RENDERS, Helmut. "Cristologia iconográfica: das suas linguagens imagéticas clássicas a uma expressão única latino-americana no fim do século 20", In: PLURA, Revista de Estudos de Religião,, vol. 4, nº 2, p. 4-31 (jul.-dez. 2013) (original) (raw)
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Franciscanum, 2023
RESUMO O artigo aqui apresentado faz parte de uma elaboração sistemática de estilos iconográficos e suas respectivas mensagens iconológicas da cultura visual cristã, com foco na arte religiosa de-vocional. A obra em questão é um interessante exemplo flamengo da linguagem visual católica em uso cem anos depois da reforma protestante e criada, provavelmente, entre a Trégua dos Doze Anos e o início da[s] Guerra[s] dos Trinta Anos. É estudo a gravura Homo moriens de Hie-ronymus Wierix do ano [1609/1619]. Formalmente, trata-se de um emblema clássico composto por uma Inscriptio, Pictura e Subscriptio. A obra é lida por meio do método iconológico de Er-win Panofsky. Conclua-se que se o tom da narrativa visual não é polêmico ou controverso, mas, pastoral e especialmente sensíveis à necessidade religiosa de pessoas que se encontram no leito da morte. Trata-se de um discurso visual “interno” da igreja, que dá jus às ênfases soteriológicas estabelecidas pelo Concílio de Trento em uma perspectiva de cuidado, construindo certezas, para poder enfrentar a inevitável agonia. Palavras-chave: Homo moriens; Hieronymus Wierix; emblema; cultura visual; reforma católi-ca. ABSTRACT The article presented here is part of a systematic elaboration of iconographic styles and their respective iconological messages of Christian visual culture, with a focus on devotional reli-gious art. The work in question is an interesting Flemish example of Catholic visual language in use a hundred years after the Protestant Reformation and created, probably, between the Twelve Years' Truce and the beginning of the Thirty Years' War[s]. The engraving Homo moriens by Hieronymus Wierix from the year [1609/1619] is studied. Formally, it is a classic emblem com-posed of an Inscriptio, Pictura and Subscriptio. The work is read through the iconological meth-od of Erwin Panofsky. It can be concluded that if the tone of the visual narrative is not polemi-cal or controversial, but pastoral and especially sensitive to the religious need of people who are on their deathbed. It is an “internal” visual discourse of the church, which lives up to the soterio-logical emphases established by the Council of Trento in a perspective of care, building certain-ties, in order to face the inevitable agony. Keywords: Homo moriens; Hieronymus Wierix; emblem; visual culture; Catholic Reform.
Plura Revista De Estudos De Religiao Plura Journal For the Study of Religion, 2014
Cristologia iconográfica: das suas linguagens imagéticas clássicas a uma expressão única latino-americana no fim do século 20 Iconographic Christology: from its classic imagetic languages to a single Latin American expression at the end of the 20th century Helmut Renders * Resumo Este artigo interpreta o conjunto das modificações do acento cristológico na cristologia iconográfica ao longo dos séculos. Conclui que cada expressão é estritamente relacionada com uma situação histórica específica à qual se pretende responder com o recurso cristológico apresentado. A cristologia iconográfica trata e retrata menos questões abstratas da metafísica ou da transcendência que implicações imanentes do senhorio e da amizade de Jesus Cristo. Vista em conjunto, a cristologia iconográfica explorou uma boa parte dos aspectos clássicos da cristologia, porém geralmente na perspectiva da igreja oficial e só excepcionalmente na do artista ou de grupos sociais marginalizados. Entretanto, aparece no fim do século 20 e início do século 21, pela primeira vez, uma cristologia iconográfica brasileira, parcialmente com precedentes latino-americanos, focada na obra de Cristo, primeiramente na Teologia da Libertação e depois no pentecostalismo. Palavras-chave: cristologia; cristologia iconográfica; pessoa e obra de Cristo; cristologia brasileira.
Caminhando, 2020
ABSTRACT Of the 18 works of Samuel Wesley (1662-1735), his Life of Jesus (1693) and his History of the Old and New Testament stand out for their dimensions, for their use of more than 500 engravings by two famous artists of the William Faithorne (1616-1701) and John Sturt (1658-1730), and due to the fact that they were reissued several times during his life. The article presents and interprets Wesley´s option for these engravers, and six pictures from the two books and discusses the meaning of the author’s effort to present sacred religious themes and texts through the use of iconography. It is concluded that the images represent a variety of visual narratives, using techniques of emblems and the appeal to affection, promoting the intellectual and emotional involvement of the reader in different ways. Keywords: religious languages; religious art; Anglican visual culture; religious experience.
