A Segurança Energética Entre Rússia e União Europeia: Interdependência Complexa e Cenários Possíveis (original) (raw)
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Relação Energética Russia - União Europeia
Mercator, 2011
Inúmeros analistas realizam interpretação geopolítca das relações energéticas entre a Rússia e a União Europeia. As abordagens, baseadas em visão realistica das relações internacionais, apresentam GAZPROM como instrumento de poder nas mãos do Kremlin e fonte de perigo para a independência da União Europeia. Neste artigo, mostramos como a idéia marcantemente geopolítica de embate frontal entre a UE e a Rússia representa explicação parcial do comportamento dos atores envolvidos nessa relação. Em expansão internacional, GAZPROM responde, também, a uma lógica industrial e econômica fundada na procura e garantia de oportunidades de negócios rentáveis. Além disso, mesmo dispondo de papel bem defi nido nas relações internacionais, a União Europeia (UE) ainda não existe como ator energético. Ela é permeada por numerosas divisões internas que tornam seu discurso pouco lisível para os parceiros externos.
Na presente apresentação pretendo, entre outras coisas, abordar aquilo que-num livro recente para o qual tive o gosto de escrever um Prefácio e que teve por base uma dissertação que orientei na Faculdade de Direito da Universidade Nova-Francisco Briosa e Gala apelidou de "a volatilidade do ordenamento jurídico em matéria de segurança de aprovisionamento de gás na União Europeia". A linha de argumentação adoptada por Briosa e Gala é simples: segundo ele, "a intensidade da dinâmica política [do relacionamento entre a EU e os seus fornecedores, e muito em especial a Federação Russa] não permite nem aconselha uma maior estabilidade nem uma maior densidade normativa". Para se tornar inteligível, quero aqui argumentar, em boa verdade-e embora esta não seja decerto a única condicionante, tratando-se mais de um enquadramento conjuntural de peso-a análise do direito europeu tem de se ver contextualizada sistematicamente pelas crises russo-ucranianas em torno do gás; e tem de se ver acompanhada pela observação crítica da actuação dos Estados-Membros face aos grandes projectos europeus que vão emergindo no sector. Olhar as questões por este prisma, permite-nos com maior nitidez identificar os constrangimentos que reputo de mais importantes: ou seja, a responsabilidade que deve ser imputada às actuações individuais dos Estados-Membros no insucesso de uma política energética europeia reactiva, lenta na elaboração, e incompleta no seu âmbito. Tal como facilita o equacionamento das suas implicações no quadro da crise na qual, atual e infelizmente, vivemos. O foco será colocado tanto na indesejável dependência do gás russo, quanto na clara saturação das rotas de fornecimento. Esta realidade exige olhar para a articulação dos protagonistas-para a segurança do fornecimento de gás à União-e, muito em especial, quer a Ucrânia, quer a Rússia. Para tal, desenharei, naturalmente apenas em esquiço, uma breve incursão geopolítica no "interesse energético" destes dois Estados. Faço-o na medida em que tal é condição para compreender as causas da "guerras do gás" que têm tido lugar entre o Estado russo e 1
A Parceria Energética Russo-Europeia
2019
A Russia e o principal obstaculo as recentes atividades de diversificacao da matriz energetica europeia? No seculo XXI, a Uniao Europeia utiliza estrategias para promover a diversificacao das suas fontes de energia, objetivando maior seguranca em seu aprovisionamento energetico, um setor energetico competitivo e sustentavel, capaz de garantir estabilidade e abundância dos recursos energeticos a populacao europeia. Os hidrocarbonetos sao as fontes de consumo energetico mais utilizadas pelos europeus e a A Russia e a principal fornecedora de petroleo, gas e carvao a Europa. Entretanto, cortes do fornecimento de gas a partir de 2006 envolvendo a Russia e a Ucrânia prejudicaram o futuro da parceria energetica russo-europeia frente aos seus defensores. Este artigo examina o impacto das decisoes da Uniao Europeia e como elas afetam os padroes de producao e consumo de energia no continente atraves de um estudo de caso sobre as suas relacoes com a Russia em materia de energia.
A União Europeia, a Turquia e a Segurança Energética
À primeira vista, tudo parece apontar para um leque de vantagens com uma futura adesão da Turquia à UE. Fazendo parte da Comunidade de Energia, fundada pela UE, a Turquia não passa, no entanto, de um mero observador e não de um membro de pleno direito. Mas se é incontornável que a adesão da Turquia transportaria a UE para muito mais perto das maiores jazidas de petróleo e gás natural do Golfo Pérsico à Bacia do Cáspio, também é verdade, que essa aproximação tornaria mais vulnerável a UE nas suas novas fronteiras a Sudeste.
