Abortamento – Breves considerações (original) (raw)
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Conhecimentos e Opiniões De Adolescentes Sobre Abortamento
Revista Brasileira Ciências da Saúde - USCS
Introdução: O tema abortamento ainda possibilita múltiplas interpretações e representa interesses diversos para as instituições sociais, entre as quais não existe uma posição consensual sobre a questão, mesmo ela estando pautada como um grave problema de saúde pública. Objetivos: Identificar o conhecimento e a opinião de adolescentes do ensino médio sobre abortamento, observando quais variáveis se alteram conforme o maior grau de escolarização. Método: Trata-se de um estudo descritivo envolvendo 302 adolescentes de ambos os sexos, na faixa etária entre 14 e 20 anos, que cursavam o ensino médio em três escolas estaduais do município de Embu das Artes (SP). Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionário semiestruturado de múltipla escolha e autoaplicável em sala de aula. Resultados: Os dados obtidos demonstraram que há forte influência de conceitos religiosos e morais na estruturação dos conhecimentos sobre o tema e que tais conceitos têm modulado as opiniões sobre a legislação vigente no país. Em relação aos métodos para a realização de abortamento, observou-se maior percentual de adolescentes que conhecem pequenas cirurgias (50,66%), seguido por aqueles que citam chá de maconha (34,43%) e objetos pontiagudos (27,48%). Em relação às fontes de informação sobre abortamento, detectou-se resultados significativos estatisticamente apenas para revista/jornal (p=0,001) e TV (p=0,003). Sobre a opinião em relação ao tema, 55,63% dos participantes se colocaram contra a realização do abortamento e 82,45% se mostraram favoráveis em casos de gravidez resultante de estupro. Conclusão: A formulação de conhecimentos sobre a temática foi pautada na legalidade, aumentando sua intensidade de acordo com a maior escolarização dos respondentes, enquanto a opinião dos participantes refletiu o ideário social dominante.
Aborto: Uma Abordagem Econômica
Revista de Estudos e Pesquisas Avançadas do Terceiro Setor, 2017
O aborto é um tema naturalmente polêmico. Ele causa repulsa em algumas pessoas; de outras, recebe vigorosa defesa. A discussão envolvendo sua prática tem, usualmente, o mesmo caráter: ideologia. Tanto as críticas quanto os incentivos são motivados por opiniões subjetivas, o que se traduz em uma temática complicada e divergente. Um consenso sobre esse tema, ao menos no cenário social brasileiro, é impossível, assim como a alteração de postura legislativa no curto prazo. O que se pretende, neste artigo, é "escapar" do tratamento tradicional conferido ao aborto que, em muitos casos, não supera o senso-comum. Optase por uma abordagem econômica, compreendida como a análise dos impactos desse comportamento na sociedade, logo, como um fato social, sem cair na tentação de se encontrar uma solução mágica para o infindável debate. Pretende-se apresentar os reflexos sociais causados pela intervenção voluntária da gravidez, ou seja, seus efetivos impactos na vida em sociedade, quer como efeito externo positivo (externalidade positiva), quer negativo (externalidade negativa), a fim de se ampliar o leque de discussão e trazer novas luzes ao tema. Em termos estruturais, o artigo, na seção seguinte, oferece um conceito de Bioética e sua relação com o aborto, assim como as hipóteses legais de abortamento no Brasil e a evolução legislativa ocorrida em Portugal. Na seção 3, utilizando como ponto de partida a ideologia feminista de defesa do aborto, inserem-se dados relativos a essa prática para demonstrar alguns impactos
Abortamento: enquadramento legal, deontológico e perspectiva ética
2011
A interrupção da gravidez antes do limite gestacional da viabilidade fetal está inerente a uma reflexão multidisciplinar, pelos conflitos que envolve. Do ponto de vista legal, os documentos vigentes em Portugal têm vindo a ser alterados ao longo do tempo no sentido da protecção da saúde da mulher, possibilitando-lhe a informação e apoios necessários a uma tomada de decisão livre, informada e esclarecida. Os determinantes deontológicos acerca dos profissionais de saúde face ao abortamento legitimam a prática em conformidade com a lei, no entanto, salvaguardam o direito de cada um desses profissionais à objecção de consciência. A discussão ética acerca do abortamento nas suas diferentes formas engloba a preocupação com o valor da vida humana intra-uterina, mas também com o respeito pela autonomia individual. Muito embora a discussão acerca do estatuto moral a atribuir à vida humana intra-uterina se perspective em torno de diferentes correntes e opiniões, conclui-se que diversas perspectivas são aceitáveis, numa perspectiva de valorização da diversidade interpessoal.
Algumas Considerações Acerca da Legalização do Aborto no Brasil
Mudanças - Psicologia da Saúde, 2014
O aborto é um tema que provoca discussões em diversas áreas do saber. Na atualidade, é considerado um problema de saúde pública em virtude da alta taxa de mortalidade materna relacionada a esta prática. A legislação vigente no Brasil estabelece que o aborto é crime. Entretanto, a gestante que sofre risco de morte ou que engravidou em consequência de uma violação sexual está autorizada a interromper a gestação. Este trabalho apresenta uma reflexão teórica a respeito do aborto provocado, abordando os principais argumentos que sustentam as discussões sobre a legalização, ou não, deste ato e apontando os principais desafios das pesquisas que versam sobre o assunto. Palavras-chave: Aborto induzido; Bioética; Saúde Pública.
Revista Estudos Feministas, 2008
Uma revista que trabalha com a temática de gênero a partir da perspectiva feminista não poderia deixar de refletir mais uma vez sobre o aborto, sobretudo num contexto em que se reacende esse debate, tanto no Brasil como em vários outros países onde, até hoje, tal polêmica não se resolveu. Para contribuir com a ruptura do sonoro silêncio 1 sobre essa prática, a editoria de dossiês da REF decidiu organizar esta seção, cujo nome replica o Dossiê Aborto de 1997. Foram retomadas discussões sobre os direitos sexuais e reprodutivos ocorridas na década de 90 que, de forma tímida, como sugere Leila Linhares Barsted (1997), 2 vêm legitimando internacionalmente o debate feminista acerca do direito das mulheres de decidirem sobre seus corpos e optarem pela maternidade. Aliás, é também Leila Barsted que discute no primeiro número da REF de 1992, 3 de forma provocativa, a luta pelo "aborto legal" como estratégia do feminismo brasileiro, que, segundo ela, não deveria perder seu rumo abandonando a luta pela descriminalização do aborto em qualquer situação. Esse direito seria, como afirma Michèle Ferrand no presente dossiê, uma condição para a emancipação feminina, cabendo às mulheres a decisão final sobre processos que afetam não somente seus corpos, mas também suas vidas. Vários outros textos sobre o tema têm sido publicados ao longo dos 15 anos da REF, direta ou indiretamente, seja na forma de artigos, seja na forma de entrevistas e/ou resenhas, com destaque para os dossiês "Mulher e direitos reprodutivos" 4 e, ainda, "Relações de gênero" e "Saúde reprodutiva". 5
Alguns Aspectos Da Atual Discussão Sobre O Aborto e as Posições Da Igreja
Perspectiva Teológica, 2005
Para que se possa tratar da questão do aborto no âmbito da Igreja católica, é importante que, antes de mais nada, se amplie o horizonte da reflexão de modo a evitarmos cair em posicionamentos preconceituosos e passionais, tão comuns tanto por parte daqueles que não se compreendem dentro da Igreja, como também pelos que se consideram membros dela.