Meu Corpo Em Campo Reflexoes e Desafios No Trabalho Etnografico Com Imigrantes Na Italia (original) (raw)
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O Museu Do Imigrante Italiano Da Quarta Colônia: Uma Reflexão Sobre Sua Trajetória
Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, 2019
RESUMO Este estudo descreve a trajetória do Museu do Imigrante Italiano Eduardo Marcuzzo (MIEM), considerando o contexto da imigração italiana na Quarta Colônia, mais precisamente no distrito de Vale Vêneto, localizado no município de São João do Polêsine, no centro do estado do Rio Grande do Sul (RS). Para entendimento das especificidades do grupo de italianos que ali aportaram, usou-se a metodologia de revisão bibliográfica baseada em livros, periódicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado que abordam as diferentes facetas da imigração italiana e de assuntos relevantes, tais como patrimônio cultural, memória, identidade e museu. A partir disso, justifica-se a importância deste estudo como conscientização das especificidades do processo de imigração italiana que ocorreu na região central do Rio Grande do Sul, buscando, a partir de um novo olhar, entender as particularidades desse grupo. Outro aspecto é contribuir para valorizar, através do exercício da análise crítica, os espaços de memória que mantêm uma identidade social, a fim de que novas gerações possam usufruir desse conhecimento, buscando a sua preservação. Palavras-chave: Museu do Imigrante Italiano. Patrimônio Cultural. Memória. Identidade. São João do Polêsine.
Desafios da Etnografia com Jovens em Situação de Rua: A Entrada em Campo
Psicologia Reflexão e Crítica
Resumo Recentemente, a pesquisa com jovens em situação de rua tem dedicado mais atenção aos processos de socialização que estruturam seu cotidiano, aos sentidos de suas práticas sociais, levando à necessidade de novos métodos, dentre os quais a alternativa etnográfica. Relata-se aqui o processo de entrada em campo numa pesquisa etnográfica-realizada em Natal-RN, com grupo de pessoas em situação de rua (aproximadamente 11), jovens, a maioria com idade entre 16-18 anos-, para destacar a complexidade desse processo. Sua negociação determina muitos deslocamentos e exige flexibilidade do pesquisador, sob várias demandas de formas de participação e envolvimento junto ao grupo. Negociações de sentido, nessas situações, constituem desafio à pesquisa etnográfica com essa população; também novas possibilidades de invenção técnica e experiência ética. Palavras-chave: Jovens em situação de rua; Etnografia; Entrada em campo; Ética. Abstratc Recently, researches with street children have dedicated more attention to the socialization processes which structure their daily lives and to the meaning of their social practices, leading to the need of new methods as the ethnographic alternative, for instance. This paper reports the field access process occurred in an ethnographic research-performed with a group of about 11 street children, aged between 16 and 18 years old-in order to emphasize the complexity of that process. The access negotiation determines many displacements and requires researcher's flexibility, under several demands concerning the form of participation and involvement with the group. Negotiations of meaning, in such situations, are a challenge for ethnographic researches done with the mentioned population, besides offering new opportunities for technical invention and ethics experience.
Entre Emoção e Cognição: Uma Etnografia Como Projeto Reflexivo
Revista Intratextos, 2015
No seguinte texto realizaremos uma discussão metodológica sobre a etnografia denominada reflexiva, na qual a pesquisadora explicita uma forma de fazer a observação, onde se vinculam e se misturam aspectos cognitivos e emotivos. Desta forma, faremos um percurso pela construção do objeto de pesquisa, que como veremos, está relacionado à formação acadêmica da pesquisadora, assim como à forma como se produziu sua aproximação ao campo. Esta análise faz parte de uma dissertação de mestrado do PPCIS/UERJ, pesquisa que teve como objetivo analisar as gramáticas emocionais no grupo de ajuda mútua Mulheres que Amam demais Anônimas, MADA.
Fênix , 2024
O frevo é uma expressão cultural e artística brasileira. É Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade desde 2012. Nas últimas décadas a música do frevo tem sido cada vez mais estudada no meio acadêmico. E duas das principias perspectivas nesse meio são o trabalho de campo e a etnografia. Algo que é influência da Etnomusicologia na área da Música. Esse artigo tem como objetivo discutir sobre o trabalho de campo, a etnografia e as vivências pessoais na pesquisa em Música, utilizando minha experiência com uma pesquisa sobre o frevo.
Etnografia do cotidiano, um olhar antropológico sobre a Itália que se transforma
2019
O presente trabalho consiste na resenha contextualiza a producao bibliografica do autor do livro intitulado “Etnografia do cotidiano, um olhar antropologico sobre a Italia que se transforma” 1 , publicada na Italia no ano de 2014 com prefacio de Jean-Loup Amselle. Marco Aime, autor deste livro, atualmente e professor de antropologia cultural na Universidade de Genova e noto como um dos mais importantes antropologos italianos da atualidade pela extensao e originalidade de sua obra que se concentra na tentativa de pensar as problematicas politico-sociais contemporâneas atraves da otica de uma antropologia social engajada e comprometida com diversos movimentos sociais. Em Etnografia do quotidiano encontramos a analise de alguns temas contemporâneos italianos divididos em duas categorias: a primeira como questoes politicas e de democracia participante e a segunda discorre sobre questoes do da construcao do imaginario. Aime confirma como politica e antropologia estejam em estreita relacao.