A Energia na relação União Europeia-Rússia: 2000-2015
Master's thesis in Political Science and International Relations, 2016
A energia desempenha um papel importante no quotidiano e no desenvolvimento económico da sociedade humana. O comércio internacional de energia, principalmente de petróleo e gás natural, afirmou-se, a partir do século XX, com a exportação desses produtos energéticos pelos países fornecedores, por norma com elevadas reservas e capacidade de produção, com destino a países desprovidos de fontes de energia endógenas capazes de satisfazer o seu consumo interno. Desde a década de 1960, a Rússia, então União Soviética, celebrou os primeiros contratos a longo prazo para o fornecimento de gás com países europeus. Esta relação, estritamente comercial, evidenciou a importância do comércio de recursos energéticos para as economias russa e europeia. Com a dissolução da União Soviética, a União Europeia e a Rússia aprofundaram as suas relações bilaterais, com a adoção do Acordo de Parceria e Cooperação em 1994, que consagrou a energia como uma das áreas de cooperação. Somente em outubro de 2000, a cooperação energética foi institucionalizada com o estabelecimento do Diálogo Energético, enquadrando, oficialmente, a energia no quadro das relações bilaterais. O Diálogo tornou-se num importante fórum para as questões energéticas da União Europeia e da Rússia, reunindo diversos políticos, oficiais, técnicos, empresários e académicos para discutirem as questões mais prementes. O Diálogo simbolizou a vontade da União Europeia e da Rússia em convergirem os seus mercados energéticos e defenderem os seus interesses comuns. Porém, a cooperação energética sofreu com algumas condicionantes que a constrangeram ou impulsionaram em determinados momentos. Com este estudo, pretendemos analisar o desenvolvimento da cooperação energética entre a União Europeia e a Rússia, durante o período compreendido entre 2000 e 2015, no que se refere ao petróleo e ao gás natural, por serem os principais produtos energéticos comercializados entre as partes e por serem determinantes na sua segurança energética.
RELAÇÃO ENERGÉTICA RUSSIA-UNIÃO EUROPEIA (the energy relations between EU and Russia)
Revista Mercator, 2011
Inúmeros analistas realizam interpretação geopolítca das relações energéticas entre a Rússia e a União Europeia. As abordagens, baseadas em visão realistica das relações internacionais, apresentam GAZPROM como instrumento de poder nas mãos do Kremlin e fonte de perigo para a independência da União Europeia. Neste artigo, mostramos como a idéia marcantemente geopolítica de embate frontal entre a UE e a Rússia representa explicação parcial do comportamento dos atores envolvidos nessa relação. Em expansão internacional, GAZPROM responde, também, a uma lógica industrial e econômica fundada na procura e garantia de oportunidades de negócios rentáveis. Além disso, mesmo dispondo de papel bem defi nido nas relações internacionais, a União Europeia (UE) ainda não existe como ator energético. Ela é permeada por numerosas divisões internas que tornam seu discurso pouco lisível para os parceiros externos.
Política comum de segurança e defesa : a Federação Russa e Segurança Europeia
2017
Dissertação de Mestrado, Relações Internacionais, 20 de Janeiro de 2017, Universidade dos Açores.Esta Dissertação pretende ser um modesto contributo com o objetivo de melhor compreender os diferentes focos de instabilidade na Europa e que, por sua vez, são parte da razão pela qual a segurança do continente europeu se encontra fragilizada. Apresenta uma abordagem à evolução da segurança europeia e a influência que a crise económica, a crise migratória, entre outras tiveram para o atual paradigma, numa altura em que até a NATO é incapaz de dar resposta a todos os desafios que surgem. O estudo baseia-se na consulta de bibliografia, artigos científicos e jornalísticos sobre o tema abordado. A pesquisa efetuada permite concluir que o ressurgimento dos nacionalismos exacerbados, fruto de diversas divisões na Europa, tal como o ressurgimento de conflitos até agora “congelados” podem colocar em causa o Projeto Europeu.ABSTRACT: This thesis aims to be a modest contribution in order to better...
ECONOMIA POLÍTICA DA ENERGIA: O GÁS NATURAL RUSSO E A DEPENDÊNCIA EUROPEIA
O artigo tem como principal objetivo avaliar como se desenvolveu o contexto de dependência europeia frente ao gás natural russo. Nesse sentido, busca-se entender a economia política da região e como ela levou à construção da rede de gasodutos russos para Europa (Nord Stream). Além disso, pretende-se discutir como tal fato afetou a logística de transporte e o comércio de gás natural na região, bem como seus efeitos sobre a segurança energética dos países abastecidos. Para tal, e de acordo com a retórica oficial do projeto, é avaliado se o Nord Stream diminuiu, de fato, a dependência do fornecimento de gás russo no centro norte-europeu. Faz-se, então, uma breve apresentação sobre os antecedentes da construção do gasoduto, sobre seu processo de construção e funcionamento e, por fim, seus impactos sobre a Europa.
A política externa da Turquia e a União Europeia : o caso da segurança energética
2012
Este trabalho tem como principal objectivo analisar a política externa da Turquia e o relacionamento deste país com a União Europeia, o qual tem uma longa tradição histórica. Pela sua relevância para este relacionamento, é dada uma especial ênfase aos aspectos de política externa ligados com a segurança energética europeia. Desta forma, os particularismos da posição geoestratégica da Turquia e as suas relações com as regiões do Médio Oriente, Cáucaso e Ásia Central ocupam um lugar significativo na análise. Por último, procura-se ainda avaliar os eventuais benefícios que poderão resultar de uma adesão da Turquia à União Europeia, em especial no caso da segurança energética.