Trabalho e Ferrovia em Sao Paulo - 1890-1922 (original) (raw)

Trabalhadores das ferrovias: A Companhia Paulista de Estrada de Ferro, São Paulo, 1870-1920

Varia Historia, 2016

Resumo Este artigo pretende compreender as relações entre ferrovia e transformações no mundo do trabalho, tomando por base empírica a Companhia Paulista de Estradas de Ferro. A pesquisa realizada organizou a documentação funcional (fés-de-ofício) de 1900 trabalhadores da Paulista para o período 1872/1919. Tratava-se de resgatar histórias de vida funcionais de milhares de trabalhadores. Procura-se compreender dinâmicas deste segmento da classe trabalhadora, identificando os atributos de nacionalidade, cor, origem associando-os às carreiras funcionais. Analisa-se ainda as múltiplas agremiações criadas por este grupo, para compreender as relações estabelecidas com a empresa, marcadas tanto pelo paternalismo e constituição de uma identidade de família ferroviária, que subsumia as diferenças sociais, quanto por fortes organizações de classe que constituíam mecanismos de resistência e negociação pautadas por conflitos sociais de expressivas dimensões urbanas.

Ferrovias No Brasil 1870-1920

História Econômica & História de Empresas

Este artigo pretende analisar diferentes processos de construção de ferrovias e operação de empresas concessionárias destes serviços. Privilegia a análise de duas importantes companhias ferroviárias, A Companhia Paulista de Estradas de Ferro, constituída principalmente por capitais nacionais, e a Brazil Railway, empresa que operava no sul do país e pertencia, no período em questão, ao conjunto de empresas controladas pelo grupo de Percival Farquhar. Pretende discutir as diferentes formas de operação e lucratividade destas empresas e destacar os altos lucros obtidos quando da construção das linhas férreas, contraposto a um recorrente prejuízo operacional. Os interesses políticos, inserções internacionais e desmandos operacionais revelam uma intensa superposição entre interesses públicos e privados que contribuem, decisivamente, para os problemas enfrentados pelo negócio ferroviário no Brasil.

Estado e capital ferroviário em São Paulo: a Companhia Paulista de Estradas de Ferro entre 1930 e 1961

2000

The object of this study is the Companhia Paulista de Estradas de Ferro at the period of 1930 to 1961. With the proposal to fulfill the gap in the historiography about the history of the Company after 1930, we selected this period intending to increase the knowledge about railways in Sao Paulo, beyond the 1930 and 1940 decades. Our aim is to analyze the performance of the Companhia Paulista by investigating the main economical and financial indicators included at the company"s reports, periodically submitted to shareholders at ordinary general meetings. By the examination of political disputes within the State, we assessed whether the board of the Company exercised some influence over the state determinations about transport and development policies, especially at the state of Sao Paulo. Finally, we investigate the more general contours of the main factors involved in the process of nationalization of the Companhia Paulista, considering that the railway is, in our view, the last symbol of private transport by rail in Brazil during the period before the military coup of 1964.

Ferrovia e trabalho: o caso do patrimônio ferroviário paulista

Labor e Engenho, 2011

Este artigo apresenta o processo de unificação e privatização das estradas de ferro paulista, a partirda configuração das relações de trabalho estabelecidas nos anos 1970. Por meio do relato de um antigo ferroviário é possível compreender as razões da decadência ferroviária, que vão além da mera concorrência rodoviária. Se no passado as ferrovias significavam progresso e eram grandes empregadoras de trabalhadores, hoje representam abandono. Assim como prédios de oficinas, estações, moradias operárias, o sentido do patrimônio ferroviário está ligado à história do trabalho na ferrovia. A privatização subtraiu os elementos que reproduziam a identidade ferroviária.