Revista da ABPN, 2019
Resumo: Este artigo tem como principal objetivo analisar as diferentes formas como o racismo estrutural se manifesta cotidianamente, tendo como ponto de partida o desenvolvimento do trabalho de campo antropológico. Nesse sentido, a própria experiencia do autor serviu como ponto de partida para tal discussão, tendo em vista que, a partir de uma perspectiva interseccional, o lugar do homem negro não é o da produção intelectual. Pelo contrário as masculinidades negras, a partir da naturalização de perspectivas hegemônicas, tende a ser isolada simbolicamente, reduzida a virilidade-potência sexual-e força física, alvo de medo, o que por meio de uma necropolítica, parece justificar as execuções tão comuns de jovens homens negros. As reações de surpresas que os interlocutores demonstram, revela, na realização de uma etnografia multissituada, que este corpo racializado não pode ser mais ignorado na construção do conhecimento antropológico. Palavras-chave: masculinidade negra; antropologia; necropolítica; trabalho de campo. DISCUSSING THE RACIALIZED BODY: BLACK MASCULINITIES AND THEIR IMPLICATIONS FOR THE ANTHROPOLOGICAL FIELDWORK Abstract: This article aims to analyze the different ways structural racism is present in everyday life, starting from the development of the anthropological fieldwork. Thus, the experience of this study's author is a starting point to this discussion, since, through an intersectional perspective, the black men have no place in the intellectual production. On the contrary, the black masculinity, through the naturalization of hegemonic perspectives, tend to be symbolically isolated, reduced to virility-sexual vigor-and physical strength, a target of fear, what through a necropolitic, seems to justify the so common executions of young black men. The reactions of surprise shown by the interlocutors reveal, through a multi-sited ethnography, that this racialized body can no longer be ignored in the discussion of the anthropological knowledge.
Explorando Arte e Corpo Em Um Campo Expandido: Uma Experiência De Produção De Comum
ILINX - Revista do LUME, 2017
Gostaria de iniciar agradecendo aos artistas, trabalhadores, atores, atrizes, pesquisadores e pesquisadoras do LUME pelo convite que me foi feito para participar deste Simpósio Internacional e por todo o cuidado e suporte que tornou possível estar aqui com vocês fazendo essa imersão numa experimentação expandida da arte. O conceito de campo expandido ou ampliado 25 da arte foi forjado pela crítica e historiadora de arte americana Rosalind Krauss para pensar a ampliação das práticas e dos meios de expressão artísticos que estava em curso, no final dos anos 1970. Rosalind Krauss estava mobilizada por problematizar a ampliação que o conceito de escultura vinha experimentando, quando propostas bastante heterogêneas passaram a receber essa denominação embora não se encaixasse muito bem nessa categoria, como se a denominação de escultura tivesse se tornado infinitamente maleável. Segundo Kraus (1984) a categoria de escultura e várias outras nas artes tinham sido "moldadas, esticadas e torcidas, numa demonstração extraordinária de elasticidade, evidenciando como o significado de um termo cultural pode ser ampliado a ponto de incluir quase tudo" (KRAUS, 1984, p. 129). A partir dessa primeira conotação, a expressão começou a ser utilizada com frequência nas artes performativas, para nomear proposições que borram as fronteiras entre linguagens ou meios de expressão. Na teia de sentidos que se constituiu em torno dessa expressão, articulando e derivando problemáticas, puxo um fio para, nas palavras de Cassiano Quilici, "fazer transbordar as práticas artísticas para fora dos circuitos e dos sentidos que lhe são habitualmente atribuídos, inserindo-as em lugares insuspeitos, articulando-as com outras formas de saber e fazer, colocando em cheque categorias que se encarregam de situar a arte em um campo cultural nitidamente definido" (QUILICI, 2014, p. 12). O fio que quero puxar entrelaça-se a momentos em que as artes tocam as dores e 25 A expressão expanded field, foi traduzida para o português por vezes como campo ampliado, outras como campo expandido.
Estudos de Sociologia, 2021
RESUMO: O debate público sobre a imigração na Itália tem sido marcado, desde a década de 1990, pela vinculação entre o racismo popular e o racismo institucional, assim como por diversas expressões de sexismo. As vozes que destoam do paradigma securitário em curso têm sido alvo constante de ataques tanto de movimentos sociais da direita, quanto de partidos e expoentes políticos, e o alvo preferencial destes ataques tem sido as mulheres que ocupam cargos políticos proeminentes e atuam em prol dos direitos fundamentais dos imigrantes, como é o caso de Laura Boldrini e de Cècile Kyenge. Também as mulheres migrantes têm sido alvo de discursos e práticas xenófobas e racistas, articulados com a misoginia e o sexismo. Assim, o objetivo deste artigo é analisar as múltiplas formas de mobilização do racismo, do sexismo e da instrumentalização da violência de gênero, apontando para a construção dos estereótipos sobre os corpos considerados perigosos no debate sobre imigração na Itália.
O chamado das cartas: migrações, cultura e identidade nas cartas de chamada dos italianos no Brasil
Locus (Juiz de Fora, Brazil), 2020
Entre os séculos XIX e XX, um total de um milhão e meio de italianos emigraram para o Brasil. Trata-se de um fenômeno que obrigou seus protagonistas a viver longas, freqüentemente definitivas e dolorosas separações dos afetos familiares e das próprias comunidades. Uma experiência que começou com a travessia oceânica, uma espécie de ritual de passagem em que se concentra simbolicamente a condição do migrante, caracterizada pelo sentimento de erradicação. Os sinais tangíveis deste processo de fragmentação da identidade e das tentativas de recomposição cansativamente, mas obstinadamente realizadas são, precisamente, as cartas que permitem restabelecer um ponto de continuidade com o passado e com a própria comunidade de origem. Os navios singravam os mares com sua carga de mercadorias e homens, acompanhados por uma esteira de palavras e de escritos que, hoje, constituem um testemunho precioso e, sob alguns aspectos, insubstituível para se tentar reconstruir momentos da história da língu...