AUTHOR, A memória do Século XX vai-se perder [ The memory of the twentieth century will be lost ] (original) (raw)
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ENTRANDO NA CULTURA ESCRITA: UM CASO IMPROVÁVEL NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX
O que ele contava -e que a família recita como um mito de origem -é que foi o primeiro filho varão, nascido em 1903, 1 de uma família "humilde" e sem "muita instrução, em Cachoeira do Campo, um distrito de Ouro Preto. Embora seu avô, José, fosse "homem de algumas posses", 2 tivesse o ofício de correerio e sua oficina fosse considerada grandeé o que se relata -, teria conseguido educar apenas um de seus 14 filhos, no Seminário da Boa Morte, em Mariana, onde se ordenou sacerdote em 1888. Os outros irmãos "ficaram
Resenha à obra “Memória e esquecimento na internet”, de Sérgio Branco
A estrutura da rede favorece a lembrança, tornando o esquecimento não a regra como outrora, mas a exceção, o que nos leva a perceber como a Internet reinventou a forma como lidamos com nossas memórias e informações pessoais. Diante disso, verifica-se que ocorreu um aumento exponencial na quantidade de demandas nos tribunais em que se pleiteia a desindexação de resultados em mecanismos de busca, para dificultar o acesso a determinadas informações, ou a própria retirada de conteúdos de locais específicos na rede.
Atualmente, impulsionados pela elaboração da primeira versão da Base Nacional Comum Curricular que pretendia estabelecer diretrizes universais para o ensino de História em todo o país, os estudos sobre a Antiguidade e a Idade Média se viram, juntamente com outras áreas do conhecimento sobre o passado (como, por exemplo, a história indígena da América pré-colonial) virtualmente excluídos dos conteúdos escolares. Uma vez que os debates entre os profissionais da área foram, muitas vezes, segmentados, o presente ensaio pretendeu expor uma questão de suma importância, mas que ainda não recebeu a devida atenção: a historicidade de nossa noção atual de memória. Tentei aqui traçar não a totalidade de vertentes que alimentam o sentido do termo “memória” em nossos dias, mas apenas demonstrar, a partir de realidades empíricas, como o uso político atual de certo vocabulário – Aletheia e a expressão “verba volant, scripta manent” – associado à memória é tributário de uma longuíssima tradição ocidental que encontra na Idade Média, e em especial no século XII, um ponto de inflexão decisivo na transformação do sentido divino (oriundo do mundo helênico) atribuído à lembrança e ao esquecimento em um significado jurídico. Foi, paradoxalmente, o período medieval, tão conhecido pela dominação de um suposto obscurantismo religioso monolítico, que possibilitou a criação de uma noção gradativamente secularizada de memória. Nesse sentido a Idade Média oferece ao historiador aquilo que deve ser o seu pão cotidiano: o estudo da mudança ao longo do tempo, e mais precisamente no que nos interessa aqui, uma história de nossa própria noção de memória. É nesse confronto com a alteridade, seja ela em relação à nossa história nacional ou à história vinda de horizontes mais ou menos longínquos, que o historiador encontra sua razão de existir e seu exercício de cidadania.
Os mortos do século XX: o passado em fragmentos e pequenas histórias
Revista Crítica Cultural, 2011
Comprometido com o sentido político das narrativas sobre a história, este artigo aproxima Marcelo Masagão a Walter Benjamin, desejando uma leitura interpretativa do ‘filme-ensaio’ Nós que aqui estamos por vós esperamos (1998). Longe de pretender legendar a narrativa imagética de Masagão com os conceitos de Benjamin, a reflexão aqui proposta reafirma a tarefa de revirar os escombros do passado para pensar o presente. Considerando uma das obras cinematográficas brasileiras mais instigantes para pensar o papel político dos espectadores como cidadãos, discute-se o ‘filme-ensaio’ na perspectiva da experiência artística como forma de conhecimento.
A literatura do desassossego no século XX 1
Foi o toscano Antonio Tabucchi quem observou que a literatura pode ter funcionado como um "sismógrafo do desassossego" que caracterizou o século XX. Seu personagem mais conhecido -o jornalista Pereira, de Afirma Pereiraé um exemplo perfeito. Na Lisboa do fascismo, sob a tormenta e o fascínio da morte, é forçado a enxergar o mundo real. A tensão em que se mete, simultaneamente pessoal e coletiva, existencial e política, mostra a face ambígua do homem do XX: fugitivo de si mesmo, atraído por um mundo que tantas vezes tenta renegar. Desassossegado.
Revista Navegações, 2020
O presente ensaio analisa a representação da memória do Holocausto no romance Uma menina está perdida no seu século à procura do pai, de autoria do escritor português Gonçalo M. Tavares. Publicado em 2014, cerca de 70 anos após o final da Segunda Guerra Mundial, evento responsável por marcar profundamente o século XX, a narrativa é ambientada em um cenário pós-guerra, revisitando, assim, as consequências traumáticas de uma das maiores catástrofes da história da humanidade. O romance de Gonçalo M. Tavares aponta para a necessidade de não esquecimento dos traumas do passado. A literatura assume-se como um discurso de memória, dotada de um compromisso ético e político. Palavras-chave: Holocausto. Memória. Trauma. Humanismo. Gonçalo M. Tavares.
As transformações sócio-econômicas, políticas e culturais ocorridas no Brasil a partir de 1930 incentivaram também a expansão da produção e venda de livros. No entanto, como o público consumidor e leitor ainda não era satisfatório para um número maior de editoras, e o país ainda conservava problemas históricos nessa área (má distribuição, parque gráfico insuficiente, analfabestimo, etc.), grande parte das novas empresas fundadas na época foram à falência. Aos editores mais consolidados, restava lutar contra antigos e novos obstáculos, como a entrada de modernos hábitos de consumo cultural na sociedade brasileira, para manterem seus negócios abertos. Nesse contexto, buscamos entender como o temor pela entrada de novas mídias no mercado brasileiro incentivou a consolidação de uma classe editorial no país, assim como a sua adequação às novas leis do mercado e as suas ações de protesto contra a entrada de impressos estrangeiros e os subsídios governamentais a jornais e revistas, como estratégias de sobrevivência da atividade livreira.