nas décadas subsequentes. Para tanto, será necessário travar algumas digressões em torno da fortuna crítica de Kierkegaard e cotejá-las com as suas intenções na primeira metade do século XIX. A ideia consiste em mostrar como a emergência do niilismo e a reflexão sobre a existência estão contrapostas ao cenário da religiosidade cristã.PALAVRAS-CHAVE: Existência. Existencialismo. Humanismo. Niilismo. Liberdade.