O cativeiro da terra (original) (raw)
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O Cativeiro da Terra- José de Souza Martins
O desenvolvimento capitalista no Brasil não seguiu o modelo consagrado na literatura especializada. Teve sua própria circunstância e nela percorreu o caminho possível. As determinações de origem do capitalismo entre nós não podem ser ignoradas se queremos compreender suas contradições históricas, os bloqueios que até hoje nos desa iam a criar mais do que imitar. Para compreender o substancial dessa singularidade basta levar em conta uma diferença fundamental e radical de origem, que permanece e nos regula. Diante do esgotamento do escravismo e da inevitabilidade do trabalho livre, o Brasil decidiu, em 1850, pela cessação do trá ico negreiro, desse modo abreviando e condenando a escravidão. Optou pela imigração estrangeira, de trabalhadores livres. País continental, com abundância de terras incultas e um regime fundiário de livre ocupação do solo, condenou-se, nesse ato, ao im do latifúndio, e, consequentemente, da economia escravista que sobre ele lorescera, da sociedade aristocrática que dele se nutrira. Duas semanas depois, porém, o Brasil aprovou uma Lei de Terras que instituía um novo regime de propriedade em que a condição de proprietário não dependia apenas da condição de homem livre, mas também de pecúlio para a compra da terra, ainda que ao próprio Estado. O país selecionaria a dedo, por meio de seus agentes na Europa, o imigrante pobre, desprovido de meios, que chegasse ao Brasil sem outra alternativa senão a de trabalhar em latifúndio alheio para um dia, eventualmente, tornar-se senhor de sua própria terra.
Temporalidades-Revista Discente| UFMG 265 O agenciamento no cativeiro: estudos de caso como ferramenta metodológica para o entendimento da dimensão da subjetividade nos processos decisórios numa sociedade escravista Leonara Lacerda Delfino Mestre em História (UFJF) e doutoranda em História (UFJF)
Introdução Será abordado nesse trabalho o contexto histórico relacionado às quatro deportações que reduziram o reino do sul ao cativeiro de exílio na Babilônia, mostrando os reis do Império babilônico, períodos de seus respectivos governos até a queda da Babilônia; os personagens proeminentes no período de retorno a Jerusalém para a reconstrução do templo, para a instituição do culto, para a reconstrução da cidade e dos muros e o reassentamento da população judaica. Com relação ao cativeiro babilônico destacaremos quais foram os efeitos que ele engendrou na mentalidade dos israelitas.
Os donos da terra, 2020
Desde o início dos anos 2000, o povo Tupinambá está mobilizado para exigir do Estado brasileiro a garantia de seus direitos territoriais. O processo de demarcação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença começou em 2004, mas ainda não foi concluído, violando todos os prazos legais. A área — que se estende por cerca de 47 mil hectares, abarcando porções dos municípios de Buerarema, Ilhéus, São José da Vitória e Una, no sul da Bahia — é habitada por cerca de cinco mil indígenas. Unidos por vínculos de parentesco, eles se distribuem por mais de vinte localidades, entre as quais a aldeia Serra do Padeiro. É nessa aldeia que fincam pé as sete histórias deste livro, que moldam reminiscências e relatos diversos, para se aproximar da trajetória do povo Tupinambá.
Caro amigo Salvador: Deus nos abençoe. Autorizamos os prezados amigos do Instituto de Difusão Espírita, em Araras, a fazerem a publicação das entrevistas que você arquivou, entre 1958 e 1975, e agradecemos, como sempre, as suas atenções. Realmente, de minha parte, devo-as todas, no que contenham de útil ao nosso abnegado Emmanuel, e, em razão disso, não posso esquecer que nosso amigo Espiritual é o autor das páginas a que nos referimos. Estou na condição da terra e, sem dúvida, que ele é para mim o incansável semeador. Fizemos a revisão necessária na entrevista com a nossa distinta Patrícia Hebe Camargo e esperamos que todo o trabalho esteja preparado para os fins em vistas. Muito grato, sou o irmão e servidor reconhecido de sempre.
O que nos faz pensar, 2021
Neste artigo, recorremos ao conceito de “acontecimento”, de Gilles Deleuze, para pensar a Terra e as transformações antropogênicas que, incidindo sobre os processos ecológicos, configuram o que vem sendo chamado de colapso ecológico global. Se, sob tais transformações, percebemos que a Terra nunca consistiu num ambiente acabado e inerte – imagem prevalente desde ao menos a modernidade –, propomos que o conceito de acontecimento permite vislumbrar outras imagens da Terra. Isso porque ele possibilita não apenas analisar a processualidade mesma das dinâmicas que fazem a própria Terra, mas também compreender por que precisamos mais que nunca de um novo entendimento político (ou cosmopolítico, para falar como Isabelle Stengers) que coloque em outros termos as relações entre humanos e não humanos, natureza e cultura, indivíduos e seu meio. Concluímos a análise discutindo algumas consequências éticas e políticas que se desdobram dessa consideração da Terra como um acontecimento.
Eia, imaginação divina!» Assim Sousândrade, com o que parece ser uma invocação sumamente romântica, que logo se revela, porém, antes de tudo, uma exclamação (não menos romântica), dá início a seu grande poema, O Guesa. 2 Trata-se, porém, de uma exclamação que determina e marca imediatamente, já no primeiro verso do poema, uma interrupção, uma quebra: o decassílabo se recorta em dois quase-versos. Eia, imaginação divina! Os Andes Volcanicos elevam cumes calvos, Circumdados de gelos, mudos, alvos, Nuvens fluctuando -que espetac'los grandes! Lá, onde o poncto do kondor negreja, Scintillando no espaço como brilhos D'olhos, e cae a prumo sobre os filhos Do lhama descuidado; onde lampeja Da tempestade o raio; onde deserto, O azul sertão formoso e deslumbrante, Arde do sol o incendio, delirante Coração vivo em céu profundo aberto!» 3