Em obras: os trabalhadores da cidade de São Paulo entre 1775 e 1809

Nosso trabalho parte da contraposição às imagens de pobreza e isolamento da São Paulo colonial para problematizar a cidade tomando suas atividades econômicas, a construção da cidade e seus habitantes, a partir de suas questões próprias e não apenas em comparação à prosperidade de outros contextos históricos ou de outras regiões da colônia. Nesta dissertação, mostramos que a exploração econômica e a defesa militar exercidas pelos paulistas articulavam-se na formação de uma rede de vilas, cidades, capitanias e continentes, que mobilizavam sua população e definiam seu modo de vida. Para demonstrar essa hipótese, circunscrevemos como objeto de pesquisa a cidade de São Paulo, entre os anos de 1775 e 1809, analisada por meio das obras públicas que a construíram e reconstruíram. Para discutir as questões referentes à construção do espaço e à população da cidade, utilizamos como fontes primárias principais os seguintes conjuntos documentais: atas das reuniões da Câmara, correspondências dos capitães-generais, maços de população (recenseamentos do período), mapas e os registros de obras públicas municipais contidos na documentação de receitas e despesas da Câmara – esse último grupo conta com cerca de 500 manuscritos inéditos, em que constam informações sobre os participantes e as atividades nos canteiros. A articulação desses dois temas – espaço e população – por meio da análise dos documentos à luz das questões levantadas permitiu-nos ampliar o entendimento sobre o crescimento da cidade e as relações entre seus habitantes, desfazendo as imagens de uma cidade esvaziada e de ocupação tipicamente rural. O elemento central dessa revisão são os trabalhadores de obras públicas, que se identificavam por sua atividade profissional, configurando um campo de trabalho próprio, com empreitadas frequentes. A formação desse campo só foi possível por conta das estratégias de transmissão de saberes e práticas, que ocorriam no interior das casas e no próprio canteiro. A Câmara, espaço central de decisões políticas, completava o quadro de lugares desse processo, no qual incluímos ainda escravos, agregados e mulheres, que cumpriam funções indispensáveis. Por fim, as disputas e diferenciações entre os habitantes e os espaços da cidade conduzem-nos à conclusão de que a cidade de São Paulo, no final do período colonial, não pode ser compreendida de outra forma, senão por suas características majoritariamente urbanas.

Ferrovia, trabalho e habitação: Vilas Operárias de Campinas (1883-1919)

2016

Social habitations has faced profound changes with industrialization during the second half of the nineteenth and early twentieth century. The dissemination of new concepts such as comfort and functionality, as well as standards of morality, coupled with the adoption of new technologies and concerns about health issues, led to the transformation of old patterns urban and architectural. Consequently, new types and models of habitations were developed and built for workers of industrial clusters and rail housing. In this overview of the development of new ways of thinking about the city and housing which lies this proposed study workers' villages. This dissertation chooses as speci c clipping deploying workers in Campinas industrial towns of the late nineteenth century until the rst half of the twentieth century, identifying the time when companies and individuals have invested in this type of equipment. The object of study consists in analyze the workers' house Manoel Dias, Manuel Freire, Venda Grande and Ponte Preta, considering the history and spatial conformation in terms of urban integration at the time of construction. This research intends to contribute for the social habitation knowledge of the history in Brazil, through the action's analysis in Campinas.

Trabalho e cotidiano na Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (1907-1919)

Trabalho e cotidiano na Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (1907-1919), 2022

A construção da ferrovia Madeira-Mamoré foi constituída e apresentada como um empreendimento pioneiro, heroico, civilizatório e moderno em suas tentativas anteriores e na efetiva construção, simbolizando a cidade criada com a implementação da linha férrea, Porto Velho. No entanto, a construção constituiu-se a partir de uma outra face pouco abordada, a do processo de exploração do trabalho humano. Mas aqui, o objetivo consiste em articular, sob a perspectiva do trabalho, a história da construção e funcionamento da ferrovia Madeira-Mamoré, em meio à estruturação de um sistema administrativo e às relações sociais de trabalho estabelecidas, como elementos fundamentais para a configuração do cotidiano dos trabalhadores da ferrovia, escolhendo para as análises aspectos considerados da vida cotidiana. Este livro é uma versão sintetizada da dissertação, de mesmo título, defendida em 2020 e ganhadora do 1º lugar no prêmio Dissertação de Destaque 2017-2020 (PPGH-UFPB) e Prêmio CNJ Memória do Poder Judiciário na categoria Trabalho Acadêmico ou Científico 2022. O download completo do livro digital pode ser feito gratuitamente no catálogo da EDUFPB.