El grabado El camino angosto y el camino ancho de Hieronymus Wierix de 1600: una analicé panofskiana de una obra de la reforma católica con ecos latino-americanos Hieronymus Wierix’ engraving The narrow road and the broad way from 1600: a panofskian analyzes of a work of the Catholic Reform with Lat-in-American echoes RESUMO O artigo apresenta e interpreta a gravura De smalle en de brede Weg (O caminho estreito e o caminho largo), de Hieronymus Wierix, criada no ano de 1600 na cidade de Antuér-pia, sob domínio espanhol. O objetivo é analisar um exemplo da cultura visual religiosa com possível influência nas Américas e no Brasil Colônia. Como método, seguem-se os três passos de interpretação de arte religiosa renascentista propostos por Ernst Panofsky: a descrição pré-iconográfica, a análise iconográfica e a interpretação iconológica. Palavras-chave: cultura visual religiosa; gravuras renascentistas; Hieronymus Wierix; caminho largo; caminho estreito. ABSTRACT The article presents and interprets the engraving De smalle en de brede Weg (The narrow road and the broad way) by Hieronymus Wierix, created in 1600 in the city of Antwerp, in those days under Spanish rule. Its purpose is to analyze an example of the religious visual culture with possible influence in the Americas and colonial Brazil. In methodo-logical terms, it follows the three steps of interpretation of Renaissance religious art pro-posed by Ernst Panofsky: a pre-iconographic description, an iconographic analysis, and an iconological interpretation. Keywords: religious visual culture; Renaissance engravings; Hieronymus Wierix; wide path; narrow path. RESUMEN El artículo presenta e interpreta el grabado De smalle en de brede Weg (El camino angos-to y el camino ancho) de Hieronymus Wierix, criada en 1600 en la ciudad de Amberes, bajo el dominio español. El objetivo es analizar un ejemplo de la cultura visual religiosa con posible influencia en las Américas y el Brasil colonial. Como método sigue los tres pasos de interpretación de arte religioso del Renacimiento propuesto por Ernst Panofsky, la descripción pre-iconográfica, el análisis iconográfico y la interpretación iconológica. Palabras clave: cultura visual religiosa; grabados renacentistas; Hieronymus Wierix; ca-mino ancho; camino estrecho.
O encanto por evidências visuais e narrativas textuais católicas e protestantes populares: motivos e metáforas religiosas como pathos formulae em xilogravuras e litografias do século XIX. 1. Identificação do projeto 1.1 Título O encanto por evidências visuais e narrativas textuais católicas e protestantes populares: motivos e metáforas religiosas como pathos formulae em xilogravuras e litografias do século XIX. 1.2 Resumo A cultura visual é um dos campos privilegiados para análise de estruturas e historicidade de práticas religiosas. O projeto proposto parte da hipótese da importância da cultura material e visual para as práticas religiosas populares, tanto católicas como protestantes. No estudo, propõe-se a estudar narrativas visuais e-enquanto tiver-textuais de xilogravuras e litografias criadas para informar a piedade pessoal dos seus observadores e das suas observadoras com o objetivo conduzir e encantá-los/as pelo conjunto dos motivos visuais e das metáforas textuais usados. Para possibilitar um estudo comparativo interconfessional e interdenominacional estabelecemos alguns critérios de escolha ou da inclusão de obras nessa investigação científica: estudamos e analisaremos obras com alta tiragem e com uso comprovado e aceitação ampla por adeptos/as das diversas confissões ou denominações por um período mais longo, mas, no mínimo, de 50 anos. Em nossos estudos da cultura visual cristã reparamo-nos da contínua presença e releitura do tema dos dois ou mais caminhos em xilogravuras e litografias tanto humanistas (Ípsilon de Pitágoras; Encruzilhada de Hércules) como (a) anglicanas-Thomas Kitchin:
Title: Fundamentalism in the perspective of image theory: distinctions between iconoclast, iconophile, and iconolatric approaches to the representations of the divine Abstract This scientific communication, developed into a formal text, discusses how human beings relate to texts (and other diverse representations) that are considered divine. The author interprets the forms of reading based on a re-reading of iconoclast, iconophile, and iconolatric perspectives. The text questions fundamentalism’s modern identification with any kind of sacralization process (iconoclasm) and the rejection of the task of critical interpretation of the text through hermeneutical methods based on the conviction about the sacred character of the text (iconolatry). Iconophily offers a way of describing a relationship that promotes and requires a responsible and judicious reading that allows the message to be taken to life. Keywords: Fundamentalism – Iconoclasm – Iconolatry – Iconophily – Hermeneutics. Resumo Essa comunicação científica transformada em artigo discute a forma de o ser humano relacionar-se com os textos (e outras representações dos mais diversos tipos) considerados divinos. Interpretam-se as formas de leitura a partir da releitura de perspectivas iconoclastas, iconófilas e iconólatras. Questiona-se a identificação moderna do fundamentalismo com qualquer tipo de processo de sacralização (iconoclasmo) e a rejeição da tarefa da interpretação criteriosa do texto com métodos hermenêuticos com base na convicção do caráter sagrado do texto (iconolatria). Na iconofilia encontra-se uma forma de descrever uma relação que promove e requer uma leitura responsável e criteriosa e que possibilite, assim, levar a mensagem do texto para vida. Palavras-chave: Fundamentalismo – Iconoclasmo – Iconolatria – Iconofilia – Hermenêutica.
