O antiflâneur de “Walking Around”: errância e estranhamento na cidade (original) (raw)
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Olhar a cidade: o flâneur e o etnógrafo urbano
É inegável o fato de que o objeto de estudo da antropologia sofreu importantes transformações, em especial no que se refere ao trabalho de campo. O etnógrafo contemporâneo possui novos desafios em relação aos etnógrafos “clássicos” - um de seus principais campos de estudo é a cidade, na qual o outro pode ser ele mesmo e onde o exercício da alteridade torna-se mais complexo, pois a linha entre o familiar e o estranho é muito tênue. Este cenário é fonte geradora de um grande arcabouço de ideias e abordagens muitas vezes contrastantes no campo de estudos da antropologia urbana. Tomando como eixo temático uma questão comum dentre estas abordagens, esta comunicação problematiza a questão do olhar etnográfico urbano e busca analisar a proposta de uma etnografia de passagem, inspirada nas obras de Walter Benjamin sobre as cidades europeias e na figura baudelairiana do flâneur. Objetiva-se tanto apresentar o estado atual do conhecimento, tomando por referência recentes produções norte-americanas e brasileiras, como também explorar as potencialidades desta proposta etnográfica, partindo da hipótese de que a sensibilidade do olhar do flâneur é especialmente eficaz nas situações de mapeamento de campo e na captação de uma imagem “panorâmica” da região urbana estudada. Palavras-chave: etnografia urbana; Walter Benjamin; flâneur.
Insensibilidade e estranhamento nas cidades
Educação Por Escrito
Em nossa rotina diária, muitas vezes, não percebemos (estranhamos) a formação de arquiteturas hostis que foram constituindo-se ao longo dos anos nos espaços urbanos. Este trabalho propõe-se a analisar a arquitetura hostil a partir do conceito de poder simbólico de Bourdieu por meio de uma educação para a visão. Observamos o quanto esses recortes (representados pelas fotografias) podem exercer pressões de regulações de gênero bem como promover o combate às vítimas e não à causa dos problemas sociais – retira-se a possibilidade das pessoas de permanecerem em locais e ignora-se a necessidade de espaços de convivência ou, em maior medida, enfatiza-se as desigualdades sociais.
Um flâneur anônimo em São Paulo: olhar dissidente sobre a metrópole do Quarto Centenário
Cidades, Comunidades e Territórios, 2022
O artigo propõe uma refleção sobre a cidade de São Paulo na década de 1950 e suas representações. Se de um lado as representações hegemônicas costumam ser impregnadas por um discurso fortemente ufanista, de outro lado os indivíduos que vivenciaram a cidade da época de maneira cotidiana e anônima podem revelar outras visões. Com recorte micro-histórico, procurou-se investigar a experiência e as impressões de um indivíduo em particular: um visitante francês anônimo que explorou a cidade, com olhar flâneur, entre os meses de setembro e novembro de 1952. A análise de um conjunto de fotografias de rua e anotações pessoais produzido por esse indivíduo revela uma cidade bastante diferente da oficial, com realidades urbanas silenciadas pelo discurso hegemônico.
O “Corre-Corre” Cotidiano No Modo De Vida Urbano
Revista TOMO
O artigo aborda a problemática do tempo e da falta dele na chamada lufa-lufa quotidiana. Tomando temporalidades de longa duração, explora a passagem do paradigma da lentidão para o do encontrão, dando também conta de como na vida urbana se vem assistindo à perda de relevância do ouvido em relação ao olhar. As profundidades ocultas das estruturas urbanas vêm à superfície da vida quotidiana ao analisaremse contratempos, condutas em filas de trânsito, desempenhos sexuais, dilemas e agruras de vida, expressões linguísticas e comportamentais… enfim, modos de a cidade se fazer e dizer.
Urban Scketchers e a “Des-Coberta” Da Cidade
2017
Esse artigo aborda o Urban Sketchers, grupo de desenhistas urbanos fundado pelo espanhol Gabriel Campanario em 2008, tratando de suas praticas pelas ruas das cidades onde vivem e para onde viajam, no intuito de mostrar como eles tem no desenho de locacao a possibilidade de descobrir as cidades e o mundo onde vivem, trazendo a tona o que esta imperceptivel ou e corriqueiro. Para isso, serao retiradas cronicas, depoimentos e desenhos do blog oficial do grupo, fonte principal de divulgacao de sua producao.
A flânerie de uma andarilha urbana
Artigo, 2020
Neste artigo analisa-se a relação entre a personagem Alice, de Quarenta dias – romance de Maria Valéria Rezende (2014b) –, e a cidade de Porto Alegre, pela qual ela deambula como uma flâneuse contemporânea. A personagem, na realidade, se autodenomina andarilha urbana, já que ela passa a ser uma habitante das ruas. A possibilidade da existência de uma flâneuse mulher é debatida com base nos escritos de Janet Wolff (1985), Griselda Pollock (1988) e Lauren Elkin (2016). Segundo Elkin (2016), a invisibilidade é uma característica fundamental para que alguém desempenhe a flânerie, o que seria inviável para uma mulher, que é sempre objeto do olhar masculino nas ruas. A personagem Alice, no entanto, percebe-se invisibilizada em função de sua idade, de sua origem nordestina e por se tornar uma pessoa em situação de rua ao longo desses quarenta dias. A narrativa também possibilita uma série de reflexões sobre as cidades contemporâneas e as formas de apropriação dos espaços urbanos pelas minorias.
Circulação e vivência nas cidades: ser mulher, ser flâneuse
Revista Estudos Feministas, 2021
Luisa Antonitsch Mansilha Mello & Ana Paula Pereira da Gama Alves Ribeiro [Artigo publicado na Revista Estudos Feministas, Florianópolis, 29(1): e67152, em 2021] Resumo: Neste artigo, propomos uma reflexão sobre a circulação das mulheres nas cidades, entendendo que os caminhos e as experiências nas diversas cidades grandes do mundo se diferem, levando em consideração as questões de raça e classe inseridas ao pesquisarmos essas mulheres. Encontramos o conceito da flâneuse, mulher que percorre caminhos pela cidade ao mesmo tempo em que reflete e cria durante esses trajetos, buscando de que maneira se dá a relação da mulher com as ruas da cidade e como, nessa relação, surgem mecanismos de resistência, ao trazê-lo para o âmbito da região metropolitana do Rio de Janeiro e suas especificidades. Palavras-chave: mulheres; cidades; flâneuse; etnografia; circulação urbana. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/67152
Cidade Ambulante: a climatologia da errância nos coletivos culturais do Rio de Janeiro
MEDIAÇÃO, v. 22, p. 1-22, 2019
Investigamos neste artigo ações de coletivos culturais que conferem plasticidade à existência do que chamamos de uma climatologia do movimento ou uma estética errante produzida a partir da atitude dissensual em relação à cidade. Discutimos as novas práticas de deslocamento de grupos e coletivos contemporâneos no Rio de Janeiro dentro do contexto de acirramento das políticas de regulação das atividades culturais de rua. Analisamos as práticas dos grupos Coletivo XV e Coletivo das Ambulantes, expondo as dinâmicas distintas do movimento nas quais estes coletivos de cultura estão alicerçados a partir dos conceitos de deriva (JACQUES, 2012) e tática (CERTEAU, 1994). A investigação faz parte da pesquisa cartográfica realizada pelo grupo CAC desde 2016 no Centro do Rio de Janeiro.