O trabalho do negro livre na cidade de São Paulo 1872-1890

2007

Concluir o mestrado numa das mais importantes universidades do País não foi tarefa fácil para um negro de anos, migrante, professor da rede pública estadual, filho de um carteiro e de uma costureira. Tenho plena consciência que o fim desta etapa é mérito e conquista coletiva da classe social e da etnia a qual pertenço, a quem historicamente foi negado acesso a educação e até mesmo a informação sobre o seu passado e a reflexão das razões das desigualdades sociais. É, portanto, ao grupo social a que pertenço que rendo as minhas mais sinceras homenagens e declaro gratidão. Não teria chegado até aqui, no entanto, sem a contribuição de indivíduos que, das mais diversas maneiras me incentivaram, ensinaram e dialogaram para que as pesquisas e reflexões desta dissertação acontecessem. Certamente minha orientadora, professora doutora Vera Lucia Amaral Ferlini, com seu rigor científico, paciência e sabedoria, é a principal responsável e a ela agradeço por ter acreditado e aberto o caminho para a Academia. Agradeço aos meus professores da graduação da Universidade Braz Cubas, em Mogi da Cruzes, em especial a professora doutora Ivone Marques Dias. Agradeço aos colegas pesquisadores e professores da ABPN-Associação Brasileira dos Pesquisadores Negros, pelas reflexões e contribuições, aos colegas professores da Oficina Pedagógica da Diretoria de Ensino da Região Leste 2, aos colegas da Escola Estadual Itajuibe II, onde leciono. Sou grato aos colegas mestrandos e doutorandos do Programa de História Econômica, em especial Lucas, Rosangela, Gustavo e Paulo com quem aprendi muito nas conversas.Além de Sônia, funcionária da Cátedra Jaime Cortezão e Yara do CEDHAL. 3 Dentre diversos autores, destacamos Anna Gicelle Garcia Alaniz em Ingênuos e Libertos: Estratégias de Sobrevivência Familiar em Épocas de Transição-1871-1895. CMV/Unicamp. São Paulo. 1997 4 É rica a bibliografia que trata das lutas, formas de organização e resistência do negro à escravidão. A partir da leitura destes inúmeros trabalhos posso afirmar que a resistência foi perene, muitas vezes violenta, com níveis diferenciados de organização e determinantes para a derrocada do escravismo. Entre os autores que trataram desta luta e resistência podemos citar:

Sindicalismo e trabalho ferroviário em São Paulo: a Companhia Paulista de Estradas de Ferro entre o início do século XX e sua estatização

Economia e Sociedade

Resumo O objetivo deste artigo é analisar historicamente a expansão da atividade sindical dos ferroviários no processo que culminou na estatização da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Ao longo dos anos 1950, o sistema ferroviário brasileiro passou por uma profunda mudança de cunho estatizante que se estendeu até a década de 1990. Todas as grandes companhias nacionais já haviam sido estatizadas, exceto a Paulista, que seguiu privada até 1961. Em um contexto de liberdade sindical (de 1946 a 1964), os trabalhadores retomaram sua histórica luta por melhores condições de trabalho e aumentos salariais, ao mesmo tempo em que a Paulista enfrentava a acirrada concorrência intermodal e a inexorável redução do seu saldo operacional. Será que a exacerbação do conflito entre capital e trabalho teria contribuído, em termos decisivos, para a estatização da Paulista? Os argumentos que apresentamos sugerem que a inflação e a luta por equiparação salarial foram os principais elementos que leva...

Ferrovia e memória: a Companhia Paulista pelo crivo de raça e classe entre 1930 e 1970

Historia crítica, 2022

Objetivo/contexto: este trabalho é resultado de uma pesquisa de doutorado que buscou analisar as trajetórias de ferroviários, negros e brancos, no interior do Estado de São Paulo, Brasil, nas cidades de Rio Claro, São Carlos e Araraquara, entre 1930 e 1970. A pesquisa dedicou-se a uma leitura de como as empresas ferroviárias do século xx, além de interligarem regiões e aproximarem trabalhadores de diferentes raças, influenciaram na ascensão e na mobilidade destes no campo econômico, político, social e cultural ante os outros trabalhadores da época. Objetivou-se analisar as trajetórias e as memórias desses operários, e compreender como trabalhadores brancos e negros se relacionavam no que tange às questões de raça e classe. Metodologia: a partir dos conceitos metodológicos de memória e história oral, foram entrevistados cerca de 75 ex-ferroviários da Companhia Paulista; contou-se, ainda, com fontes documentais diretas e indiretas, como livros, artigos, jornais de época e demais materiais impressos na realização da pesquisa. Originalidade: o artigo avança nas análises apresentadas, no que se refere às intersecções possíveis permeadas pela história oral pelo crivo da etnia e pela posição ocupada no mundo do trabalho. Conclusões: a ideia de família ferroviária adaptou-se ao mito da democracia racial por seu duplo significado: apesar dos conflitos internos que pudessem existir, possibilitava a todos seus trabalhadores o reconhecimento como ferroviários, no ambiente externo ao trabalho. A ambiguidade entre cor e classe coexistia na trajetória desses entrevistados como uma relação de implicação e não de causalidade. A aparência do encurtamento das distâncias por meio da informalidade no convívio teve um fundo emotivo que permeou mesmo aquelas relações que seriam mais caracteristicamente impessoais. O fetiche da igualdade entre os ferroviários funcionou como mediador nas relações de classe que em muito contribuiu para que situações conflitivas frequentemente não resultassem em conflitos de fato, mas em conciliação no interior da ferrovia.