2014
Images of Augustine and the Mass of Gregory and the construction of a masculine pitcorial discourse of the religio cordis in medieval times Abstract: Since colonial times the pictorial discourse of the religio cordis brasiliensis, a religious expression of the “cordial `man´” (Sérgio Buarque de Holanda), has been constitutive for his world experience, world relation, and form to built his world. This iconographic discourse comes up in the centre of the middle age and sedimented at its end the ideal iconographic program of Catholicism and it was because of this reaffirmed during the Catholic reformation. For the reason of extention this article identifies central aspects of this language of this innovative phase of its creation only based on paintings and engravings of Augustus form Hippo; Bernard of Clairvaux, and the mess of Pope Gregor the Great, that is, its masculine representations. Keywords: Medieval iconography; Augustus form Hippo; Bernard of Clairvaux; the mess of Pope Gregor the Great; religio cordis; religion of the heart. Resumo: Desde a época colonial era o discurso imagético da religio cordis brasiliensis uma expressão religiosa do “`homem´ cordial” (Sérgio Buarque de Holanda) constitutivo para a sua experiência do mundo, sua relação com o mundo e construção do seu mundo. Este discurso iconográfico surge na Alta Idade Média e se sedimenta no final dessa época como programa iconográfico ideal do catolicismo e, por isso, retomado na reforma católica. Por razões de espaço optamos neste artigo por identificar aspectos centrais dessa linguagem nesta fase inovadora da sua criação, somente na base de pinturas e gravuras de Agostinho de Hipona, Bernardo de Claraval e da missa de Gregório, ou seja, das representantes masculinas.
Estudos da Religião, 2023
The basis of this iconological study are three emblems [Omnia vencit amor (1601) by Daniël Heinsius (1580-1655) with a subscriptio by Hugo Grotius (1583-1645); Hugo Grotius aged 49 (1632) with a subscriptio by Daniël Heinsius and the front cover of the English edition of Groti-us´ Law for War and Peace (1654) with an epigram by Heinsius from 1632]. The challenge of the iconological analysis of the three epigraphs in the engravings and in the book lies in the fact that the two men, after a period of an academic friendship, belonged in the Synod of Dort (1618-1619) to opposing groups, Grotius being a supporter of the group of Remonstrants or followers of Jacobus Arminius (1560 -1609) and Heinsius, member of the Gomares group or follower of Franciscus Gomarus (1563-1541). and Secretary of the States General. On that occasion, Grotius was sentenced to life imprisonment, but managed to escape from prison in 1621 to France, where he entered the Swedish diplomatic service in 1635, after an unsuccessful attempt to return to the Netherlands during the years of 1631-1632. The epigraphs will be read in this context from the iconological method of Erwin Panofsky in combination with the theory of emblems. The guiding question is: what do emblems and epigraphs reveal about an eventual rapprochement between Heinsius and Grotius from 1632 onwards? As a result, it is proven that the emblem and epigraph of 1632 unite arguments that make a resumption of contact between the two plausible, including with a tone of appreciation. A base desse estudo iconológico são três emblemas [Omnia vencit amor (1601) de Daniël Heinsius (1580-1655) com uma subscriptio de Hugo Grotius (1583-1645); Hugo Grotius com 49 anos (1632) com uma subscriptio de Daniël Heinsius e a capa da edição inglesa da obra Lei para Guerra e Paz de Grotius (1654) com um epigrama de Heinsius de 1632. O desafio da análise iconológica dos três epígrafos nas gravuras e no livro reside no fato que os dois homens, depois de uma fase de amizade acadêmica, pertenciam ao Sínodo de Dort (1618-1619) a grupos opostos, sendo Grotius apoiador do grupo dos remonstrantes ou seguidores de Jacobus Armínius (1560-1609), já Heinsius integrante do grupo dos gomares ou seguidor de Franciscus Gomarus (1563-1541) e secretário dos Estados Gerais. Na ocasião, Grotius foi condenado a pena de prisão perpétua, porém conseguiu fugir da prisão em 1621 para a França de onde entrou no serviço diplomático sueco em 1635, após uma tentativa frustrada de retornar para os Países Baixos du-rante os anos de 1631-1632. As iconografias e os epígrafos são lidos diante desse contexto a par-tir do método iconológico de Erwin Panofsky em combinação com a teoria de emblemas. A per-gunta norteadora dessa pesquisa é: o que emblemas e epigramas revelam sobre uma eventual reaproximação ente Heinsius e Grotius a partir de 1632? Como resultado demonstra-se que o emblema e epígrafo de 1632 unem argumentos que fazem uma retomada do contato entre os dois plausível, inclusive, com um tom de apreciação.